Clique

A inspiração que nasce do caos

Não deveria, mas ontem conversando com Sharleu, chegamos -- uma vez mais -- à triste conclusão de que os melhores textos só nascem de momentos paradoxal e epicamente angustiosos. Por isso, por um lado, parei de escrever poesia. Por isso, no outro lado, comecei este blogue.

Ultimamente, como vcs devem ter visto pelos posts, tenho preferido à superficialidade sem NUNCA esquecer de onde vim: um pulo em um precipício escuro...

E mais um...

... trecho do atual livro que estou lendo. Engrandecedor.

O melhor que podemos fazer em relação a nosso mundo incompreensível e perigoso, portanto, é praticar o equilíbrio interno -- por maior que seja a insanidade que exista do lado de fora.

Julieta-tá...

Não sei porque, mas essas músicas bizarras me surgem do nada na cabeça... e isso porque eu adooooro tanto forró. Alguém lembra (da minha época)? De Sandro Becker: Julieta-tá... tá me chamando...

Agora tô ouvindo de Luiz Caldas: Nêga do cabelo duro e de Kaoma: Lambada. (alguém sabia que a banda é francesa? o_O)

Ah... o Sagitário.

Este meu ascendente em Sagitário está meu causando horrorores... de bom. Devo dizer que o excesso de sinceridade tem me feito muito bem. Guentem, povo... podem ouvir o que quer... e o que não quer!


***

A seguir, um trechinho sobre o ascendente em Sagitário... bom...

Sagitário é o regente do seu ano, Cristiane. A qualidade sugerida aqui é o impulso de ir além, de alargar os horizontes, superando os próprios limites e expandindo seus sonhos. O centauro caçador - símbolo mítico de Sagitário - vai em busca daquilo que está do outro lado do arco-íris, e não descansa enquanto não encontra. Em anos sagitarianos, nos destacamos da mediocridade e descobrimos que nossa vida é do tamanho dos nossos sonhos.
Você provavelmente sentirá um impulso positivo, uma fé norteadora que lhe impelirá a desbravar novas paisagens. Isto tanto pode sugerir viagens físicas quanto viagens da mente. O que importa é que, nestes próximos doze meses, a rotina se esfacelará, dando lugar a uma realidade mais colorida - vertiginosa, talvez - e ativa, em que as coisas acontecem.
Todavia, Cristiane, vale destacar aqui a necessidade de ir em busca de metas viáveis, pois em anos sagitarianos não é incomum que nos lancemos na direção de objetivos altos demais ou mesmo irrealistas. De uma forma ou de outra, diversão é o que não faltará - Sagitário é o signo da alegria. Só não pode se tornar o signo da alegria tola!

Sobre Anticristo

E eu fui!

Sexta-feira, tentando fugir do trânsito, cheguei pontualmente ao HSBC às 18h15 para ver o filme do Lars von Trier: Anticristo.

Bom...

Os detalhes que não escapam, mas que merecem menção:
1-) estou cada vez mais enojada das falsos intelectuais da Paulista. Alguns vêm disfarçados, outros escancaram bravamente. Acho que peguei essa ojeriza depois de frequentar a Mostra Internacional bravamente e loucamente durante dois anos: o que vc mais vê são pessoas que usam o "estar no cinema" como forma de status. PFF.
2-) mais enojada ainda dos adolescentes moderninhos que visitam as salas cult do cinema de SP pra fazer a mesma bagunça que os maloqueiros da ZL. Igualzinho. A única diferença é que são filhinhos de papai metidinhos a moderninhos, vestindo calças xadrez de algodão e óculos de acetato. Riram antes de entrar no cinema, riram antes de começar o filme e riram logo que o filme acabou. AO MENOS não riram durante o filme, porque eu ia lá socar a cara se isso tivesse acontecido.

Bom... agora posso falar do filme, eu precisava desabafar essas coisas que meus olhos não conseguem deixar de ver.

O filme é uma obra-prima. Simplesmente isso. Quem puder, vá conferir. A experiência da sala de cinema, escura, ainda acentua mais o soco no estômago, da maneira mais delicada e paradoxal que possa ser.

Eu tive poucas reações ao término do filme. E ao contrário daqueles adolescentes ridículos que saíram rindo, eu estava estupefata ao final do filme. Esperei acenderem a luz, a sala esvaziar para poder sair. Tinha tido reações parecidas com Eternal sunshine of the spotless mind, Mulholland dr. e Requiem for a dream. Mas foi engraçado: eu me levantei, olhei pra trás e cerca de 10 pessoas estavam com o mesmo olhar que o meu. A moça logo atrás de mim (eu nem reparei que ela esteve lá o filme todo, olha que bênção de companhia de cinema!) me olhou com os olhos assustados como que dizendo: "Que porrada de soco! Que filme!". E eu apenas olhei de volta querendo dizer a mesma coisa.

Este filme é delicado, com suas luzes, com sua escuridão, com o paralelismo da psicologia, com a depressão, com a música clássica na abertura e no fim, da maneira como devemos lutar com os nossos demoninhos. E as bolotas de carvalho num som hipnótico e aterrorizante. Em muitas passagens, me lembra com gosto o que mais aprecio em David Lynch: a forma natural com que ele coloca lado a lado: o estranho e o usual.

Não dá pra falar muito do filme, porque estraga. Mas ele é nota 10, como poucos. E vale tudo, incluindo aguentar falsos intelectuais e adolescentes moderninhos.