Clique

Alguns poemas - parte 1

Decidi compartilhar alguns poemas meus aqui no blogue. Acho que já fiz isso há muito tempo atrás... decidi separar aqueles que eu gosto muito.

Eles fazem parte de uma velha Cris... intensa, sonhadora, apaixonada, platônica, idealista. Não conseguiria nunca mais escrever um poema assim... mas tenho orgulho desses exemplos que abro para vocês, aqui! Muito!!!

Esta primeira leva trará algumas coisas bem antigas... rs. Espero que gostem. Aguardo coments! ;-) 

ps: esta primeira leva é dedicada à Claudia Bertrani, a quem devia alguns poemas.

_________________ 
Baile 

Ao baile dos poemas, entreguei-me na noite passada
e mesmo no silêncio mudo, misterioso... inquiridor
tenho os vestígios: resquícios de sua arte, sua dor
e acordei com palavras tristes... mas abonadas,
perguntei ao relógio do tempo que não é tempo,
mas mera figuração, idolatração: passatempo.

Ao baile da ansiedade cheia de escárnio, chorei
lágrimas, e com elas, fiz tinta que usei em pena
em alusão à mulher que tanto me traz cenas
em sonhos, em pesadelos: marquei-me, esperei,
mas o silêncio da solidão foi duro e taciturno
minhas mágoas não encontraram momento oportuno.

E tremi...
entre transes 
de ópio e morfina,
pretendi
esquecer a vida 
que desatina,
malogrei
sangrei
dei...
ao obscuro
o que não tinha,
e busquei
não em mim
mas fora
... de mim...
o que
só em mim
havia.

Ao baile da solidão eterna o tempo todo eu compareci,
dias e noites, madrugadas e manhãs vazias, mal vividas
os estranhos me serviram de companhia para a sina
que eu escolhi e pretendi, e que não sabe que adoeci,
mas acordei com palavras e poemas, perfeitos,
que saberão, em sua sapiência inviolável, dar-me preceitos.

(20/05/2001)

_________________ 
Tuas palavras 

Dize-me as cruéis palavras
tuas adagas de fogo enterra em mim,
jazo-me nua sem nenhuma adarga,
tenho meus sentimentos biografados
e livre de atitudes estóicas
ainda com estima mantenho-te aqui
entre os braços tênues da ceva e da colheita
sem tolher a tua liberdade de movimentos.

Perfura-me com as infiéis palavras,
não vejas brotar gemas de sorrisos
que com lágrimas, foram regadas um dia,
admite que minha falta sente
e não será de mim que a dor escorrerá
em ti, ela supurará
não trepides em ver a realidade colorida,
não duvides desta dor tão sentida.

Usurpa-me com os direitos que tiveres
se não tiveres nenhum, continua mesmo assim
dilacera-me.... trucida-me...
preenche a tua ânfora, esvazia-me a minha
leva-me ao ponto do sem-fim
sem arrependimento, ultrapassa fronteiras
definitivamente, enterra tuas palavras
e não tomes mais nada de mim.

(24/10/2000)

_________________
Terço 

Vou rezar um terço
de uma terça parte de uma noite qualquer,
vou querer que fique
tudo bem com você esta noite,
pois eu sei que hoje
você vai precisar
você vai estar completamente só,
minhas preces serão uma só
igual a uma chuva que só molha
se caírem todas as gotas juntas,
e bem juntas...

Vou acender uma vela
iluminarei os caminhos claros
de espíritos perdidos,
e emprestarei a minha mão
para você poder caminhar
entre sombras, entre neblinas
entre seus medos...

Vou pedir uma única vez
numa única prece
a felicidade que você
roubou de você mesmo,
em meio à chuva que cai
e que pouco molha,
não sei como conseguiu
confundir lágrimas com
gotas singelas de água,
talvez fosse necessário
muitas lágrimas e pouca chuva,
mas, eu sei que mesmo assim,
você vai estar bem
sempre esteve bem,
e jamais percebera isso
e ainda assim
rezarei um terço em muitas terças
ou sextas
para você estar,
pois você vai precisar
ficar bem.

(01/11/1995)

_________________ 
Falta 

Falta  tempo  para  dizer  obrigado
ou  faz-se  falta  de  coragem
sinto falta  de  sua  presença
quando  faz  frio  lá  fora  
falta  força para  suportar
a  falta  que  faz  sua  ausência
tenho  medo  de  falar
que  sinto  falta  por  não  ter  paciência
e  faz  tanto  tempo  que  faltou
uma  chance  para  dizer
toda  falta  que  sinto  de  você   
em  alegria  em  refazer
um  sonho  que  diz  estar  morto
falta  tanto  tempo  para  observar
todos  falarem  a  mesma  língua
sorrirem  na  mesma  alegria
cantar  no  mesmo  tempo
e  acho  que  falta  muito  tempo
para  acreditar  no  que  se  passou
e  que  ainda  passará
na  dor  que  senti  e  que  ainda  sentirei
nos  passos  faltosos,  nas  ordens  faltosas
na dor  que  sobra
e   na  certeza  que  falta
quando  sinto  sua  falta,
quando  não  está  aqui.

(02/09/1994)

____________________ 
Simplesmente amo-te 

Com a simpleza 
que separa os ocasos
do simples acaso
com a ambigüidade
que iguala as raízes
mais infelizes
com a força inigualável
do teu sorriso-luz
que ante o escuro, reluz
com a candura
do teu espírito que une
com o meu e ambos se ungem.

Amo-te e canso de procurar motivos
porque sei que não existem motivos
pois sabes que em vão são os motivos
que me levam a ti, a enxergar motivos
repetitivo torna-se o dia a caçar motivos
simples, tolos mas sempre decisivos motivos
que nem sempre levam à razão, ao real motivo
do principal motivo.

É uma simples questão de espírito
o fato de eu amar-te
Tu me alegras quando nem sequer imaginas
que estou triste
e sabes do ódio que existe
e que insiste
em ficar e domar minha vida, tornar-se minha sina
tu me ensinas como e devo amar.

(03/10/1999)

Retrospectiva Crisão - parte 2

Eu tinha tanta coisa para falar. Tinha pensado naqueles posts e naqueles temas que me encheram de criatividade ao longo de 2010. Mas desde ontem fui tomada por um sentimento que até pensei que não existiria mais... eu, que falo tanto de espelhos, estou nua diante de todos eles, ainda tentando cobrir os reflexos que eles têm me mostrado.

Este é o feeling para um ano quase ido. Um ano que foi literalmente tão cheio de emoções, aprendizados, sentimentos paradoxais e tão intensos. Alguns sonhos realizados... alguns tantos outros para realizar.

Eu não saberia precisar quanto disso é drama feminino pessoal e quanto disso é realmente algo para sentir. Talvez tudo... talvez nada. Talvez eu tenha bloqueado tanta coisa dentro de mim que agora o sentimento de autoculpa seja inevitável. Talvez essa saudade da poesia e da doçura seja algo que esteja desesperadamente faltando em mim. Talvez... tudo isso que esteja criticando -- e tanto -- nos outros, seja aquilo que mais esteja faltando em mim.

Este foi o ano das distâncias, dos testes duros à distância. Ainda não sei avaliar quão bem fui, de quais testes fugi e quais testes eu ainda estou encarando. Mas 2010 foi um ano com dois anos dentro de si, para mim.

1º ano de 2010: eu terminei algumas amizades, fiz várias escolhas (pelas quais ainda estou pagando o preço). Alguns amigos estiveram presentes nesse período: Nilcer, Poliana, Sharlene, Fabiana Kono, Lilian Aquino, Fabiana Bastian (acho que não esqueci de ninguém...rs)

2º ano de 2010: talvez o ano mais difícil de todos os anos que vivi (pensando em 2001 e 2007). Perdi o tom, o ajuste, a melodia: uma verdadeira escola de samba em desarmonia (e não poderia haver melhor metáfora para usar). E o ano ainda não acabou! rs Mas algumas poucas pessoas conseguiram a proeza de ficar ao meu lado, fiéis escudeiros: Sharlene (fala: o que seria de mim, sem você? Não sei), Cris Barufi, Fabiana Kono.

Pra homenagear este sentimento, uma música que tenho ouvido no repeat one desde ontem (culpa da Isabella Taviani [pra variar...] que a indicou).

">

ps: acabei de me lembrar de Claudia Bertrani. Obrigada, mais uma vez, por sua presença específica e tão importante!

Retrospectiva Crisão - parte 1 de 1

É engraçado e irônico olhar para trás e pensar que quando você pensa que já viveu de tudo, você consegue viver o ano mais "estranho" de sua vida. É assim que eu classificaria este ano de 2010. É estranho pensar que quando você imagina que tem tudo aquilo que sempre sonhou em suas mãos, a felicidade será uma consequência normal, você percebe que a felicidade nunca precisou ser alcançada, porque ela sempre esteve dentro de você.

Sim, esta sou eu agora. Descobri que o único sentimento que sempre caminhará comigo será a necessidade de solidão.


***
2010 foi o ano de começos e recomeços, descobertas e redescobertas. Foi um ano de muita tensão e muita alegria. Vamos falar de alegria agora. 

Isabella Taviani >> Este ano foi o ano de Isabella Taviani na minha vida. Nunca fui a um show de uma mesma artista como fui a shows dela. Nunca tirei tantas fotos com a mesma artista como tirei com ela. Nunca senti tantas diferentes emoções ouvindo as mesmas músicas diversas e diversas vezes. E fazia muito tempo que não admirava tanto uma artista nova como admiro ela. Não, não estou apaixonada por ela... rs mas essa artista e ser humano especial é parte imprescindível da minha sanidade mental, pode ter certeza!

Uma mulher intensa, corajosa e ousada com toda a simpatia e carisma que lhe é peculiar. Ela pode gostar de comer pizza com catchup (o que não a torna perfeita...rs) mas nem por isso deixa de ser exemplo e companhia para muitos (eu incluída) com suas canções e principalmente com sua voz e seu timbre inesquecíveis. Foram tantas emoções... espero que em 2011 o coração dela bata mais intensamente junto com cada um de seus fãs! Para ver o tudo que postei sobre ela até agora, clique aqui. 

Bon Jovi >> este foi o ano em que fui a um show do BJ pela primeira vez. Uma espera de mais de 15 anos que nem preciso dizer o quanto foi dolorosa e angustiante. Recompensada com músicas que ficarão eternamente nas minhas lembranças. Para ver tudo que postei sobre a banda até agora, clique aqui. 

Receitas by Crisão >> Este também foi o ano que mais cozinhei e descobri que tenho talento pra coisa. Nunca pra ser Chef mas quem sabe pra sabe pra ser uma excelente anfitriã para os bons e velhos amigos? Clique aqui para reler algumas receitas e quem sabe se arriscar nelas?

Cisne Negro - o filme

Ontem assisti a Black Swan. Sim, consegui ter acesso a uma cópia ilegal, porque não pude resistir à ansiedade de vê-lo. Sim, eu sabia que teria acesso a uma obra-prima e, sim, eu não me arrependi e ainda estou em êxtase. (Cuidado se você não quiser saber detalhes do filme antes de vê-lo: aviso que aqui falarei tudo, porque não tinha como não falar. Então se não quiser maiores detalhes, deixe para ler este post depois que vir o filme!)

Quantos espelhos têm o filme! Adoro filmes com espelhos, porque é a dica mais valiosa do diretor que indica uma veia perigosa, na minha opinião: a dos reflexos que refletem entre si. Você já sabe qual é o resultado disso: é como se uma imagem literalmente pulasse dentro da outra e se perdesse dentro de outra imagem, infinitamente.

O filme me parece um álbum de fotografias em movimento. Filmar a belíssima Natalie Portman é um exercício incansável de enquadrá-la num cenário e deixar todos os elementos conversando entre si. É realmente impressionante como ela está no auge de seu talento e, principalmente, de sua beleza. E é impressionante mais ainda como ela é uma excelente atriz! Raras vezes uma atriz consegue me trazer essa surpresa... mas Natalie Portman consegue. E caiu como uma perfeita luva na direção correta de Aronofsky.

Também foi uma surpresa maravilhosa ver Vincent Cassel, Barbara Hershey e Wynona Rider. E Darren Aronofsky acertou a mão novamente. Esqueçamos Fonte da Vida., pra mim, uma ideia linda filmada numa hora errada e de maneira errada. O diretor foi perfeito em O Lutador e agora neste filme. Nessas horas eu gosto de ver quando um diretor sabe contar bem uma história e sabe jogar elementos mágicos nela que apenas poucos olhos conseguem captar!

Eu queria muito discuti-lo com minha filha sumida, porque me parece a matéria-prima ideal para as nossas dissecações. Mas sem ela aqui, sinto que este texto também está pela metade. Vou pincelar sobre a vertente psicológica -- fascinante e perigosa -- que orienta todo o filme. Para quê serviriam tantos espelhos, se não fosse para isso? E a problemática relação dela com a mãe -- opressora, que jogou toda a responsabilidade de realização de seus sonhos nas costas da filha? E a pressão de ser uma bailarina? E o fato de ela ter 28 anos -- a idade do retorno de Saturno? Isso sem querer , mas já mencionando a palavra "esquizofrenia".

O filme parece todo um reflexo do que outras pessoas desejram para ela. E o único momento de libertação maior é quando ela libera todos os lados existentes dentro dela. Catarse máxima de uma quase múltipla personalidade. Não é um filme fácil de ver... mas quem disse que os filmes do Aronofsky são água com açúcar? Eu ficarei com este na minha mente por muito tempo...


">

E assim foi a ceia...

Preparada por duas pessoas para duas pessoas. Sem maiores frescurites, mas com muito carinho. Queria, aqui, compartilhar uma receita inventada na hora para um peito de chester. Batizei de "Chester ao molho de especiarias a la Crisão". Apropriado, não? Fácil e delicioso! Segue aqui.

Chester ao molho de especiarias a la Crisão
1 peito de chester
4 dentes de alho amassados
1 taça pequena de champagne
1 colher de café de canela em pó
6 cravos
1 colher de café de curry
noz moscada ralada na hora (o suficiente e a gosto)
pimenta do reino moída na hora (o suficiente e a gosto)
sal a gosto 

Faça delicados cortes no peito para que o tempero penetre adequadamente. Num recipiente, jogue todos os temperos e depois tempere o peito. Eu deixei marinando por cerca de 30 min, o que achei pouco. Para mim, o adequado seria umas 2 horas. Se der, faça isso. Vá virando e certifique de que o tempero entrou em todas as partes "secretas"... rs.

Coloque para assar em forno 240ºC em uma forma coberta com papel alumínio. Depois de meia hora tire o papel e vire o frango umas duas vezes ainda na próxima meia hora. Aí vai depender se você gosta ao ponto ou mais torradinho, como eu. A mistureba de temperos acima resultou num sabor exótico além da conta!!! Se quiser, como sugestão, faça como eu: eu considero a noz moscada o meu tempero favorito! Use e abuse, porque esse tempero nunca falha...