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Casamento, términos e afins

Começo com este vídeo do mais recente álbum de Melissa Etheridge:


Tenho pensado, faz algum tempo, sobre casamento. Porque eu sempre acho triste quando vejo um casamento terminar. Não aqueles que se fazem e se terminam no calor e no tempo de uma paixão. Esses são como chuva de verão... vem para fazer barulho, fazer calor e ir embora. Mas um casamento de verdade -- aquele que se propõe de verdade a sê-lo -- é um misto tão complexo de emoções quanto a gama de sentimentos humanos é capaz de abarcar... e eu confesso aqui que ainda tento, por necessidade minha, explicar.

Eu acho que ainda carrego a ideia que aprendi dos meus pais (e que nem sempre pode ser boa... dependendo dos pais) de que casamento é para sempre. A ideia humana de tempo perene é, no mínimo, ingênua. Um para sempre pode ser de 15 segundos como o de uma vida inteira. Quem pode ser capaz de medi-lo?

Desde muito cedo eu busco o casamento perfeito. Quando estive quase perto de considerar algum assim, eu via a realidade e mudava de ideia. E nessa sucessão de fatos e constatações eu fui indo, sem saber classificar ou entender esse "contrato" maior que é o casamento (como muita gente define).

Não gosto de pensar no casamento como um negócio, por mais até que possa parecer. Sou canceriana demais para insistir nesse erro. E sou romântica demais para pôr planilhas em tudo e balancetes e fingir que o sentimento de duas pessoas possa ser medido assim, com lucros e dividendos.

Eu defendo que o casamento é, acima de tudo, companheirismo. É o amor de amigo elevado a outra potência, a outra intimidade. É aquela pessoa com quem você pode contar, quando não tiver mais ninguém perto. É o carinho que você quer compartilhar numa noite (ou em sucessões de noites). São as risadas das coisas esdrúxulas. É a certeza de que não importa quantos problemas você tenha, porque o seu companheiro estará lá para te apoiar incondicionalmente.

É, também, liberdade para cada um gostar de coisas diferentes e ambos ganharem ao compartilharem isso. É liberdade para ser independente o que não significa libertinagem. É admiração mútua. É continuar admirando mesmo com o passar do tempo e com as mudanças inexoráveis que cada ser humano tem. É respeitar o mau-humor. É gostar do silêncio que se faz e não vê-lo como um incômodo. É amar o todo e amar os detalhes.

Por isso, todas as vezes que vejo um casamento terminando, eu fico me imaginando onde será que deu errado? As duas pessoas mudaram tanto assim que o tempo não conseguiu suportar ao tempo? Tem pessoas que nascem para casar, outras pessoas nascem apenas para viver algum tempo. Tudo é condicionado com o nascimento? Claro que não, mas para mim, os perfis podem ser definidos genericamente assim.

Será que o casamento não deu certo porque simplesmente não era para dar certo? O que será mais teimoso? A crença ou a própria teimosia em si? Não sei. Eu sei que eu tenho um olho clínico para prever se um namoro/casamento vai dar certo ou não e por quanto tempo vai durar. Errei em poucas vezes... bênção ou maldição, fato é que me surpreendo. E, ultimamente, tenho me surpreendido para a tristeza de saber que casamentos que até achei que durariam a vida inteira... simplesmente terminam. Mesmo sem eu nunca saber qual o motivo... às vezes, nada tem motivo e, em muitas vezes, nem era casamento de verdade para ter motivo.

"I know you're in pain. Your pain is my pain. I have felt it inside. Don't worry don't be like this, everything is gonna be alright."

Isabella Taviani na Lona Elsa Osborne - 2 vídeos

Mais algumas fotinhas do show memorável na Lona Elsa Osborne estão no meu Facebook pra quem quiser xeretar. Clica aqui.

Fiz alguns vídeos e postei dois no youtube. Um deles foi de De qualquer maneira, em homenagem a Cris Barufi. O outro foi a antológica cover de O meu sangue ferve por você, Isabella Taviani e Mylenna, num dueto cheio de charme e sensualidade... hehe. 

No meu canal do youtube tem outros vídeos (não muitos...) de outros shows, quem quiser xeretar, vai lá!

E muito obrigada a todas as demonstrações de carinho que recebi dos mais diversos lugares... muito bom demais a IT reunindo tanta gente assim!!!

Isabella Taviani na Lona Elsa Osborne - o show

Eu já vi quase dez shows da Isabella Taviani desde 2008, quando me tornei fã dela. Se perdi os shows do início da carreira, posso acompanhar passo a passo dela, agora. Com base nisso, devo dizer: este show de hoje, na Lona Elsa Osborne, foi o show mais diferente de todos! Diferente em que sentido? Vou explicar...

Primeiro vamos contar o que é uma Lona Cultural. Sim, Claudia Bertrani, Lona é mesmo uma lona estendida, cadeiras dispostas no centro e um palco. Essa Lona Elsa Osborne tinha um ar condicionado muito agradável, até. Comportou cerca de 500 pessoas muito bem!

Cheguei cedo e as coisas boas foram acontecendo! Primeiro, fui agraciada com uma primeira fila, uma primeira cadeira de frente para o microfone da Isa. Perguntei para a menina que tinha sentado na segunda fila se tinha alguém na frente e ela disse que não. Não? Eu achei que estava reservado. Perguntei a ela por que não queria sentar no lugar mais disputado do show? Porque não, respondeu ela. Muito bem, eu agradeço! rs

Encontro com Robertinha, Jopin Silva, May Lira... e o show começa com Mylenna desfilando suas composições belas. Foram cinco músicas e eu não sei o nome delas ainda, para reproduzir aqui. Impressionante a presença de palco e simpatia dessa mineira que, com certeza, vai longe!

Nisso, entra a poderosa Isabella Taviani com "Meu coração não quer viver batendo devagar". Havia algo de diferente naquela noite, naquele show que estava apenas por começar... com os cabelos novos, bem curtos, mais claros, com uma atitude que é de IT mas que tinha algo a mais... ela começou o show.

A segunda boa coisa que aconteceu foi, num certo momento da primeira música, que ela olhou para a primeirac fila, olhou para mim e me reconheceu... com um leve aceno de cabeça, me deu um oi. E eu, óbvio, morri por dentro e nem conseguia mais tirar fotos! Uma dádiva única, discreta. Um presente maravilhoso que recebi.

O show parecia ruidoso, meio raivoso, uma meia mistura de catarse com combustão de sentimentos. Ela não queria arranjos doces, ela queria o grito da guitarra, o trovão enfurecido do baixo e da bateria, a força potente de sua voz. "Em cada gota de suor", em cada acorde, em cada verso cantado.

Eu queria captar mais do que uma fã é capaz de captar... mas depois da performance dela em "Digitais", nada mais precisava ser dito. Ela vinha, nos últimos shows, fazendo uma versão mais calma e mais doce. Danem-se a calma e a doçura. A IT mais intensa de todas as ITs que eu vi ao vivo, estava ali. Eu nunca me esquecerei dessa performance. Nunca mais.

Ao fim, antes do clássico fechamento do show com "De qualquer maneira", rolou uma cover de "O meu sangue ferve por você" do Sidney Magal por IT e Myllena no palco. Não vi ninguém comentando dela cantando essa música em outras Lonas (pode ser falta de conhecimento meu), mas o vídeo foi gravado e será postado em breve!

Pena que a IT não atendeu ninguém. Ficou o desejo de dar um abraço forte nessa mulher tão romântica e sensível e tão forte ao mesmo tempo. Ficou a vontade de desejar as melhores coisas, porque somente boas coisas podem acontecer para alguém que tem uma energia como ela tem. Ficou o abraço para o próximo show, porque eu quero dar esse abraço em Isabella!!!


Obrigada, IT, por ser quem você é, exatamente assim, sem tirar nem pôr nada. Obrigada por mais esse show único e maravilhoso que eu tive o privilégio de assistir. Obrigada.

Trilha sonora de hoje: Only love

Porque desde que (quase sem querer me indicaram...) ouvi Melissa Etheridge de verdade pela primeira vez, não parei mais de ouvir. Não sabia que ela canta desde 1980, que ela é lésbica assumida, que ela teve câncer de mama, que é democrata e defensora do meio ambiente. Ou seja, uma artista perfeita! Quase. Eu tinha gostado de ouvir várias músicas em estúdio quando parti para as performances ao vivo. Aí, não teve jeito: gamei de vez. Ela tem exatamente o estilo de música, de letra, de melodia, de voz, de atitude, de tudoque eu gosto. Não pensei que pudesse encontrar uma cantora nestes dias de hoje que pudesse me surpreender assim, juro que não pensava. A música anda numa outra vertente, com outros gostos e estilos -- que não me agradam. Eu gosto do velho e bom rock and roll, não tem jeito.

Aí, eis que me indicam (ok, ninguém me indicou, na verdade, foi a Isabella Taviani que disse que ela não saía do Ipod dela. Fiquei curiosa e fui atrás). Agora tenho um mundo inteiro de Melissa Etheridge para descobrir, me dá uma certa ansiedade, mas vou curtir aos poucos, e tenha certeza de que terei todas as músicas dela, de um jeito ou de outro! rs

A trilha de hoje é esta música que fala sobre amor... o verdadeiro, na minha humilde opinião.


Only love is real
Everything is love
Everything you feel
That's what your world is made of

David Lynch - feliz aniversário!

"Sessenta e cinco anos atrás nascia David Lynch". Não existe maneira mais simples de começar um texto. "Sessenta e cinco anos e maior parte deles dedicada a Arte". É... talvez o Mestre gostasse de ler algo assim. Será?

Nunca mais haverá um cineasta que faça o que fez no cinema: mostrar o mais simples do simples do simples, a rotina, o ordinário, o comum e ir desconstruindo, descascando, desnudando até chegar a outra (simples) ideia de que, no fim, todos são iguais: iguais em sua bondade, iguais em sua maldade, iguais em sua perdição, iguais em sua ignorância. Somos todos e nenhum. 

Queria uma forma "honrosa" de homenageá-lo no meu simples blogue, mas isso é impossível. Ao invés disso, farei algo que talvez ele me dissesse, se fosse ler este texto: "Seja você mesma". Pois vamos então!

Já li e preciso reler o livro "Em águas profundas: criatividade e meditação". Dele, vou retirar um pequeno trecho que acho muito peculiar com o que estou vivendo e com o que acho que vale ser dito a qualquer um em qualquer momento da vida.
"A vida é cheia de abstrações e a intuição é a única maniera que temos de rastreá-las. Intuir é enxergar a solução, reconhecê-la por inteiro. Intuição é a emoção e o intelecto trabalhando juntos. [...] Pessoalmente, acho que a intuição pode ser aguçada e expandida através da meditação, mergulhando em Si Mesmo. Dentro de cada indivíduo existe um oceano de consciência, um oceano de soluções. E quando mergulhamos nesse oceano, nessa consciência, nós a despertamos. [...] Não se mergulha em busca de soluções específicas. Mergulha-se para despertar esse oceano de consciência." (p.47-8)
Não preciso mais dizer que David Lynch significa muito para mim: o modo como olho um filme, olho um roteiro, olho a luz e a fotografia. A meditação e tudo que podemos ser. Acho muito justo, aqui, postar uma foto que eu mesma tirei no dia em que ele esteve no Brasil para divulgar seu livro. Horas e horas na fila de espera com Poliana e Rafael Elias valeram a pena. Primeira fila para a gente, sábias palavras do mestre, filmes e fotos. Eles até conseguiram autógrafos! rs

Fico imaginando o que o próximo filme dele retratará. Inland Empire (do qual ainda não tive coragem de falar aqui, dada a sua simplicidade complexa) foi de difícil degustação, mesmo para os fãs mais ardorosos dele, como eu. Mulholland dr. já tinha sido. Bem, nas próprias palavras dele, que ele nunca cansa de dizer: não precisa entender um filme, ele pode ser o que você quiser que ele seja. Que assim seja! A este capricorniano (nos últimos graus de carpricórnio) com ascendente em escorpião e lua em virgem mais uma longa vida cheia de intuição, criatividade e filmes para pobres mortais, como eu. Feliz Aniversário!