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Uma reflexão sobre o amor platônico

"Pior que perder um amor platônico é perder as amizades que esse mesmo amor causou..." 

Já falei algumas vezes aqui sobre amor platônico. Triste assumir, mas confesso que sou versada nesse assunto. No final de 2009, eu escrevi o seguinte post: Amores platônicos: ilusão ou idealismo? Àquela época (e a gente sempre pensa isso...) eu supunha que já tinha visto de tudo no assunto que tange amores platônicos. Nada como viver e ir vivendo e aprender certas coisas...

O que vou contar aqui é um exemplo de algo que vivi e que tenho presenciado ao meu redor. Espero que o relato não ofenda a ninguém (do passado ou do presente). Trata-se, apenas, de análise empírica, sem ofensas pessoais, certo?

O amor platônico que citei no post de cima era mais puro, mais imaginado mesmo. Do tipo que um mínimo de contato físico e presença física eram necessários. O amor platônico pode, a partir desse estágio, partir para uma necessidade maior, visto que como não pode ser realizado (e por isso é platônico...). Nesse caso, o objeto amado (que pode ou não saber desse amor) precisa ser constantemente visto, conversado, tocado (como amigo, claro), abraçado, qualquer coisa que satisfaça o desejo interno que é de coisas mais sérias e "proibidas".

Vivi algumas situações assim com amigas minhas, que obviamente não vou citar nomes, elas sabem! Sim, sabem. Aí fica o conflito moral e ético, que numa conversa com a querida Maria Pia, foi trazido à tona: um amor platônico é idealizado, certo? Certo. Mas a partir do momento em que há convívio diário (ou quase assim) ele continua idealizado? Não. Segunda pergunta: não é óbvio que a outra parte que é amada desconfia minimamente de algo? Ou, pior, ela pode saber! Nesse caso, como fica? Mais complicado é se a outra parte for -- num amor platônico lésbico -- heterossexual e casada. Ainda assim é complicado se a outra parte for lésbica e casada. Porque o amor platônico toma esses "ares proibidos", que podem ser muito interessantes para muita gente...

Eu digo que já vivi essas duas situações. Não é legal. Não é nada bom estar apaixonado por uma mulher heterossexual/lésbica casada. Mas aí Maria Pia me compartilhou um caso de uma  garota que tem seu amor platônico assumido, mas que não deixa de viver outros romances por isso. Muito admirável e corajoso isso! Porque ela joga limpo com a única pessoa com quem ela deve jogar limpo: ela mesma. Aí entramos não num conflito ético, mas num conflito de autoestima.

Quanta autoestima tem uma pessoa que vive uma situação assim? Podemos pensar nos casos de pessoas extremamente tímidas ou talvez as extremamente mal-resolvidas que precisam pisar em ovos bem podres para aprender a viver. Faz parte da vida. E pode surpreeender muito aquela pessoa que, por fora, parece um universo inteiro de audácia, coragem e maturidade... mas na verdade é uma carente emocional, cheia de rupturas, imaturidade e baixa estima.

Todos nós já passamos por essas fases alguma vez na vida. Há quem tenha algum capricho no ego, mas duvido que ninguém nunca tenha vivido isso antes. Assim caímos e aprendemos, saboreamos o amargo para tentar saber como pode ser o doce. Porém -- e ressalto o porém -- o que nos distingue é a nossa capacidade de saber o que fazer diante disso. O eterno livre-arbítrio que, para muitos, é um verdadeiro fardo, enquanto para outros é uma excelente ferramenta de vida.

Levanto uma última questão: o que acontece quando a outra pessoa sabe que você é apaixonada por ela? Por uma coisa é você estar apaixonada por alguém proibido e fazer tudo para estar perto. A outra coisa -- e talvez mais grave -- é essa parte ter ciência disso e, ao invés de cortar, dar corda. Qual é o conflito envolvido nisso? Todos, na minha opinião!!! Teremos duas pessoas com baixa estima, vivendo um jogo perigoso de sedução semi-assumida, simplesmente para ter o ego inflado? Porque -- é verdade -- o objeto desejado ADORA estar num pedestal vendo o outro se matar para fazer qualquer coisa. Entre mulheres, isso me parece ainda mais acentuado.

Tem certo e errado nesta história? Não gosto de colocar as coisas assim. O que eu penso -- como eterna defensora do livre-arbítrio -- que você pode fazer o que quiser com a sua vida. E você pode fazer o que você quiser com aquela pessoa que aceitar o que você tiver para oferecer. O problema é envolver pessoas que não tem nada a ver com a história. Pessoas que sequer sabem da história e sofrerão as consequências das atitudes decididas individualmente.

Eu prefiro não julgar quem brinca com sentimentos alheios, mas quero essas pessoas bem longe de mim. Porque não consigo entender quem mente em público, porque a pior mentira é para si mesmo. Uma pessoa que ama platonicamente assim vai dormir todas as noites sozinha, pensando em fatos que poderiam ser, em uma vida inteira que poderia ser feita, mas que é desperdiçada num tempo verbal e em imaginação. Uma pessoa que alimenta a paixão platônica de alguém, dorme acompanhada, talvez com um mínimo de consciência, mas covarde para tomar as atitudes necessárias de corte da relação, porque preza uma suposta amizade (que apenas em raros casos existe). Na verdade, preza ter uma pessoa a seus pés que louva a sua existência, simplesmente por ela existir. É de fazer bem para o ego de qualquer um, certo?

Na minha vida pessoal, descartei a vida platônica faz muito tempo. Agora, espero, na vida exterior que observo, que estragos mínimos aconteçam, porque estrago já tem. E espero, de coração, que as pessoas apenas aprendam o seguinte: todos nós merecemos o melhor, em todos os campos de nossa vida. Não metade, não 1/24, não o ínfimo. Apenas o melhor. E, nesse caso, o amor platônico não serve para nada. Mas como disse, cada um tem seu livre-arbítrio para escolher o que tiver de escolher. Que assim seja!

Trilha sonora de hoje: Apartment n.9

Nem preciso dizer que virei total fã de Melissa Etheridge...

Descobri que ela fez esta cover de uma antiga música country de uma cantora chamada Tammy Wynette chamada Apartment n.9. Docemente linda...

Casamento, términos e afins

Começo com este vídeo do mais recente álbum de Melissa Etheridge:


Tenho pensado, faz algum tempo, sobre casamento. Porque eu sempre acho triste quando vejo um casamento terminar. Não aqueles que se fazem e se terminam no calor e no tempo de uma paixão. Esses são como chuva de verão... vem para fazer barulho, fazer calor e ir embora. Mas um casamento de verdade -- aquele que se propõe de verdade a sê-lo -- é um misto tão complexo de emoções quanto a gama de sentimentos humanos é capaz de abarcar... e eu confesso aqui que ainda tento, por necessidade minha, explicar.

Eu acho que ainda carrego a ideia que aprendi dos meus pais (e que nem sempre pode ser boa... dependendo dos pais) de que casamento é para sempre. A ideia humana de tempo perene é, no mínimo, ingênua. Um para sempre pode ser de 15 segundos como o de uma vida inteira. Quem pode ser capaz de medi-lo?

Desde muito cedo eu busco o casamento perfeito. Quando estive quase perto de considerar algum assim, eu via a realidade e mudava de ideia. E nessa sucessão de fatos e constatações eu fui indo, sem saber classificar ou entender esse "contrato" maior que é o casamento (como muita gente define).

Não gosto de pensar no casamento como um negócio, por mais até que possa parecer. Sou canceriana demais para insistir nesse erro. E sou romântica demais para pôr planilhas em tudo e balancetes e fingir que o sentimento de duas pessoas possa ser medido assim, com lucros e dividendos.

Eu defendo que o casamento é, acima de tudo, companheirismo. É o amor de amigo elevado a outra potência, a outra intimidade. É aquela pessoa com quem você pode contar, quando não tiver mais ninguém perto. É o carinho que você quer compartilhar numa noite (ou em sucessões de noites). São as risadas das coisas esdrúxulas. É a certeza de que não importa quantos problemas você tenha, porque o seu companheiro estará lá para te apoiar incondicionalmente.

É, também, liberdade para cada um gostar de coisas diferentes e ambos ganharem ao compartilharem isso. É liberdade para ser independente o que não significa libertinagem. É admiração mútua. É continuar admirando mesmo com o passar do tempo e com as mudanças inexoráveis que cada ser humano tem. É respeitar o mau-humor. É gostar do silêncio que se faz e não vê-lo como um incômodo. É amar o todo e amar os detalhes.

Por isso, todas as vezes que vejo um casamento terminando, eu fico me imaginando onde será que deu errado? As duas pessoas mudaram tanto assim que o tempo não conseguiu suportar ao tempo? Tem pessoas que nascem para casar, outras pessoas nascem apenas para viver algum tempo. Tudo é condicionado com o nascimento? Claro que não, mas para mim, os perfis podem ser definidos genericamente assim.

Será que o casamento não deu certo porque simplesmente não era para dar certo? O que será mais teimoso? A crença ou a própria teimosia em si? Não sei. Eu sei que eu tenho um olho clínico para prever se um namoro/casamento vai dar certo ou não e por quanto tempo vai durar. Errei em poucas vezes... bênção ou maldição, fato é que me surpreendo. E, ultimamente, tenho me surpreendido para a tristeza de saber que casamentos que até achei que durariam a vida inteira... simplesmente terminam. Mesmo sem eu nunca saber qual o motivo... às vezes, nada tem motivo e, em muitas vezes, nem era casamento de verdade para ter motivo.

"I know you're in pain. Your pain is my pain. I have felt it inside. Don't worry don't be like this, everything is gonna be alright."

Isabella Taviani na Lona Elsa Osborne - 2 vídeos

Mais algumas fotinhas do show memorável na Lona Elsa Osborne estão no meu Facebook pra quem quiser xeretar. Clica aqui.

Fiz alguns vídeos e postei dois no youtube. Um deles foi de De qualquer maneira, em homenagem a Cris Barufi. O outro foi a antológica cover de O meu sangue ferve por você, Isabella Taviani e Mylenna, num dueto cheio de charme e sensualidade... hehe. 

No meu canal do youtube tem outros vídeos (não muitos...) de outros shows, quem quiser xeretar, vai lá!

E muito obrigada a todas as demonstrações de carinho que recebi dos mais diversos lugares... muito bom demais a IT reunindo tanta gente assim!!!

Isabella Taviani na Lona Elsa Osborne - o show

Eu já vi quase dez shows da Isabella Taviani desde 2008, quando me tornei fã dela. Se perdi os shows do início da carreira, posso acompanhar passo a passo dela, agora. Com base nisso, devo dizer: este show de hoje, na Lona Elsa Osborne, foi o show mais diferente de todos! Diferente em que sentido? Vou explicar...

Primeiro vamos contar o que é uma Lona Cultural. Sim, Claudia Bertrani, Lona é mesmo uma lona estendida, cadeiras dispostas no centro e um palco. Essa Lona Elsa Osborne tinha um ar condicionado muito agradável, até. Comportou cerca de 500 pessoas muito bem!

Cheguei cedo e as coisas boas foram acontecendo! Primeiro, fui agraciada com uma primeira fila, uma primeira cadeira de frente para o microfone da Isa. Perguntei para a menina que tinha sentado na segunda fila se tinha alguém na frente e ela disse que não. Não? Eu achei que estava reservado. Perguntei a ela por que não queria sentar no lugar mais disputado do show? Porque não, respondeu ela. Muito bem, eu agradeço! rs

Encontro com Robertinha, Jopin Silva, May Lira... e o show começa com Mylenna desfilando suas composições belas. Foram cinco músicas e eu não sei o nome delas ainda, para reproduzir aqui. Impressionante a presença de palco e simpatia dessa mineira que, com certeza, vai longe!

Nisso, entra a poderosa Isabella Taviani com "Meu coração não quer viver batendo devagar". Havia algo de diferente naquela noite, naquele show que estava apenas por começar... com os cabelos novos, bem curtos, mais claros, com uma atitude que é de IT mas que tinha algo a mais... ela começou o show.

A segunda boa coisa que aconteceu foi, num certo momento da primeira música, que ela olhou para a primeirac fila, olhou para mim e me reconheceu... com um leve aceno de cabeça, me deu um oi. E eu, óbvio, morri por dentro e nem conseguia mais tirar fotos! Uma dádiva única, discreta. Um presente maravilhoso que recebi.

O show parecia ruidoso, meio raivoso, uma meia mistura de catarse com combustão de sentimentos. Ela não queria arranjos doces, ela queria o grito da guitarra, o trovão enfurecido do baixo e da bateria, a força potente de sua voz. "Em cada gota de suor", em cada acorde, em cada verso cantado.

Eu queria captar mais do que uma fã é capaz de captar... mas depois da performance dela em "Digitais", nada mais precisava ser dito. Ela vinha, nos últimos shows, fazendo uma versão mais calma e mais doce. Danem-se a calma e a doçura. A IT mais intensa de todas as ITs que eu vi ao vivo, estava ali. Eu nunca me esquecerei dessa performance. Nunca mais.

Ao fim, antes do clássico fechamento do show com "De qualquer maneira", rolou uma cover de "O meu sangue ferve por você" do Sidney Magal por IT e Myllena no palco. Não vi ninguém comentando dela cantando essa música em outras Lonas (pode ser falta de conhecimento meu), mas o vídeo foi gravado e será postado em breve!

Pena que a IT não atendeu ninguém. Ficou o desejo de dar um abraço forte nessa mulher tão romântica e sensível e tão forte ao mesmo tempo. Ficou a vontade de desejar as melhores coisas, porque somente boas coisas podem acontecer para alguém que tem uma energia como ela tem. Ficou o abraço para o próximo show, porque eu quero dar esse abraço em Isabella!!!


Obrigada, IT, por ser quem você é, exatamente assim, sem tirar nem pôr nada. Obrigada por mais esse show único e maravilhoso que eu tive o privilégio de assistir. Obrigada.