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O que aprendi (e estou aprendendo) com os apps de relacionamentos

Em agosto do ano passado, me foi perguntado se eu sabia como encontrar pessoas legais nos apps de relacionamentos. A Cris daquela época ainda não tinha ideia do que iria viver. Hoje, dez meses depois, já começo a tocar o significado dessa experiência.


E lá vem história...

Primeiro, foi uma mulher quase vinte anos mais velha que eu e que não me deu a oportunidade de me conhecer de verdade e concluiu que eu era uma "garota irresponsável emocionalmente" que "brinca" com os sentimentos alheios.

Depois, veio uma astróloga paulistana, e eu achei que tantas e tantas coisas em comum levariam à construção de algo sólido e duradouro.

E, nessa estrada, uma recém-moradora da capital paulistana da área de TI foi o primeiro exemplo (dos muitos que eu conheceria) sobre qual é o nível da falta de coesão e coerência eu suportaria ao conversar com alguém. 

Até esse momento, eu ainda tinha me colocado aberta a relacionamentos amorosos e amizades. Então, cadastrada em três apps, mudei meus objetivos: apenas amizade.

Conheci então uma terapeuta holística e, mais uma vez, minhas esperanças de conexão maior — para amizade, apenas (da minha parte) — tiveram de aprender algo muito cruel que me parecia inconcebível à época: como uma terapeuta pode ter certas atitudes incompatíveis com a profissão?

Nisso, eu já conversava e tinha me encontrado com uma mulher que, a princípio, queria apenas me conhecer para manter um relacionamento aberto com ela (que é casada). Essa novidade (para mim, porque é extremamente comum em nossa sociedade) me causou um misto de susto com realidade. Amizade apenas. Claro. Até então, ela foi a única pessoa que conheci pessoalmente — algo que ainda quero muito (mas hoje menos).

Também conheci uma moça do RS que estava traumatizada pelo fim de um relacionamento tóxico vivido, o que a tornou uma cética a respeito do caráter das lésbicas.

Claro que nesse ínterim, muitos contatos superficiais que não foram adiante, tornando-se fantasmas na lista de pessoas que não vingam e que a gente dá unmatch ou simplesmente bloqueia.

No último mês do ano passado, conheci mais duas mulheres.

A primeira foi a advogada. Após estar ciente de que eu queria apenas amizade, trocamos muitas mensagens. Nos encontramos. No primeiro encontro tudo parecia caminhar fluidamente e embora eu tenha notado certas red flags (nunca as ignore!), o segundo encontrou mostrou ao que ela tinha vindo fazer em minha vida: me mostrar como é viver o pior date da vida.

Também conheci outra terapeuta holística que apesar de se mostrar espiritualizada e mais coerente, não estava preparada para o mínimo da troca necessária e educada que precisa existir em pessoas que estão se conhecendo.

Ainda nesse ínterim, conheci algumas moças recém-saídas de relacionamento que iam direto pro Instagram e lá ficavam, como um lembrete de que um dia houve uma conexão que se apagou tão rápido quanto acender um fósforo.

A segunda foi uma mulher incomum que conseguiu reconectar neurônios desativados em meu cérebro. Até aquele momento, crente na ciência de que eu saberia conduzir a amizade, fiz tudo que achei que deveria ter feito.

Já em 2024, conheci uma segunda advogada com quem tinha algumas semelhanças. Porém, as red flags balançaram até, umas duas semanas depois, ela finalizar o contato — algo que eu acabaria fazendo.

Também conheci uma estudante de Psicologia que tinha viajado pelo Brasil inteiro (o que agora me parece óbvio que ela estava mentindo!), trabalhava em três empregos e que começou a me dar aulas de Jung quando foi contrariada.

Conheci uma outra astróloga e terapeuta que parecia super empolgada para trocar ideias mas que desapareceu no limbo das mensagens não respondidas dias depois.

O cenário me fez cada vez mais restringir o meu já restrito perfil: descrição longa, filtros específicos. O resultado não foi melhor nem pior. Ele apenas mudou as caras.

Recentemente tive contato com uma mulher também saída de um relacionamento longo. E eis que me vi diante de um novo (mas não tão novo assim...) cenário: o de ser terapeuta apenas.

E, no meio disso tudo, algumas mulheres hetero começaram a me adicionar. Acreditei que seria uma alternativa interessante, afinal, a maior parte das minhas amigas é hetero. 

Resultado?

Aparentemente, uma delas queria apenas sexo casual comigo.

As outras duas se encontram em situação de "ponto de interrogação" em curso.

E não posso esquecer de citar o caso de uma garota hetero muito gentil mas de quem sequer sei o nome completo. Apesar de conversar há longos meses, a sensação de ter falado muito de mim e saber quase nada dela pode ser o retrato de quantas anda os relacionamentos sociais de amizade.

Daria para escrever um livro abordando todas as nuances que gostaria de abordar. Mesmo um post, talvez eu escreva "uma série de posts" rs. Talvez.


O que vou escrever agora é o que aprendi pessoalmente com tudo isso que vivi e ainda estou vivendo.


1) Somos apressados em julgar ou ser julgados.

O nível de desconfiança entre os seres humanos só aumenta. E essa neurose coletiva não permite que as pessoas consigam ter discernimento. Qualquer mínimo detalhe que desagrade já é motivo para excluir e bloquear uma pessoa. Obviamente, o nível de tolerância é muito pessoal e também não dá para usar a própria medida para outra pessoa.

2) Maturidade emocional não tem nada a ver com idade.

Quando eu tinha 20 anos, tinha a crença de que pessoas mais velhas são mais sábias. Isso é uma imposição da sociedade que faz a gente respeitar os idosos pelos motivos errados. Pessoas "de idade" podem ser mais sábias? Claro. Mas essa é uma afirmação que exige muitas exceções. Uma coisa não deveria estar associada a outra. Nessa linha de raciocínio, muitas mulheres "só se relacionam" com outras mulheres mais velhas por causa disso. Maturidade emocional tem a ver com a capacidade pessoal e intrínseca de cada de um de se desnudar, ser humilde, aprender e transformar-se.

3) Profissões consideradas chiques pela sociedade (advogado, psicológo, terapeuta) não são indicativo de que a pessoa é de confiança. Bem como o grau de espiritualidade dela.

4) Compatibilidade astrológica, no caso dos apps, não é indicativo de que um contato será frutífero. Mas sempre pode ser levado em consideração.

5) Trocar Instagram ou número de whatsapp após algumas mensagens não quer dizer nada. Absolutamente nada. Nem se vai dar certo, nem se não vai dar. Essa associação é totalmente equivocada.

6) O grau de ansiedade das pessoas já passou do tolerável. É uma doença generalizada, não tratada e pior: as pessoas nem tem consciência de que estão doentes.

Eu não me excluo desse rol. No entanto, a ansiedade por saber como será o futuro daqui a dois dias impede as pessoas de aproveitarem o presente e construírem o alicerce. Bases sólidas não são conseguidas com atração explosiva na primeira frase. E isso vale para paixões avassaladoras.

7) As mulheres acreditam que uma dor de amor se cura com outro amor.

As pessoas deveriam dedicar um mínimo de tempo sabático após um evento traumático em suas vidas. Seja fazendo terapia, seja entendendo o que é a dor de uma solidão pós-término. Existem inúmeros recursos para isso o que deveria ser menos escolhido é se cadastrar em um app de relacionamentos achando que para curar uma dor de amor, basta outro. Isso é letra de música sertaneja.

8) Tenha consciência do seu nível pessoal de expectativas.

Uma coisa é ter parâmetros, outra é esperar que alguém se encaixe em sua vida como uma luva só porque você gosta da cor da luva. Embora vivamos numa sociedade descartável, as pessoas não são itens descartáveis. Ghosting é o suprassumo da imaturidade emocional. Aprecie quem responde mensagens que mostram algum nível de reflexão. Como você deve desconfiar de quem está 24 horas do dia disponível para responder mensagens e respondendo-as na hora que elas chegam.

9) Coesão e coerência não servem apenas para estudante de Letras.

As pessoas dizem uma coisa e fazem outra e nem se dão conta disso. Trata-se do inconsciente lutando ferozmente para trazer lucidez. Mas quem, do lado de fora, prestar atenção a isso, terá em suas mãos uma poderosa ferramenta. Isso vale para qualquer setor da vida pessoal, e nos mostra não apenas o nível de autoconhecimento como pode até indicar desvios de caráter.

10) Não ignore as red flags. Elas existem por um motivo. 


Eu tenho a resposta de tudo? Não.
Tanto por não ter, que ainda não consegui construir uma relação que considere a ideal para mim. 

No entanto, ao começar a aprofundar amizade com uma moça (temos uma amiga em comum), eu comecei a ter o contraponto necessário para conseguir compreender profundamente os apps, afinal, eu e ela não nos conhecemos por eles.

Eu já afirmei, erroneamente, que a culpa dessas experiências que eu vivi é o app. Na verdade, não há culpados. A escolha desse meio me permitiu viver uma série de situações que ampliaram minha consciência. Depurei ainda mais as sujeiras que estavam incorporadas em minha forma de pensar. Entendi ainda mais o que é o "ser humano" e, por consequência, me autoconheci ainda mais.

Embora para quem leia, a linha do tempo descrevendo a breve história que vivi com as mulheres que eu conheci não seja óbvia, mas para mim está mais do que claro, tão claro quanto água pura: estou aprendendo — muito. Me burilando, me lapidando. Aonde chegarei com isso? Não sei. Mas estou confiando no processo.

E até um próximo post!

O último post de 2023

Eu sobrevivi ao ano de 2023 — eu deveria fazer uma camiseta para usar no ano que vem.

O mundo está doente. 

Você sabia disso. Eu sabia disso. Todos nós sabíamos disso. (mesmo?)


Mas foi apenas a partir do momento em que eu saí da minha bolha é que pude vivenciar isso na prática! E como isso aconteceu? Quando os apps de relacionamento aconteceram em minha vida.

Quem acompanhou meus posts por aqui a partir de agosto viram as minhas reações iniciais. Em seguida, as experiências — algumas inicialmente boas, outras maravilhosas — até estarmos aqui, hoje, 08 de dezembro de 2023, com essa sensação que mistura derrota com desilusão e realidade brutal.

Eu realmente não fazia ideia de que as atuais lésbicas (não importa a idade) estivessem tão mentalmente doentes. E, com isso, não quero chamar ninguém de louca, psicopata, stalker, intensa ou qualquer outro adjetivo. Nada disso. Longe disso!

Essas classificações seriam muito superficiais, muito clichês e muito preconceituosas.

Eu venho de um tempo (olha a frase cringe) em que as pessoas (mulheres lésbicas incluídas) pareciam estar conscientes de si próprias. Porque todos nós temos algum tipo de doença mental em algum nível (eu não me excluo disso). Mas a forma como lidamos com isso é que me assusta. Não há mais discernimento algum. Autoconhecimento? Aprofundamento de si próprio?

Muitas estão aí dizendo que "estão com a terapia em dia" e eu afirmei, categoricamente, que essa era uma frase clichê usada como muleta. Desculpe por ter dito isso! Hoje em dia eu sei que essas mulheres se destacam por estarem tentando. Se estão fazendo isso corretamente ou não são outros questionamentos, mas, ao menos, há a tentativa. Esse é o primeiro passo, como de uma criança aprendendo a andar, a ter mais autoconsciência de si própria.

Autoconhecimento é um ato de extrema coragem.

Mas a maioria de nós (nisso, eu não estou incluída) tem medo de conhecer as próprias sombras. Passam um verniz ou empurram deliberadamente para baixo do tapete porque, afinal, se não está na minha vista, não preciso me preocupar. Admita: quem aqui nunca fez isso na vida?

Nos apps, eu não conheci tantas mulheres assim, mas uma característica me chamou a atenção em todas elas, sem exceção: falha de comunicação. E, nisso, eu também estou incluída, infelizmente.

A falha de comunicação gera falta de clareza e falta de propósitos.

Comunicação, como dizem todos os terapeutas por aí, é crucial para o estabelecimento de qualquer tipo de relacionamento. Ainda mais quando conhecemos alguém por um meio virtual. Afinal, não temos a presença, não temos parâmetros, não temos conhecidos em comum que nos apresentariam outros pontos de vista. Contamos, única e exclusivamente, com o que nos é dito pela pessoa.

Então, se a comunicação é falha, isso se chama: receita para o desastre.

Eu sempre me considerei uma pessoa que sabia se comunicar.

E esta foi a maior lição, a mais dura de todas, que eu tive de aprender neste ano: saber me comunicar com clareza.

Comunicar-se com clareza é o ato maior de amor que você pode ter por você mesma.

Não deixar indicativos, não deixar subentendido, não esperar que a pessoa compreenda por si própria. Nada disso.

FALAR COM O MÁXIMO DE CLAREZA POSSÍVEL.

Eu tive de errar bastante para chegar à essa conclusão. Talvez, para algum leitor aqui, isso já seja óbvio. Parabéns para você! Que você continue nessa jornada, que é uma estrada de eterno aprendizado.

O outro poderá reclamar de sua suposta falta de tato com uma fala direta, mas nunca questionará suas intenções. Então, desde que você seja uma pessoa que tenha muito autoconhecimento de si mesmo, falar com clareza além de um ato de amor por si próprio também é um ato de amor com o outro — a despeito de ele não conseguir compreender isso no começo.

E, aí, fechamos o círculo e voltamos ao tal do clichê chamado "autoconhecimento". Imagine uma pessoa que não tenha consciência de si própria e que, obviamente, não saberá comunicar com clareza o que nem ela mesma sabe. 

Imagine os estragos que os encontros dessas mulheres estão causando por aí?

Imaginou?

Isso não é exclusividade de lésbicas, não. Isso é endêmico no ser humano da atualidade.

Mas, pense. O que é um app de relacionamento? É um local onde as pessoas se reúnem para vender o próprio peixe. E como se faz isso? Maquiando o peixe da melhor forma possível.

Gostos? Arte, urbanismo, café, viagens e animais.

Fotos? Uma prévia do Instagram (local onde mais encontramos a exposição da riqueza construída em detrimento da pobreza interior).

O melhor peixe exposto ganha mais curtidas, visualizações, seguidores e fãs. Que tristeza viver nestes atuais tempos.

Então, os apps não mostram, como já disse, uma foto do cérebro e, melhor, uma foto da alma. Nao temos acesso a esse raio x. Não há outra forma de saber além de observar, prestar atenção e notar como se dá a passagem do tempo — sempre, o tão sábio tempo. Além da nossa intuição.

Hoje em dia, que obviamente não é mais como há vinte anos atrás, as pessoas estão muito mais perdidas, confusas e... sequer têm noção disso. E, se têm, escondem isso dentro de um cofre de titânio sem chave de acesso. Como podemos conviver bem uns com os outros sendo e estando assim?

Não sei: esta é a minha mais sincera resposta.

E eu que, ingenuamente, achei que os maiores desafios deste ano seriam em torno do cuidado com a minha saúde, com a minha espiritualidade (obrigada, Halu Gamashi, por estar em minha vida, eu não teria conseguido sem os seus ensinamentos!) ou com a parte material da minha vida. Nada disso.

Tudo na minha vida sempre aponta para a mesma direção: os relacionamentos humanos.

Então, quero finalizar este ano refletindo e aprendendo tudo que puder aprender e continuamente seguir aprendendo. E que 2024 me traga bons ventos (mais frescos, de preferência).

Desejo o mesmo a cada leitor que me acompanhou por aqui em 2023. Sigamos juntos e fortes. Fiquem com Deus.

Bem-vinda ao mundo dos apps de relacionamento!

Vou compartilhar uma história com vocês.

Desde 2008 que eu não me cadastrava em nenhum aplicativo de relacionamento.

Sim! São quatorze anos de defasagem. Ainda estou fazendo um intensivão em redes sociais e em páginas específicas para atualizar o meu software sapatônico. Claro, como boa alma curiosa que sempre fui, não podia deixar de fazer isso. Não (que seja dito) que eu vá usar os termos ou me comportar como uma garota de 20 anos. O objetivo é puramente saber como sente, pensa e fala as sapatoninhas que nasceram quando eu já estava lá vivendo minhas experiências.

Há diferença? MUITA. 

No entanto, o que é mais assustador (ou desolador) é que certas coisas parecem que nunca mudam. Ou até mudam, mas para uma variação tristemente pior.

Bem, lá fui eu baixar, me cadastrar e fazer uma assinatura básica em três apps. Escreve um texto de bio com caracteres e vocabulário específico o suficiente para filtrar e espantar a maioria das mulheres. Antigamente dizer que era astróloga era uma red flag gigante que tanto afugentava como encantava. Hoje? É indiferente. Perdi meu charme.

E essa foi uma das primeiras coisas que me deixou muito curiosa. O que teria acontecido com a Astrologia que hoje não chama mais a atenção nem que seja para sair correndo? Seguirei refletindo nisso.

Começa a criar um filtro de busca. Põe o filtro de busca em ação. 
Zero resultado.
Diminui o grau de exigência do filtro.
Aguarda uns corações e, com sorte, umas mensagens especiais que somente assinantes enviam.
O negócio anda devagar quase parando.
Mas eu me fiz uma promessa antes de baixar esses apps: eu vou me divertir no processo, não importa o que aconteça. Afinal, estou em busca do amor da minha vida? Certamente que não. Se eu der sorte de conseguir manter uma conversa minimamente agradável para mim, me sentirei ganhadora da mega. Uma coisa não exclui a outra, se estou lá me expondo, sei de todos os riscos que corro, sei de todas as possibilidades e, simultaneamente, me abro para tudo que possa acontecer.

Há uma diferença radical do perfil de mulheres cadastradas de acordo com cada app. E isso começa a me chamar a atenção. Fico lá olhando para uma foto, em geral selfie, e penso "a pessoa escolheu essa foto porque ela considera a melhor foto dela. Qual será a pior?" Aí vemos fotos com frases de autoajuda retiradas do FB, recortes de fotos do IG que a pessoa não limpou direito. Fotos desfocadas ou de baixa resolução. Além dos clássicos airbags que talvez atraiam as fetichentas por peitos XG.
Como você gosta de se divertir? Trabalhando.
Como você descreve suas noites? Fasendo amor. (sim, com S).
Não gosto de mulheres masculinas, só femininas. (eu concordo que poucas ficam bem com boné. Eu sou daquelas que NÃO ficam bem fora que eu tenho calor na cabeça)

E o fato de que 80% das pessoas ali estão em um relacionamento aberto? Em geral, com homens. (me chame de antiquada, mas nunca entenderei o conceito disso)
E as mulheres que só me escrevem porque sou japa? (oi? Não sou otaku nem sei o que é isso)
Ou aquelas mulheres que associam tudo a álcool: "Quero uma companhia para beber uma taça de vinho na praia e à luz de velas". "Bora tomar uma brejinha" (em geral skol quente).
Ou aquela que dizia o seguinte: " Quero uma mulher ativa fisicamente, porque quero alguém que consiga me acompanhar nas coisas que faremos juntas, viajar muito e malhar muito".

Confesso que não esperava que me depararia com isso. Há um misto de piada interna entre conversas com amigas íntimas e um senso de que nem estou defasada neste mundo — eu quase não sirvo mais para viver nele!

O que há de comum em todos esses perfis?
A falta de uma foto do cérebro.

Recentemente li um post que dizia que ninguém tem obrigação de adivinhar os pensamentos do outro. Concordo! Mas falta também um pouco mais de aprofundamento mental. Ninguém precisa ir lá escrever uma bíblia sobre si, megalomaniacamente, ou dizer que já leu todos os livros considerados clássicos. A bem dizer, essas pessoas não estão em apps. Onde elas estão? Solteiras? Presas em nichos longe do açougue virtual? Mas as pessoas podiam se esforçar um pouquinho em dizer algo mais além de vinho, academia, cerveja, bonés e peitos.

Então, sem opções, comecei a fazer outras coisas.
A primeira delas é ficar olhando para a foto e para o perfil e tentando adivinhar qual seria o signo daquele ser. Bingo! 90% das vezes eu acerto. 
E a quantidade surreal de leoninas, arianas e sagitarianas? Vou começar a fazer um quantitativo para saber quais signos eu mais vi por aí. Uma coisa é certa: os signos de terra são os que eu menos vejo (touro, virgem e capricórnio) seguido da galera de água (menos escorpião, claro). Vi poucas librianas também. Há uma quantidade gigantesca de geminianas! Halp!
A segunda é ficar caçando perfis fakes que ficam me mandando superlikes/superhearts. Já peguei duas. Se essa galera do outro lado da tela soubesse do meu poder especial escorpiônico para olhar através de todas as obviedades...rs

Recentemente, fiz uma nova amiga astróloga (bem-vinda!). Preciso agradecer a ela por (re)instigar meu lado astrológo observador que andava meio adormecido. É extremamente prazeroso (na falta de um adjetivo melhor) constatar que a astrologia continua sendo uma maneira perfeita de conhecer as pessoas sem que elas se deem conta disso.

E, conversando com uma amiga que usa esses apps há muito mais tempo que eu, aprendi uns macetes com ela para separar o joio do trigo. Se bem que, no meu caso, usar uma pinça para capturar a agulha no palheiro seria uma imagem mais acurada. Vamos rir, Aline!

Não. Não sou a última bolacha do pacote nem quero ganhar biscoito gratuitamente. Eu já estava ciente de tudo isso como disse no começo deste post. Ao mesmo tempo, não tinha como não notar (ainda bem!) que existem mulheres lésbicas inteligentes, cultas, que se destacam. Eu me encanto e fico fascinada que essas mulheres existam e estão por aí, vivendo suas vidas, encarando seus aprendizados, seus medos e deixando uma trilha única e especial por onde passam. Construindo uma história (que, obviamente não está atrelada à sua sexualidade apenas mas que, claro, faz parte intrínseca dela), sendo exemplo, ajudando outras pessoas. E me alegro muito por ter conhecido algumas delas! E espero conhecer mais!

Em um post futuro, quero retomar este post de hoje com boas novidades, sejam elas quais forem. Até lá.

2021, solidão e reflexões...

30 de setembro de 2021

Há exatos seis meses a minha vida mudou completamente.

Estou aqui pensando, nesta tarde de primavera de vento fresco, se eu conseguiria prever algo assim na minha vida... e a resposta é: não!

E nem falo isso pensando que foram os meus pais que morreram em um intervalo de seis meses. Não.

Falo em como a vida é o instante em que vivemos.

Só isso.

Este instante, agora, em que constantemente tomamos decisões. Porque precisamos tomar essas decisões. Porque precisamos constantemente estar em uma rota, com algum destino. Precisamos cumprir uma meta, seguir uma rotina. Este instante.

Quem nunca viu num filme a velha pergunta “se você soubesse que isso aconteceria, o que teria feito de diferente?”.

**

Eu estou me sentindo só. Mas esse é outro cenário que não foi gerado ou agravado pela morte de meus pais. A pergunta correta que eu devo me fazer é: quando eu, verdadeiramente, estive com alguém?

Eu vejo o meu cenário pessoal inserido no contexto do cenário coletivo e não consigo dissociar as coisas, não tem como. A pandemia mundial escancarou uma moléstia que atinge a humanidade desde que temos recordação: nossa total falta de empatia com o outro e o nosso egoísmo. Por escancarar assim, tem trazido, também, a urgência de sermos diferentes; de não apenas sermos para mostrarmos, mas de sermos por assim termos nos tornado.

Mas ainda é o começo.

E a minha solidão se reflete principalmente pela falta de conexão que sinto com as pessoas ao meu redor. Todos estão vivendo seus infernos pessoais (porque, afinal, o inferno não está no submundo, está bem aqui, no seu cotidiano) e todos estão vivendo seus dilemas, seus desafios, seus aprendizados. Isso me faz questionar por que não nos unimos ao invés de nos afastarmos?

Ah...

Isso me traz à tona uma antiga lembrança de 1996, quando eu tinha 19 anos e fui lá pro Japão trabalhar. Era uma época de comunicação à base de cartas enviadas pelos Correios e de fichas telefônicas para usarmos nos orelhões públicos. Estar distante de alguém fisicamente era realmente estar distante. Eu me lembro do primeiro grande (e doloroso) aprendizado que vivi lá: as pessoas com quem convivi não se uniam para se ajudar, afinal, o sintoma comum era a saudade dos que tinha ficado no Brasil. As pessoas, lá, preferiam pisar umas nas outras com qualquer tipo de superioridade que fosse (por saber o idioma local, por ser o mais velho no emprego, por ter mais experiência). Estender a mão, oferecer o ombro e uma palavra de auxílio? Poderia até rolar, mas tinha um preço que, em geral, era ser fofoqueiro e delator.

Lembro que sempre compartilhava essa péssima experiência e todo mundo me dizia que nunca tinha passado por isso. Ou seja, era EU quem tinha de vivenciar essa experiência e aprender com ela (eu e as pessoas desse grupo, obviamente).

 

**

Então, hoje, este dia com gosto, cheiro e textura especial... me faz pensar no quanto tudo mudou e no quanto eu mudei. Minha solidão sempre foi uma característica que eu tentei não ter, mas, até hoje, quantas pessoas quiseram me conhecer? Eu tenho que pagar alguém para poder ser ouvida? Quantas pessoas estão dispostas a conhecer outras pessoas simplesmente porque, apesar de tudo, nossas relações humanas são tudo que importa nesta vida, mais nada. Quem?

Sem as relações humanas não temos dinheiro, não temos sociedade, não temos família, não temos com quem nos comparar, não temos ódio nem amor. Se o ser humano não se relacionar entre si, coletivamente, não há nada.

Já aprendemos muito... e ainda temos tanto a aprender.

O que sinto agora, certamente não gostaria de estar sentindo... mas quão diferente esta solidão poderia ser, senão essa que estou vivendo?

 

Por que precisamos comparar?

Uma das coisas mais inevitáveis da vida é o ato de nos compararmos a alguém.

Não tem jeito!

E isso pode ser algo tão obsessivo que simplesmente podemos basear a nossa vida toda e qualquer atitude dela em uma comparação. Podemos simplesmente congelar por não saber o próximo passo sem conhecer o paralelo de se comparar a algo ou a alguém.

ISSO É MUITO SÉRIO, GENTE!

Esta ideia me ocorreu e mesmo eu pensando nela há algum tempo, nunca tive tempo de sentar e ordenar as reflexões. Faço agora, antes que perca o fio da meada.

A vida pessoal de alguém sempre parecerá mais feliz que a nossa. A vida profissional de alguém sempre mostrará mais brilho que a nossa. A família de alguém sempre será mais doriana que a nossa. O relacionamento de outro sempre será mais instagrameável que o seu (isso, se você tiver algum).

Fato é que a vida de uma outra pessoa, sob o nosso ponto de vista, sempre será mais feliz, mais completo, mais luxuoso... mais qualquer coisa que você queira que seja. Porém... esse será um fato verdadeiro, imaginação sua, exagero seu ou pura maquiagem para vender uma imagem?

QUEM SABERÁ?

Li um livro recentemente (só leio livros a trabalho, [in]felizmente) que fala sobre ansiedade e sobre focarmos as lentes em nós mesmos como uma forma de lidar com essa necessidade de olhar o outro antes de olharmos para nós. Esse é um assunto tão complexo que pode render vários livros, debates.. e este post, humilde, que aqui compartilho.

Me peguei me comparando... e me senti feliz por saber que minha qualidade profissional não é tão ruim assim, afinal, a pessoa da comparação trabalha em um lugar conceituado e percebi que seu trabalho é tão bom quanto o meu. Nossa, Cris, que triste você precisar googlear tudo isso para chegar a essa conclusão. Pois é...

Na verdade, eu sei que eu sou boa. Mas diversos fatores (falta de comunicação, isolamento social, isolamento real, neuroses diversas, ansiedade, silêncio) podem criar um terreno fértil irreal que, dependendo da sua situação mental, podem gerar ervas daninhas que, com o tempo, dão frutos horríveis que você mesmo vai comer e vai se envenenar. E termina que você se acha um profissional da pior categoria que merece o ostracismo e a danação eterna de fica sem trabalhar.

Futuramente, indico livro aqui. Por ora, compartilho a dica que sempre dou para mim mesma, uma lição dada por Jordan Peterson [veja um vídeo, em inglês, dele].

Traduzindo: Compare-se com quem você foi ontem, não como uma pessoa está hoje. [aceito sugestões de uma tradução melhor]



Uma breve reflexão sobre furar fila

 Assunto do momento: digite no Google e você vai se deparar com muitas links para matérias de todos os tipos e gostos. Tornou-se a moda, infelizmente. Mas furar a fila é algo que não saberia dizer se é cultural ou brasileiro. Não me aprofundei nesse assunto.

Eu sempre fui veementemente contra furar a fila em quaisquer circunstâncias. Considero isso não apenas um desvio de conduta de caráter, uma total falta de respeito ao próximo. Então, na minha concepção, praticar esse ato - além de falta de educação - também simboliza um gesto de egoísmo praticado sob os mais diversos argumentos. Todos condenáveis, exceto em caso de uma pessoa em iminência de morte.

Veja, por isso existe um protocolo que você encontra em qualquer UBS que você for: é a classificação de risco. Isso é o que faz você esperar por horas para ver um piriri suspeito enquanto o que está com suspeita de infarto passe na sua frente. 

Óbvio que levar isso para a vida cotidiana seria algo muito além de qualquer expectativa. As pessoas furam fila de supermercado, do banco. E para pegar condução lotada? Só sabe quem já passou por isso. Não existe respeito. É cada um por si.

Vemos as pessoas furando fila nas situações mais comuns do dia a dia. E esse comportamento tornou-se tão grave agora em tempos de pandemia, que foi necessário criar leis e multas severas para quem chegar dando carteirada: porque é mais importante, tem mais poder ou tem mais dinheiro. Todos aqueles cenários caóticos que vimos em filmes de fim de mundo estão acontecendo agora, ao vivo e a cores, diante de nossos olhos.

Uma vez, furaram a fila para mim. Tenho vergonha desse dia, mas vou contar aqui, acho que nunca contei. 

Eu odeio filas, de todos tipos. Fila é algo tão imbecil mas tão automático que quando menos percebemos estamos lá, numa fila. A fila parece trazer uma certeza de que vai dar certo, mesmo que demore. Talvez (e bem talvez) por isso, a vida traga os engraçadinhos e espertinhos que passam na frente - eles sabem que isso é uma afirmação perigosa e até mentirosa.

Estava eu em uma fila para o camarim pós-show da Isabella Taviani em Brasília, dez anos atrás. Sim, tinha viajado de São Paulo para vê-la onde tudo é plano aonde quer que você olhe. Estava eu lá, esperando chegar a minha vez, como sempre faço, quando o produtor viu a galera que tinha vindo de SP (ninguém combinou de ir junto mas todos se encontraram lá) umas seis pessoas, eu acho, não lembro mais, e chamou todos para irem primeiro falar com a cantora. Eu disse que não queria, esperaria a minha vez, mas fui forçada a ir. No meio do caminho, ouvi muita gente reclamando e algumas me xingando. Caminhei pedindo desculpas. Oras, a Isabella fazia uma década que não se apresentava lá e eu, nessa época, ia a shows delas duas, três vezes por mês. Podia esperar, mesmo tendo vindo de SP. Mas, não, passei na frente de todos.

Qual a sensação que traz ser a primeira, passando na frente de todo mundo? Eu sou especial e única.

E acho que é isso que todos desejam ratificar: sou especial e único, posso passar na frente dos outros. O sinistro é ver que as pessoas ainda continuam pensando assim, sem o mínimo de pensamento coletivo, no meio de uma pandemia, uma situação gravíssima, ainda mais agravada pela péssima gestão governamental (que nem merece comentário aqui). Se eu tenho dinheiro e influência, então por que não posso passar antes de todos?

Brasileiro tem aquela péssima fama de "dar jeitinho em tudo". Não sei de onde herdamos isso (aceito explicações antropológicas e históricas). Embora a bandeira diga "Ordem e Progresso", estamos longe de realmente por isso em prática. A lei máxima é do esperto que agarra a sua oportunidade, mesmo que burle regras. Se eu posso, qual o problema? Todo mundo terá o seu, só que eu terei primeiro.

Nada a ver, mas isso me fez lembrar do único show da Alanis Morissette que fui, lá em 1999. Fila para entrar, horas e horas esperando a casa abrir... quando entramos, uma menina disse em alto e bom tom que seria bom para todo mundo esperar sentado no chão o show começar, que ela tinha ido em shows lá fora (?!) e era assim. Claro que ninguém deu bola para ela. Foi nesse show que, inclusive, vi minha primeira roda se abrir na minha frente e eu quase fiz nas calças por medo de ser jogada ali no meio. Como assim, abrir a roda num show da Alanis?

Talvez seja do ser humano, instinto de sobrevivência jogando hormônios no corpo em um momento tão tenso e inédito que vivemos, como brasileiros que nunca viveram uma guerra, um tsunami ou um terremoto. Outras pessoas de outros países estão "mais acostumados" mas o brasileiro, não. E, talvez por isso também, o caos tenha se instalado da forma mais inimaginável possível: com negacionismo. Tipo, isso não está acontecendo aqui, é tudo invenção de alguém.

Agora, com a ficha caindo, o desespero das pessoas para furar fila e sobreviver só mostra o que sempre fomos com requintes de crueldade: não fazemos a nossa parte, não quero pagar a conta e quero sobreviver e ser feliz. O resto que se cuide.

Qual a sua lembrança mais feliz?

 Confesso: nunca fui fã da série Harry Potter na época em que fez sucesso. Por que? Simplesmente porque tenho um certo gosto para ser do contra. Hoje em dia, há alguns meses para ser mais específica, retomei o gosto esquecido. Falta apenas ler os livros rs.

Dos inúmeros trechos de que mais gosto, o que mais se destaca, certamente, é quando Harry precisa aprender a se proteger dos Dementadores e com a ajuda do professor Lupin aprende a executar o feitiço do Patrono. Basicamente, para executá-lo é necessário encher-se da sua lembrança mais feliz, deixá-la tomar conta de você. Fácil, né? (tom de ironia)

Assim, eis a pergunta: qual a sua lembrança mais feliz?

Mas não é qualquer lembrança... na série, o próprio não consegue conjurar um Patrono potente porque a lembrança não era feliz o suficiente. Então, quando ele consegue se focar naquela que é a verdadeiramente a sua lembrança mais feliz e plena, ele finalmente consegue afastar todos os dementadores.

Todas as vezes que estou revendo os filmes pela milionésima vez e chego nessa parte, sempre me pergunto qual seria a minha lembrança mais feliz?

Na maioria das vezes, as pessoas acabam associando essa lembrança com a família, como é o caso do Harry. Acho uma pena no filme não detalharem mais sobre as lembranças dos outros, que com certeza são variadas.

Eu não consigo ter uma lembrança associada à minha família que me traga tanta felicidade.

Já pensei e repensei tanto sobre isso... mas a maioria das lembranças eu estou sozinha, em um momento de reflexão. O que não é "ruim" mas também não creio ser forte o suficiente. Claro que meu intuito não é conjurar minha Doninha (mas bem que gostaria para espantar uns Dementadores diários) mas realmente pensar sobre lembranças felizes. O que são lembranças felizes para cada um de nós?

Para as poucas pessoas a quem pude perguntar, ninguém sabe responder de primeira. É uma pergunta complexa. Você saberia responder?

"Felicidade" costuma envolver alguém ou alguma época mais feliz. Nunca somos felizes o tempo todo e mesmo assim não produzimos grandes momentos de felicidade o tempo todo. É mais fácil dizer o contrário, inclusive. É muito mais fácil produzirmos, infelizmente, momentos tristes, decepcionantes, angustiantes... os quais desejamos esquecer e não ficar lembrando.

Mas, a despeito disso, vivemos momentos felizes... pequenos, singelos ou grandiosos... eles existem em nossa vida. E eu elejo o meu: o dia em que a cantora que mais admiro, Isabella Taviani, abriu um show no Teatro Municipal de Niterói, há quase dez anos atrás, com uma música, uma música que eu tinha pedido para ela cantar (na verdade, vinha pedindo há um certo tempo e com bastante insistência rs).

Só de lembrar, meu coração acelera... relembro perfeitamente daquele momento (que eternizei em um post aqui neste blog). Foi uma total surpresa. Ninguém sabia. Eu fiquei sabendo na hora.

Foram dois shows, naquela época estava sem grana e só pude ir em um show, o segundo. E interessante que ninguém me contou da surpresa. A própria Isabella (que sempre interage muito com os fãs) perguntou da minha ausência, porque tinha uma surpresa para mim. E essa surpresa se tornaria a minha lembrança mais feliz.

Eu, no meu lugar quietinha, na primeira fila, vi quando uma luz se acendeu apenas sobre a Isabella e ela abriu o show cantando Pontos Cardeais. Só tive tempo de pegar a câmera (nessa época registrava tudo que podia nos shows) e perder os cinco segundos iniciais e gravar o restante. Gravar e guardar esse que seria o momento mais especial da minha vida: a cantora que mais admiro, cantando a minha música favorita (a capela), abrindo o show com ela (a única vez que ela fez isso em toda a sua carreira musical) e especialmente para mim.

Aquela voz linda, ecoando na acústica maravilhosa do Teatro Municipal, cantando uma música tão triste mas tão linda... 

Por sinal, essa é uma música totalmente subestimada, inclusive pelos próprios fãs. Somente os fãs raízes a conhecem e gostam dela, a maioria fica nos clássicos de rádio. Para mim, continua sendo a minha música número 1. Ouçam a versão de estúdio e os arranjos maravilhosos.

E qual a sua lembrança mais feliz?

A arte de envelhecer

 Esta ideia surgiu em minha cabeça como parte das reflexões que vêm surgindo desde que tenho um pai acamado, em decorrência de um AVC. Comecei a pensar o que levaria, em teoria e pura especulação, uma pessoa aos 79 anos chegar ao estado físico e mental de uma criança de menos de 5 anos?

Tem tantas variantes possíveis de análise, não dá nem para começar... mas eu vou esmiuçar um pouquinho apenas o caso que presencio aqui. Analisar meu pai tem me dado muita matéria interessante para eu me autoanalisar: sem essa imagem de pai-herói (que nunca tive e creio que teve um lado bom nisso, recentemente escrevi um post sobre pai ausente, o meu pai, no caso) ou mesmo quaisquer outras imagens clichês prováveis.

A primeira coisa que as pessoas dizem é "velho volta a ser criança", mas por que as pessoas afirmam isso com a maior das naturalidades? Isso não é esquisito? Para mim, sempre foi esquisito no entanto como o assunto nunca me interessou na época, nem fui atrás para tentar entender. Outra coisa que mitificam muito é o sentido de família que se cria em torno de um idoso "filhos são a previdência privada dos pais". Não sei se vocês já ouviram isso, mas queria lembrar onde foi a primeira vez que ouvi esse termo e ele fez tanto sentido! Foi numa matéria, Uol talvez, lida há alguns anos. Se a encontrar, ponho o link aqui.

Atualmente, todos têm ciência disso, somos um país com mais idosos e isso traz inúmeras consequências: maiores filas no banco, maior necessidade de atendimento preferencial, maior cuidado com uma população que dependendo de como viveu a vida, não tem ninguém além do Estado para ser provedor de um mínimo de dignidade para sobrevivência.

Há bem pouco tempo, idosos têm preferência aonde quer que vão: sempre recebem atendimento prioritário. Mas se pensarmos apenas nos idosos ativos. E os que dependem exclusivamente de alguém para fazer tudo para eles?

Aí, encontrei este artigo na área de Enfermagem chamado Envelhecimento ativo e sua relação com a dependência funcional. É curtinho, dá para ler em dez minutos. Ele traz um panorama de estudo econômico, educacional e social para correlacionar a independência funcional de um idoso. Não podemos nos esquecer que os idosos na faixa etária do meu pai, por exemplo, nasceram antes ou durante a segunda guerra mundial: uma época tão diferente da que vivemos hoje, que pareceria viagem no tempo.

Mais uma vez, retomo à questão de como as crianças foram educadas nesse período, onde todo mundo tinha pelo menos cinco filhos e os milhares de imigrantes fugidos da guerra que se estabeleceram pelo país todo. Fome, condições precárias de sobrevivência. Muitos conseguiram se estabelecer bem... a que custo?

O que penso enquanto divago com todas essas informações é quanto sacrifício esses pais viveram e como eles criaram seus filhos que, hoje em dia, são os avós de alguém? Quanta dor foi herdada e repassada nas mais variadas formas de codependência emocional?

Bem, como disse, é impossível aprofundar um assunto em um texto com alguns parágrafos; então, voltando ao meu pai, como nada sei da sua infância, o que sei é o seu mapa natal e um pouco do que me foi repetido (mas sem sabermos se é verdade mesmo), TUDO que vivi de bom e de traumático com ele, e analisando a relação dele com a família dele (irmãos e sobrinhos) essa atitude clássica de "voltar a ser criança" além de demonstrar fuga da realidade, pedido desesperado de ser o centro das atenções, e imaturidade emocional e financeira total vivida ao longo de toda a existência (financeira, sim, porque se tivesse dinheiro poderia fazer como velhos endinheirados com muitos empregados à sua disposição ou, nem muito, mas uns dois) ALÉM DO PRINCIPAL: fuga da responsabilidade pessoal com a própria vida.

FUGA.

Algo que todos nós adoramos fazer quando estamos acuados e estressados na nossa vida diária. Por que um idoso também não faria isso? 

Então, dedico este post ao senhor com quem compartilhei uma vizinhança de apartamento, em 2011, quando morei em Niterói, Rio de Janeiro. Tinha o perfil totalmente diferente do meu pai: sozinho, não bebia nem fumava, tinha situação financeira confortável. E ouvia muita, mas muita música clássica. Vez ou outra eu encontrava com ele nas escadas, educado, não invasivo.

Um belo dia, o zelador bateu à porta comunicando que o senhor tinha morrido: suicidou-se. Parece que tinha uma filha que morava longe. Ela deu por falta de notícias dele, foi quando descobriram que ele também fugiu, por conta própria. Aliás, vocês sabiam da alta incidência de suicídio em idosos? Alguém se lembra do caso midiático do Flavio Migliaccio?

Este assunto está longe de ter uma conclusão. Porém, a que faço agora é esta: você é o que você vive, não importa a fase de sua vida. Ser jovem ou velho é uma mera questão de tempo e idade. No caso do meu pai, uma vez mais, nada me surpreende (infelizmente) porque esta sempre foi a imagem que eu tive dele a minha vida toda. Agora, ele apenas a continua ratificando. Por única opção dele próprio.

Um sopro renovador

Anuncio, com alegria e fé, que este blogue trará posts novos até o fim do ano. É a proposta do fim de um longo vácuo -- existencial, diga-se de passagem --, para voltar a falar do cotidiano: esse, tão estranho e cada vez mais frio e egoísta.

Não vou negar que o viés será político. Impossível evitar esse assunto. 

E confesso que essa motivação veio depois de (mais uma... fazer o quê) grande decepção familiar. Durante anos (e não foram poucos), tinha em alta conta uma pessoa de minha família sanguínea. Era uma das últimas a quem atribuía admiração, muita, por sinal. 

Porém, como muitas pessoas perceberam, este ano foi esclarecedor e estarrecedor. Verdades foram reveladas. Que ninguém é perfeito, isso todo mundo sabe, mas conhecer o lado negro de cada um é assustador: preconceito, raiva, ódio, intolerância, desejo que as pessoas morram, se elas morrerem é por um bem maior (!!!), uma cegueira por um terrorismo comunista que avança no mundo como um vírus mortal.

Que a humanidade nunca esteve saudável, todo mundo também sabe. Temos em nosso dna um gene que não vive sem brigar, sem odiar, sem desejar o extermínio daquele (ou daquilo) que não concordamos. Milhares de anos, tantas civilizações e culturas e ainda nos baseamos em um Deus julgador, punitivo e assassino que norteia nossas atitudes. Acho que aquela conhecida afirmação poderia ser refeita assim "Deus foi criado à semelhança e imagem do Homem".

Nos falta o AMOR CRÍSTICO. É fácil amar e aceitar aquele que é totalmente diferente de nós? Por que fazemos isso? Por sermos "superiores"? Qual a base de critério? Socioeconômico, tenha certeza absoluta, meu caro leitor.

Enfim... este post é só pra dar um sinal de vida. Em especial, de mim para mim mesma. Este foi o ano mais difícil de toda a minha vida. Tentei desistir da vida em inúmeras formas e meio que desisti mesmo. Não sei quais serão as perspectivas futuras, mas decidi agir diferente. Posso vir a me cansar de tudo outra vez? Possibilidade que existe e não posso negar. 

Observação final: a todos os leitores que encontram um acalento em meus escritos (eu sei de todos vocês, leitores anônimos!), obrigada por trazer um objetivo maior para este blogue. É por vocês, cada um de vocês, que não desisti de escrever. Minhas palavras quando saem de mim não são mais minhas, são de quem ler, de quem se sentir abraçado. Obrigada a cada um de vocês, belos desconhecidos. 

Hard reset na vida

"Hard reset" é um procedimento utilizado quando um smartphone está com problemas em seu sistema operacional e precisa voltar às configurações de fábrica. Esses problemas podem ter origens diversas, como vírus, pouca memória, aplicativos que não funcionam direito. Aí você aperta uns botões, segue uns dos incontáveis tutoriais (não se esqueça de escolher aquele que específico para o modelo do seu celular) e pronto: seu aparelho está novinho, como no dia em que você o tirou da caixa.

Eu precisei dar um hard reset no meu Motorola porque ele não atualizava mais os aplicativos da PlayStore. Engraçado que mesmo depois de ter repetido o procedimento três vezes, o erro ainda não tinha sido corrigido. Eis que resolvi fazer diferente na última tentativa: ao invés de restaurar as configurações prévias (que o celular salva como um espécie de backup), optei por zerar tudo mesmo, sem qualquer menção ao passado do celular.

Assim, quando achava que tinha perdido de vez o aparelho e pensava nos passos seguintes... o celular voltou à vida. Novinho, veloz, prontinho para eu configurá-lo do jeito que eu queria (sem repetir os erros e os excessos anteriores) outra vez! Alegria infinita e eu me sentindo uma verdadeira hacker profissional dos smartphones sem pedir ajuda a ninguém e sem gastar nenhum tostão!

Lições: apaguem as fotos e os vídeos que só ocupam memória. Cuidado ao acessar sites duvidosos. Tenham sempre o Clean Master eo adBlock instalado. Não deixem nunca a opção "atualizar aplicativos automaticamente" (essa eu não deixo há anos, dica de um amigo). Não cliquem em arquivos suspeitos (dica velha, mas que sempre vale lembrar). Acho dispensável ter antivírus: só ocupa espaço e não serve para praticamente nada.

Bem, por que eu escrevi quatro parágrafos para dizer que fiz um hard reset no meu celular? Porque na hora eu pensei em como seria fácil se déssemos um hard reset na vida. Gente, seria muito fácil! Seria a solução dos problemas. Não é essa uma das obsessões da nossa vida? Poder ter a chance de recomeçar tudo de novo, apenas com o apertar de um botão?

Na verdade, nós temos essa opção o tempo todo. Porém, a nossa vida não funciona como uma smartphone, graças aos deuses, somos bem mais complexos! E tamanha complexidade tem suas condições, seus procedimentos e suas consequências. Agora, pergunto: se fosse fácil fazer um hard reset na nossa vida, como seria? Todo mundo, na hora em que quisesse, recomeçando literalmente do ponto em que gostaria de recomeçar? Acredito que perderíamos a nossa complexidade em todas as áreas, das relações sociais, dos aprendizados e dos erros, até na evolução genética (rs)!

Existe alguma solução quando a nossa vida está com tantas dificuldades, percalços, problemas, falta de objetividade e falta de forças? Existem muitas soluções, mas, acredito, que hard reset seria um apenas um paliativo para que tudo recomeçasse novamente, como um loop infinito e fantasioso, de que a nossa vida está indo para frente só porque podemos ter a oportunidade de ficar zerando o cronômetro do carro (quando na verdade, toda a quilometragem dele ainda continua lá).

Fato é que viver não é fácil. É tarefa daqueles que têm coragem, não a que conhecemos, mas aquela que une o racional e o emocional, mente e alma, visível e invisível. Viver não é se isolar. Viver não é se privar do erro. Viver é errar e entender que o erro é que nos torna mais capazes de melhores escolhas. E vivemos e erramos até compreender que a ideia do hard reset parece um atalho atraentíssimo mas pouco rentável.

Visitando o passado - III

Bom, já que estou falando tanto de passado, nada melhor que revisitar o próprio blogue, certo?

Ontem, terminei o post falando de falta. Então, aproveitei o gancho, digitei no buscador do blogue "falta". E fui aos resultados.

A vida é cíclica, todos já estamos carecas de saber disso. Um dos trabalhos essenciais da Astrologia é falar dos ciclos que uma pessoa viverá ao longo de sua existência. Pensando nisso, nos posts do meu blogue onde coloquei a tag "falta", e... pá. Eis o meu atual momento.

Não falarei de Astrologia especificamente, mas desde que Plutão entrou em Capricórnio, lá pelos idos de 2008, e atingiu a minha casa 11 em cheio em 2011, esse processo começou e ainda continua. Qual? Perda, transformação, reformulação, "queima de pontes" como diria minha professora de Astrologia. Pois é.

O que eu sinto hoje é uma melancolia -- que diante de tudo que já senti, é uma bênção! Talvez seja hora de dar adeus, mesmo. E o que ficou, ficará. Simples? Certamente! Mas, também sabemos que as coisas mais simples são as mais difíceis de fazer. 

Plutão ficará lá na minha casa 11 ainda muitos anos, o que tem um significado ainda muito intenso para mim. Mas, deixando o astrologuês de lado, uma coisa é importante diante de tudo isso: se há algo que você sente que precisa expurgar -- faça-o. Se há algo que precisa ser mudado: mude-o. Se há algo que precisa ser vivido/revivido/ressofrido: torture-se. 

Mas o faça apenas pelo tempo necessário. 

E, bem a tempo, focar nas palavras sábias que recebi, honrosamente (e que também já fazem parte do meu mapa natal): caminhar em frente, mudar, queimar as pontes deixadas e não olhar mais para trás.

E fico feliz se isso for fácil para você! Sem ironias.

Visitando o passado - II

Passado é quase nostalgia. Passado, nostalgia... são quase melancolia.

Essas palavras devem ser incomuns ao dicionário pessoal de muita gente por aí. Perda de tempo, para muitos. Insensato e sem razão, para tantos outros.

A verdade é que desde que me conheço por gente, tenho esses sentimentos dentro de mim. Posso ser intrépida sob o olhar de muitas pessoas -- e sei, também, aonde jaz a minha coragem -- mas não escondo nem nunca quis esconder a importância que dou para o tempo ido.

Nesse lugar, estão os sabores mais doces e também os mais amargos. Estão as lembranças que nunca esquecerei -- tanto as boas como as ruins. Estão os desejos mais ardentes que quis realizar -- e realizei. E estão, também, algumas decepções. 

Como disse no meu post anterior, Visitando o passado - I, quer você queira ou não, somos o resultado de tudo que vivemos até hoje. Somos resultado de nossas escolhas, erradas ou certas -- nem nós mesmos sabemos ao certo julgar, pois, creio, que tudo que se vive é válido sob qualquer ponto de vista. 

Eu gosto de me olhar e ver no que me tornei. As escolhas que fiz, as que não fiz. As pessoas que conheci e todas aquelas que se foram...

Certamente, hoje, eu gostaria de ter agora na minha vida algumas pessoas que se foram para valer. Mas o que eu fui na época era tudo o que eu podia ser. E daí que hoje eu faria diferente? O que importa é o mesmo que disse no meu post anterior: precisamos viver o momento presente com a máxima intensidade possível! Para não pensar no "e, se, talvez..". De tudo que eu jamais me arrependerei é a intensidade com que vivi toda a minha vida. Como sempre digo, peco pelo excesso e nunca pela falta.

O interessante é refletir que "muita falta" também é um tipo de excesso...

Visitando o passado - I

Hoje em dia, com certa razão - mas não total - é muito defendido que as pessoas vivam o presente! O momento de agora, o hoje. Não anseie o amanhã e não se prenda ao passado, porque ambos são tempos que não existem.

O que também não deixa de ser um certo paradoxo, porque o texto que eu acabei de escrever já é passado, o que estou pensando já deixou de ser futuro, se tornou presente e virando passado. Em fração de segundos.

O tempo sempre foi uma matéria lisa, impalpável e, simultaneamente, bússola da vida de cada um de nós. Não vou filosofar a respeito porque não tenho gabarito suficiente para isso, não me atreveria. Escrevo minhas impressões, observações -- como sempre, baseadas em minhas experiências pessoais.

Eu sou uma pessoa que cultiva muito o passado, admito. Não nego. Para mim, essa coisa de desapego de futuro e passado é quase um passo extremista em falso, óbvio. Não conseguimos viver sem um planejamento mínimo e tudo que somos é resultado de tudo que vivemos até hoje - coisas boas e ruins. Do mesmo radicalismo que se combate ao dizer que devemos viver o presente, se baseia o argumento de que passado e futuro são ruins. 

Oras, tudo em excesso é ruim. Tudo que é extremista, idem. Eu creio, para mim, que esta é a melhor lição que tenho aprendido nesta vida: caminhar no meio termo. E isso não significa que serei uma indecisa. O caminho do termo só existe porque existe uma ponta em cada lado. É ingênuo acreditar, também, que estaremos sempre no meio. Um momento estaremos em um lado, outrora em outro. E isso também constitui o meio!

Contudo, sei que muitas pessoas vivem o extremo de apenas se apegarem ao passado, ou apenas vislumbrando o futuro, deixando totalmente de curtir o momento presente. Para mim, o que poderia ser mais esclarecido como "momento presente" é a variável indefinida de que qualquer coisa pode acontecer e você não vai ter controle absoluto nenhum sobre isso! Ninguém pode prever uma surpresa em sua vida, positiva ou negativa. 

Então, eu acredito que o mote deveria ser: quer ser um "passadista", que seja! Quer ser um "futurista", viva isso. Mas não deixe de observar. O que falta nas pessoas - e isso eu defendo firmemente - é que somos tão bombardeados com informações que deixamos de observar os detalhes. A vida é feita nos detalhes que passam despercebido. Claro, nem todos tem essa capacidade naturalmente desenvolvida, conheço gente distraída para tudo! rs - mas como qualquer habilidade, ela pode e deveria ser aprendida. 

Observar os detalhes de cada momento que você vive poderá trazer muito mais cores, opções, experiências, sensações. Tente isso.

Reflexão da meia-idade

Aos eventuais leitores que ainda têm força para visitar este blogue esquecido, meus mais sinceros agradecimentos: já faz muito tempo desde minha última postagem e é desnecessário dizer que muita coisa aconteceu.

Mas não vou contar nenhuma história nem compartilhar algum fato. Hoje vou escrever da maneira mais minha possível: refletindo.

Esse negócio de crise pessoal é algo sério. Para algumas pessoas, parece quase um hábito, uma sombra que nunca se dissipa. Lembro com detalhes quando as crises começaram a me afetar de modo a me deixar muito fora do meu próprio eixo: culpei os 29 anos e a revolução de Saturno. Só que os anos se passaram e a crise continuou. E aí você começa a arranjar os bodes expiatórios para tentar justificar por que tanta coisa não dá certo na sua vida.

Do seu próprio ponto de vista, sua vida está uma merda e parece nunca melhorar. Mas o tempo não para e a vida segue, aos trancos e barrancos, por sua própria escolha (ou não).

Aí uma certa ficha -- de que a sua vida é assim e que não adianta querer tapar a eterna inquietação com algo que você não sabe direito o que é -- cai e você sai do eixo outra vez. 

Mas, este post não é sobre crise ou a falta total de percepção do que acontece ao meu redor. Os segundos semestres costumam ser mais fáceis para mim, e eu posso afirmar que o meu ano só começa de verdade quando faço aniversário. De Janeiro a Junho é um inferno, literalmente!

E desde o começo de Agosto percebi umas fichas meio óbvias caindo novamente... e eu fiquei pensativa a respeito. Vários posts foram se escrevendo e sobrescrevendo em minha cabeça. Estava com saudade dessa ânsia de colocar para fora esses sentimentos e pensamentos que me povoaram várias noites insones.

1) As pessoas não podem dar aquilo que elas não possuem
E isso pode ser físico ou emocional.
E isso é um estado passageiro: pode ser uma fase como também pode ser um estilo de vida.
Certamente, convivemos com pessoas assim com mais frequência do que provavelmente temos consciência. Mas é uma escolha você estar ciente de que não pode criar expectativas além da pura realidade.
E você também pode escolher viver sendo vampirizado (ou mesmo sendo vampiro).

2) O amor é o grande desafio da humanidade
E isso é algo atemporal.
É algo que sempre será o grande desafio e a grande demanda.

3) Não faça afirmações convictas sobre uma verdade que parece ser verdade para você
Eu acho que este é o meu grande aprendizado este ano.
Quem me conhece de longa data sabe o quanto eu sempre fui a pessoa categórica com uma lista gigante de afirmações embaixo do braço.
E nessas minhas afirmações, muita convicção. A certeza de que a minha experiência vivida me traria uma sabedoria, uma lei. 

Baboseira.

A vida está aí para constantemente te mostrar de que convicções são boas mas não podem ser tomadas ao pé da letra. E isso praticamente se mistura com o lance da expectativa. 

Você tem uma série de convicções que te orientam em sua vida. E você se norteia baseado em cada uma dessas experiências prévias que te levaram a algum resultado final. Isso não é ruim, afinal, todos nós precisamos de uma bússola para viver, não é?

O perigo está em como você usa essa bússola. No geral, você -- assim como eu -- deve utilizá-la de forma bem errada... 

Porque dessa fórmula: convicção + expectativa + um dose de orgulho = o resultado é catastrófico -- desilusão, decepção, perda da autoestima, sentimento de inadequação no mundo, solidão.

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Talvez haja algum sentido em tudo isso que acabei de escrever... ou eu mesma estou criando outra convicção para mim mesma na quase vã tentativa de tentar entender o que acontece com o mundo, com as pessoas e comigo. O que você acha?

Espero não demorar até o próximo post!

Assunto: depressão

Confesso que esses últimos dias venho pensando no projeto que acabei abandonando no ano passado: uma série de posts sobre depressão. De repente, nem preciso de uma "série de posts" mas apenas de um post com alguns tópicos relevantes. Arrisco aqui umas considerações muito pessoais sobre o assunto, já que nem de perto tenho qualquer embasamento técnico para versar. 

1) Depressão é como lepra.
Há, de fato, uma espécie de sentimento generalizado quando alguém assume estar com depressão. As pessoas sentem pena, dó e, preferencialmente, se distanciam de você, porque depressão parece ser algo extremamente contagioso, transmitido pelo ar e por qualquer espécie de contato físico: sim, depressão é o vírus da pior espécie possível.

2) Depressão é frescura.
Também é fato que a maioria de nós vê um depressivo como alguém que "precisa levar uns tapas" para se encaixar na realidade. Falta do que fazer, falta do que pensar. Mal-agradecido. Mimado. Uma pessoa que tem saúde, tem dinheiro, tem de tudo e não deveria estar "depressivo" porque não sabe reconhecer tudo que tem. Assim, as pessoas acabam julgando o depressivo como alguém que está com tempo de sobra e, como não tem o que fazer, quer chamar a atenção.

Muitos especialistas afirmam que a depressão é o grande mal do século 20. É uma doença silenciosa, diretamente não apresenta sintomas físicos e ela começa pequena, quase imperceptível. Um diagnóstico tardio e grave só poderá ser percebido quando a pessoa decidir terminar com a própria vida.

Eu acredito que todos nós temos algum nível de depressão. Uns lidam melhor com ela. Outros a combatem com tamanha maestria que ela vem e passa longe. Já a grande maioria acaba perdendo essa batalha e, creio eu, uma vez que você tenha tido depressão, é como se ela instalasse um acesso eterno dentro de você e, caso você não saiba fechar essa porta corretamente, ela poderá entrar a hora que quiser e com a força que quiser.

Penso que uma vez que você tenha tido depressão é como você tivesse de conviver eternamente com ela dentro de você. Uma espécie de cicatriz que sempre alcançará aquele estágio final de cicatrização mas que nunca cura completamente. Então, dependendo do que você estiver vivendo, a depressão pode encontrar o acesso que queria para voltar e se instalar com fúria total.

Qual a solução? Não sei. Existem diversos tipos de saída disponíveis, mas não creio em cura total. Digo que deve haver uma eterna e constante vigilância sobre si mesmo. E nunca, nunca, nunca desdenhar da depressão. Não importa que amigos, familiares ou pessoas próximas tratem dela com desdém, você nunca deve subestimar a força da depressão. Creio que, talvez, precise aprender a conviver com ela, como uma outra persona sua dentro de você mesmo. Esquizofrênico? É a melhor resposta que eu encontro para mim mesma.

Pois a depressão é a ausência total de sentido na vida. Ausência total de sentimentos pela vida, seja amor seja ódio. É olhar para tudo e ficar se perguntando onde está o sentido e não ter nenhuma resposta. Nenhuma resposta. E você não precisa estar solteiro, não precisa estar morando na rua ou ser uma pessoa sem um bicho de estimação. Por isso as pessoas dizem o que eu citei acima quando veem alguém que parece estar depressivo. Depressão é a ausência total de qualquer tipo de paixão pela vida. É a vontade de apagar as luzes de um quarto já escuro, sem janelas, sem portas e sem iluminação.

Bem, voltando a pensar em solução, remédios, psiquiatras e psicólogos ajudam. Mas, talvez, a melhor solução para o primeiro passo para lidar com isso seja tentar reacender a maior paixão, algo que a pessoa ame (ou tenha amado) muito: um estudo, um lugar, um animal de estimação, um hobbie, um filme... qualquer coisa. A falta de sentido ainda existirá mas poderá ser amenizada aos poucos em troca de um sentimento que não irá substituir muito menos entrar em competição com a depressão: coexistirá com ela.

Considerações finais: bom, talvez tenha dito muita besteira, mas o que disse foi baseado em minhas observações pessoais comigo mesma, na minha depressão e na convivência -- perto ou distante -- com outras pessoas com depressão. Espero voltar em breve a falar sobre o assunto. E meu pedido: um depressivo não é alguém que está pedindo por sua ajuda mas é alguém que precisa da sua ajuda.

Menos p*nheta e mais ação

Eu não sei vocês mas eu sofro de um mal constante vivido há anos! Chama-se gente punheteira.

Não. Não se trata de pessoas taradas que batem umazinha em casa ou em público. Claro, pode ser homem ou mulher, ou vocês acham que só homem faz isso fora de casa?!

Mas a questão aqui nem é sexual. É uma metáfora que eu costumo usar para pessoas que não sabem o que querem da vida. Para pessoas que enroladas. Para pessoas indecisas. Para pessoas que mudam de opinião com mais rapidez que mudam de cueca/calcinha.

Eu queria saber quem foi que estabeleceu que ser direto, claro e honesto é falta de educação!? QUEM FOI? Quem souber a resposta, favor responder nos comentários.

Eu sei que existem várias formas de ser direto, claro e honesto. A pior delas é sendo mal-educado, falando com agressividade. Eu sei porque eu já fui assim. Se eu descuidar, volto a ser assim facinho. Porque é mais fácil ser animal do que ser humano.

Porém, eu acho impressionante como eu atraio gente que tem medo de me falar as coisas. Nossa, pessoas, de onde vem isso? Dizer sim, dizer não... dói tanto assim? Talvez, e muito provavelmente, o mundo perca um pouco do charme se todos fossem assim. Uma manha, um dengo... né? Mas isso tem momentos específicos de aplicação. Ser assim o tempo todo com todos... valha-me.

Então... vamos lutar por um mundo com menos punheta e mais ação!

Sabe, eu entendo. A gente precisa manter as aparências. As vaidades. As imagens que criamos para a sociedade a qual dependemos tanto.

A gente tem medo de não ter um canto para recorrer se somos diretos o tempo todo e não meia palavra que desdiga o dissemos anteriormente. 

Bola pra frente. Este foi o capítulo de hoje.

Um reflexão sobre a amizade

Já escrevi muito sobre a amizade neste blogue. Clica aí no link aqui que você verá as postagens antigas que escrevi sobre esse assunto.

De tempos em tempos, nos últimos quatro anos, vivi experiências bizarras -- para dizer o mínimo. 

Acredito que cada um de nós tem as lições para viver e aprender na vida. Uma lição de uma pessoa não é igual à lição de outra pessoa. Então, comparar experiências é sempre complicado. Acho mais interessante nos inspirarmos na lição de alguém. Julgar é pior ainda.

Eu sinto que estou desenvolvendo um temor muito grande de confiar nas pessoas da mesma maneira que confiava há uns atrás. Obviamente, não sou mais a mesma pessoa e os nossos tons, nossa expressão mudam e se amoldam com o passar dos anos. Mas uma coisa que eu nunca queria perder era a capacidade de confiar plenamente nas pessoas.

Não adianta. Perdi. E perdi MUITO. Muito mais do que imagino. 

Mas este não é um caso perdido! Mas não posso exigir de mim mais do que sei que sou capaz de dar. E confiança nas pessoas é algo que agora vem sempre acompanhado de restrições, muralhas, testes e muita, mas MUITA observação.

Estou aprendendo a me perdoar. Acho que, influenciada pelo livro que terminei de revisar, aliado a todos os cursos de autoconhecimento esotéricos que já fiz, além das aulas de astrologia, percebi que o amor e a compaixão para si próprio é o maior e primeiro amor que precisamos ter. Se não sentirmos o puro amor para nós mesmos, por nossos defeitos e qualidades, simplesmente somos incapazes de amar alguém.

E esse amor compassivo não tem nada a ver com narcisismo ou autoestima. É o amor puro, o amor universal, o amor que todos nós almejamos mas poucos de nós sentem.

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É uma tarde quente de inverno. Estou ouvindo uma música que parece Bon Jovi mas não é. Uma letra e uma melodia tão lindas... me inspirou escrever um post, depois de tanto tempo.

Eu tive umas ideias para o blogue, mas ficou de lado, por enquanto. A questão da amizade, das pessoas do meu convívio, de todas as perdas [que muitos dizem serem ganhos!] retumbam no coração e na mente desta canceriana. 

Cancerianos são trolados o tempo todo por serem assim, sentimentais. Isso não é sentimentalismo tosco e barato. É a capacidade de saber lidar com o universo sem formas, líquido e intenso dos sentimentos. E é isso que diz essa música no repeat one; "We've gotta say to yesterday, / 'cause I can't go on / since we both agreed to go our separate ways".

Estou me perdoando deste sentimento de que falhei comigo mesma por toda a dor que passei por todos os amigos que se foram. Não vou dizer que não foram amigos, porque foram. Foram, sim!!! Eu sinto falta e saudade de todos os momentos que ficarão eternamente nas minhas lembranças. E é lá que essas memórias viverão. Estou me perdoando e perdoando.