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O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




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POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


La vie d'Adèle -- o azul é a cor mais quente: minhas notas

Esperei uns dias para poder escrever este post que, certamente, não será o melhor, não será o mais completo e não será o mais curtido. É apenas a minha opinião.

Fiz uma boa pesquisa pelo google e li várias críticas, gringas e brasileiras. Das brasileiras, gostei especialmente do blogue Blogueiras Feministas. Contém spoiler mas o considerei o texto mais completo e mais justo. Para quem se interessar, vale a leitura.

Também li Omelete e Rolling Stone que cito como sugestão de leitura. Ademais, digita o nome do filme em francês e vá procurar o que puder encontrar. Além do trailer, claro.

Bom, este post também tem spoiler. Então, se você preferir, veja o filme antes de ler meu post! ;)

***
Eu saí extasiada da sala de cinema, ao fim das três horas de filme (que nem pareceram três horas, afinal). A primeira impressão que ficou foi a de "wow, o 'cinema lésbico' precisava de um filme assim!". Não há peripécias nem tramas complexas no filme. E isso me chamou a atenção, pois tudo é retratado sem a pretensão de se autoexplicar. Por outro lado, é quase um documentário, os primeiros planos, a narrativa quase em primeira pessoa (mas sem narrador), todos os detalhes que captamos na personagem principal, Adèle, que narram os "dois capítulos" da vida dela.

Indubitavelmente, as famigeradas cenas de sexo são fortes. São explícitas. São cruas. Não tem trilha sonora ao fundo. Você ouve os sons. Você vê vários ângulos. Algumas críticas foram justamente sobre a verossimilhança. Bom, pense. Pode fazer sentido. Em uns momentos, parece que a cartilha do kama-sutra para lésbicas está sendo encenado. Mas, me diga, também, onde há regras no sexo? Cada um faz como acha melhor, como gosta mais. E aí quem poderia dizer se o que é mostrado é a realidade? Pode não ser a sua, mas pode ser a de alguém.

Outro ponto levantado é a questão do uso do corpo. Uma das atrizes (a dos cabelos azuis) disse que se sentiu uma prostituta. A outra (Adèle) também chegou a afirmar o mesmo mas depois parece ter voltado atrás. Elas afirmaram que foram dez dias apenas gravando cenas de sexo. Bem... não sou cineasta, não entendo desse mundo, nem poderia me atrever a querer assumir que poderia estar falando a verdade. Pode ter havido exagero? Pode. Pode ser marketing pessoal? Pode. Pode ter sido abusivo? Pode. Tudo pode.

Mas, creio eu que uma atriz ao afirmar que se sentiu uma "prostituta" parece ser meio contraditório em algum momento da interpretação, estou errada? Sei lá, se parece ter havido exagero, e o diretor estava se deleitando com duas mulheres encenando sexo, ao invés de filmar seu longa, é meio esquisito. Eu acho. Uma coisa não exclui a outra, porque acredito que um ator ao fazer uma cena sexual deva sentir algum tipo de prazer. 

Aí a pergunta que faço é: esses movimentos feministas estão errados nas suas críticas? Acho simplesmente que é complicado você querer criticar um filme por causa de cenas isoladas. Acho injusto. Em algum lugar, li uma lista de filmes com cenas de sexo (quase) explícito e de forte apelo visual. Cinema é uma arte. Você cria algo com um propósito que pode ser, também, causar esse incômodo. Tirar as pessoas de seu conforto.

O filme narra dois capítulos da vida de Adèle, conforme diz o próprio título. É uma adolescente se descobrindo sexualmente. "Me falta alguma coisa que eu não sei o que é". E ela parece se sentir completa quando se apaixona pela menina de cabelos azuis. É paixão à primeira vista, fulminante. Alguém se lembra da primeira paixão fulminante que teve? O que você fez? O que as pessoas costumam ser/fazer quando se apaixonam fulminantemente?

A proposta do diretor é mostrar um retrato real de uma menina que se apaixonou, viveu sua paixão, errou e ainda não sabe o que fazer com o sentimento que carrega dentro de si. Nesse ponto, compartilho a crítica que li e mais gostei, a do Inácio Araújo (FSP). Um trecho de seu texto diz: "A relação do cinema com a realidade, desde os anos 80 do século passado, tornou-se progressivamente mais tênue. Parece que cada vez menos os cineastas conseguem captar o óbvio: o corpo humano, seus sorrisos, sua batalha para descobrir sua própria medida, sua estatura. O que há de fascinante neste Azul-Kechiche é a veemência com que o autor, mais uma vez, afirma sua modéstia diante de suas personagens, como lhes permite, e ao mundo que habitam, se manifestarem na tela e irradiarem no espírito dos espectadores."

Altamente indicado. Para ser visto e revisto e revisto. E a atriz principal, a sagitariana Adèle Exarchopoulos, além de ser linda, tem o olhar mais pisciano que já consegui ver em um ator. Afirmo categoricamente que a personagem que ela interpreta é uma pisciana... meio irresponsável, ingênua e livre. Livre para testar, descobrir, aprender, se perder e se reencontrar.

Talvez, o que seja mais desconcertante para a maioria dos espectadores, é ver muito de nós na personagem de Adèle, mas não termos consciência o suficiente para admitir e compreender. Okay, observação minha! Mas... vá ver o filme. Só não faça como o funcionário do Espaço Itaú (Augusta) que entrou na sala só para ver a cena de sexo. Shame on you! É uma ofensa para o filme e para dos deuses do cinema. ;D

Às vésperas da primavera

O inverno praticamente já se foi. Os ares da primavera, vindos com a chegada do sol em virgem, estão trazendo novas perspectivas.

Estou vivendo dias totalmente inéditos! A sensação -- e a realidade! -- de ter uma nova chance de fazer diferente, de errar diferente, de ser diferente! DE SER EU MESMA cada vez mais!

No entanto... confesso: sou intensa. Sou muito intensa. Intensa no sentido de tudo ser questionado. Intensa de tudo ser analisado. Nada passa despercebido. E, se passou, é para o bem da minha sanidade mental! É uma escolha deliberadíssima!

As pessoas continuam estranhas... muito estranhas. Pro bem ou pro mal, continuo tendo uma relação de amor e ódio com o ser humano. Esses dois sentimentos... graus diferentes do mesmo princípio. Eu continuo tentando entender o ininteligível, continuo tentando captar o invisível, caminho na tangente insana da serenidade. Vou do passado ao futuro em milissegundos. Imagino, verto, cuspo, injeto nas veias outra vez.

Hoje pensei que escreveria um poema. Há anos não tenho versos no cérebro, mas hoje, diante da falta de prosa, a poesia pareceu querer ressurgir. Virá algo? Quem sabe?

Não gosto da mesmice. Não gosto das palavras iguais e, pior, atitudes iguais: sempre o mesmo "ser-e-estar". As pessoas têm medo de ousar!!! Por que? Você saberia me dizer por que? As pessoas preferem ser o insosso-vulgar-arroz-com-feijão. Eu nunca fui a rainha da ousadia mas também não sou a bela estátua de princesinha conservadora mas pousando de moderninha. A moda (de ser e de atitudes) agora está bem chata nesse sentido!!!

Na falta de amigos novos -- porque, por Deus, é uma dureza conseguir fazer amigos novos!!! -- voltarei a algumas amigas que me amam incondicionalmente, que viram o meu pior e o meu melhor e estão ainda, perto ou longe, comigo. Isso é uma dádiva. E fico feliz em saber que não preciso de facebook ou twitter para encontrar, ter e manter amigos!! THANKS GOD.

Minha mente está a mil, meu coração acelerado. Meus desejos, intensos... e minha voz... silente. Não vou dizer que gosto de ficar calada porém tenho uma regra que aprendi a custo de muita dor, lágrimas e sangue: "não tem o que falar? Sorria, abaixe a cabeça e cale a boca!".

E é isso. Sem celular, sem mídias sociais. Cara, isso não faz falta nenhuma na nossa vida!!!

E então?

Eu queria novos amigos. Eu quero. Eu preciso.

Mas em um mundo como o nosso, onde estão essas pessoas?

Pois é. Você conhece todo mundo, mas não conhece ninguém a fundo. E, pior, ninguém te conhece. Ninguém sabe de você.

S. sempre dizia que não conseguimos fazer amigos depois dos 30. Por Deus... lembro que a gente ficava ponderando e chegando à mesma conclusão: não. Não fazemos amigos depois dos 30.

Mas toda regra tem sua exceção e eu encontrei algumas exceções. No entanto, agora, 36 anos na cara, estou me questionando se a regra se consolidou de vez. Será?

A vida virtual tem suas inúmeras vantagens! Porém, tenho sentido falta do tête-à-tête, sabe? Tenho sentido falta da honestidade. Tenho sentido falta da coragem.

Por um período temporário mas sem data específica ainda, cancelei minha conta no facebook. Necessito de MUITA distância daquele baile de máscaras cujos personagens são semiloucos, narcisistas, aproveitadores e fúteis em ação. EXAGERO? Pode apostar que sim! E ainda assim é uma escolha. Minha.

Vou postando por aqui. Se você, leitor aleatório, aparecer por aqui e deixar um comentário, saberei que é meu amigo além das linhas (quase) inescrupulosas do fb. Vou adorar receber e ler esse comentário!

E é só por hoje. Até amanhã, outro dia. Outro dia qualquer.

Happy Valentine's Day!

Sempre gostei de analisar as coisas. É meio que um "vício" inerente a minha pessoa. Bem, uma coisa é analisar, outra é julgar, outra é dar um veredito. Acredito que, com o tempo, consegui achar um equilíbrio saudável nisso tudo. Gosto de observar faz parte da natureza humana e faz parte especial da minha natureza. 

Por causa disso tudo e pensando no dia de hoje, Dia dos Namorados, eu queria escrever um post especial. Um post que tentasse descrever em palavras tudo aquilo que acredito e sinto. Espero ser feliz em minha empreitada!

Eu sempre via casais felizes e bem-sucedidos e tentava entender aonde estava o segredo do sucesso, aonde estava a chave que mantinha o motor ligado, aonde estava a amálgama que dava liga. Sei que me aproximei bem de uma resposta, mas nunca a obtive por completo. Eu precisaria viver para poder saber.

Eis que, hoje, fecho mais um ciclo. São cinco anos! Propositadamente escolhido no dia dos namorados! Cinco anos! :)

Amor não tem fórmula. Hoje eu sei disso. Mas o amor tem colunas importantíssimas. E sem elas numa relação, acredito que dificilmente a coisa vai pra frente. 

- respeito à liberdade do outro: liberdade de expressão, de escolha, de gosto. Deixar o outro livre não quer dizer falta de moral ou caráter (como liberdade para trair, por exemplo. Isso não existe. A menos que os dois gostem de um relacionamento aberto)

- mudar e respeitar as mudanças do outro: as pessoas, teoricamente, estão em constante mutação. Acompanhar a mudança do outro, mudar e alinhar duas pessoas mudando sem parar é um grande desafio! 

- gostar do outro como ele é e não como você queria que ele fosse.

- fazer coisas novas que estimulem um ao outro. Ter a rotina do relacionamento, mas não cair no tédio da pura rotina.

- sinceridade e honestidade em níveis altíssimos. Respeitar o outro, mas nunca deixar de SE respeitar.

- nada de grude. Grude é praticamente sinônimo de dependência que por sua vez é quase sinônimo de falta de autoestima. Os limiares são tênues e perigosos. Mas grude em excesso ninguém gosta.

Por isso, meu amor que há cinco anos me acompanha nesta jornada, é um amor perfeito. Perfeito nas imperfeições. Completo nas incompletudes. Estamos errando e corrigindo os erros. Acertando e valorizando os acertos. Sempre em frente. Sempre seguindo a alma e a nossa intuição. Por isso nosso namoro tinha de ser geminiano que é o signo que mais corrobora quem somos, nos vícios e nas qualidades!

Passamos por tantos perrengues. Passamos por situações impensáveis. Mas tudo isso não nos separou (quer dizer, separou, por 5 meses). Tudo isso apenas fez com que amadurecêssemos e soubéssemos -- sem sombras de dúvidas -- o que queríamos da vida e o que queríamos de um relacionamento.

Ela é minha melhor amiga. Um privilégio raro nos dias de hoje. Alguém que posso contar, sem sentir receio de ser julgada ou condenada. É minha companheira de jornada espiritual -- e nós nos fortalecemos a cada dia. É minha companheira de improvisação em todas as histórias e personagens que criamos. É alguém que aprendeu a me aceitar como sou -- com meus defeitos e virtudes (e isso não é pouco!!!). É alguém com quem quero continuar dividindo meus sonhos e meus desejos mais secretos. É alguém pra tornar a realidade mais doce e menos solitária e cruel.

Obrigada, meu amor, por estar assim ao meu lado! Este post é para você. Em nossa homenagem. 




O poder da palavra... aérea

Tarde de outono, particularmente silenciosa. Céu azul, temperatura amena.

Sinto um silêncio, um silêncio interior como há muitos anos não sentia. Aquela mesma sensação indescritível que me fazia, numa tarde como esta, escrever poemas sem parar. Eu queria transcrever o que estava sentindo em palavras.

Acho que estou me sentindo bem para escrever algo assim, agora. Escrever as minhas reflexões acerca de algumas coisas que tenho observado com uma certa constância. Escrever sobre elas é um exercício "forçado" que me faço para exercitar aquilo que todos nós deveríamos fazer: refletir.

Não é implicância minha bater na tecla das mesmas coisas de tempos em tempos. Nossa era massiva com alta velocidade de comunicação transparece, com a mesma rapidez, coisas boas e coisas ruins. Tudo bem até aí. Ao mesmo tempo, a banalização é iminentemente poderosa. As coisas mais idiotas podem ganhar uma proporção épica, enfeitada com detalhes dramáticos, romanceada com as ilusões mais devaneadas possíveis. E tudo, ao final, parece pertencer à terra de ninguém.

Assim, o tópico de hoje aborda o "eu te amo" que vejo dito entre nossos semelhantes com uma facilidade e em quantidade assustadoras. Parece até que estamos vivendo algo assim: "Oi, tudo bem? Eu te amo!".

VEJA BEM: eu não estou dizendo que não devemos dizer "eu te amo"!!! Vamos deixar isso bem claro desde já afim de que não pareça que estou fazendo apologia ao ódio ou à falta de amor entre as pessoas. NÃO É ISSO. Mesmo porque, no ano passado, eu escrevi um post exaltando o poder da frase "eu te amo". Também acredito nos cristais de água do dr. Masaru Emoto e no poder da palavra sem a mínima intenção específica.

O que eu quero dizer é que entramos numa onda de creditar ao "eu te amo" uma ligação de sentimentos que não querem exatamente dizer o que deveriam dizer. De forma mais clara: as pessoas, ao que me parece, têm dito "eu te amo" umas às outras apenas por status. Que tipo de status? O status de 'bonzinhas', 'legais', 'do bem', 'sociáveis'. Acredito que deva até existir um carinho grande, mas não amor assim. Estou sendo radical? Pode ser... pode ser. Mas eu sou daquelas que preferem demonstrar a falar apenas. Dura lição aprendida a duras penas, meus leitores.

Tenho alguns amigos de longuíssima data para os quais nunca disse 'eu te amo'. Mas demonstrei de todas as formas que senti vontade, o meu 'amor'. Pois creio que o amor, como todos os outros sentimentos e como tudo na vida, é feito de energia. E ele não é formado apenas de energia escrita ou dita. Não costumava dizer a poeta Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, o seu poema "Romance LIII ou Das palavras aéreas"? Palavras são importantes, mas palavras por palavras... elas se perdem no vento, vão assim como vieram.

Quem me conhece, sabe que não sou de palavras à toa. Posso até parecer ser... mas não sou. E, principalmente, faço o que sinto vontade de fazer, mesmo não dizendo as palavras pomposas que todos gostam de ouvir para regozijar no ego de cada um. Porque, no fim, palavras aéreas só servem para uma coisa: alimentar os egos das pessoas.

Posso estar sendo radical, mas em tempos como esses, ninguém me convence com palavrinhas bonitinhas. Elas podem e até são necessárias em determinadas etapas da vida, mas não podem e nunca deveriam ser o modo como nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor. Uma palavra pode ser um alento numa hora de desespero e pode simplesmente deixar você sem nada na hora seguinte. As ações? Elas são eternas, quer você queira ou não.

Sintam amor, tenham amor, "amem como se não houvesse amanhã" mas cuidado com as ilusões plantadas por causa de palavras ditas sem pensar (ou até achando que elas tenham algum valor). Palavras sem ações (ações próprias e ações a outras pessoas) não são nada -- e acredito que isso valha, também, para a frase "eu te amo".

Eu só queria escrever um poema...

Há dias eu quero escrever um poema.
Mas não tenho tema, não tenho rima, não sei o que dizer.
Estes dias estão duros.
Estes dias estão paradoxais.
Estes seres humanos tão egoístas.
Eu nunca vi tanta loucura assim.
Eu que já achei que tinha escrito sobre tudo, me vi nua.
Eu que pretensiosamente me calei.
-- não consigo me calar. Meu coração não se cala. Meus olhos observam. Minha mente voa.

Há dias eu quero escrever um poema.
Porque eu sinto falta da sensibilidade honesta das pessoas.
Sinto falta do perfume natural da primavera.
Não sei mais reconhecer as pessoas.
Nem as próximas, nem as distantes.
Parece tudo uma confusão. E eu me calo.
-- mesmo sem conseguir me calar direito. Algo em mim se silenciou. Serei eu?

Há dias quero escrever um poema.
E eis que no dia 28 de novembro eu leio um poema.
É daquela menina mais doce que conheci recentemente.
Seu nome é Lilian Aquino. E eu lembro. Lembro e sua doçura me toca.
Suas palavras me invadem. Penso e repenso. Me deixo sentir.
Tento voltar a me reconhecer.
Será?

Então, acho que consigo escrever um poema.
Para os dias quase mudos que vivo diariamente.
Não sei mais conversar com as pessoas.
Não sei suprir suas necessidades e carências.
Não sei fingir. Por Deus, isso dói.
Não sei, talvez, agir como a sociedade exige. 
-- seja lá o que isso for.
Não sei. E me calo nessa frase.

Mas, insisto. E eis-me aqui escrevendo. Porque não sei fingir.
Eu não sei fingir a melancolia que não sinto.
Eu não sei fingir a efusão adolescente tardia.
Eu não sei fingir gostar de brincar de vida virtual.
Eu não sei fingir. E isso me faz de mim uma farsante às avessas.
Porque simplesmente não entendo tanta coisa.
Não entendo as redes sociais.
Não entendo a vida social.
Não entendo a necessidade de afagar egos doentios.
Não entendo a necessidade de agradar o outro apenas para não ficar só.

Tentei resistir, não sei se consegui.
São algumas palavras...



(tentativa de poema totalmente dedicada à doce e querida Lilian Aquino).

As máscaras do grotesco

O que é necessário acontecer para o grotesco existente em cada um de nós saltar para fora?

Para alguns, é zombar dos "menos favorecidos", seja por raça, cor, credo, classe social, orientação sexual. Para outros, como vi esses dias, não vale apenas torcer o jornal e sair sangue. É necessário dissimular essa atitude com piadas de cunho supostamente humorístico.

O humor, por definição, é expressar o cômico para fazer riso. O cômico, em geral, só é engraçado quando faz zombaria de alguém. E o humor negro é a meia mistura disso tudo. O humor negro traz à tona a expressão de todos os pensamentos disfarçados de piadinha para "suavizar e amenizar o clima".

Nunca fui de humor negro e sempre olho de esguelha quem o faz. Para mim, quem faz humor negro é uma pessoa que tem algum tipo de distorção mental porque precisa chamar a atenção para si, afinal, quem faz esse tipo de humor não quer mais apenas zombar uma situação, quer chamar a atenção para si própria numa atitude: "eu não sou sentimentaloide sobre isso, eu tiro sarro disso!".

Mas voltando à questão, o que me assustou é sempre as pessoas fazerem humor negro na desgraça alheia. E o que mais me surpreende é ver outras pessoas rindo disso com uma naturalidade assustadora. Na minha opinião, esses são os verdadeiros psicopatas do cotidiano, disfarçados de pessoas comuns. Me diz como alguém pode rir de uma pessoa que é morta em um crime passional, esquartejada e descartada como lixo? Ao mesmo tempo, repito: MESMO TEMPO, li outra matéria similar e ninguém falava sobre isso. Entendo que a mídia, a polícia e a sociedade dão importância e relevância pelo fato de não ser uma pessoa comum. Isso não é justo para todas as outras pessoas que também têm o direito à investigação policial e à justiça. No entanto, daí a usar isso como justificativa para fazer humor negro sobre uma situação que -- a despeito de considerarmos justa ou injusta -- para mim, já é falta de humanidade.

O que defendo, aqui, não é sentarmos, chorarmos, lamentarmos e lamuriarmos sobre essa situação. O que defendo é compadecermos no sentido mais puro dessa palavra. Empatia é característica de poucos. E quando mais precisamos exercitá-la, simplesmente esquecemos desse detalhe que é o que nos torna humanos.

É repetitivo dizer que nós, seres humanos, estamos cada vez menos humanos. Não nos alimentamos direito, não nos cuidamos direito. Vivemos no tempo do relógio, na vontade da sociedade, na demanda do dinheiro. Rir da miséria e dor alheia em forma de "humor negro" é mostrar o quão vazio estamos. E disfarçados de humoristas do cotidiano. E sendo "moderninhos" porque é cool fazer humor negro, já que temos supostos humoristas ganhando fortunas por aí em cima da miséria alheia. Damos valor a esses valores, repetindo atitudes sem um mínimo de reflexão.

Apesar de tudo, creio e tenho muita esperança no ser humano, mesmo vendo esse lado grotesco e tão rudimentar que muitos insistem em disfarçar de "humor moderninho". 

Um passeio por aí...

O dia está lindo. Céu azul, puro. Nenhuma nuvem no céu. Ameno na sombra, calor ao sol. Você está caminhando e vê folhas secas voando ao vento... aí, passa um cidadão com um cigarro importado do Paraguai e baforeja na sua cara. Cinco minutos depois, você percebe que está andando atrás de outro fumante. De repente, alguém mais apressado corta a sua frente e faz questão de ficar a 5 cm de você, numa vontade estupidamente gratuita de te fazer tropeçar.

Você segue caminhando. Pensando naquelas pessoas que não deveria pensar, mas que por causa de outras pessoas, ecoam na sua mente como os reflexos repetidos de um sonho, como em Minority Report. A gente deveria saber filtrar e guardar apenas o que é bom. Mas, somos seres humanos. E não vivemos sem passado. Bom, qual ser racional vive sem passado?

Você poderia fazer uma dieta, mas não consegue deixar de comer aquelas gulodices de fim de semana. Você poderia deixar de fumar mas o vício de sentir a ação da nicotina associada as outras mil substâncias cancerígenas te impede de parar de gastar pelo menos 5 reais por dia. O que são cinco reais? Em um dia, quase nada. 365 dias depois.. E eu sempre me lembro daquele cara que parou de fumar e fez poupancinha com o dinheiro que gastaria com o cigarro: comprou (e ainda compra) cada coisa...

Você poderia acreditar que a hipocrisia não é virtude das redes sociais, onde todos somos bonitos, saímos bem na foto, comemos bem, só fazemos coisas legais. Esse "politicamente incorreto" que prolifera como praga de autoajuda é a mais nova sensação. Porque tudo pode ter duplo sentido, mesmo aquilo que você diz da forma mais simples possível. Agora, se você estiver num péssimo dia e sem vontade de cumprir a lei do silêncio, ai de você se resolver se manifestar nas redes sociais. E isso não é privilégio dos que têm ou não hormônios femininos, diga-se de passagem.

Confesso que essa onda do "bom, bonzinho, legal" manifestado da forma virtual me enoja. Recentemente, li um texto que dizia que todos deveríamos nos mudar para o facebook porque a vida lá é perfeita. A vida é perfeita, assim, para muitas pessoas. Devemos escolher proliferar o bem? Sempre! Mas, como já tenho dito: quem muito quer ajuda é porque desesperadamente precisa de ajuda. E fica entupindo as páginas alheias com frases repetidas de autoajuda. Essas pessoas poderiam ao menos exercitar a criatividade. Mas, criatividade é item de luxo para muita gente.

E a onda do oba-oba? (Para quem joga The Sims, aqui não estou me referindo a aquilo...rs) A onda do oba-oba é todo mundo ficar cool com todo mundo, o tempo todo. Estou cool com você, broder. Há uma necessidade incipiente agora de formar grupos, de falar igual, de repetir as mesmas e de, consequentemente, errar as mesmas coisas. Sempre fui intolerante com isso ... admito que me surpreendi comigo mesma. Mas sempre espero o inusitado, o radical, o especial... e esses... ah!

Então, sei que mais tarde, quando voltar às ruas, estarei novamente diante dos hálitos horrorosos, do metrô quente e abafado e -- ainda assim -- repleto de paulistanos com blusas, casacos e cachecóis como se estivessem no frio do Alaska. Eu quase confundo a falta de educação paulistana -- que deveria ser interpretada como "a pressa dos trabalhadores honestos" -- como um hábito arraigado. Não deveria ser hábito ser mal-educado, mas gentileza aqui é suicídio, broder.

Mas nem tudo está perdido! Ah nunca está. Mas o dia de hoje está é assim.

O que somos: as máscaras reais e as máscaras virtuais

É mais do que óbvio e claro que temos vivido tempos caóticos. Nos falta saúde, falta silêncio, falta conforto e bem-estar. Por outro lado, nos sobra estresse, raiva, impaciência. Somos verdadeiras bombas quase automáticas prestes a estourar...

Uns sentem mais, outros sentem menos. Os que conseguem captar a fina percepção de que basta um clique para mudarmos nosso modo de agir. Esperamos grandes ações, esperamos grandes atitudes... mas é no silêncio solitário de estar dentro de si e consigo mesmo que alcançamos nosso ápice e nossas respostas.

Outros gritam aos quatro ventos! Todos gritam e eu mesma já gritei muito aqui. E reparem: por que precisamos de estardalhaço para ver o tênue? Não precisamos de dor. Não precisamos de dor! Não precisamos de dor!!!

Não precisamos de dor para perceber o que não dói. Não precisamos de dor para voltar a viver. Não precisamos de dor para saber o que é bom. Não precisamos de dor para valorizarmos um sorriso. Não precisamos de dor para saborear a felicidade. Não precisamos de dor para nada.

Mas somos seres humanos criados com uma distorção tão gigante de tudo que não conseguimos raciocinar nas coisas mais simples. E uma das coisas mais simples é isso: não precisamos de dor para justificar nossa alegria. Não precisamos de dor para nada!

Deveríamos aprender a andar entre os extremos, como uma dança em que cada passo do vai e vem é um aprendizado que não necessita da dor para justificar sua beleza. Outra distorção muito comum é a de que apenas sorrindo quase como bobos alegres também evitamos qualquer sofrimento. Isso para mim não me parece a fórmula mais adequada. Porque se sorrimos o tempo todo, de fato devemos esconder um verdadeiro buraco negro. Não é?

Para mim, a simplicidade de se sentir é o grande segredo. Se estamos em um momento mais triste, nos recolhemos, nos interiorizamos. Recorremos a ajuda exterior, se for o caso. Não é necessário vestir as máscaras da felicidade eterna. Não é necessário, também, vestir as máscaras do rancor estourado aos quatro ventos.

Na verdade, para mim, o que mais precisamos agora é praticar o silêncio. Falamos muito para agradar aos outros, para preencher nosso vazio interno... mas não falamos para realizar o básico da fala: comunicar.

Se você, querido leitor, chegou até aqui, pense apenas: busque o silêncio interior para saber quem você é, não aquilo que os outros esperam e não aquilo que você julga melhor mostrar.

A era da hipocrisia

Lá vim eu no meu blogue pesquisar sobre "hipocrisia" para ver o que tinha escrito. Na verdade, achava que não tinha escrito nada. Com susto, descobri que já escrevi muito!!! Olha o resultado da pesquisa dentro do blogue aqui.

É que nesses últimos dias andei ouvindo/lendo coisas interessante sobre a questão da verdade/aparência, justiça/injustiça, realidade/ficção, bondade/caridade. E um negócio ficou retumbando e coçando dentro do meu cérebro, pedindo para sair!

Para começar, de acordo com o dicionário Houaiss, eis a definição para a palavra HIPOCRISIA:
■ substantivo feminino 
1    característica do que é hipócrita; falsidade, dissimulação 
2    ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade
3    caráter daquilo que carece de sinceridade 

Eu sou uma idealista assumida. Se também fui conhecida por ser estourada e impaciente, otimista e sonhadora também -- e sempre -- devem acompanhar a minha definição.
Venho reparando (e isso deve ser acompanhado do parênteses: com variações sazonais), mais do que nunca vivemos os tempos das aparências. Conteúdo não é mais nem luxo, é um item acessório: tanto faz se você tem ou não.

O que importa é o que você MOSTRA. Não importa o que você faça ou deixe de fazer. Não importa o que você acredite ou defenda. Não importa o que você SINTA.
Que nós todos temos nossas máscaras sociais não é novidade desde os tempos primórdios. Que nós precisamos ser um personagem diferente para as mais diferentes situações que vivemos, idem. Mas há quem confunda "máscara" com "falsidade" e "caráter". Haveria mesmo distinção?

Então, se vivemos numa sociedade em que o que mais importa é o que você MOSTRA, consequentemente agimos assim e esperamos que as outras ajam em consonância. Aí criamos uma nata de aparências disfarçadas de bondade, sorrisos, caridade, simpatia e gentileza. Peraí. Para e veja.

Ninguém conhece ninguém, mas todos se gostam porque compartilham frases bonitas de autoajuda, espiritismo e cristianismo louvando o amor e o perdão. Gentileza gera gentileza, não é o que diz o profeta? Ninguém julga ninguém e ninguém critica ninguém, certo? Todo mundo tem dó de todas as mazelas do mundo. A falta de empatia me parece um companheiro inseparável da hipocrisia.

Bom, como em nenhum momento eu me excluí dessa mesma humanidade que citei acima, apenas queria finalizar que no convívio diário gostaria de ver mais empatia e menos gentileza disfarçada de caridade hipócrita. Queria ver a alma das pessoas e não sorrisos colgate e família doriana feliz. Podemos ser felizes? Somos felizes? Somos todos iguais? Sim, não. Depende, tudo depende. Mas autenticidade, hoje em dia, é tão rara quanto pessoas verdadeiramente empáticas.

Revelando o "Eu Raio X" de Isabella Taviani


Não sou crítica de música nem tenho conhecimentos musicais suficientes para escrever um texto que se dignifique a ser chamado de “texto crítico”. Mas sou fã de Isabella Taviani. E como acontece comigo em relação a aqueles poucos artistas de quem me considero “fã de verdade”, posso falar o que entendi, o que senti, o que gostei e o que não gostei.

A primeira pergunta que me vem é: o que é um artista para você? Um eterno fingidor, como diria Fernando Pessoa? Ou um eterno transmissor e expurgador de nossas dores, de nosso pensamentos mais íntimos? Isabella Taviani é sinônimo de intensidade, ardor, rancor, amor... já eternizada entre tantas músicas clássicas que já conhecemos.

E IT também é artista. Não podemos esquecer disso. E, na minha humilde e modesta opinião, uma artista de mão cheia. Com formação em canto lírico e teatro, vocês imaginam as amplitudes que isso pode alcançar? Na última turnê, tive o privilégio de assistir a 15 shows, ao longo de três anos. Eu vi vários espectros do alcance artístico de IT. Vi a entrega, vi o ardor. Vi a performance, o improviso.
Ouvir EU RAIO X significa não apenas ter o RAIO X desnudado da pessoa (e artista) Isabella Taviani. Significa ver o real amadurecimento de uma cantora que, sem gravadora, parece que ficou livre das amarras comerciais (que vemos aos borbotões...) para se desnudar. É um mix de tantos estilos musicais, diferentes entre si em sua primeira aparência. Mas uma observação mais apurada revelará que as escolhas não foram aleatórias. Seria ingenuidade pensar isso.

Não à toa, ela também escolheu trabalhar com André Vasconcellos, com quem trabalhou em seu primeiro cd. Ela mesma afirmou estar entre músicos queridos e amigos – uma grande família. E num ambiente assim, podemos ser nós mesmos, sem receio algum.

E é isso que eu vi em cada uma das faixas presentes no cd. Um mix de vários artistas, começando com a homenagem aos dramas românticos rasgados a la José Augusto visto na música “Estrategista”. O maravilhoso acordeon tocado por Alessandro Kramer em “E Se Eu Fosse Te Esperar?” que lembra tanto os xotes de Dominguinhos (obrigada à minha irmã que me auxiliou neste conhecimento musical tão específico). Imagino os casais dançando um forró nessa música.

E, ainda, tem uma música que se inicia espanholada e termina num funk meio ‘Fernanda Abreu’ na deliciosa música “Mulher Sábia”! IT assustou os fãs dizendo que ia criar um batidão... e criou, sim, uma música especial para mulheres especiais! rs Já to imaginando o povo se acabando no final do show...

Uns podem até achar suas semelhanças em “Encaixotei minha paz” com uma cantora que, mesmo depois de mil anos, ainda insistirão em comparar (com aquela que não dizemos o nome..rs). Crítica clichê de quem – de fato – não entende nada de música. Arrisco dizer que IT pode até ter feito de propósito para mostrar que, sim, podem ser parecidas. Mas, ouça e verá: não são.

E a música: “A Imperatriz e a Princesa” uma fábula celta maravilhosa... essa, sim, música corajosa para os atuais padrões musicais brasileiros! Uma ode a um amor entre duas mulheres. Que canta e louva a alegria, a coragem, a esperança.  


Por outro lado, “Contradição” lembra um rock meio blues dos anos 70. Uma guitarra de Marco Vasconcellos rasgando notas absurdas. Adoro essa música! E IT tocando ukelelê em “Roda Gigante”? Outra música com melodia e interpretação vocal especiais! Eu achando que era cavaquinho... não! Bem, não deixa de ser um. Que instrumento com som delicioso!

E, finalmente, “Raio X”, música que dá título ao cd. Escrita pela parceira musical Myllena (que também participa de outras faixas) é uma verdadeira pérola. Música falada (que, por acaso, lembra as canções de Zé Ramalho) é uma música onírica na minha opinião. Você a ouve de olhos fechados e viaja. Viaja na doce letra, na doce interpretação, na doce melodia. Merece abrir o show e merece ganhar videoclipe, viu, Isabella? ;-)

Raio X completo e revelado? Não. Os fãs podem ter sentido falta de “O Amor é a Vida” cantado na homenagem ao centenário de Mário Lago. Uma interpretação crucial de IT ao piano que merecia estar no cd! “Canção de Amor Clichê”, “Meu Amor Mineiro” também eram promessas que ficaram de fora.

Minha opinião final: Isabella Taviani mostra que grita a hora que quer e é doce a hora que quer. E ela manipula isso com maestria que nos hipnotiza em suas canções... Canta músicas tristes em ritmos doces. Canta o amor em rimas cruas e ácidas, com interpretação vocal perfeita em notas difíceis. Arriscou inserir instrumentos e instrumentação nova no arranjo de várias músicas. E acertou!!! Está madura, sabe os passos que como e quer dar. “A Canção que Faltava” é o primeiro single que já está nas rádios das capitais em SP e no Rio. Mas, com certeza, este é o cd que faltava, IT.



Peço desculpas se disse alguma informação errada por aqui (foram tantas referências cruzadas...). Foi um intenso aprendizado musical ouvir esse cd pela primeira vez. Escrevi aqui o que senti e considerei importante. Comprem o cd original no site da Saraiva (tá baratinho!). Em breve, também terá venda do cd autografado pelo próprio site da cantora. Ouçam e compareçam ao show em São Paulo, dia 16 de junho, no HSBC Brasil. No Rio de Janeiro será a abertura oficial da turnê, com show no dia 25 de maio no Citibank Hall. Assistir a um show dela é uma experiência única... e viciante.

Leap of faith

The answer to all my questions: it's a matter of leap of faith. How big can be my jump?
Começo das minhas retrospectivas de fim de ano. Estou reflexiva. Este blogue corre o risco de se tornar um diário... será que os xeretas de plantão vão gostar do que vão ler? ;-)

Este, com certeza foi -- e ainda está sendo --, o ano mais difícil de toda a minha vida de 34 anos. Acho interessante parar, agora, ficar de fora de mim mesma e olhar para o que eu sou, para o que eu me tornei. Quanta coisa eu perdi... quanta coisa eu ganhei. Quanta coisa eu ainda temo. Meu coração nunca esteve tão temeroso e tão corajoso ao mesmo tempo. É uma mesma medida: 50/50. Qualquer desequilíbrio e eu posso ficar mais corajosa ou mais medrosa.

Talvez eu quisesse mais inocência e ingenuidade de volta. Essas coisas, quando perdidas, não voltam e fazem uma falta danada. Tornam-se cicatrizes visíveis a qualquer um. E tem épocas que você tem orgulho de ostentar uma coisa triste que é ser uma pessoa que perdeu sua ingenuidade. Hoje em dia, parece que é mais bonito ser um coração frio do que um coração com fé.

Estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Eu sempre achei que solidão era uma característica minha, na verdade, eu nunca soube lidar com a solidão -- e, ironicamente, ela sempre foi a minha amiga mais íntima. Sempre foi a solidão que esteve ao meu lado nos momentos em que mais precisei de um abraço, de um olhar. E este ano provou-se como aquele em que mais contei com minha solidão. Não dá para descrever o que é estar com a solidão quando o você mais quer é um abraço.

Este ano também foi o ano dos maiores desafios. Nunca tive medo de viver, de encarar o novo, de me atirar mesmo sem saber quais seriam os resultados. Tamanho sentimento destemido traz riscos de machucados maiores. Mas nada se compara à sensação de se achar impotente diante dos testes. Também sempre encarei os testes com coragem e braços abertos. Porém, é incrível ver que quando eu achava que tinha ultrapassado o teste mais difícil, na verdade, eu ainda nem sabia o que estava por vir. O nível de dificuldade aumenta infinitamente. Já passei faz tempo do nível hardest. Criei níveis novos, inventei desafios incalculavelmente imprevisíveis de serem superados.

Parece uma piada de muito mal gosto da minha própria vida... mas como diz a pessoa que mais me conhece, eu gosto do que é difícil, sempre gostei. Será que é para saborear os louros com mais gosto? Será que é resquício de uma mente condicionada? Será que são os meandros do destino que eu nunca poderei manipular? Não tenho respostas. É uma questão de fé. E nesses atuais tempos de 50/50 de coragem e medo, eu não sei qual a meia-medida que devo escolher e onde devo ficar. Vou vivendo. Amanhã é um outro dia e um novo desafio. 

Quem eu sou

Não gosto do radicalismo de precisar ver a foto de uma criança esquelética morrendo de fome na África para valorizar a minha vida. Não gosto de ver infinitos cadáveres mortos em todas as guerras civis para valorizar a minha vida. Não gosto de ver pessoas morrendo com a falta dos itens mais essenciais para a sua sobrevivência. Não gosto de ver, simplesmente. Me toca? Sim. Pesa na minha consciência? Depende.

Antes de alguém me tacar pedras, digo. Alguém tem dó do planeta Terra que está à beira da extinção por doar -- sem cobrar de volta -- todos os seus recursos naturais aos seres humanos? Alguém pensa nos animais que matamos a rodo todos os dias para alimentar os carnívoros? Ou alguém pensaria que trilhões no mundo se matam diariamente para manter o alto de padrão de umas dezenas por aí?

Acho que não precisamos navegar nos extremos para aprender a valorizar aquilo que temos. Desenvolver autoconsciência é um exercício tão árduo quanto aprender a andar. E deveria ser mais instintivo. Mas não deixamos nossa intuição atuar em nossa vida.

E acho que a lição mais difícil é encarar uma suposta lição aprendida. É estar de novo diante de um mesmo fato que te fez chorar lágrimas de sangue. Como você reage diante daquilo que mais te machucou um dia? Como você olha nos olhos? Como você encara? O frio na barriga, a lembrança, todos os detalhes? Você sorri ou se fecha?

Tem pessoas que lidam melhor com o novo. Outras lidam melhor com o passado. Outras, passam a vida inteira sem se preocupar com essas coisas. Outras, passam a vida inteira empatando a própria vida pensando nessas coisas. Quem eu sou? Quando eu mais penso que odeio cada pedaço do meu ser... algo surpreendente -- desconhecido e silencioso -- me lembra com sua simplicidade contundente que somos feito de amor, de felicidade, de luz e de esperança. Somos o que precisamos ter e temos o que precisamos ser. Sábio será aquele que conseguirá transitar entre seus próprios polos sem enlouquecer. O que não souber sequer se admitir não será digno de pena, ao contrário. É uma questão de escolha. Ao final, tudo é uma questão de escolha.

Então, como acabei de ler, somos resultado de todas as nossas escolhas. Mesmo me sentindo absurdamente solitária como estou me sentindo agora, o algo misterioso sempre cai diante dos meus olhos, uma ironia velada, de que sim, mesmo que eu não queira, eu sou uma privilegiada. Agradeço e aceito, secando minhas lágrimas, iluminando meu coração e compreendendo minha solidão. Ela sempre fez parte de mim.

Parque e Museu da Independência

O dia amanheceu lindo na capital paulistana hoje. Um cenário perfeito havia se criado, especialmente para mim, para eu aproveitar meu "último dia" de férias.

Fazia muitos anos que eu não passeava sozinha. O que para alguns pode ser um tormento, sempre tem seu lado bom. É bom saber apreciar a própria companhia. E, neste exato instante da minha vida, me pareceu mais do que necessário este passeio: eu e mim mesma.

Nunca tinha ido para os lados do Ipiranga. Mas, agora, tenho motivos de sobra: minha "filha" mora ali perto. Após a tão calorosa receptividade mineira (todo o carinho que mais preciso agora), pela manhã tomamos um café juntas, como nos velhos tempos... aquela sensação reconfortante de você não precisar pensar para falar, aquele sentimento de que mesmo com o passar dos anos, a química e o entrosamento são os mesmos...

Depois de me despedir dela, comecei a caminhar. Sob um céu lindo... azul pintado para mim, vento gélido no rosto, calorzinho matinal morno: meu cenário e temperatura perfeitos. Eu andei muito... e teria andado mais se não fosse a mochila pesada. Mas mesmo a mochila pesada parecia o acompanhamento perfeito naquele instante. Parecíamos imbatíveis, eu e uma simples mochila, naquele exato segundo da minha vida.

A vida é feita desses segundos: onde tudo se encaixa, onde tudo faz sentido, onde nada precisa ser mudado. Eu estava livre, leve e solta. Livre dos meus próprios pesos, dos meus anseios, dos meus medos. Era uma poesia sendo escrita a cada passo. Mesmo carrancudos, os paulistanos pareciam sorrir para mim.

Visitar um ponto turístico num dia em que está praticamente vazio é um prazer inenarrável. O dia conspirava totalmente a meu favor. Andei, fiz várias fotos. Observei o céu. Pensei muito. Refleti muito. Tanto o Museu como a Praça da Independência são simples mas bonitos. E a beleza está nos detalhes. Alguns deles capturados pela minha câmera.

E estar num lugar cujo nome é Independência parece uma daquelas ironias sutis da vida. Mas nem posso reclamar, como poderia? Eu tenho ganhado tantos presentes que chego a me sentir uma garota mimada. É exagero? É sobra? Há falta? Não, nada disso. Tudo certo na medida como mereço e como saberei aproveitar.

Quem estiver em São Paulo e quiser aproveitar é um bom passeio. Nada excepcional mas agradável. Ainda mais se estiver vazio. Bom para pensar e refletir. Vi várias pessoas sozinhas -- como eu -- fazendo exatamente isso. Um homem de gravata sentado nas escadas de pedra, sob o sol, olhando o nada. O que ele estaria pensando? Quem saberia dizer? Em frente à pira, uma mulher, também parada olhando para o horizonte. E eu, ali, roubando esse silêncio alheio, compartilhando o meu silêncio no silêncio. Poesia urbana desenhada ali, diante dos meus olhos...

Mais fotinhas do passeio aqui no meu facebook.

A rapidez de um segundo

Qual o real sentido da palavra "intensidade"?

Qual a velocidade de mudança de um segundo?

Ainda no compasso dessas transformações tão inexoráveis que vêm ocorrendo na minha vida, eu tenho escolhido a minha capacidade de imaginação para me transportar de volta às minhas próprias lembranças. Talvez, elas não sejam como realmente aconteceram... E,com certeza, eu estarei perdendo os detalhes seletivos da memória... mas que importa? A alegria e a doçura serão ainda mais saborosas.

Eu sinto falta das texturas do tempo. Sinto falta da poesia que se desalojou de mim. Me imbuí de tanta racionalidade capricorniana e caminhei no extremo de uma extremidade de mim mesma... que me perdi na racionalidade que nunca foi minha, mas emprestada.

Me perdi e me achei nessa senda. Me escondi atrás da minha água congelada. Mas, essa mesma água que vive em mim, está me trazendo de volta à vida. Não sou perdedora nem vencedora... apenas uma eterna lutadora.

Qual a pergunta que nunca me fizeram? Aquilo que sou. No mesmo instante dos ventos incontroláveis, a calmaria. No mesmo instante da tempestade, um vulcão em brasa. Os paradoxos, os extremos opostos, o agridoce nos lábios. Aquilo que tudo que eu sempre serei: um pouco além daquilo imaginado. Um pouco menos do que deveria ser. Aquela que sempre fui e serei.

Braços abertos para a vida...

Será a vida acontecendo como deve acontecer?

Estou eu conectada com esse mistério chamado vida? Estarei eu ouvindo seus recados silenciosos e fazendo o que precisa ser feito?

Eu andei parando e pensando... e mesmo no meio da tempestade de poeira invadindo o deserto momentâneo da minha vida, eu sempre estive acompanhada daquela presença misteriosa. Uma certeza que nunca faltou na minha vida. Um sensação de conforto que sempre me fez continuar caminhando adiante mesmo sem ter ideia para onde ir, o que fazer, o que dizer, o que programar. Essas coisas racionais e frias (da terra) que nunca foram o meu forte.

Mas a falta aparente de "racionalidade" traz benefícios para a sensibilidade bem aguçada, bem trabalhada. Agora eu sinto uma liberdade nunca antes sentida. Agora eu estou diante da minha estrada, reta, infinita... e o meu destino? O meu destino é apenas comigo mesma. Com tudo aquilo que ainda nem sonhei mas quero que aconteça. O meu objetivo é ainda me tornar mais a pessoa que eu sempre fui e ainda não conheço. O meu foco é apenas ouvir o meu santuário interno... estar conectada comigo mesma cada vez mais.

Eu não sei do futuro. Não sei. No entanto, eu sei o que eu quero para mim. Sinto cada vez mais a união de todos os meus eus... sempre tão espalhados em cada pessoa que magoei, aquelas que decepcionei, aquelas que deveria ter tratado de uma outra forma. Aquelas que deveria ter dito outras palavras. Aquelas que simplesmente se foram e não voltarão mais.

Se há um privilégio na vida de um ser humano, devo dizer que nos últimos três anos da minha vida (talvez até mais, se pensar...) eu fui uma das mais privilegiadas. Eu vi tantas coisas acontecerem diante dos meus olhos. Eu vivi tantas e tantas situações. E diante de todas elas, uma escolha. E para todas elas, um caminho. Ao fim de todas elas, apenas um objetivo. Quando você se propõe a conhecer todas as verdades da vida, você pode se cegar, ou enloquecer, fugir ou simplesmente não aceitar. Quando você tem acesso à mais profunda consciência de si mesmo, o que você espera encontrar?

Apenas sei, agora, que estou aqui... de braços abertos para a vida. Quero viver, quero sonhar, quero aprender, quero ser... tudo novo de novo, como se fosse a primeira vez! Com o coração cheio de alegria, esperança e amor pela vida. Como deve ser... e você? Aceita caminhar comigo?

Um pouco de Astrologia: signos de terra

Nada como escrever um post depois de refletir bastante sobre um assunto. Com o trânsito da lua em câncer no meu mapa natal, e na casa 4, eu estava numa onda retrô-sentimental-saudosista-melancólica quase querendo cortar os pulsos mesmo! Não tenho nada contra ser canceriana, mas tem momentos em que é um verdadeiro teste saber lidar com as altas e baixas da maré que invade a lua...

Aliás, inspirada no post anterior e nos contínuos pedidos que recebo (uns com mais cara de pau, outros menos) para analisar mapas natais, resolvi fazer umas reflexões astrológicas sobre os signos do elemento terra. Sim... a velha e boa terra!

Desde que descobri que não tenho nenhuma terra (analisando meu próprio mapa), abri uma verdadeira cruzada para me cercar desse elemento tanto quanto pudesse. Aprendi muitas coisas nesse caminho... e já se vão muitos anos! Não sei se me tornei uma entendedora plena, mas posso me considerar aquela que sabe compreender bem as características peculiares a este elemento.

O elemento terra é o da germinação, da gestação e o dos planos a longo prazo. Eles não têm pressa. Demoram o tempo que for, desde que seja perfeitamente bem-feito! Claro, a perfeição é uma utopia, mas não para os signos do elemento terra. Quer dizer, alguém precisa explicar para eles que por mais que eles pensem que alcançaram a perfeição (até), ela não existe nem se tivesse de existir... rs.

Taurinos, virginianos e capricornianos são, na minha pessoal opinião, os melhores signos para uma amizade duradoura e longeva. Porém, ao contrário dos signos de água que precisam do estar constante, para as pessoas de terra podem se passar anos que o reencontro será sempre com a mesma lealdade que foi alcançada. E, nesse reencontro, será colocado mais um bloquinho para uma amizade ainda mais fortalecida. Eles nunca vão te deixar na mão. Eles nunca darão metade.

Não há efusividade, não há sentimentos transbordando e não há fogos de artifício quando você vai lidar ou esperar algo de uma pessoa de terra. Ao contrário, eles são muito chatos! Diria que são os campeões em chatice! Rabugentos, resmungões, calados, soturnos -- uns mais, outros menos. Têm extrema dificuldade de demonstrar sentimentos, preferem a praticidade de um ato a ter de demonstrar o que sente, com um abraço, por exemplo.

Eu diria que essa "frieza" horrorosa vinda dos signos de terra é mais forte em virgem e capricórnio (que também recebem a má fama de serem os psicopatas da vida... haha). Mas o que é preciso entender com eles é o seguinte: tudo que parecer efêmero, é descartado. Fogo de palha não tem nada a ver com eles. Por isso, tenha MUITA PACIÊNCIA quando receber uma patada de um virgem ou capricórnio. Aqueles com menos autoconhecimento de si próprios serão mais grossos ainda. Se você souber entendê-los, saberá que é apenas uma falta de tato, não falta de caráter.

Mas como sempre afirmo, NUNCA GENERALIZE. Não somos apenas o signo solar e reduzir uma interpretação a apenas isso é ignorância. Conheci vários capricórnios dotados de uma doçura indescritível. Tudo bem, uma delas tem ascendente em câncer... haha. Também conheci alguns virgens tão docemente prestativos... Minha melhor amiga de alma e de vida é uma virginiana (EXPERT em signos de água, então, digamos que nos complementamos até nisso! haha) assim, é tudo questão de saber olhar e como observar. Touro, nesse caso, é o mais afável de todos. Taurinos se dão maravilhosamente bem com cancerianos e librianos, interessante, não é? Mas, também, não abuse da paciência taurina. Porque quando eles se irritam, quebram (LITERALMENTE) e descontam toda a raiva guardada!

Para encerrar, digo que eu (por que será?... eu sei!) atraio DEMAIS pessoas do signo de terra para perto de mim. É uma atração fatal, mesmo! (gargalhadas) Tem sido ao longo de tantos anos... e eu ainda me surpreendo quando vejo um signo de terra batendo na porta. Mesmo não convivendo muito com as pessoas fisicamente todos os dias, isso não impediu que algumas pessoas desde o ano passado comprovassem a astrologia em prática (e também um pouco de darma, porque não?!). 

Oremos aos deuses para que a inspiração não me falte. Próximos capítulos com os outros elementos: fogo, água e ar.

Um pouco de tudo

Depois show que eu assisto, sempre fica aquela adrenalina correndo solta nas veias nos dias seguintes. Demora a passar... uma semana diria uns.

Este post é dedicado à Fabiana Kono, aquela que me apresentou à música de Nila Branco. Lembro dela me mandando mp3s, letras, links. Sempre dizendo que eu ia gostar. Mas eu lembro que aquela época eu era viciada em Ana Carolina e tudo parecia apenas cópia barata dela. Sim, pessoas, eu já pensei muito dessa forma... hoje procuro ser mais aberta mesmo às coisas que eu diria que nunca faria! :P

Pois bem, Fá me apresentou a Nila Branco. Até me surpreendeu o meu aniversário em 2010 me dando o dvd Confidências de presente. Não vou negar que mesmo tendo ganhado um presente já aberto (porque ela queria ver primeiro...), mesmo tendo sido uma dica valiosa dela -- uma imensa entendedora de MPB (por causa dela ouvi muito Jorge Vercilo, sabe, mas não consigo gostar de JV), eu levei aquele dvd a sério. Demorei a ver...

Hoje em dia, por motivos que não valem ser explicados aqui, não nos falamos mais. Sinto falta da capricorniana com ascendente em gêmeos e lua em virgem. Sinto saudade de suas eternas manias e até do seu cigarro insuportável. Se ela leu meu blogue, deve ter rido muito da minha atual paixonite pela Nila Branco. Deve ter dito "EU TE FALEI, VOCÊ NÃO ME OUVE" da mesma forma que ela disse quando começou minha sina de fã pela Isabella Taviani.

Pois é, Fá, eu assumo que vc realmente conheceu muitas partes de mim, principalmente a de cantoras que eu nunca pensei que viria a gostar e que hoje compõem parte daquilo que sou como ser humano. Provavelmente, se não fosse por você, nunca teria ouvido tanta MPB em toda a minha vida. Eu pensei demais em você no show no Leblon. Você tinha de estar ali ao meu lado, curtindo cada música que eu ainda nem conhecia direito. Ah...

Esta semana que se passou, me senti amplamente infuenciada pelo sobe e desce hormonal. E uma coisa ficou ali.... na cabeça. As pessoas falam tanto mal de tantos signos! Pessoas, não façam isso, por favor! É um sinônimo da maior ignorância! Já comentei isso aqui em diversos posts, e vou voltar a falar: aquilo que mais criticamos em um signo, tenha por certo, é aquilo que ainda não descobrimos em nós mesmos. Maior clichê? Impossível. Mas, nesse caso, é pura verdade.

Todos os signos do Zodíaco possuem defeitos e virtudes. Todos. E todos nós possuímos algum aspectos de cada um dos 12 signos do zodíaco. Se você não sabia disso, fique sabendo. Agora, pense: quais aspectos dos 12 signos você teria? Os defeitos ou as qualidades? Se você tivesse mais defeitos que qualidades, você gostaria de ser criticado por aquilo que talvez nem tenha consciência? Pois é.

Sinto saudade de todas as pessoas de terra que entraram e saíram da minha vida. Ou daquelas pessoas que oscilam entre ausência, silêncio e qualquer outra coisa. As pessoas de terra sempre tiveram um significado muito especial para mim. Quem acompanha meu blogue, sabe de todas as homenagens já feitas e ditas para este elemento. E as pessoas de terra envolvidas que acompanham este blogue, saberão que estou falando de vocês. Sim, estou falando que um dia espero a poeira sentar, o céu se abrir novamente, para uma nova época, um novo reinício.

Enquanto isso, "deixo as portas abertas da vida, pra ser vivida!".

Por uma militância gay

Quem me conhece sabe que não sou militante. De causa nenhuma. Mas isso não significa que eu tenha minhas opiniões e faça minhas propagandas e defesas das coisas em que acredito. Meu blogue, meu twitter e meu facebook falam por mim.

Porém, uma coisa é fazer desses mecanismos virtuais a sua trincheira militante. Sim, porque no caso da militância a analogia à guerra ainda é a que traz os melhores adjetivos comparativos, embora, de verdade, não devesse.

Eu nunca escrevi nada em nenhum desses mundos virtuais algo que ofendesse a ninguém em específico. Uma das lições que aprendi desde a tenra idade é a de quando mais cedo você julga, mais cedo ainda você estará no lugar do julgado. Com pior sentença, tenha certeza!

A militância que trago aqui é a gay. A do homossexual que, de alguns vários anos para cá, tem estado cada vez mais em destaque na mídia. Sim, a “perfídia mídia”. O cúmulo a que chegamos foi a incompreensível criação do dia do “Orgulho Hetero”. Digo incompreensível porque dias de orgulho comemorativo costumam ser criados para as minorias ou para aqueles que sofrem preconceitos.

Eu acho que a criação de uma data dessa reflete exatamente a que andas a nossa sociedade: num limite perigoso de aceitação e repudia. Quem vive no meio termo hermético dessa existência pode entrar em parafuso por não saber que lado estar, mesmo que a gente saiba que não existe lado para ficar. O único lado que todos deveriam estar é o do amor e fraternidade.

Esta longa introdução é para contar o que aconteceu comigo, hoje, aqui em Niterói, estado do Rio de Janeiro. Mal-informada como sou, não sabia que hoje teria Parada Gay. Saímos, eu e minha namorada, para comemorar o aniversário do namorado da amiga dela, no bairro de Icaraí. Antes disso, passamos no shopping para comprar um presente para ele. Na saída, pegamos um táxi para irmos até o restaurante onde seria comemorado o aniversário.

No primeiro minuto, logo ao sair do shopping, o táxi é fechado na contramão por dois negões montados numa moto. Dando uma de carioca gente boa, não se alterou, apenas disse que os caras não deveriam fazer aquilo. Tudo de boa.

Menos de cinco minutos depois, o táxi entra numa rua ligeiramente congestionada. Num ímpeto, com a voz totalmente agressiva e alterada, fala em alto e bom tom: “Eu acho um puta absurdo fecharem a única avenida principal da cidade para deixar um monte de viado, travesti e sapatão ficaram fazendo putaria no meio da rua.” Repetiu a mesma frase, com certa variação, logo em seguida, mas mantendo o tom agressivo da voz.

Primeiro, alguém que fala isso, sabendo que tem dois passagerios dentro do carro é porque sabe que não está falando sozinho. Se fez pensando isso e usar isso como argumento (como ele fez) é muita falsa ingenuidade. Numa fração de segundo eu pensei que nunca tinha passado por aquilo em toda a minha vida. Numa fração de segundo, eu pensei em todos os homossexuais assassinados diariamente em todo o Brasil justamente por causa desse ódio injustificado e desmedido. Numa fração de segundo, eu pensei que aquele era o momento de, pela primeira vez na minha vida, militar pela causa, levantar armas e falar. Eu não podia simplesmente me calar, não podia!

E não me calei. Com a voz alta e muito séria disse que todas as pessoas têm direito a liberdade de expressão e era muita falta de educação falar desse jeito dessas pessoas. Óbvio que isso apenas jogou mais lenha na fogueira ignorante do taxista. Se alguém pensou que era tarde para voltar atrás, eu fui até o fim.

Os argumentos que ele usou eram os óbvios de qualquer intolerante preconceituoso. Eles não querem argumentar, eles apenas falam da putaria ao ar livre. Eu virei para ele e disse: “E se eu disser ao senhor que sou lésbica e acho que o senhor não deve falar isso porque são todos seres humanos?”. Um ligeiro e brevíssimo segundo de silêncio. Ele começou a discorrer ainda mais sobre a putaria diante de crianças etc. Eu apenas voltei a insistir, com a voz tão alta quanto a dele, mas firme, que ele deveria respeitar as diferenças, as liberdades de expressão das pessoas. Óbvio que a essa altura ele apenas queria falar da putaria. Aumentei ainda mais minha voz e finalizei: “O senhor disse o seu ponto de vista. Eu disse o meu ponto de vista. Acho melhor pararmos aqui a conversa.”

Silêncio nos minutos finais do trajeto, que graças ao bom Senhor, era curto. Lembrei de tudo que sempre acreditei e que sempre digo aqui sobre sentir amor para as pessoas. Eu nunca tinha passado por uma situação semelhante. Eu senti o ódio dele atravessando cada célula do meu corpo, esse ódio que imagino que seja o veículo que causa tanta tristeza e injustiça no mundo. Pensei que não adianta discutir com ele, mas ele estava diante de Cristiane Maruyama e ele não podia simplesmente falar daquela forma. Porque se ele queria, como disse, que pensou alto, que não queria ofender, mentira. Quem fala assim sempre espera uma resposta. Que no caso dele, não foi a que ele esperava.

Decidi que não queria mais falar do assunto, mas queria ter dito muito claramente minha opinião. Meu amor ficou em silêncio o tempo todo e apenas pousou a mão na minha. Mas, ao sair, o motorista virou para trás e inventou uma desculpa apenas para justificar que o que ele não gosta não é de homossexuais, mas da putaria. Arram. Meu amor finalizou da melhor maneira possível: “O senhor precisa tomar cuidado, porque lida com público e não pode ficar falando sobre nada com tom pejorativo. Se não gosta, não diga nada, mas não faça isso que fez.”

Eu fiquei bastante mal com aquela carga negativa. Passou pela minha cabeça todas as coisas que todos os gays passam todos os dias. Tanta coisa passou pela minha cabeça... aquilo parecia ter sido escrito especialmente para mim. Um capítulo inesperado na minha vida. Uma dose real de intolerância humana. O que aconteceu comigo pode ser até ínfimo para a maior parte de vocês, leitores, mas para mim foi um fato. Eu diria que até um marco. Algo que sempre me fará lembrar dos motivos de eu estar viva, de eu ser quem sou, de eu ter orgulho de quem sou. De dizer a você, leitor, gay ou lésbica, que não devemos nos calar. Não devemos responder à violência com violência, mas não podemos simplesmente nos calar porque ele é um ignóbil brutamontes. Ele é, mas mesmo assim devemos erguer nossa voz, defender o que sempre fomos: seres humanos dotados de amor. Uma guerra de ódio deve ser enfrentada com muita coragem, força e amor.