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Os signos de água

Como diz o texto ao seu lado esquerdo da tela, sou canceriana com ascendente em peixes. Na primeira vez que ouvi isso, não entendi do que se tratava. Eram os idos de 2000 e Astrologia era qualquer outra coisa por aí.

De lá para cá, eu descobri os diversos e transversais sentidos da Astrologia para mim. Investi muito tempo e algum dinheiro da minha vida. Ainda não fiz nenhum curso. Tenho uns cento e poucos livros sobre o assunto. E descobri o que significava ser do signo de água.


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A tríade que compõe os signos de água é: peixes, câncer e escorpião, em ordem temporal. Tenho certeza de que inúmeras pré-ideias vêm à cabeça de cada um de vocês enquanto leem este texto.

Vamos ver se eu acerto: emotivos, inconstantes, carentes, grudentos, românticos, sensíveis, chorões, ciumentos, possessivos, explosivos.

Eu traduziria essas palavras em: sensibilidade mal focalizada.

Em uma terceira leitura, é possível: frieza, crueza, dureza, racionalismo, solidão, rancor e sarcasmo. (engraçado, mas isso não lembraria características de signos de terra, como touro, virgem e capricórnio?)

Pois é.

Dê a uma criança pisciana a ausência de amor (bem a qualquer criança, mas as crianças de água reagiriam assim). Mostre a uma criança canceriana que ela não pode ser fraca, nem demonstrar sentimentos. Mostre a uma criança escorpiana isso tudo posto junto.

Você encontrará os espécimes mais esquisitos, quando adultos.

Já cansei de ver cancerianos e piscianos que são totalmente rígidos, sem expressão nenhuma de afeto. Pelo contrário: são exigentes com os que não atingem sua meta "ideal", sendo verdadeiros carrascos. Porém, há uma duplicidade nessa aparência. Para algumas pessoas, eles são doces e extremamente meigos. Para a grande maioria (ainda pior se aumentar o grau de intimidade), são verdadeiros generais da crueldade e da frieza.

Inacreditável isso, não? Essa característica leva algumas pessoas que não entendem muito de Astrologia afirmarem com argumentos rasos: eu conheço dez cancerianos e são todos diferentes entre si! Óbvio!!! Ainda bem! Se a Astrologia fosse cínica a querer aplainar a complexidade da existência humana, não precisaríamos de nenhuma ciência como a Antropologia ou a Arqueologia.

Assim, num viés totalmente impensado, signos de água -- os ditos carentes e melosos do Zodíaco -- podem se transvestir de frios e calculistas: verdadeiros psicopatas.

Para ilustrar o que falo, vejam a historinha abaixo.

Eu e minha filha sempre brincamos de tentar adivinhar o signo de famosos. Um dia, ela chegou e me perguntou: "Qual o signo do Mike Tyson?" Em cinco segundos, respondi: "Câncer". Qual vocês arriscariam?

Eu acertei.

Ela ficou assustada e perguntou se eu já sabia. Óbvio que não. Mas lembrei do histórico dele e uma intuição me disse que seria canceriano como eu.

Pensem então em tudo o que disse e tentem correlacionar o signo de câncer ao Mike Tyson.

***

Para finalizar este extenso post, digo: ser duplamente água como eu nunca foi fácil em minha vida. Mas esta é a vida, repleta de fáceis e difíceis a serem concatenados simultaneamente. Hoje em dia eu tento ser uma pessoa sensível, mas sem passiva ou carente. Tento ser algo mais do que qualquer mapa astral pode me dizer. E muito além de Astrologia, esta é a tarefa e a missão de vida de cada um de nós.

Seja quem você é


Ninguém deu muita bola para o meu post sobre bafos... hahaha. Ok, sem comentários sobre a ausência de comentários.



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Este finde fiquei pensando na seguinte frase que vira e mexe alguém profere "Quando crescer, quero ser igual a fulano!". Pow!!!

Lado bom disso: é óbvio que é sempre fantástico a gente se inspirar em alguém. Mas, em geral, o que acontece, é que "esse alguém" é sempre um ponto praticamente inatingível. Quero ser alguém que nunca serei, mas o fato de admitir isso já é uma evolução!

A grande verdade escondida nisso: baixa auto-estima. Desculpem a todos que falam isso, mas excetuadas os detalhes e as exceções não consigo compreender por quê algumas pessoas proferem isso. Alguém se habilita em me explicar?

Eu nunca disse isso. Acho que meu lado leonino perderia muito de seu brilho falando uma blasfêmia dessa. Mas, eu sempre invejei muitas pessoas ao longo da minha vida. Na adolescência, quando ninguém falava comigo e ainda por cima me xingava porque eu era japa, o que eu mais queria era ser parecida com as meninas que todos admiravam. Seja pela inteligência, seja pela beleza.

Eu sempre gostei muito de mim. O que parece soar uma frase básica com conotação egomaníaca é na verdade a afirmação de que eu me aceito. Hum... ok. Aceitar-se em cada segundo de sua, em cada escolha que você faz, em cada lugar que você vai, com todas as pessoas que você conheceu, conhece e conhecerá. Quando "mudamos", se não for uma característica de personalidade, é medo de ser.

Quem você é agora que não é e que vê em alguém? Eu tomo muitos exemplos da minha vida. Minha mãe (em suas qualidades). Pessoas vencedoras que a despeito de tudo e todos, não desistem de seus sonhos. Jon Bon Jovi -- o maior pisciano de quem tenho muito orgulho. Ana Carolina -- sendo jogada de marketing ou não, ela assumiu ser bi. Isabella Taviani. E muitos outros que não me lembro agora.

Mas eu sou eu e eu me amo! Quem me conhece sabe que essa frase é a minha cara. Ser você mesmo, em sua totalidade, é uma verdadeira bênção e um ato de coragem nos dias de hoje. Você???


Primeiras reflexões



A figura diz por si só. Eu bem que tentei importar a tabela para o blog, mas não consegui. Se alguém souber, me ensina. Basta clicar na imagem que ela aparece maior para leitura...

O post é em homenagem aos dias frios que tanto trazem pessoas baforentas e com cheiro de dormido às ruas!


Susan Boyle - 2


E eu continuo torcendo por ela!!! Um belo exemplo.


Folha de S. Paulo 1

Folha de S. Paulo 2

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Angústia


Chegou esta hora
como em tantas vezes repetidas antes
de sentir o gosto amargo de existir
no vácuo de uma outra existência,
de amar os amores como uma obrigação
de exigir tanto dos outros
uma perfeição imposta
que não é mais defeito, e sim, virtude.

E no vazio existencial desta hora,

eu queria me vomitar de mim mesma
por Deus, eu apenas queria saber
que eu poderia desistir de mim
como descartar embalagens no lixo
mas cada cicatriz adquirida não desaparece
ela subsiste como uma doença incurável.

Nesta hora, eu contabilizo as horas idas e vindouras

eu tomo café, eu fumo, eu rôo as unhas
se eu pudesse eu cortaria as veias
se eu pudesse eu teria um orgasmo
se eu pudesse eu pularia 30 andares
mas eu existo em mim mesma, uma coexistência horrenda,
eu me sinto saturada
eu apenas queria pôr para fora
todo este pus podre que corre dentro de mim.

Mas, eu durmo, eu acordo, eu trabalho, eu converso

eu digo que sei, eu presumo que sei, e eu não sei
eu sorrio para as pessoas porque não posso ser eu mesma
eu sorrio para as pessoas porque não posso matá-las
eu sorrio para as pessoas porque a lei da vida
é a lei da falsidade
esta é a maior virtude não divulgada pelo ser humano.

Pois tudo o que as pessoas dizem sobre serem sinceras…

é mentira.
Pois tudo o que as pessoas dizem sobre gostarem de pessoas sinceras…
é mentira.
Pois tudo que todos dizem sobre tantas coisas…
é mentira.
A vida é esta, quase uma falsidade, de tanta mentira.

Eu simplesmente tento entorpecer os meus sentidos

com as drogas da auto-ajuda e do autoconhecimento
para voltar para a vida e para as pessoas que convivo
e tentar compreender que os seres humanos são falhos
que a vida é falha em cada segundo de sua existência
que ninguém assume seu egocentrismo egoístico
para sorrir para os outros com a bondade putrefata
de uma alma vazia e ignorante.

Pois, esta sou eu.

Sim, esta sou eu. Eu faço parte deste teatro diário
que é viver a vida entre outros seres humanos.
Sorrir e enganar a si próprio. Sorrir e enganar os outros.
Blá–blá–blá… não é isso o que realmente importa?
Aí, eu virei com aquele discurso ridículo
“eu tentei, tentei e tentei…”
para comprar uma arma e sair matando meia dúzia
um sonho real sem remorsos
por que todos merecem uma chance
se ninguém compartilha essa chance com ninguém?

A vida amontoa um monte de perguntas…

que vão criando pó no canto obscuro da sua mente
até chegar uma hora, qualquer,
que as perguntas são revolvidas
por causa, sempre, de um ser humano idiota
que faz pré-julgamento de você
ou que te julga por coisas que você fez séculos atrás
ou por aquele ser humano que diz que confia
mas vira as coisas sem lhe dizer adeus
ou que olha em seus olhos, para rir sarcasticamente,
para jogar toda a culpa dos problemas do mundo em você.

A vida não é um espetáculo ridiculamente imbecil

de gente que se diz preocupada com outro
mas quer apenas comprar o próprio lugar
no panteão suposto de um paraíso de um deus qualquer,
a vida em sociedade é uma novela indigesta
cheia de personagens ignorantes não por burrice
mas por pobreza espiritual… ou dos idiotas
que se dizem autoconhecedores mas se valem dos outros
para testar seus supostos conhecimentos
e espalhar testes ridículos, quando, na verdade,
estão agindo como aqueles médicos
que matam uns mil para salvar uns milhares depois.

Esta é a minha hora de angústia,

em que eu me sento em qualquer lugar
para pensar em uma coisa, mas acabo retornando
ao velho fardo que deixei para trás…
ao espelho que abandonei numa curva…
aos erros e aos acertos que nunca se equilibram na balança
às pessoas que conheço que eu fiz chorar
e a todas as inúmeras que apenas me condenam sem justificar
esta é a minha vida.

Nada faz sentido e, ainda assim, assume sentido

irreal sentido
de se apresentar assim, semi-pronto para a vida
apenas para dizer que fez alguma coisa
apenas para deixar uma marca indelével na vida de alguém.

Eu juro que estou tentando… eu juro que nunca cansei de tentar

mas eu juro que estou cansada
se eu ficar cansada de dizer que estou cansada
posso amargar o limbo dos suicidas
o que não vai ser nenhum peso
para um coração tão vazio
para uma alma tão solitária
para um espírito cansado de tentar entender
e ficar sem nenhuma resposta.

As perguntas me consomem…

e as pessoas com quem convivo me desesperam
a hipocrisia ao redor me desidrata
e a falsidade temperada com toques de doçura
simplesmente me dá câncer.

A angústia de ser quem eu sou me consome

e de carregar as perguntas que carrego
e de sentir as coisas que sinto
e de ver as coisas que vejo.
Pois, sempre pressupus que o conhecimento
seria um sedativo. Ele é ácido nas veias.

E chega esta hora

esta maldita hora do zero, hora do nada
hora contínua que salta aos olhos
eu me lembro das pessoas que conheci
ultimamente
– tão patéticas.
Eu me lembro dos amores que amei
ultimamente
– tão ridículos.
Eu me lembro dos amigos que supus assim
– tão imbecis.

E chega esta hora de decidir entre dois caminhos
o da loucura assumida e o da loucura camuflada
eu ando no ínterim da loucura
eu sou a loucura.
Eu caminharei entre a loucura dos loucos
e eu caminharei entre os mortos ainda vivos
eu estarei com peso nos ombros por viver
e por não poder me cuspir para fora de mim.
A hora da loucura é a hora da angústia
e eu sei que agora realmente vou viver
todas estas horas, sem fim.
Sem fim.
Sem fim…


(20 de abril de 2008)