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Qual a sua lembrança mais feliz?

 Confesso: nunca fui fã da série Harry Potter na época em que fez sucesso. Por que? Simplesmente porque tenho um certo gosto para ser do contra. Hoje em dia, há alguns meses para ser mais específica, retomei o gosto esquecido. Falta apenas ler os livros rs.

Dos inúmeros trechos de que mais gosto, o que mais se destaca, certamente, é quando Harry precisa aprender a se proteger dos Dementadores e com a ajuda do professor Lupin aprende a executar o feitiço do Patrono. Basicamente, para executá-lo é necessário encher-se da sua lembrança mais feliz, deixá-la tomar conta de você. Fácil, né? (tom de ironia)

Assim, eis a pergunta: qual a sua lembrança mais feliz?

Mas não é qualquer lembrança... na série, o próprio não consegue conjurar um Patrono potente porque a lembrança não era feliz o suficiente. Então, quando ele consegue se focar naquela que é a verdadeiramente a sua lembrança mais feliz e plena, ele finalmente consegue afastar todos os dementadores.

Todas as vezes que estou revendo os filmes pela milionésima vez e chego nessa parte, sempre me pergunto qual seria a minha lembrança mais feliz?

Na maioria das vezes, as pessoas acabam associando essa lembrança com a família, como é o caso do Harry. Acho uma pena no filme não detalharem mais sobre as lembranças dos outros, que com certeza são variadas.

Eu não consigo ter uma lembrança associada à minha família que me traga tanta felicidade.

Já pensei e repensei tanto sobre isso... mas a maioria das lembranças eu estou sozinha, em um momento de reflexão. O que não é "ruim" mas também não creio ser forte o suficiente. Claro que meu intuito não é conjurar minha Doninha (mas bem que gostaria para espantar uns Dementadores diários) mas realmente pensar sobre lembranças felizes. O que são lembranças felizes para cada um de nós?

Para as poucas pessoas a quem pude perguntar, ninguém sabe responder de primeira. É uma pergunta complexa. Você saberia responder?

"Felicidade" costuma envolver alguém ou alguma época mais feliz. Nunca somos felizes o tempo todo e mesmo assim não produzimos grandes momentos de felicidade o tempo todo. É mais fácil dizer o contrário, inclusive. É muito mais fácil produzirmos, infelizmente, momentos tristes, decepcionantes, angustiantes... os quais desejamos esquecer e não ficar lembrando.

Mas, a despeito disso, vivemos momentos felizes... pequenos, singelos ou grandiosos... eles existem em nossa vida. E eu elejo o meu: o dia em que a cantora que mais admiro, Isabella Taviani, abriu um show no Teatro Municipal de Niterói, há quase dez anos atrás, com uma música, uma música que eu tinha pedido para ela cantar (na verdade, vinha pedindo há um certo tempo e com bastante insistência rs).

Só de lembrar, meu coração acelera... relembro perfeitamente daquele momento (que eternizei em um post aqui neste blog). Foi uma total surpresa. Ninguém sabia. Eu fiquei sabendo na hora.

Foram dois shows, naquela época estava sem grana e só pude ir em um show, o segundo. E interessante que ninguém me contou da surpresa. A própria Isabella (que sempre interage muito com os fãs) perguntou da minha ausência, porque tinha uma surpresa para mim. E essa surpresa se tornaria a minha lembrança mais feliz.

Eu, no meu lugar quietinha, na primeira fila, vi quando uma luz se acendeu apenas sobre a Isabella e ela abriu o show cantando Pontos Cardeais. Só tive tempo de pegar a câmera (nessa época registrava tudo que podia nos shows) e perder os cinco segundos iniciais e gravar o restante. Gravar e guardar esse que seria o momento mais especial da minha vida: a cantora que mais admiro, cantando a minha música favorita (a capela), abrindo o show com ela (a única vez que ela fez isso em toda a sua carreira musical) e especialmente para mim.

Aquela voz linda, ecoando na acústica maravilhosa do Teatro Municipal, cantando uma música tão triste mas tão linda... 

Por sinal, essa é uma música totalmente subestimada, inclusive pelos próprios fãs. Somente os fãs raízes a conhecem e gostam dela, a maioria fica nos clássicos de rádio. Para mim, continua sendo a minha música número 1. Ouçam a versão de estúdio e os arranjos maravilhosos.

E qual a sua lembrança mais feliz?

A arte de envelhecer

 Esta ideia surgiu em minha cabeça como parte das reflexões que vêm surgindo desde que tenho um pai acamado, em decorrência de um AVC. Comecei a pensar o que levaria, em teoria e pura especulação, uma pessoa aos 79 anos chegar ao estado físico e mental de uma criança de menos de 5 anos?

Tem tantas variantes possíveis de análise, não dá nem para começar... mas eu vou esmiuçar um pouquinho apenas o caso que presencio aqui. Analisar meu pai tem me dado muita matéria interessante para eu me autoanalisar: sem essa imagem de pai-herói (que nunca tive e creio que teve um lado bom nisso, recentemente escrevi um post sobre pai ausente, o meu pai, no caso) ou mesmo quaisquer outras imagens clichês prováveis.

A primeira coisa que as pessoas dizem é "velho volta a ser criança", mas por que as pessoas afirmam isso com a maior das naturalidades? Isso não é esquisito? Para mim, sempre foi esquisito no entanto como o assunto nunca me interessou na época, nem fui atrás para tentar entender. Outra coisa que mitificam muito é o sentido de família que se cria em torno de um idoso "filhos são a previdência privada dos pais". Não sei se vocês já ouviram isso, mas queria lembrar onde foi a primeira vez que ouvi esse termo e ele fez tanto sentido! Foi numa matéria, Uol talvez, lida há alguns anos. Se a encontrar, ponho o link aqui.

Atualmente, todos têm ciência disso, somos um país com mais idosos e isso traz inúmeras consequências: maiores filas no banco, maior necessidade de atendimento preferencial, maior cuidado com uma população que dependendo de como viveu a vida, não tem ninguém além do Estado para ser provedor de um mínimo de dignidade para sobrevivência.

Há bem pouco tempo, idosos têm preferência aonde quer que vão: sempre recebem atendimento prioritário. Mas se pensarmos apenas nos idosos ativos. E os que dependem exclusivamente de alguém para fazer tudo para eles?

Aí, encontrei este artigo na área de Enfermagem chamado Envelhecimento ativo e sua relação com a dependência funcional. É curtinho, dá para ler em dez minutos. Ele traz um panorama de estudo econômico, educacional e social para correlacionar a independência funcional de um idoso. Não podemos nos esquecer que os idosos na faixa etária do meu pai, por exemplo, nasceram antes ou durante a segunda guerra mundial: uma época tão diferente da que vivemos hoje, que pareceria viagem no tempo.

Mais uma vez, retomo à questão de como as crianças foram educadas nesse período, onde todo mundo tinha pelo menos cinco filhos e os milhares de imigrantes fugidos da guerra que se estabeleceram pelo país todo. Fome, condições precárias de sobrevivência. Muitos conseguiram se estabelecer bem... a que custo?

O que penso enquanto divago com todas essas informações é quanto sacrifício esses pais viveram e como eles criaram seus filhos que, hoje em dia, são os avós de alguém? Quanta dor foi herdada e repassada nas mais variadas formas de codependência emocional?

Bem, como disse, é impossível aprofundar um assunto em um texto com alguns parágrafos; então, voltando ao meu pai, como nada sei da sua infância, o que sei é o seu mapa natal e um pouco do que me foi repetido (mas sem sabermos se é verdade mesmo), TUDO que vivi de bom e de traumático com ele, e analisando a relação dele com a família dele (irmãos e sobrinhos) essa atitude clássica de "voltar a ser criança" além de demonstrar fuga da realidade, pedido desesperado de ser o centro das atenções, e imaturidade emocional e financeira total vivida ao longo de toda a existência (financeira, sim, porque se tivesse dinheiro poderia fazer como velhos endinheirados com muitos empregados à sua disposição ou, nem muito, mas uns dois) ALÉM DO PRINCIPAL: fuga da responsabilidade pessoal com a própria vida.

FUGA.

Algo que todos nós adoramos fazer quando estamos acuados e estressados na nossa vida diária. Por que um idoso também não faria isso? 

Então, dedico este post ao senhor com quem compartilhei uma vizinhança de apartamento, em 2011, quando morei em Niterói, Rio de Janeiro. Tinha o perfil totalmente diferente do meu pai: sozinho, não bebia nem fumava, tinha situação financeira confortável. E ouvia muita, mas muita música clássica. Vez ou outra eu encontrava com ele nas escadas, educado, não invasivo.

Um belo dia, o zelador bateu à porta comunicando que o senhor tinha morrido: suicidou-se. Parece que tinha uma filha que morava longe. Ela deu por falta de notícias dele, foi quando descobriram que ele também fugiu, por conta própria. Aliás, vocês sabiam da alta incidência de suicídio em idosos? Alguém se lembra do caso midiático do Flavio Migliaccio?

Este assunto está longe de ter uma conclusão. Porém, a que faço agora é esta: você é o que você vive, não importa a fase de sua vida. Ser jovem ou velho é uma mera questão de tempo e idade. No caso do meu pai, uma vez mais, nada me surpreende (infelizmente) porque esta sempre foi a imagem que eu tive dele a minha vida toda. Agora, ele apenas a continua ratificando. Por única opção dele próprio.

Opinião alheia e soberba

Sentemos no meu boteco virtual e bebamos uma cerveja gostosa e barata: Eisenbahn Weizenbier, a minha preferida. Na vida real, não posso beber mais do que uns dois goles (tenho grau alto de alergia a álcool, explico num post qualquer dia desses) mas virtualmente tá liberado. Vamos curtir o adocicado do aroma de banana e cravo dessa cerveja, um sabor muito agradável para meu leigo paladar, porque o tema a seguir é amargo.

Esses dias postei em minhas redes sociais que estava refletindo sobre PERFEIÇÃO. Cheguei a ler alguma coisa, o tema abrange muita filosofia grega e do século 18 e eu não queria algo tão teórico. Desanimei.

Então, conversando com uma amiga, despretensiosamente, ela retomou algo que já estamos falando há alguns meses (sim, nossas conversas virtuais têm intervalos longos... mas que em nada diminuem o teor complexo do que é dito). E ao retomá-lo, algumas horas depois, me veio o clique compartilho aqui.

Perfeição é um dos aspectos, talvez o mais conhecido, de algo que odiamos e amamos: a opinião alheia. A famosa e temida opinião alheia...

É ela que nos alimenta o desejo de sermos perfeitos. É ela que exige que tenhamos sucesso e escondamos nosso fracasso. É ela que faz com que calemos quando mais precisamos de ajuda: por vergonha. É ela, a opinião alheia, que nos salva e nos condena em graus de polarização extremos.

A pergunta que fica é: podemos, então, viver sem a opinião alheia?

E eu te respondo: você não acha que a pior opinião alheia é a nossa própria?

Como assim, uma opinião alheia é nossa? Não todas, mas a pior, sim, acredito que seja. E, sem querer entrar no âmbito freudiano, eu diria que é o nosso superego. Ou Saturno, se falarmos astrologicamente - uma área que posso falar com mais propriedade.

Desse modo, a pior opinião alheia é aquela nos julga e nos cerceia o tempo todo, tal qual faz Saturno em ciclos, em trânsitos e mostrando sua potência no mapa natal de cada um: umas pessoas têm Saturno aflito, sofrendo aspectos difíceis, causando um desafio ainda maior.

Primeira conclusão que faço: é impossível viver sem a opinião alheia, seja dos outros quanto mais a nossa própria. 

Creio que desde pequenos, deveríamos ser orientados a saber o que fazer com a opinião alheia, quando nos frustramos, quando perdemos, quando fracassamos. Viver é um desafio constante, um aprendizado contínuo. Por vezes, precisamos passar pela mesma lição incontáveis vezes até assimilarmos algo. Em outras, podemos aprender de primeira. Isso varia muito e cada ser humano é um universo tão complexo...

Mas, culturalmente e socialmente, sempre nos é exigido que sejamos melhores que o outro. Que o amiguinho da escola, que o primo, que o irmão. Como se nossa dignidade como seres dependesse unicamente da escala de sucesso em que medimos a nossa vida a cada passo que damos.

Com o tempo e dependendo de cada um, isso toma ares tão intensos e tão perigosos que as rotas de fuga se tornam aquilo que vemos hoje em dia: depressão e suicídio. Todos estão precisando desesperadamente de ajuda, em um mundo onde todos sabem a última vez que visualizamos o WhatsApp ou o Instagram. Isso é tão irônico quanto trágico.

E há solução para isso?

Quando faço esta pergunta para mim mesma, rio. Eu que sempre fui a pessoa das afirmações categóricas, já percebi que não existe nada categórico nesta vida, talvez a morte seja uma das poucas coisas categóricas que possamos ver (exceto quando a pessoa é enterrada viva, sem querer).

Já que não podemos evitar a opinião alheia - (in)felizmente, todos têm a liberdade de pensar o que quiserem sobre o que quiserem - a única opinião que podemos e devemos controlar é a nossa própria e, não por coincidência, é a pior de todas. 

A nossa opinião sobre nós mesmos traça limites tênuos entre ajudar e prejudicar, quase nunca sabemos diferenciar. Eu diria que o patamar mais perigoso que podemos atingir - e falo de mim mesma, com propriedade - é a soberba. Ou seja, quando nossa opinião nos coloca em um nível de superioridade em relação a todos os outros nos mais diversos assuntos.

Isso não quer dizer que não devemos ter autoestima. Creio que autoestima é valorizar nossas qualidades e compreender nossos defeitos e não supervalorizar nossas qualidades e passar a mão em nossos defeitos, porque eles fazem da "personalidade".

Eu cometi a soberba. Não à toa, de acordo com a igreja católica ela é o primeiro e o pior pecado capital, pois fez os anjos se rebelarem contra Deus. Não precisamos entender de religião para imaginar o perigo desse caminho.

Eu cometi soberba profissional e, pra estragar de vez, cometi soberba espiritual. Um dia entro nesse assunto.

Acredito que todos nós, em algum nível, em algum setor da nossa vida, cometemos soberba. Não existe ninguém tão humilde que não tenha o coração acelerado quando percebe que é melhor em alguém em alguma coisa. E não precisa vir ninguém te dizer isso - se vier, nossa, melhor ainda - mas o simples fato de você VER já pode ser o suficiente para você adentrar um terreno perigoso em uma estrada que vai te deixar bem perdido.

Esse assunto dá pra prolongar bem... pensei em citar uns filmes, quem sabe faço numa continuação desse post. Por ora, acho que já basta dizer que não é a toa que o ESPELHO é o melhor amigo e o pior de inimigo para muitas pessoas. Na ausência dele, espelhamos em outras pessoas. Tem sempre alguém melhor, tem sempre alguém pior.

Seja em qual situação for, o que esse espelho nunca nos diz é sequer um minirresumo da pessoa, tipo um abstract no começo do trabalho acadêmico, um texto de cinco linhas para ver um filme na Netflix. O que vemos nunca traduz a realidade do outro. Traduz a nossa própria?

Dois packs de cerveja depois, vamos deixar a conversa para depois?

Minha vida em Plutão na casa 11

Certamente, este não é o melhor título para um livro, mas por ora nenhum outro me define tão bem quanto "Minha vida em Plutão na casa 11". Recentemente, brinquei dizendo que escreveria um livro, bem... um livro talvez eu não consiga, mas dá pra escrever um conto!

O que não é o caso de agora...

Tenho aproveitado insights (em geral, tomando banho) para escrever. Subitamente, sou tomada por um esclarecimento de algo que sempre pareceu tão óbvio e que permaneceu obscuro em minha consciência por tempo demais... É uma sensação estranha de bem-estar misturado com um certo desgosto. Por enquanto, tenho deixado a decepção de lado e me atentado apenas à epifania.

Basicamente, o título do meu suposto livro se refere ao trânsito astrológico de Plutão pela minha casa 11, a casa dos grupos, associações, amigos grupais, conhecidos em geral. Como lidamos com essas pessoas? O que eles significam na nossa vida? Tem outros sentidos derivados, mas me aterei a essa definição agora.

Quando a energia plutoniana ativa esta casa, ela fica por bastante tempo lá: no meu mapa teve início em março de 2011 e terminará em dezembro de 2027. Plutão é o senhor das transformações pessoais, ninguém melhor que ele (se o personificarmos) para dizer o seu potencial de apego, desapego, cura, regeneração ou a total degradação.

Não gosto de pensar em Plutão como "ruim", quem me conhece sabe que desde muito tempo eu tenho que termos maniqueístas são muito superficiais. Mas se o encararmos assim, muitos sucumbirão ao seu poder, porque a coisa com ele não é fraca. Não há meio-termo. Ou você muda ou mudam para você.

Recentemente, reencontrei uma pessoa (virtualmente) com quem não falava há pelo menos dez anos (algo em torno disso). Nunca a tive como amiga efetivamente, mas sempre nos demos bem, conversávamos muito e tínhamos muito assunto. A vida veio com seus desafios e deixamos de nos falar, mesmo com todas as redes sociais ativas (mesmo afeita, mantenho minhas redes sociais) pronta para ser encontrada ou encontrar alguém.

O encontro, o reencontro e o término de amizades e contatos é uma das características mais marcantes do trânsito plutoniano no meu mapa. Então, o ressurgimento dessa pessoa me fez questionar muitas coisas - boas, a princípio. Pensei: vai acrescentar algo. Ou... vai levar algo. Ou não vai acontecer nada.

Acontecer nada é uma expectativa muito ingênua para quem vive este trânsito astrológico.

Então, eis que veio a epifania debaixo do chuveiro: essa pessoa me parece o retrato exato do momento que vivo agora. E do muito que significa Plutão passeando tranquilamente pela casa 11 do mapa natal.

Eu fiquei pensando, muitas vezes, que deveria escrever textão para essa pessoa, questionando-a. Porque desde o "reencontro", eu fiz muitas tentativas de manter uma conversa. Fiz perguntas (que não foram respondidas). Deixei temas para serem discutidos amigavelmente. Falei que sou astróloga e trabalho com Astrologia. Perguntei sobre o trabalho. Ou seja, tudo para criar motivos de conversa.

Mas ficou esse vácuo indigesto e incômodo para mim. E, graças às redes sociais e ao (mal/bem) dito whatsapp, quem se dispõe a falar de si próprio é como deixar a vida aberta para todos acompanharem, certo? E eu acompanho, oras. E eu vi que a despeito de minhas tentativas de reconectar o antigo contato, não aconteceu um aparente interesse. Há outras coisas mais interessantes do que conversar comigo.

Obviamente, a primeira coisa que se passa na nossa cabeça é: o que foi que eu fiz?

Então, sabiamente, eu cito Don Miguel Ruiz que diz em seu livro "Os quatro compromissos":

1- Seja impecável com o que diz.

2- Não leve nada para o lado pessoal.

3- Não faça suposições.

4- Sempre faça o seu melhor.

Entre o esquecer e lembrar, eu me lembrei (ainda bem!) disso. A gente sempre acha que a atitude do outro acontece por causa da gente. Como se tudo na vida acontece baseado no que acontece com a gente. Temos uma forma de pensar narcisística ao ter certeza absoluta que tudo que acontece no mundo (de ruim, preferencialmente) é por causa da gente. Mesmo que a gente apenas respire, a culpa é nossa.

Então, me lembrei de todas as pessoas que se foram e com as quais estou finalizando os fins. Sim... mesmo depois de anos, ainda tenho pessoas em minha vida com as quais mantenho um doentio relacionamento à distância, unilateral e tóxico comigo mesma. Minha frase do momento, para enaltecer a energia plutoniana é:

FINALIZE OS FINS. ACABOU, ACABOU. É SÓ LEMBRANÇA.

Porque, afinal, a gente não esquece. Só não podemos dar importância ao que se foi... e eu tinha a eterna impressão de viver um luto infinito num looping infinito tal qual o inferno de Lúcifer.

O fim dos fins traz alívio... mas o retorno dessa pessoa começou a me causar grande incômodo. A ela? Não tem importância para ela. E isso não importa. Eu estou dando importância a isso.

O que tudo isso quer dizer com trânsito de Plutão na casa 11?

Exatamente isso: não ter apego com o que se foi. Foi, está ido, fim. Voltou? Pode voltar... mas o imenso abismo que reside entre nós me indica que nada será frutífero. E isso é ruim? Mais uma vez, sem maniqueísmos: nada é bom ou ruim. 

As coisas são como têm de ser.

Assim para finalizar este post, a lição do dia, num momento de epifania (como os vários que tenho tido) para ilustrar de forma muito clara, sem me machucar (porque a dor era eu quem causava a mim mesma): finalize os fins. Não tenha apego.

E é isso. Superfácil. Vamos vivendo! 
(Mas nunca menospreze o poder plutoniano em um trânsito astrológico...)

Você faz piada com Astrologia?

 Ultimamente, Astrologia tem sido um tema recorrente em meus pensamentos. E hoje me dei conta de algo que sempre me incomodou mas acho que nunca coloquei em um texto. Com certeza estou sendo um pouco bastante ranzinza com o assunto, mas é que não consigo: eu levo a Astrologia muito a sério para fazer piada com ela. Mas, veja, não condeno quem também ri dela, tem um vídeo clássico e velho do Porta do Fundos que eu acabei de rever e ri muito, mesmo condenando muita coisa que é dita lá. (quem quiser, ache no youtube "porta dos fundos + mapa astral, não vou por link aqui rs)

Eu comecei efetivamente a estudar Astrologia em 2001, por causa de um relacionamento - no final, sempre começa assim. Então, ao me lembrar dessa Cris de vinte anos atrás que nem sabia o que era ser canceriana, tudo era válido, qualquer coisa que me dissessem seria importante. Óbvio que nessa época, ouvi muitas barbáries até de pessoas ditas "cultas em Astrologia" que detonaram minha concepção de mim mesma por muitos anos... até voltar a estudar mais a fundo, com o auxílio de profissionais competentes que ajudaram a tirar a ideia completamente errada que eu tinha do meu mapa e de mim mesma.

Pois é: eis a primeira e talvez mais importante lição, não só astrológica, mas para vida: cuidado com as palavras. Cuidado com o que você, para quem você fala... porque você pode estar criando uma sombra que, dependendo da imensidão dela, a pessoa poderá conviver com ela para o resto da vida. E você, meu amigo/a, estará carregando um bom carma para a sua próxima encarnação (ou para esta mesmo, já que as coisas estão mais rápidas).

Então, para quem não conhece nada de Astrologia, eu dou um pequeno desconto (bem pequeno mesmo) porque pode ser considerado incauto o suficiente para acreditar em tudo o que dizem sem o mínimo de questionamento. No entanto, para quem já andou um pouquinho, não há desculpa: não se deve fazer piada. Por que? Porque Astrologia não se resume a signo solar, muito menos signo solar + ascendente + lua. Um texto técnico mas simples muito bom que sempre leio e indico foi escrito por Alexey Dodsworth. Recomendo a todos a leitura: que informa e não deforma.

A mais impressionante das informações, para quem faz reducionismo de signos, é trazido pelo número de 44.789.760 possíveis combinações astrológicas envolvendo os principais pontos estudados em um mapa, isoladamente: sol, ascendente, lua, mercúrio, vênus, marte, júpiter, saturno, urano, netuno, plutão. Nesse número não contamos aspectos astrológicos, casas, regências, qualidades.

Se existem mais de 44 milhões de personalidades possíveis (no mínimo do mínimo), porque reduzimos tudo a sol + ascendente + lua, quando então não somente ao singelo SOL? Alexey explica bastante coisa lá, mas aqui acrescento que a imensa esmagadora maioria de nós não foi educada (e isso nada tem a ver com escola) para questionar. Não temos curiosidade. Gostamos de classificar, de nos autoclassificar e tudo muito rápido, sem mirabolantes, sem complicações. E aí jaz o ponto crucial onde os "humoristas" jogam seu anzol para as pessoas pegarem a isca. E elas pegam e ponto final.

Isso dá audiência, visibilidade, popularidade e dinheiro. Vá olhar os canais do youtube de excelentes profissionais da Astrologia: não tem seguidores nem ganham rios de dinheiro. E que aqui ninguém me afirme que Márcia Fernandes é algum tipo de profissional, por favor...

Quem verdadeiramente trabalha com Astrologia sabe da responsabilidade cósmica que é falar da vida de alguém, trazer verdades à tona, mexer em feridas e dar algum direcionamento. Isso é uma puta de uma responsabilidade que, se não for bem conduzida, vai gerar carma pessoal muito pesado. Como se a nossa própria vida já não fosse um carma!

Quando decidi trabalhar com isso - e consequentemente ganhar dinheiro - sabia, por experiência própria que teria de tomar cuidado com as palavras! Isso não quer dizer que eu deixaria de dizer algo, mas que deveria saber O QUE dizer e COMO dizer.

Confesso que no começo errei muito. Fiz igual todo mundo, repetindo reducionismo, porque é mais fácil, socialmente aceitável e você fica bem na fita. Já me deliciei com o palco do sucesso por ter frases prontas para cada signo astrológico, admito.

Contudo, depois que você começa a estudar: simbologia, história, cultura, antropologia, sociologia, psicologia... não é mais possível agir como antes, é simplesmente impossível!!! Fora que é um crime consensual e admitido com sua ignorância na mais pura vertente. Não combina, a menos que você seja charlatão. E a gente sabe que tem aos montes por aí (visite o instagram da Marcia sensitiva pra você conferir...).

Acredito que hoje, 2021, sou uma astróloga muito melhor que há dois, três anos atrás e, certamente, infinitamente mais conhecedora que a Cris de 2001. E isso me faz voltar ao tema que me deu a ideia deste post: não dá pra fazer piada com Astrologia mesmo entre pessoas do seu círculo mais íntimo de amizade. Quando você olha para alguém, vê um mapa natal que a desnuda, como você faz piada? Pode-se tirar graça de outras coisas - e tem tantos infinitos temas para isso! Pra quê fazer piada com Astrologia?

Ei, mas isso não é uma bronca generalizada para quem faz piada, tanto que no começo deste post eu disse que ainda dou risada daquele vídeo do Porta dos Fundos mesmo ele tendo problemas. Duas pessoas muito próximas me disseram que gostam de ver canais que fazem piadas com astrologia para se divertirem. Não vou julgá-las, cada um ri onde acha mais graça, o que apenas reitero aqui com veemência é: não pratiquem o ignorante reducionismo astrológico. É, no mínimo, feio.