O dia amanheceu lindo na capital paulistana hoje. Um cenário perfeito havia se criado, especialmente para mim, para eu aproveitar meu "último dia" de férias.
Fazia muitos anos que eu não passeava sozinha. O que para alguns pode ser um tormento, sempre tem seu lado bom. É bom saber apreciar a própria companhia. E, neste exato instante da minha vida, me pareceu mais do que necessário este passeio: eu e mim mesma.
Nunca tinha ido para os lados do Ipiranga. Mas, agora, tenho motivos de sobra: minha "filha" mora ali perto. Após a tão calorosa receptividade mineira (todo o carinho que mais preciso agora), pela manhã tomamos um café juntas, como nos velhos tempos... aquela sensação reconfortante de você não precisar pensar para falar, aquele sentimento de que mesmo com o passar dos anos, a química e o entrosamento são os mesmos...
Depois de me despedir dela, comecei a caminhar. Sob um céu lindo... azul pintado para mim, vento gélido no rosto, calorzinho matinal morno: meu cenário e temperatura perfeitos. Eu andei muito... e teria andado mais se não fosse a mochila pesada. Mas mesmo a mochila pesada parecia o acompanhamento perfeito naquele instante. Parecíamos imbatíveis, eu e uma simples mochila, naquele exato segundo da minha vida.
A vida é feita desses segundos: onde tudo se encaixa, onde tudo faz sentido, onde nada precisa ser mudado. Eu estava livre, leve e solta. Livre dos meus próprios pesos, dos meus anseios, dos meus medos. Era uma poesia sendo escrita a cada passo. Mesmo carrancudos, os paulistanos pareciam sorrir para mim.
Visitar um ponto turístico num dia em que está praticamente vazio é um prazer inenarrável. O dia conspirava totalmente a meu favor. Andei, fiz várias fotos. Observei o céu. Pensei muito. Refleti muito. Tanto o Museu como a Praça da Independência são simples mas bonitos. E a beleza está nos detalhes. Alguns deles capturados pela minha câmera.
E estar num lugar cujo nome é Independência parece uma daquelas ironias sutis da vida. Mas nem posso reclamar, como poderia? Eu tenho ganhado tantos presentes que chego a me sentir uma garota mimada. É exagero? É sobra? Há falta? Não, nada disso. Tudo certo na medida como mereço e como saberei aproveitar.
Quem estiver em São Paulo e quiser aproveitar é um bom passeio. Nada excepcional mas agradável. Ainda mais se estiver vazio. Bom para pensar e refletir. Vi várias pessoas sozinhas -- como eu -- fazendo exatamente isso. Um homem de gravata sentado nas escadas de pedra, sob o sol, olhando o nada. O que ele estaria pensando? Quem saberia dizer? Em frente à pira, uma mulher, também parada olhando para o horizonte. E eu, ali, roubando esse silêncio alheio, compartilhando o meu silêncio no silêncio. Poesia urbana desenhada ali, diante dos meus olhos...
Mais fotinhas do passeio aqui no meu facebook.