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Um sentimento para estes dias

Mesmo que eu considere o Natal o auge máximo desta sociedade capitalista, mesmo que eu não goste de Natal e dispense desejá-lo a alguém (ou mesmo retribuir... rs) não quer dizer que não busque um significado maior toda vez que esta época do ano chega e eu me vejo cercada da matança de perus, aves, suínos e bovinos; pessoas bêbadas, todo mundo travestido de papai noel em trajes de veludo mesmo num calor de mais de 30º graus e aquele sorriso que deveria ser multiplicado 365 dias do ano. Okay... antes um sorriso em 365 dias do que passar um ano inteiro sem sorrir! :)

E, para mostrar qual deveria ser o verdadeiro tema de nossos mais puros sentimentos -- a despeito de todo o consumismo e materialismo --, vou postar sobre uma matéria que li faz algum tempo. A revista Superinteressante lançou várias edições especiais de fim de ano, dentre elas, uma com o tema "Superação". Bom, quem me conhece, sabe o tanto que adoro ler sobre isso. Um ato de superação é aquele que pressupõe a vitória sobre si mesmo. E é isso que eu gosto!

Li a revista inteira e apenas uma -- repito: uma -- matéria me levou às lágrimas... não conseguia segurar, simplesmente. Está na página 50 e fala sobre Rais Bhuiyan. Quem ele é? Trata-se de um sobrevivente das três vítimas de Mark Ströman. Um americano maluco da extrema direita que resolveu fazer justiça com as próprias mãos, depois do atentado de 11 de setembro. Matou duas pessoas (nenhuma delas árabe) e tentou matar Bhuiyan. Mas ele sobreviveu, mesmo depois de levar um tiro no rosto e perder a visão de um dos olhos. Ströman foi preso e condenado à morte (o caso ocorreu no Texas, pra quem não sabe, o estado americano que mais condena à morte e mais mata).

Ao contrário do que você poderia imaginar, Bhuiyan não apenas perdoou seu algoz como levantou uma campanha contra a pena de morte e uma briga na justiça para converter a condenação de Ströman para prisão perpétua. E, para isso, acreditem ou não, conseguiu o apoio das famílias das duas outras vítimas. Segundo Bhuiyan: "Jamais odiei Mark. Ele fez o que fez por ignorância. Demorou anos para distinguir o certo do errado, mas hoje ele sabe fazê-lo."

Ströman foi executado e a ong criada para a luta contra a pena de morte, a World Without Hate, continua. Na minha opinião, muito se fala e se  propaga sobre o amor. E é bonito de se ver!! No entanto, quando me deparei com essa história, eu vejo o verdadeiro amor em ação! O perdão de pessoas que tiveram entes queridos assassinados. A força de transmutar a dor da perda -- que poderia ser em ódio -- em amor! Lutar para mostrar às pessoas que esse resquício animalesco de achar que é retribuindo na mesma moeda que teremos "nossa suposta justiça feita". 

Pois não precisamos esperar a justiça divina. Não há justiça divina, não há justiça dos homens. Não precisamos dessa dicotomia! O que precisamos é transmutar os sentimentos que estão dentro de nós! Ao contrário do que se pensa, isso não é fraqueza -- mas sim a demonstração de uma força maior! Porque nenhum de nós é capaz de julgar outrem por nada neste mundo. Há regra, há ordem? Sim! Deve ser cumprida? Sim! O que digo não é incitação à anarquia (embora eu goste muito dela...). 

O que defendo, apenas, é o verdadeiro exercício do amor crístico em cada um de nós, não importa o que tenha acontecido. Isso é amor! Isso é o verdadeiro sentimento que deveria nos unir no suposto dia em que Jesus nasceu (acredito, na verdade, que Jesus tenha nascido bem depois, mas isso é post pra outro dia...). Não palavras prontas, desejos prontos, repetidos como uma linha de montagem -- sem o mínimo de reflexão. Consumismo e materialismo a cântaros.

Obrigada a revista Superinteressante por essa edição especial, extremamente inspiradora para dias como os nossos! Para os leitores do meu blogue e meus amigos: saibam que pensei em cada um de vocês. E desejo que aprendamos a desenvolver nosso verdadeiro amor. Porque "amar" nos dias de hoje é um contínuo exercício diário que exige muita entrega e muita força de vontade. Quem o pratica, sabe!

E uma das últimas frases de Ströman que ficam de lição para o mundo e para todos nós: "O ódio está neste mundo, ele há de parar."

Retrospectiva 1 - Um pouco de paz

Não vou escrever nenhuma frase clichê. Não agora, não neste momento.

Finalmente, sinto que estou perto de sentir uma paz que busquei este ANO INTEIRO. Busquei essa paz em tantos lugares... em tantos relacionamentos. E ela sempre esteve aqui dentro, ó, o tempo todo!

Terminei um relacionamento de mais de três anos e nunca comentei isso aqui. Mas doeu cada milímetro do meu corpo. Todo processo de término é um expurgo. E, atualmente, ela é minha melhor amiga. Afirmo isso sem titubear. Somos amigas de alma e já conhecemos todos os nossos podres e os aceitamos.

Várias amizades se foram. E durante muito tempo eu me martirizei pensando nos motivos de longas amizades (duas delas com quase 7 anos) terem se esgotado. De quem seria a culpa, se é que existem culpados? E eu percebi que a vida é assim, de uma sabedoria única que mesmo depois de muito tempo passado, você ainda vai se pegar compreendendo coisas que nunca pensou que compreenderia. Descobri que ainda tenho umas feridas dessas duas amizades para curar -- feridas que pensei já cicatrizadas, não! -- e eu tô aqui, pacientemente cuidando disso.

Paguei um alto preço por algumas outras escolhas. E com todo o meu orgulho subjugado, fiquei de joelhos para mim mesma para tentar enxergar tantas coisas. Você pensa que aprendeu tantas lições. Mas é apenas passando pelo mesmo teste incontáveis vezes é que terá absoluta certeza disso.

Aí, quando menos esperava, me vi diante de alguém que considerei tão sublime... e me coloquei debaixo do tapete, esquecendo de prestar atenção em mim mesma: outra vez. Nunca tive dificuldade em amar, em permitir as emoções preencherem o meu corpo: sou assim, sou intensa e passional, nunca neguei. Reneguei os sinais gritantes, pedindo para eu mudar a rota da estrada. Não dei atenção a nenhum deles. Eu nunca ouvi muitos conselhos, sempre preferi fazer aquilo que achava que devia fazer. Isso também tem seu preço.

Já me disseram que eu vivo as coisas sozinha: por mim e pelo outro. Já me disseram que eu só ouço o que eu quero ouvir. Já me disseram que sou apressada. Já me deixaram esperando... sem uma única resposta. E já me deixaram sangrando, sem uma única ajuda ou um band-aidezinho sequer. Já viraram as costas e me trocaram por qualquer coisa insignificante, apenas para eu ter o gosto de me sentir desprezada.

E tem mais coisinhas... mas agora apenas prefiro pensar no seguinte, com muito amor e paz no coração: obrigada por cada uma das lições -- mais ou menos duras -- a que submetida. Para aprender um pouco mais sobre mim mesma. Para eu ter certeza absoluta do que quero a seguir. Para visualizar a mulher que queira o mesmo que eu. Para sentir esta paz que agora sinto, mesmo depois de todo este ano turbulento que tive. É assim!!!

Não tenho orgulho de exibir essas feridas e cicatrizes ainda frescas. Mas fico feliz e em paz por saber que, ao menos, estou continuamente lutando para não fugir de mim mesma, para não me deixar escondida embaixo do tapete, para aprender mais um pouco, para me tornar cada vez mais aquela que sou e que nasci para ser!

:)

Paciência, resiliência e tolice

Qual a diferença entre estas três palavras: paciência, resiliência e tolice?

Tentar compreender a REAL diferença entre elas está sendo um verdadeiro teste (ainda!) para mim. E, de acordo com o meu balanço pessoal, eu errei bastante. Diria que errei DEMAIS. E, atualmente, dadas as circunstâncias, ainda posso errar MUITO!

Porque é paciência não desistir depois da primeira, segunda, terceira.. quarta tentativa. É paciência olhar para o mesmo cenário e ver que existem pontas que precisam ser cortadas e pensar "não fomos por ali. Que tal?". E ir, com fé.

Porque é resiliência depois de ter tentado TUDO e ir apenas com fé. Já que a paciência ficou perdida e gasta em algum estrada, em uma milionésima tentativa. É um pulo no escuro. É um tiro cego. É um ato de fé pura dizer "eu sinto que apenas não deu certo porque não acreditamos o suficiente."

Porque é tolice creditar a mandingas, oráculos e sorte para algo dar certo. Quando chega nesse ponto, quando não há mais paciência nem resiliência e somente resta sorte, isso quer dizer, meu amigo, que você é um tolo. Quando chegar nesse ponto, tome apenas cuidado para não magoar demais seu próprio coração, porque você pode estar criando feridas que demorarão muito tempo para cicatrizar.

Este é o estado em que me encontro: nua, ferida e diante de um espelho, em um quarto vazio, com apenas uma luz direcionada para mim. Se a metáfora é muito cruel, desculpe, não consigo desenhar outro quadro. Porque estou ali, vendo as minhas feridas, vendo tudo que fiz. E não consigo me perdoar pela minha parte. A parte do outro, das diversas "pessoas" que passaram pela minha vida e erraram tanto quanto eu também estão ali: nas mágoas, nas respostas que esperei e nunca obtive, nas lágrimas de desespero.

A minha parte está neste quarto solitário, onde preciso ficar agora. Se você que leu este texto até aqui acha fácil a diferença entre dar um pontapé em alguém que te machuca em 95% do tempo, parabéns. Tua bússola interna talvez esteja mais calibrada que a minha. Eu, que sempre brado sobre o livre-arbítrio, tenho plena ciência de que fiz uso dela. Foi tudo escolha minha -- certa ou errada. E tenho plena ciência de que errei.

Sei, por exemplo, que se na primeira vez que ouvi minha intuição me dizer: "Não vá por ali, Cris, você já conhece essa estrada. Este sinal está te dizendo que essa estrada será apenas de dor para você." eu tivesse ouvido, teria evitado tudo e nem estaria escrevendo este post. Mas não sei porquê fazemos certas escolhas em detrimento de outras.

Este momento é único... e, não se preocupe, esta não é uma carta pública de suicídio. Mas mesmo me sentindo à beira do precipício sentindo o prazer do vento frio em meu rosto e a liberdade a um passo... eu nunca deixei de escolher a vida e viver, mesmo com toda a dor que isso possa ser para mim, em muitas vezes.

Uma mulher corajosa

Quero uma mulher corajosa, simplesmente assim!
Que tenha coragem para saber ter coragem. E que reconheça que sentir medo é humano, e que nunca devemos alimentá-lo.

Que tenha coragem para compreender que os desafios da vida apenas são detalhes para gerar mais união. Pode haver distância física ou material? Pode. É obrigação nossa alimentamos a esperança pura que brota do coração e é vista em sinais sutis. E seguimos adiante. Sempre!

Quero uma mulher corajosa!

Que tenha coragem para admitir que sentir receio passa longe da covardia, e que nunca devemos deixar isso tolher todas as suas ações. Que tenha coragem para sonhar comigo sem medo de soltar os pés no chão. De vez em quando, principalmente quando a realidade for dura demais. Porque se essa mulher for corajosa, ela também será sensível como eu.

Que tenha coragem para ser independente sem confundir isso com promiscuidade. Pois a verdadeira liberdade está em sermos como verdadeiramente somos e nada aquilo que o outro espera de nós. A expectativa é uma palavra perigosa. Quero que essa mulher seja realista sem ser pessimista. Que tenha a mente aberta para tudo o que for novo, pois apenas quando aprendemos algo ratificamos a nossa condição minimamente humana.

Que seja humilde sem deixar de ter sua autoestima. Que auxilie sem se autoanular. Que vá comigo a todos os shows da Isabella Taviani. E que aceite as diferenças de gosto musical e que tenha curiosidade gastronômica. Que goste de conversar comigo: meditando, com palavras ou em silêncio.

Quero uma mulher corajosa para todos os momentos! Nas manhãs nubladas de segunda-feira. Na intimidade de um domingo à noite. O carinho que vem sem pedir, existe por existir. O abraço aconchegante, o olhar reconfortante e encorajador. Que me afague e me mime sem ocultar meus defeitos, que seja bálsamo transmutador para as minhas feridas. Amor sincero e amor corajoso.

Quero uma mulher corajosa! De verdade!
Que esteja distante dos moldes prontos que um dia criei. Seja qual for o signo, seja qual for a idade, seja qual for a origem. Importa que seu coração crístico se reconheça com o meu, que nossas almas afins compartilhem os mesmos objetivos. Que saibamos transformar as nossas falhas humanas em exemplos de amor e superação. Que me aceite como sou, pois eu a aceitarei como ela é. Que juntas aprendamos a ter mais amor universal e que espalhemos esse amor universal.

Quero uma mulher corajosa que mostre que é, sem precisar dizer, pois eu saberei. Eu sentirei. E que juntas superemos o pensamento mediano, o julgamento alheio e bárbaro. É perfeição sem ser perfeita, essa coragem. Apenas desejo a coragem como uma ação resiliente de alguém que sabe o que é, sabe o que quer e luta por tudo aquilo que acredita. Eu sei que você está aí, em algum lugar. Em breve, iremos nos reencontrar. Até daqui a pouco.

Eyes wide open

Not eyes wide shut, not arms wide open.

My eyes are wide open now.

I really do understand everything. And nothing left to say.

Minha playlist no youtube agora.

O poder curativo do amor e da amizade

Enquanto eu estava no meio do olho do furacão, a minha querida Jana, a 600 km de mim, apenas me disse "se os testes ficam mais difíceis, a ajuda também aumenta. Você nunca está sozinha!". Como costumo fazer quando alguém me fala uma frase de impacto, eu fico quieta. E só vou me dar conta da sua veracidade algum tempo depois, quando finalmente digo :"Você estava certa!".

Ontem foi particularmente outro dia difícil... porque é difícil tomar uma decisão na sua vida, uma escolha definitiva que determina rumos novos. Mas era necessário. Eu sempre protelo ao máximo, mas quando a decisão acontece, um capítulo se encerra e outro se inicia. Simples assim. A vida não deve ser simples? Não é a gente que complica a vida, um pouco toda hora todo dia?

Além do fato de estar me sentindo sozinha, além da decisão tomada... confesso ter sido invadida por um certo desespero. Não um "leve desespero" mas um certo desespero mesmo. Dói muito ver todos os seus erros esfregados na sua cara com requintes de crueldade chinesa. Dói admitir que -- mais uma vez -- você errou. Sozinha, por conta própria, mas errou. Dói admitir meu lado mais canceriano-pisciano criando mundos cheios de ilusão apenas minha. Pouquíssimas pessoas embarcaram nesse mundo comigo e eu entendo isso, sabe? Mas, ainda assim, dói. Dói admitir minha vênus em oposição a netuno que literalmente fode comigo. Dói olhar para si mesma no espelho e ver que, trinta e quatro anos depois, tem tanta coisa que eu ainda não aprendi. E dói admitir que eu tenho uma personalidade peculiar... que atrai, repele, encanta, causa discórdia, reúne, separa, congrega e amaldiçoa.

Mas, esta sou eu. Nunca neguei isso. Quem me conhece, sabe MUITO BEM disso.
Então, ao meio-dia, fui meditar depois do almoço, algo que nunca tinha feito antes. Fiz minha prece, minha súplica para dissolver a nuvem negra que cobria meu coração. Adormeci. Despertei e fiz uma ligação. Na hora que desliguei o telefone, recebi outra ligação. E comecei a chorar como uma criança que apenas quer amparo... ironicamente, eram duas capricornianas que -- cada uma seu modo -- me doaram tanto amor que não tinha como começar a sorrir, chorar, sentir o doce alívio de ser compreendida.

E na parte da tarde, mensagens inesperadas de amigos que a gente julga "sumidos" surgiram no facebook, no email. Toda uma rede invisível de amor que me cercou e me deu o maior abraço... marquei vários encontros, quero ver todas essas pessoas este ano ainda! Quando a gente recebe algo assim do Universo, é obrigação devolver multiplicado infinitamente! É uma energia que precisa ser espalhada para tocar corações solitários e desesperados, como o meu ontem.

Ao contrário do que sempre fiz, desta vez não vou citar nomes. Esse auxílio anônimo continuará assim. Quem esteve presente sabe. Não precisa ler este blogue para se sentir homenageado, simplesmente sabe. Quem gosta de mim, sabe. Não precisa estar fisicamente ao meu lado todos os dias para reconhecer isso. Não precisa de convivência diária como defendem alguns para o sentimento nascer, se manter e continuar. Quem sente essas sentimentos puros cuida da plantinha, apenas.

Para finalizar, duas surpresas inenarráveis aconteceram ontem: IT e Myllena (até as duas!) falaram comigo. Vocês podem interpretar da maneira que quiserem, mas eu interpreto a brincadeira que IT fez comigo em pleno facebook como uma forma de dizer "para com isso e sorria!". E Myllena com a sua doçura e pureza impossíveis de explicar conseguiu deixar sua gota de eterna alegria e esperança no meu coração... para a vida começar agora! Para deixar o amor entrar na sua vida! Para deixar abertas janelas e portas para os acasos! Para sorrir e ser feliz! Ah... como poderia continuar triste depois de tudo isso? Como?

Obrigada a cada um de vocês que se manifestou e não se manifestou. O poder curativo do amor e da amizade é único, mesmo.

Leap of faith

The answer to all my questions: it's a matter of leap of faith. How big can be my jump?
Começo das minhas retrospectivas de fim de ano. Estou reflexiva. Este blogue corre o risco de se tornar um diário... será que os xeretas de plantão vão gostar do que vão ler? ;-)

Este, com certeza foi -- e ainda está sendo --, o ano mais difícil de toda a minha vida de 34 anos. Acho interessante parar, agora, ficar de fora de mim mesma e olhar para o que eu sou, para o que eu me tornei. Quanta coisa eu perdi... quanta coisa eu ganhei. Quanta coisa eu ainda temo. Meu coração nunca esteve tão temeroso e tão corajoso ao mesmo tempo. É uma mesma medida: 50/50. Qualquer desequilíbrio e eu posso ficar mais corajosa ou mais medrosa.

Talvez eu quisesse mais inocência e ingenuidade de volta. Essas coisas, quando perdidas, não voltam e fazem uma falta danada. Tornam-se cicatrizes visíveis a qualquer um. E tem épocas que você tem orgulho de ostentar uma coisa triste que é ser uma pessoa que perdeu sua ingenuidade. Hoje em dia, parece que é mais bonito ser um coração frio do que um coração com fé.

Estou me sentindo mais sozinha do que nunca. Eu sempre achei que solidão era uma característica minha, na verdade, eu nunca soube lidar com a solidão -- e, ironicamente, ela sempre foi a minha amiga mais íntima. Sempre foi a solidão que esteve ao meu lado nos momentos em que mais precisei de um abraço, de um olhar. E este ano provou-se como aquele em que mais contei com minha solidão. Não dá para descrever o que é estar com a solidão quando o você mais quer é um abraço.

Este ano também foi o ano dos maiores desafios. Nunca tive medo de viver, de encarar o novo, de me atirar mesmo sem saber quais seriam os resultados. Tamanho sentimento destemido traz riscos de machucados maiores. Mas nada se compara à sensação de se achar impotente diante dos testes. Também sempre encarei os testes com coragem e braços abertos. Porém, é incrível ver que quando eu achava que tinha ultrapassado o teste mais difícil, na verdade, eu ainda nem sabia o que estava por vir. O nível de dificuldade aumenta infinitamente. Já passei faz tempo do nível hardest. Criei níveis novos, inventei desafios incalculavelmente imprevisíveis de serem superados.

Parece uma piada de muito mal gosto da minha própria vida... mas como diz a pessoa que mais me conhece, eu gosto do que é difícil, sempre gostei. Será que é para saborear os louros com mais gosto? Será que é resquício de uma mente condicionada? Será que são os meandros do destino que eu nunca poderei manipular? Não tenho respostas. É uma questão de fé. E nesses atuais tempos de 50/50 de coragem e medo, eu não sei qual a meia-medida que devo escolher e onde devo ficar. Vou vivendo. Amanhã é um outro dia e um novo desafio. 

Quem eu sou

Não gosto do radicalismo de precisar ver a foto de uma criança esquelética morrendo de fome na África para valorizar a minha vida. Não gosto de ver infinitos cadáveres mortos em todas as guerras civis para valorizar a minha vida. Não gosto de ver pessoas morrendo com a falta dos itens mais essenciais para a sua sobrevivência. Não gosto de ver, simplesmente. Me toca? Sim. Pesa na minha consciência? Depende.

Antes de alguém me tacar pedras, digo. Alguém tem dó do planeta Terra que está à beira da extinção por doar -- sem cobrar de volta -- todos os seus recursos naturais aos seres humanos? Alguém pensa nos animais que matamos a rodo todos os dias para alimentar os carnívoros? Ou alguém pensaria que trilhões no mundo se matam diariamente para manter o alto de padrão de umas dezenas por aí?

Acho que não precisamos navegar nos extremos para aprender a valorizar aquilo que temos. Desenvolver autoconsciência é um exercício tão árduo quanto aprender a andar. E deveria ser mais instintivo. Mas não deixamos nossa intuição atuar em nossa vida.

E acho que a lição mais difícil é encarar uma suposta lição aprendida. É estar de novo diante de um mesmo fato que te fez chorar lágrimas de sangue. Como você reage diante daquilo que mais te machucou um dia? Como você olha nos olhos? Como você encara? O frio na barriga, a lembrança, todos os detalhes? Você sorri ou se fecha?

Tem pessoas que lidam melhor com o novo. Outras lidam melhor com o passado. Outras, passam a vida inteira sem se preocupar com essas coisas. Outras, passam a vida inteira empatando a própria vida pensando nessas coisas. Quem eu sou? Quando eu mais penso que odeio cada pedaço do meu ser... algo surpreendente -- desconhecido e silencioso -- me lembra com sua simplicidade contundente que somos feito de amor, de felicidade, de luz e de esperança. Somos o que precisamos ter e temos o que precisamos ser. Sábio será aquele que conseguirá transitar entre seus próprios polos sem enlouquecer. O que não souber sequer se admitir não será digno de pena, ao contrário. É uma questão de escolha. Ao final, tudo é uma questão de escolha.

Então, como acabei de ler, somos resultado de todas as nossas escolhas. Mesmo me sentindo absurdamente solitária como estou me sentindo agora, o algo misterioso sempre cai diante dos meus olhos, uma ironia velada, de que sim, mesmo que eu não queira, eu sou uma privilegiada. Agradeço e aceito, secando minhas lágrimas, iluminando meu coração e compreendendo minha solidão. Ela sempre fez parte de mim.

Apenas o amor


Num momento da minha vida tão cheio de sentimentos, desejos, ansiedade... de forças positivas e forças negativas -- eu apenas penso uma coisa: love's truly the ONLY rule.

É pelo amor que seguirei caminhando, mesmo sem saber o caminho. Mesmo em meio às trevas da minha vida, da realidade, do meu coração. É com todo o amor que eu puder sentir e distribuir que viverei cada segundo da minha vida.

Mesmo precisando encarar o desafio diário de viver em equilíbrio em uma realidade que exige tanto de você, eu seguirei apenas com o amor em minhas mãos. Talvez eu ainda não saiba o real significado do amor como ele deveria ser vivido... talvez ninguém saiba. Mas mesmo assim, é apenas o amor que pode curar, apenas o amor que deve guiar, apenas o amor que deve unir. Somos feitos de amor, apenas amor devemos emanar.

As energias astrais andam muito densas, muito difíceis e com baixa vibração. Vamos fazer um pensamento positivo, uma oração, um pedido? Vamos nos unir ao invés de nos separar? Vamos perdoar ao invés de julgar? Que seja por um minuto apenas. Fará tanta diferença!

Para inspirar

Tirei esta foto hoje: em meio a paulistanos apressados -- cada um com seu motivo particular. Já é clichê dizermos que não olhamos mais para o céu -- de dia ou de noite. Não olhamos as pessoas nos olhos, não sorrimos, não cumprimentamos.
Somos tão mesquinhos, vazios, perdidos e egoístas que o nosso maior mérito é saber quem vai chegar primeiro a qualquer lugar. É passar rápido por alguém na rua. É ultrapassar aquela pessoa que vai no passo mais lento à nossa frente. É ficar onde tem fila. É empurrar onde tá todo mundo empurrando.
Mas se você para, respira e olha um pouquinho para cima, pode encontrar tanta beleza escondida em lugares mais improváveis. Pretendo começar a fazer um registro fotográfico desses lugares... espero que eu saia bem!Esta foto é dedicada a todos os meus queridos leitores que nunca deixam de visitar este canto. A todos que leem o que escrevo e nada comentam. A todos que leem e comentam. A todos que leem... por simplesmente ler! Obrigada a cada um de vocês.

O fim da própria vida - por quê?

Ontem fiquei sabendo que o vizinho do prédio onde morei, no Rio de Janeiro, se suicidou. Era um senhor de idade avançada, já. Quais são as recordações que tenho dele? Troquei uma ou duas palavras, bom dia, boa tarde. Nunca vi ninguém com ele, ele era sozinho. E gostava de ouvir música clássica -- que sempre ouvia muito alto.

Ele cortou os dois pulsos e sangrou até morrer. Uma sensação do quente saindo do corpo, a vida. A alegria, provavelmente, ele já não sentia mais. Ir adormecendo, um sono forçado. Será que ele acreditava em vida após a morte? Não sei.

É a segunda vez que sei de alguém, perto de mim, que se suicida. Outra pessoa foi também um cara que conheci quando trabalhei como mesária nas eleições. Foi uma afinidade imediata, isso porque ele era apenas um votante. Lembro que ele era muito simpático. E lembro que as meninas que trabalharam comigo, na época, ficaram achando que ele era um bom partido para mim... mal sabiam elas. Lembro que trocamos emails e ele começou a periodicamente mandar poemas para mim. Não poemas de amor, claro... poemas muito sensíveis. Eu adoro conhecer poetas que escrevem com a alma e não com o ego.

Algum tempo depois, uma das meninas que trabalhou comigo me ligou para dizer apenas que ele tinha morrido.  Foi encontrado enforcado no quarto. Nessas horas é impressionante o mix de sentimentos que te invade... a primeira coisa que pensei foi: "por que não disse a ele que seus poemas eram lindos? Será que isso teria dado uma gota de alegria para que a vontade de viver dele não sumisse?"

Essa sensação de impotência diante do livre-arbítrio de alguém é muito mais pungente do que quando alguém lhe diz "não" na sua cara. Porque você sabe que essa atitude não tem volta. É a última palavra, o último ato de uma pessoa que -- nunca saberemos -- não tinha mais motivos para continuar viva.

Isso me lembra também um documentário que vi numa Mostra Internacional de anos atrás sobre a ponte Golden Gate, um dos locais preferidos dos suicidas. O relato mais comovente é o de um rapaz (se não me engano) que conseguiu sobreviver. Ele fraturou as pernas e vários ossos, mas sobreviveu. E a fala rasgante: "Quando você está caindo, você já se arrependeu. Mas não pode fazer nada."

Deixo minhas mais profundas orações para este senhor que sequer soube o nome. E o convite para celebrarmos a vida. Para fazermos aquilo que tivermos vontade de fazer. Para doar amor puro. Para abraçar quem precisar de um abraço. Para ouvir quem precisa falar. Para estar ao lado daqueles que estão solitários. Pode ser uma chance única: e nós nunca sabemos. Porque não cabe sabermos. Precisamos apenas agir: sem julgar, sem escolher. Como dizia o poeta Renato Russo: "precisamos [mesmo] amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque, na verdade, não há."

ps: Deja, obrigada por compartilhar seu texto (pessoal) comigo. Me inspirou a escrever este post.

Um minuto a mais

A gente perde tempo com tantas besteiras!!!

A gente perde tempo pensando no que poderia ter sido. No tempo que passou e todas as coisas que poderíamos ter feito. Nas coisas feitas que poderiam ter sido diferentes. Naquela chance que deveria ter sido aproveitada, mas foi deixada de lado por outra coisa que a gente nem lembra mais.

A gente perde tempo pensando num futuro cheio de idealizações perfeitas. E perde tempo achando que tudo deveria ser sempre perfeito. Perde tanto tempo tentando encaixar uma peça redonda num buraco quadrado, sem sequer se dar conta de que a peça certa está ali do lado, basta você olhar para o lado.

A gente perde tempo exigindo tantos itens. Porque a gente tem medo de sofrer... a gente quer a segurança daquilo que a gente conhece, isso não é errado! Errado é perder tempo congelando a própria vida deixando o rio caudaloso passar ao seu lado e sequer olhar para ele. Perder tempo com a mesquinhez egoísta do nosso "ponto de vista". Sem amor, sem empatia.

A gente perde tempo porque a gente não sabe perdoar. Nem aos outros, nem a nós mesmos. Eu acabei de ver uma foto sua e fiquei com vontade de te abraçar. Cara, eu sempre lembro de você com o carinho de uma irmã que deveria estar presente na minha vida para sempre. Por que você não está aqui para sempre? Por que você se foi assim, tão idiotamente, e eu -- mais idiota e tão orgulhosa -- não tenho coragem de lhe falar outra vez?

Eu apenas queria te dizer que você está linda com aquele casaco. Te disse em pensamento, tá?

Não significa nada

Agora, ao meio-dia, caminhei pelas ruas da região onde trabalho. Nada demais. Dia quente, sem sol, mas abafado, um prenúncio qualquer de chuva. O mesmo cenário.

No entanto, meus olhos estavam vendo as coisas diferentes e eu gosto muito quando tenho esses momentos. Momentos de olhar o cenário diante de seus olhos como um quebra-cabeça, pronto, que tinha 5 mil peças um tempo atrás. Tudo encaixado, mesmo sem fazer sentido. A sombra da árvore que parece uma dádiva divina. O sol, mesmo quente, que parece um bálsamo. As pessoas, mesmo mal-educadas. Cada uma na sua loucura, com seu problemas... ainda são seres humanos.

Esses momentos de compreensão pura e sentimento de plenitude são tão raros... porque é como se você fosse banhado por uma intensa luz dourada que fizesse você enxergar que a despeito de toda a maldade e loucura do mundo, ainda somos iguais. Ainda estamos perdidos, cada qual tentando encontrar o seu próprio caminho. Eu queria ter abraçado cada um que passou por mim. Eu mentalizei coisas positivas para todas as pessoas que passaram por mim. Não significa nada... mas era aquilo que eu queria fazer naquela hora. E esse meu amor não podia ser roubado nem julgado por ninguém.

Espero que todos tenham os próximos dias com um pouco desse sentimento que senti hoje. E que a gente possa melhorar uma milimétrica gota que seja. Parece que não significa nada... mas é muito!

[trilha de sonora de hoje, banda indicada pela querida Gabitchs, a quem sempre agradeço]

Os verdadeiros sentimentos

Hoje tive acesso a uma imensa torrente de sentimentos novos. E no meio de tanta coisa sublime, bela e pura, pensei no meu dia a dia. E, confesso, que tive muita vergonha das coisas que senti e que acabavam me entristecendo. Estamos presos a um círculo vicioso de ilusão de ganho e perda, de regojizo e desdém que nos deixa simplesmente cegos para a percepção das coisas mais simples.

Percebi que as perdas imensas que tive este ano, na verdade, foram ganhos. As pessoas que se foram, se foram porque era hora de ir, porque o adeus não é sinônimo de derrota, mas, sim, de um delicado equilíbrio que nem sempre é possível de ser compreendido na hora. Às vezes, perder é ganhar.

Percebi que há ainda algumas pessoas que eu não sei o que estão exatamente fazendo na minha vida. E eu percebi que não posso determinar quem fica e quem vai, eu simplesmente não tenho esse poder, mesmo em se tratando de minha vida. Eu percebi que -- nunca em toda a minha vida -- eu tenho escutado "não" de determinadas pessoas. E eu percebi que a vida -- pulsante, rica, pura, viva -- me diz "sim" o tempo todo! Me agracia o tempo todo com dádivas, algumas imperceptíveis, outras gigantes... me dizendo sim, sim, sim, o tempo todo! E aí, queridos leitores, eu me pergunto: a quem devo ouvir? Aos nãos dos seres humanos ou ao sim da vida?

A escolha parece fácil e óbvia, mas já caí nessa cilada várias vezes. Não há escolha a ser feita, nesse caso. Porque eu hoje eu percebi que -- de fato -- as coisas apenas acontecem com quem está preparado para vivê-las. E, se eu vivi tudo o que eu vivi este ano (e, de certa forma, ainda estou vivendo) é porque sou capaz de enfrentar cada um desses desafios com maturidade, transparência, coragem, esperança, sabedoria.

Pois não é fácil viver... não é facil encarar o caos diário. E é mais difícil ainda se estivermos acompanhados de solidão, desconfiança e tristeza. No entanto, HOJE eu descobri que por mais que esteja fisicamente sós, nunca estamos solitários de verdade.  E aquelas pessoas que mais te dizem "não" são as que mais esperam aceitação. Dizer "não" para outrem é uma forma de suposto poder e controle de si mesmas que estão longe de ter.

E a vida que apenas diz "sim" para mim... eu apenas a abraço sem medo nenhum de aceitar o que tiver por vir. Quero viver! Quero aprender! Não quero NUNCA ter medo de ser quem eu sou. Não quero NUNCA me arrepender das coisas que fiz porque acreditei que eram as coisas que deveriam ser feitas naquele momento. Não quero NUNCA ter medo de tentar. Não quero NUNCA dizer que nunca tentei. Eu digo sim para a vida que me diz sim o tempo todo!

LAS ACACIAS - o filme

Dentre todos os cinco filmes que vi na Mostra Internacional de Cinema, elejo Las Acacias como o que mais mexeu comigo. É o típico filme de Mostra: simples mas com uma intensidade que, desculpa, só alcança poucos. Porque, sim, a maioria vai ao cinema para contabilizar quantos filmes viu e não sentir e refletir sobre o que viu. Ao final, você apenas ouve comentários do tipo: "bonitinho, a menina é uma gracinha. Este foi o vigésimo filme que eu vi!". Pfff.

Las Acacias é outra pérola do profícuo cinema argentino. Trata-se de um road movie sem as lantejoulas a que estamos acostumados. Mostra personagens secos, cortados, tolhidos -- como as acácias mostradas logo no início do filme.

Mas se as acácias são as árvores cortadas (que podem voltar a brotar) e os personagens são as acácias, veremos que mesmo depois de vinte minutos de filme quase sem diálogo (mas nem por isso menos intenso e cheio de mensagens), o que os personagens ali mais querem é um contato mútuo, é relacionar-se, é compartilhar.

O personagem de Rúben me pegou fundo porque ele me parece o mais real protótipo de um ser humano que sofreu, perdeu e arriscou tanto que simplesmente preferiu se fechar em seu mundo vazio, silencioso e egoísta. Jacinta também é outa mulher sem sonhos apenas com a dura realidade de manter sua filhinha viva. E a filhinha, Anahí, é o elo inimaginável que une esses dois desertos. Secos e sedentos.

Não preciso dizer o quanto chorei e o quanto foi catártico para mim, diante da fase que estava vivendo. A relação entre os dois é intensa: sem palavras, sem contato físico, sem olhar. Não é tensão sexual ou romântica, é a vontade de sentir a vida outra vez, como ela foi um dia. Eles sabem (e não sabem) que precisam voltar a viver e eles sabem que, ironicamente, a aridez comum entre seus sentimentos é que os trará de volta ao sorriso.

Um filme lindo, perfeito, mágico, simples e cheio de doçura. Vou caçar para comprar. Se voltar a reprisar ou se estrear, por favor, não percam... é uma obra de arte em homenagem à esperança e à vida!

Lançamento - Pequenos afazeres domésticos

Amigos paulistanos, quero convidar vocês a se encontrarem comigo para o lançamento do livro de poemas (sim! isso mesmo que você leu!) da minha amiga poeta, escorpiana, cabelos vermelhos: Lilian Aquino.

Ela já disse tudo no blogue dela, sala dos passos perdidos: é muita coragem publicar poesia no Brasil, infelizmente. Mais coragem ainda, publicar um autor desconhecido. Mas... grandes realizações vem para aqueles que não têm medo de sonhar, de se arriscar, de se atirar no escuro!

Lembro quando li os primeiros poemas da Lilian... lirismo puro. Uma doçura única vinda dessa escorpiana com ascendente em peixes. Imagens simples, olhar único, metáforas que trazem os cheiros até você. Ela não é despretensiosa, ela faz isso de propósito... e como faz bem!!!

Querida, estou tão, mas tão, mas tãããão feliz por você, que você não tem ideia!!! Muito orgulho de ter você espalhando sua doçura por aí. No dia 10/11 estarei lá para te abraçar, para ver você brilhar, para tirar uma foto com você, pegar seu autógrafo.

Ansiosa por esse dia! E parabéns, mais uma vez, para você!

Uma noite, uma sexta qualquer...

Na noite desta sexta-feira, caminhei pela Avenida Paulista ao lado da minha "filha", Poliana. Meu olhar estava (como ainda está) distante, perdido, procurando o algo além no horizonte. Não sou a melhor das companhias agora. Tenho mais perguntas do que respostas, um bocado de sentimentos conturbados dentro do meu cérebro. E tenho um coração vazio, seco e frio.

Ainda preciso dos espaços abertos. Ainda preciso olhar mais para cima do que para baixo. Ainda preciso da companhia dos amigos que me acalentem e não me julguem. Ainda preciso descobrir, de novo, quem eu sou. Ainda preciso saber discernir o que é verdade e o que é mentira sobre tudo aquilo que disseram de mim.

Não sei o que tudo isso quer dizer. Mas comecei a entender que essa minha necessidade absoluta de compreensão só me leva a mais incompreensão. O tempo é um senhor poderoso que tem pregado peças absurdas comigo. Minha mãe sempre dizia que nós fazemos nosso tempo... acho que ela se enganou porque tem vezes que não temos controle nenhum sobre nada aquilo que acontece nas nossas vidas!

E frases de músicas surgem impávidas na minha cabeça. Elas vêm do nada e ficam retumbando. E frases poéticas surgem, poesias rasgando meu coração e querendo ser cuspidas para fora de mim. E nomes de capítulos de livros, frases inteiras, brotam de mim sem parar. Ganhei um bloco de anotações que tem sido meu companheiro inseparável. Anoto todos os pensamentos, todas as palavras, todas as ideias. Não sei o que virá disso... mas sei que virá algo!

E enquanto assisto a cidade adormecer, deixo meus pensamentos voarem longe... para bem longe daqui. Para as lembranças que não encontraram seu lugar certo no meu coração vazio. Para a felicidade que parecia um simples conceito mas que foi duramente tolhida pela realidade. Para a compreensão de tantas coisas que aconteceram e querem tanto me endurecer. Se o agora dói demais em mim, deixa doer... deixa doer até não conseguir doer mais do que essa dor insuportável que agora sinto. Amanhã será outro dia. Amanhã será outro tempo.

Minha trilha sonora

Where were you when I was burned and broken
While the days slipped by from my window watching
Where were you when I was hurt and I was helpless
Because the things you say and the things you do surround me
While you were hanging yourself on someone else's words
Dying to believe in what you heard
I was staring straight into the shining sun.

Lost in thought and lost in time
While the seeds of life and the seeds of change were planted
Outside the rain fell dark and slow
While I pondered on this dangerous but irresistible pastime
I took a heavenly ride through our silence
I knew the moment had arrived
For killing the past and coming back to life
I took a heavenly ride through our silence
I knew the waiting had begun
And headed straight...into the shining sun.

(Coming back to life, Pink Floyd): thanks to David Gilmour for writing this perfect song since the first time I heard it.


E uma conclusão

Não vou mais repetir (ok, somente agora...) que a minha vida anda uma verdadeira montanha-russa há mais de um ano. Talvez, mais precisamente, há uns dois anos. Nesse meio tempo, eu poderia juntar tudo que aconteceu e escrever um livro, sem titubear. E acho até que já tenha escrito alguns capítulos aqui, neste blogue.

E no meio dessa coisa toda que aconteceu e ainda acontece e -- sinto -- ainda vai acontecer, minha mente que pensa demais e que sempre pensará assim tentou achar alguma razão. Não há razão. Quando racionalizamos, perdemos a graça de todo o mistério da vida.

Mas eu sei que fui do céu ao inferno em um único dia. Várias vezes ao mês, várias vezes nesses últimos meses: e até no intervalo de uma única hora. E eu apenas me perguntava: por quê?

Por que tanta coisa assim? Um ser humano mortal e comum não quer uma vida comum, com tudo planejado, com surpresas óbvias e expectativas já esperadas? No fundo queremos e NÃO queremos. Queremos uma vida simples (e por vezes medíocre) porque não temos com o que nos preocupar e não corremos o risco de sofrer.

Eu gosto de uma vida assim, admito. Tudo numa toadinha igual, numa mesma velocidade... sem maiores surpresas. A vida não tem menos brilho por isso. Mas confesso que quando a vida se movimenta, você aprende mais e parece que tudo faz mais sentido, mesmo na correria e na confusão aparente.

Sempre disse uma frase a mim mesma e vou compartilhá-la aqui com vocês: nada na vida acontece por acaso. Se algo acontece com você agora, é porque você está preparado para viver isso. Aproveite a oportunidade, porque ela poderá ser única!

Então, estou aqui, de novo, braços abertos para a vida. Não carrego mágoas, não sinto tristeza (não quer dizer que eu não as viverei, claro...). Se tudo acontece por um motivo, não quero saber qual é. O que eu quero saber é que se a vida está me dando tudo isso, é porque mereço receber e me vangloriar e viver.

Estou me sentindo viva... sentindo uma energia renovada me reabastecer a cada pensamento que tenho. Não sei qual é o destino. Não sei qual é a estrada a tomar. E vou me despedindo de algumas pessoas que conheci e que se foram... e vou abraçando as novas que estão entrando.

Eu apenas agradeço a tudo que tem acontecido na minha vida. E agradeço a aqueles que conseguiram acompanhar as minhas mudanças, mesmo quando vivia a pior tempestade no alto-mar, sem velas e sem direção. Todos contribuíram de alguma forma.

Quero começar a fase nova da minha vida com a alegria e a inocência de uma criança. Não vou deixar de ser idealista. Não vou deixar que nada mude a minha essência. Isso vale para você. Isso vale para mim. Para cada um de nós.