Chegou esta hora como em tantas vezes repetidas antes de sentir o gosto amargo de existir no vácuo de uma outra existência, de amar os amores como uma obrigação de exigir tanto dos outros uma perfeição imposta que não é mais defeito, e sim, virtude.
E no vazio existencial desta hora, eu queria me vomitar de mim mesma por Deus, eu apenas queria saber que eu poderia desistir de mim como descartar embalagens no lixo mas cada cicatriz adquirida não desaparece ela subsiste como uma doença incurável.
Nesta hora, eu contabilizo as horas idas e vindouras eu tomo café, eu fumo, eu rôo as unhas se eu pudesse eu cortaria as veias se eu pudesse eu teria um orgasmo se eu pudesse eu pularia 30 andares mas eu existo em mim mesma, uma coexistência horrenda, eu me sinto saturada eu apenas queria pôr para fora todo este pus podre que corre dentro de mim.
Mas, eu durmo, eu acordo, eu trabalho, eu converso eu digo que sei, eu presumo que sei, e eu não sei eu sorrio para as pessoas porque não posso ser eu mesma eu sorrio para as pessoas porque não posso matá-las eu sorrio para as pessoas porque a lei da vida é a lei da falsidade esta é a maior virtude não divulgada pelo ser humano.
Pois tudo o que as pessoas dizem sobre serem sinceras… é mentira. Pois tudo o que as pessoas dizem sobre gostarem de pessoas sinceras… é mentira. Pois tudo que todos dizem sobre tantas coisas… é mentira. A vida é esta, quase uma falsidade, de tanta mentira.
Eu simplesmente tento entorpecer os meus sentidos com as drogas da auto-ajuda e do autoconhecimento para voltar para a vida e para as pessoas que convivo e tentar compreender que os seres humanos são falhos que a vida é falha em cada segundo de sua existência que ninguém assume seu egocentrismo egoístico para sorrir para os outros com a bondade putrefata de uma alma vazia e ignorante.
Pois, esta sou eu. Sim, esta sou eu. Eu faço parte deste teatro diário que é viver a vida entre outros seres humanos. Sorrir e enganar a si próprio. Sorrir e enganar os outros. Blá–blá–blá… não é isso o que realmente importa? Aí, eu virei com aquele discurso ridículo “eu tentei, tentei e tentei…” para comprar uma arma e sair matando meia dúzia um sonho real sem remorsos por que todos merecem uma chance se ninguém compartilha essa chance com ninguém?
A vida amontoa um monte de perguntas… que vão criando pó no canto obscuro da sua mente até chegar uma hora, qualquer, que as perguntas são revolvidas por causa, sempre, de um ser humano idiota que faz pré-julgamento de você ou que te julga por coisas que você fez séculos atrás ou por aquele ser humano que diz que confia mas vira as coisas sem lhe dizer adeus ou que olha em seus olhos, para rir sarcasticamente, para jogar toda a culpa dos problemas do mundo em você.
A vida não é um espetáculo ridiculamente imbecil de gente que se diz preocupada com outro mas quer apenas comprar o próprio lugar no panteão suposto de um paraíso de um deus qualquer, a vida em sociedade é uma novela indigesta cheia de personagens ignorantes não por burrice mas por pobreza espiritual… ou dos idiotas que se dizem autoconhecedores mas se valem dos outros para testar seus supostos conhecimentos e espalhar testes ridículos, quando, na verdade, estão agindo como aqueles médicos que matam uns mil para salvar uns milhares depois.
Esta é a minha hora de angústia, em que eu me sento em qualquer lugar para pensar em uma coisa, mas acabo retornando ao velho fardo que deixei para trás… ao espelho que abandonei numa curva… aos erros e aos acertos que nunca se equilibram na balança às pessoas que conheço que eu fiz chorar e a todas as inúmeras que apenas me condenam sem justificar esta é a minha vida.
Nada faz sentido e, ainda assim, assume sentido irreal sentido de se apresentar assim, semi-pronto para a vida apenas para dizer que fez alguma coisa apenas para deixar uma marca indelével na vida de alguém.
Eu juro que estou tentando… eu juro que nunca cansei de tentar mas eu juro que estou cansada se eu ficar cansada de dizer que estou cansada posso amargar o limbo dos suicidas o que não vai ser nenhum peso para um coração tão vazio para uma alma tão solitária para um espírito cansado de tentar entender e ficar sem nenhuma resposta.
As perguntas me consomem… e as pessoas com quem convivo me desesperam a hipocrisia ao redor me desidrata e a falsidade temperada com toques de doçura simplesmente me dá câncer.
A angústia de ser quem eu sou me consome e de carregar as perguntas que carrego e de sentir as coisas que sinto e de ver as coisas que vejo. Pois, sempre pressupus que o conhecimento seria um sedativo. Ele é ácido nas veias.
E chega esta hora esta maldita hora do zero, hora do nada hora contínua que salta aos olhos eu me lembro das pessoas que conheci ultimamente – tão patéticas. Eu me lembro dos amores que amei ultimamente – tão ridículos. Eu me lembro dos amigos que supus assim – tão imbecis.
E chega esta hora de decidir entre dois caminhos o da loucura assumida e o da loucura camuflada eu ando no ínterim da loucura eu sou a loucura. Eu caminharei entre a loucura dos loucos e eu caminharei entre os mortos ainda vivos eu estarei com peso nos ombros por viver e por não poder me cuspir para fora de mim. A hora da loucura é a hora da angústia e eu sei que agora realmente vou viver todas estas horas, sem fim. Sem fim. Sem fim…
Após um longo feriado, bem vivido, bem descansado e totalmente merecido, em que fiquei de barriga pra cima (literalmente), junto duas notícias. Uma que vi ontem à noite e outra que vi agorinha.
A de ontem dizia sobre a Miss Califórnia que perdeu o concurso de Miss EUA por conta de sua declaração sincera por ser contra o casamento gay.
A outra dizia sobre o fato de a Disney lançar uma animação que conta com uma princesa negra no papel principal, sem que ela tivesse sido uma serviçal de alguma branca qualquer.
Ler as duas matérias me pôs à reflexão. Não muito profunda nem muito filosófica, tô voltando de feriado e nem quero gastar meus neurônios agora.
1-) Parece puro merchandising criar uma heroína negra. Mas, antes tarde do que nunca. Antes de qualquer crítica maior, vamos ver o resultado final.
2-) A loirinha poderia ser tachada de sincera demais ou idiota demais. Confesso que fiquei na dúvida!
3-) O casal Obama está em tudo quanto é noticiário, Obama agora defende a causa gay (politicagem, mas muito bem vinda!) e a mocinha loira disse o que disse. Será que ela tem algum parentesco com a Klu Klux Klan?
4-) A mocinha loira está sendo crucificada internet afora, mas ela representa o pensamento de muita gente por aí.
Até 2004, nunca fui de ter muitos hobbies. Gostava de poemas (gosto, desde meus tenros 8 anos de idade), gostava de ver televisão, desenhar e ouvir música.
Mas, com a guinada que tive nesse ano, decobri que precisava dedicar mais tempo para mim mesma. Comecei a ir ao cinema sozinha, algo inconcebível na época. E descobri o prazer de pegar um cinema vazio, educado e as primeiras fileiras solitárias e acolhedoras.
Depois fui descobrindo o prazer de conhecer cineastas famosos.
Entre 2004 e 2005 vi muitos filmes. Desse período, destaco 3 em específico: Réquiem para um sonho (Darren Aronofsky), Persona (Ingmar Bergman) e Cidade dos sonhos (David Lynch). Três monstros do cinema (cada um no seu devido pedestal, claro) que chacoalharam o mundo cinematográfico com seus filmes e o meu mundo.
Primeiro, Réquiem para um sonho. Eu tinha ouvido falar muito desse filme. Longe do fake mainstream que temos entre alguns supostos cinéfilos de Mostra, Megão tinha gravado esse filme em VHS da tv a cabo. Me emprestou. Assisti. Morri em lágrimas. Ellen Burstyn está irretocavelmente perfeita neste filme. A trilha sonora (que eu consegui alguns anos depois) é uma faca quente, sem corte, no coração. O título do filme é perfeito. O roteiro é perfeito. É um filme nota 11.
Na época, me lembro que muita coisa mudou dentro de mim. O filme evocou diversos fantasmas internos. Trouxe-os à tona. Expurgou alguns e deixou a ferida escancarada, ou seja, foi um filme catártico. Doce e amargamente catártico.
Segundo, Persona. Um dia pedi a Sharleu que me indicasse um filme. Ela simplesmente disse: "assista a Persona", depois você me fala. Na mesma hora, busquei e comprei o dvd na internet. Quando chegou, li de passada a quarta capa e vi o filme. No final, estava estática. Simplesmente perfeito. A fotografia, as luzes, as sombras, o preto e branco... a opção pelo silêncio, escolha tão doce-cruel de Bergman. Nem sabia o que dizer. Outro filme nota 11.
Por fim, Cidade dos sonhos. Ah... este filme. Eu sempre ouvi falar dele. Sempre me diziam "Veja Cidade dos sonhos, você vai gostar!", alguns diziam que não entendiam, mas eu nunca liguei muito para isso. Interpretações são sempre subjetivas. Eram os idos de 2005. Eu vi que uma mostra do Expressionismo alemão trazia algumas coisas e esse fillme do David Lynch, fora do circuito desde 2001. Era a oportunidade! Anotei o horário e chamei a minha filha para me acompanhar. Ela, boa curiosa, aceitou meu convite mesmo sem saber do que se tratava, acreditou na indicação e lá fomos nós ao Centro Cultural Banco do Brasil, no centrão velho de SP. Entramos. Vimos. Duas horas depois, mal conseguíamos andar na rua. No metrô, por muito pouco erramos ao descer de estação (isso porque a linha verde na época tinha pouquíssimas estações). Ficamos uma meia hora em silêncio uma ao lado da outra, sem saber por onde começar. No dia seguinte e nos meses seguintes, foi uma febre. Mulholland dr. entrou em cada célula do meu corpo. O dvd estava esgotado para venda. Comprei a trilha sonora fantástica de Angelo Badalamenti, parceiro de David Lynch. Baixei roteiros, imprimi entrevistas, tudo o que pudesse me fazer entender o filme. E entendi. E mesmo que não tivesse entendido. Na minha opinião, meu filme n.1 para sempre, por conter todos os elementos principais para mim: amor, duas protagonistas, mistério, suspense, uma tramíssima muito bem escrita e dirigida. Ainda hoje, tenho todo esse material. No meu aniversário, ganhei o dvd da minha filha. Desde então, eu sei que ela se tornou uma verdadeira cinéfila e colecionadora. Eu busquei obras-primas como esse filme, mas nunca consegui. Cidade dos sonhos ainda é o filme que me dá arrepios. E me fez ver o David Lynch quase como um deus na terra para mim.
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Hoje em dia, ando bem menos cinéfila. Nem fui à Mostra de 2008. Não senti falta. Agora ando na fase comédia e comédia românticas, pontos fraquíssimos em mim. Estou adorando. O último filme que me fez chorar foi Wall-E. Mas isso é tema para outro post.
Pela primeira vez em toda a minha vida, tenho o autógrafo de um artista de quem sou fã. Como todos os que gosto estão bem longe de mim, Ana Carolina é inacessível, tenho esta carioca libriana de voz lindíssima e de simpatia inigualável. Falta uma foto ao lado dela. Em breve.
Obrigada, Bella, por ser aquela artista que não se esquece quem a alimenta -- não apenas a Arte, mas os fãs de sua arte. Eu e todos os seus seguidores estamos ansiosos pelo seu novo álbum Mas meu coração não quer viver batendo devagar. Tô pensando em algo para poder participar de um dia de gravações ao lado de um monte de cariocas.