Não gosto de falar da minha vida pessoal, mas não tem como. De um ano para cá, mudanças -- literalmente -- inexoráveis começaram a acontecer. Mais uma delas: agora sou moradora da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
Os motivos não importam. O que importa é que há um ano, eu comecei a entrar num certo abismo de mim mesma. Coisas que começaram a não dar certo como antes, o ímpeto idealista murchando numa crescente cada vez maior... assim, a realidade parece apenas refletir o que há por dentro. E eu estava cansada, vazia, sem objetivos.
Foi quando comecei as pequenas mudanças. Um passo por vez. Uma coisa por vez. Dia após dia, caí - levantei - caí de novo. Caí mais fundo. Mas fui arrancando uma força que parece tomar conta de mim nas horas mais improváveis. Chorei, entrei em depressão. Para todo mundo aí fora, sempre mantive um sorriso, porque não importa. Não importa fazer propaganda da própria tristeza. Você precisa ser forte para não cair no jogo da vítima. Você não precisa de nada disso.
E seguindo fui... dia após dia, mês após mês. Crises horrorosas e imaginado que não conseguiria. Consegui. Não há fórmula mágica, não há segredo. Por isso, o fato de estar morando agora em Niterói é apenas este outro presente que ganhei. E vou confessar: ainda vou voltar pra Sampa, minha terra de paulistanos mal-educados que eu tanto amo. São Paulo -- o lugar que eu ando em cada centímetro e parece sempre que estou em casa.
Assim, os últimos dias foram corridos, intensos, pacote, embrula, desempacota, guarda no lugar. Nada de postagens, sem tempo para nada além de frilar e empacotar. E, agora, frilar e desempacotar. Por isso, os poemas, que espero que tenham gostado. Andei anotando umas ideias de posts que pretendo desenvolver em breve.
Obrigada aos Deuses que nunca nos abandonam à nossa própria sorte, como muitos imaginam. E obrigada a cada um de meus amigos que me ajudaram como podiam, naqueles piores momentos. Esses -- e eles sabem quem são -- eu nunca vou esquecer.
O cotidiano sob o meu olhar. De tudo um pouco, das coisas que gosto e de tudo que quero eternamente descobrir.
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horas desesperadas
Deixo as horas desesperadas
escorrerem entre meus dedos com calos
através de minha alma
ecoam os gritos silenciosos
das personas que vivem em mim
tudo bem… é apenas um outro segundo
nada que não tenhamos visto antes.
escorrerem entre meus dedos com calos
através de minha alma
ecoam os gritos silenciosos
das personas que vivem em mim
tudo bem… é apenas um outro segundo
nada que não tenhamos visto antes.
Deixo meus amigos invisíveis
fazerem marionete do meu corpo dolorido
já não me importo se as dores
confundiram-se com o que bebi ou comi
através de minha pele
exala o cheiro putrefato
de sonhos que morreram em mim
sem que eu tivesse percebido
tudo bem… como dizem
eu vou sobreviver.
fazerem marionete do meu corpo dolorido
já não me importo se as dores
confundiram-se com o que bebi ou comi
através de minha pele
exala o cheiro putrefato
de sonhos que morreram em mim
sem que eu tivesse percebido
tudo bem… como dizem
eu vou sobreviver.
Deixo a ansiedade, esta característica minha,
sorrir em meu lugar
mostrar a beleza que eu sei que existe
eu cumpro as obrigações
e eu estou ao seu lado, cúmplice,
eu sou o que você quer que eu seja
e deixei de ser
parte das energias cósmicas
uma estrela cândida e ingênua
tudo bem… não é sempre assim?
sorrir em meu lugar
mostrar a beleza que eu sei que existe
eu cumpro as obrigações
e eu estou ao seu lado, cúmplice,
eu sou o que você quer que eu seja
e deixei de ser
parte das energias cósmicas
uma estrela cândida e ingênua
tudo bem… não é sempre assim?
Deixo as horas desesperadas
invadirem os meus sentidos
tornarem-se meu guia
para este combustível de ansiedade
para responder às minhas perguntas
que nunca tinham sido respondidas
droga… eu apenas queria te conhecer
e saber que você seria minha
através dos tempos
ao longo de toda a existência… minha
unicamente minha.
invadirem os meus sentidos
tornarem-se meu guia
para este combustível de ansiedade
para responder às minhas perguntas
que nunca tinham sido respondidas
droga… eu apenas queria te conhecer
e saber que você seria minha
através dos tempos
ao longo de toda a existência… minha
unicamente minha.
E eu conto as horas desesperadas
que me perseguem em meus delírios esquizofrênicos
me estuprar, me deleitar, me destituir
eu quero cada segundo de cada hora
para simplesmente mostrar
que tudo está como deveria estar…
assim.
que me perseguem em meus delírios esquizofrênicos
me estuprar, me deleitar, me destituir
eu quero cada segundo de cada hora
para simplesmente mostrar
que tudo está como deveria estar…
assim.
(21/04/2008)
O vazio infinito
Em uma tarde como esta,
você pode querer assumir todos os desejos
e distribuir sua libido entre estranhos desconhecidos
um pulo no infinito vazio e escuro
minha alma seria seu subterfúgio
e sua alma seria meu secreto relicário.
você pode querer assumir todos os desejos
e distribuir sua libido entre estranhos desconhecidos
um pulo no infinito vazio e escuro
minha alma seria seu subterfúgio
e sua alma seria meu secreto relicário.
Em uma noite como esta,
eu vou querer ir além do óbvio do proibido
e furtar o pouco que resta de você
sou uma alma desesperada gritando no vazio
e não serei mais seu relicário.
eu vou querer ir além do óbvio do proibido
e furtar o pouco que resta de você
sou uma alma desesperada gritando no vazio
e não serei mais seu relicário.
Em uma tarde como esta,
não pedirei compreensão, mesmo que a precise
não estarei sozinha diante de meu próprio espelho
e não mais lembrarei de você
com o peso de minha franca consciência
não serei mais nada.
não pedirei compreensão, mesmo que a precise
não estarei sozinha diante de meu próprio espelho
e não mais lembrarei de você
com o peso de minha franca consciência
não serei mais nada.
Em uma noite como esta, eu penso
como eu nunca pude sentir saudades suas
e como eu nunca tive nada além do que queria ter
nenhuma surpresa, nenhum susto
distribua seu desejo entre estranhos desconhecidos
e eu pularei no infinito vazio e escuro
de frente.
como eu nunca pude sentir saudades suas
e como eu nunca tive nada além do que queria ter
nenhuma surpresa, nenhum susto
distribua seu desejo entre estranhos desconhecidos
e eu pularei no infinito vazio e escuro
de frente.
(14/01/2007)
Comentários breves e aleatórios
Os últimos dias têm sido muito corridos e em breve digo por aqui os motivos. Fato é que meu corpo tá podre, o calor carioca assola até o osso nessas horas e meu cérbero ainda precisa raciocionar com precisão. Welcome to real life!
Também aconteceram algumas coisas interessantes no plano internético e que merecem minha reflexão aqui fora. Vamos a algumas delas:
1-) notícias de pessoas que estão voltando a antigos empregos: me perdoa se alguma dessas pessoas cair no blogue e ler isto aqui. A vida é de cada um e apenas a própria pessoa pode julgar e dizer o que é bom ou ruim. Mas, eu tenho direito, aqui no meu blogue, de maneira anônima e sintética, dizer o que penso. E o que penso é o seguinte: entre seguir adiante numa estrada escura, sem iluminação, sem destino e sem saber de nada e voltar para uma casa que pode me dar abrigo, talvez mais conforto que antes e mais alimento que antes -- eu prefiro a estrada escura. Por que? Eu tenho essa mania de abrir caminhos com facas cegas, servir de inspiração e pensar: "eu posso e eu consegui". Muito pessoal e meio ególatra, mas eu sou sincera.
2-) para tirar belas fotografias não é preciso ter uma supermáquina com mega zoom, mega lentes e mega megapixels. Depois de ver as fotos de Grazy Pisacane ao longo de quase um ano, me certifiquei absolutamente disso. Ela tirou fotos desse mesmo show da Isabella Taviani (que tá todo mundo careca de tanto ver) e não ficou apenas tirando fotos e fotos e fotos do rosto dela (como vejo em muitas fotografias de máquinas com a descrição acima). Ela trabalhou o cenário, as luzes, as sombras, a fumaça de maneira tão bela que parecia um outro show!!! Fiquei impressionada e faço aqui mais elogios em público. Não puxo saco de ninguém gratuitamente, mas essa garota não apenas tem uma máquina boa e é fotógrafa: ela tem a sensibilidade de fazer outras imagens com a sua lente. É uma das melhores fotógrafas dos shows de Isabella Taviani que eu já vi. Moema Andrade é outra que muito me impressiona, mas faz tempo que não a vejo indo em shows... hehe.
3-) a diferença entre ser fã e ser louco: okay, eu sei que ser uma #DemôniaTwitteira significa ser louca. Mas não consigo. E todas as vezes que vejo fãs alucinados, não importa o artista, só me dá muita vergonha alheia. Eu gosto de ser essa fã assim... presente na hora certa. Ajudo na divulgalção do meu jeito, faço as homenagens no meu blogue, vou a todos os shows que posso ir... mas daí a roubar tudo que está no palco, tatuar nome no corpo, pegar toalha, ser indiscreto... me parece desnecessário. Mas, como hoje é dia de falar coisas desse tipo, perdoa se algum fã desse tipo cair aqui e ler este texto. É apenas a minha opinião, minoria absoluta.
E bora que o dia ainda está começando e não fiz quase nada!
vão ilusório
Seus olhos estão fechados
e ainda assim você insiste em olhar
como se pudesse ser capaz de capturar
alguma surpresa
alguma esperança inusitada.
e ainda assim você insiste em olhar
como se pudesse ser capaz de capturar
alguma surpresa
alguma esperança inusitada.
Seus lábios estão selados
mas ainda há algo que continua latente
alguma palavra perdida
esperança comedida
algo.
mas ainda há algo que continua latente
alguma palavra perdida
esperança comedida
algo.
E você anda e você se move
como se o ritmo pudesse apenas
aliviar a inquietação de sua alma
mas você já sabe
que é tempo desperdiçado
o tempo que nem veio
e aquele ido.
como se o ritmo pudesse apenas
aliviar a inquietação de sua alma
mas você já sabe
que é tempo desperdiçado
o tempo que nem veio
e aquele ido.
Você pensa que você dorme
mas seus olhos continuam abertos
seus lábios continuam à busca
de uma mesma palavra
de uma mesma sentença
um alívio para ignorantes
um vão de conforto
ilusório.
mas seus olhos continuam abertos
seus lábios continuam à busca
de uma mesma palavra
de uma mesma sentença
um alívio para ignorantes
um vão de conforto
ilusório.
E os dias se passam
entre estranhos conhecidos
desejos declarados e sonhos esmorecidos
até tudo girar
e fazer parte do esquecimento
até tudo girar
e voltar como algum fardo
esquecido.
entre estranhos conhecidos
desejos declarados e sonhos esmorecidos
até tudo girar
e fazer parte do esquecimento
até tudo girar
e voltar como algum fardo
esquecido.
E assim somos, eu e você,
faça sua arte e eu farei minha poesia
voltaremos a caminhar
como se nada tivesse acontecido
como se apenas pudéssemos
fingir
e sorrir
num vão ilusório qualquer.
faça sua arte e eu farei minha poesia
voltaremos a caminhar
como se nada tivesse acontecido
como se apenas pudéssemos
fingir
e sorrir
num vão ilusório qualquer.
(16/08/2008) > meu último poema escrito registrado.
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