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Após um longo tempo 1 - cookies sem glúten

Está na moda cada vez mais não celíacos aderirem à dieta sem glúten!

Culpa das farinhas brancas! Por causa dos programas de dietas, por causa do excessivo número de obesos, o ataque a tudo que faça inchar, cause enxaqueca, sirva como “cola” dentro do nosso sistema gastrintestinal. As farinhas brancas são atacadas sem dó. Confesso que não acho que a culpa seja inteira e unicamente da farinha branca. Mas vivemos numa época em que adoramos apontar o dedo como nunca! E, quem diria, um simples exemplo culinário vira metáfora para filosofia de mundo. Parei!!! ;-P

Depois que um amigo do curso de astrologia me disse o quão fácil era fazer cookies, fiquei com aquilo na cabeça. Convivo com pessoas com as mais diversas restrições pelos mais diversos motivos, então... resolvi arriscar fazer um cookie sem glúten, já que as pesquisas pela internet não me renderem nenhuma receita que me agradasse. Umas falam de uma massa grudenta, que você precisa ficar remoldando enquanto assa. A imensa maioria dizia mesmo que a massa era grudenta, que era necessário moldar com uma colher! Não!

Nem procurei receitas gringas, fui na intuição mesmo. Não ia usar ovos, nem farinha de trigo. Então, seguindo a lógica, bastaria mesclar 50/50 farinha de arroz com o amido e fécula. Bingo!!! ^^

Olha a receita. Alguns ingredientes podem ser difíceis de serem encontrados. As farinhas abaixo foram compradas na Zona Cerealista e, juro, meio quilo de cada e mal paguei CINCO REAIS ao total. No Rio de Janeiro, acho que na Casas Pedro você encontra os ingredientes.

Cookies sem glúten
100 g de farinha de arroz branca
100 g de farinha de arroz integral
100 g de farinha de arroz negro 
100 g de amido de milho
100 g de fécula de batata
1 colher de sopa rasa de fermento em pó químico
100 g de açúcar demerara (ou mascavo) [mais, para quem gosta de muito doce]
100 g de manteiga sem sal bem gelada cortada em cubinhos pequenos (ou 100 g de gordura de coco gelada)
1 fava de baunilha (ou 1 colher de café de uma boa essência de baunilha)
50 g de sementes de girassol
50 g de castanha do pará picadas grosseiramente
50 g de amêndoas cruas picadas grosseiramente
200 g de chocolate meio amargo picado grosseiramente (mais ou menos de acordo com o seu gosto)

Modo de preparo
Misture e peneire todos os ingredientes secos. Acrescente a manteiga gelada. A baunilha. Com as mãos, incorpore tudo até virar uma massa (como disse minha irmã "parece massinha de modelar"). Nada de massa grudenta. Você precisa ter uma massa modelável, que você pega com as mãos e faz os formatos de cookies no tamanho que quiser.

Quando chegar nesse ponto, acrescente os grãos e metade do chocolate. Incorpore tudo. Tampe a bacia em que estiver trabalhando com filme plástico e deixe na geladeira por pelo menos dez minutos. Caso a sua massa esteja meio mole, a geladeira vai deixá-la firme outra vez. E essa resfriada é boa para dar o choque térmico na massa, gelar a manteiga da massa, e dar uma crocância, embora amido de milho e fécula sempre resultam em massas "podres" e crocantes.

Preaqueça o forno a 200ºC. Enquanto isso, pegue duas formas antiaderente ou apenas untadas com óleo. Pegue a massa da geladeira, molde os cookies e deixe um pouco de espaço entre eles. Pegue o restante do chocolate meio amargo picado e coloque por cima. Ponha para assar por cerca de 15 a 20 minutos, depende da potência do seu fogão.

Quando assados, deixe a forma esfriando em uma superfície fria. Depois de uns 15 minutos, você pode retirá-los com ajuda de uma espátula. Coloque sobre papel toalha para esfriar de vez, o que leva mais tempo. Depois de totalmente frios, guarde-os em um recipiente hermético (dica do amigo do curso). Comprei potes de vidro grandes, com tampa. Dura uma semana e mantém a crocância.

E... yummy! Que surpresa, porque fica uma delícia!!!! 

Onde estão as lésbicas cultas deste país?

Ao contrário do que costumo fazer, escreverei um post temático. Não gosto dos rótulos nem da classificação grupal, mas este post é necessário, mesmo porque muitas meninas vem aqui ler este blogue. Talvez minhas reflexões sejam desagradáveis à maioria que o ler, talvez ajudem, talvez... nada.

O título é polêmico, eu sei. Eu tenho fugido dos temas polêmicos, porque as opiniões sempre se polarizam, radicalizam e extremismo não é a minha praia. Pode ser que eu erre ao tratar do assunto, mas preciso fazer esse questionamento e, quem sabe, alguma alma caia aqui, se compadeça e deseje também compartilhar seus pensamentos comigo.

Vamos lá.

Quero relembrar algo que S. sempre me dizia: "São Paulo é uma cidade com milhões de pessoas. Se você encontrar dez pessoas bacanas, será sortuda" -- acho que era assim, espero não ter errado! :P A questão é "onde estão as lésbicas inteligentes?". E inteligência nem é a quantidade de titulações acadêmicas que ela possui -- porque a garota pode ser uma verdadeira chata pedante, que por mais humilde que seja, não conseguirá deixar de te dizer entrelinhas o que é certo e o que é errado.

A inteligência também não é idade avançada, tipo mais de 40. Sim, num mundo de inclusão digital, mais de 40 podem ser consideradas tias. Sapatões-tias. Termo mais obtuso impossível, no entanto, muito real. A inteligência deveria estar ligada ao amadurecimento da mulher porém isso é relativo. Escrevi recentemente sobre imaturidade emocional e continuo afirmando que mulheres amplamente vividas não significa que elas sejam sábias. A fórmula da sabedoria me parece bem diferente.

A inteligência também não está atrelada ao grau maior ou menos de humanidade que ela possui. Como disse, e por experiência própria, esse é o rótulo mais perigoso e no qual você mais se engana! Porque as pessoas espiritualizadas possuem uma proposta que, se você desconfia, você é abertamente criticado! Como assim, desconfiar de uma pessoa assim?! Pois, desconfie. Desconfie de tudo, sempre.

Bem, se vocês repararem, a matéria humana é tão ampla, que nem parece que estou falando de lésbicas. Pois, então, estou falando de seres humanos. Em matéria de amor e relacionamentos somos todos iguais. Muda-se o gênero, o sexo... mas muita coisa mantém-se a mesma.

Recentemente, decidi me associar a alguns grupos lésbicos no facebook na (ingênua) tentativa de conhecer garotas novas para amizade. Primeiro que aos olhos da imensa maioria, conhecer alguém para amizade é algo inconcebível e sempre visto como "desculpa para ir pra cama com alguém". NOPE. No meu caso (e de repente alguns outros raríssimos -- mais BEM raríssimos mesmo) eu realmente quero trocar ideias. Conhecer pessoalmente, café, conversas, afinidades mentais. Qual o problema disso?

Entrei nos grupos, comecei a ler as postagens e... meus deuses do Universo: é assustador!!!! ASSUSTADOR!!! Estes tempos estão assustadores!!! E, olha, nem tô falando de gente escrevendo errado num português de doer o mais íntimo de todos os meus ossos. Isso é um detalhe. Eu me vi numa balada virtual, com flerte para todos os lados, meninas e mulheres carentes num nível de 10 anos sem sexo e se achando as piores e mais feias criaturas da face da Terra!!! Lembrei, com muito amargor, da minha péssima experiência de uns anos atrás, no antigo Espaço Unibanco. Com muita tristeza, percebi que as coisas não mudam, acho que elas sempre foram assim...

Admiro demais o trabalho da Del Torres, uma das fundadores do Parada Lésbica. Um grupo correto e honesto. Conheço a Del faz tempo e desde então até agora, não tenho negativo para dizer. Ela continua fazendo um belo trabalho, organizado e com caráter. Algo raro não só em São Paulo mas no Brasil. A Del está dando espaço para que todas as meninas possam ter um local correto onde possam encontrar pessoas com mesmas angústias, mesmos desejos, mesmos objetivos, seja algo sério ou apenas pegação. Há os encontros reais, o site de perfil para relacionamentos, enfim.

Acho que o que falta agora é um local virtual para reunir as sapinhas num outro nível. Será que só eu quero isso? Me parece tão demais que os gays, nesse sentido, estão anos-luz à nossa frente. Porque não existe essa de meninas apenas nesse estágio, porque eu sei que há o estágio seguinte. E é a esse estágio que estou me referindo.

Fiquei pensando que as lésbicas mais cultas (uso essa palavra num sentido mais amplo, que engloba inteligência acadêmica, inteligência espiritual e inteligência para cultura geral e/ou específica) que eu já pude conhecer foram em qualquer lugar menos em nichos lésbicos. Será uma tendência ou uma regra? 

Claro, conheci garotas fantásticas pela internet, fiz amizades incríveis e namoros duradouros. Mas o que me parece hoje é que a internet tornou-se a inclusão digital para essas meninas que estão longe de tudo e de todos e as outras garotas sumiram da internet. Será?

Meu período de participação no grupo está com os dias contados. Porque em pouco mais de uma semana, vi o suficiente para perceber que eu não pertenço lá. Veja-se pelo número de pessoas que me adicionaram. E veja-se pelo número de pessoas que "ousaram conversar comigo"! Isso porque sou muito aberta, receptiva e simpática (olha, momento raro da minha vida! rsrsrs *brincadeira*). Adicionei umas 20 meninas e exclui mais de 80%. Ao fim, restará bem menos que isso.

Assim, termino o post com o mesmo questionamento que comecei: onde estão as lésbicas cultas do Brasil? Ninguém quer conversar sobre filmes, tendências, comportamento humano? E eu direi algo muito triste: minhas melhores conversas são com mulheres heterossexuais. Tenho várias amigas de longa e média data com quem tenho conversas profundas e épicas. Com lésbicas? Algumas. Com Janaína, sempre. Com S. E outras.

Sinto que ainda vou pensar e refletir mais. Até lá, quem se aventurou a ler até aqui e queira compartilhar seus pensamentos comigo, mesmo que de maneira anônima, adorarei ler sua opinião!

Paz e até!

O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




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POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


Memória afetiva: sequilhos de leite condensado

O sinal dos bons tempos trouxe de volta a vontade de cozinhar. Fazia muito tempo que não me arriscava... por que? Eu adoro cozinhar! Adoro a química dos temperos, das combinações, da técnicas. Cozinhar é algo que todos os pais deveriam ensinar a seus filhos. 

Assim como ler com uma criança em fase de aprendizado aproxima pais e filhos, acredito que cozinhar também tem esse mesmo efeito. Fora que você estará não apenas estreitando laços que, certamente, determinarão o caráter de seu filho no futuro; mas também estará plantando sementinhas que germinarão surpresas maravilhosas, esteja certo.

Nessa toada, eu tenho uma das melhores memórias afetivas da minha infância: fazer sequilhos de leite condensado com meu pai. Não sei qual era a minha idade, mas sei que gostava de vê-lo misturar as coisas e depois me deixar enrolar meus biscoitinhos nos formatos mais esquisitos -- mas que toda criança acha o máximo! E eu lembro, até hoje, da sensação de comer esses biscoitinhos, assados e quentinhos, com meu pai.

É impossível tentar reviver o mesmo sentimento, mas é possível tentar fazer uns biscoitinhos. Nunca tentei antes, nem sei os motivos. Mas desde que meu ímpeto por cozinhar voltou, resolvi arriscar. Porque isso também vai de encontro com minha maior resolução para este ano: fazer as coisas que nunca fiz.

Saí pesquisando receitas e confesso que achei umas combinações bizarras. Biscoito de sequilho com ovo e/ou farinha? Não mesmo! Fui no básico: maisena, leite condensado, manteiga e fermento. E o resultado ficou delicioso!

O aroma dos biscoitos assando invadiu a casa. E eu fiquei, ali, sozinha, pensando comigo mesma. Aproveitando esse frio atípico em pleno verão (ainda bem!!!!), a chuva, os gatos pertinho de mim... novos tempos chegaram com uma força total. Me sinto vivendo plenamente meu ascendente em sagitário. Voltando a ser eu mesma, outra vez! Com um otimismo sem pedantismo correndo quente nas veias. E acho que comemorei da melhor forma, com esses sequilhos de leite condensado.

Para quem quiser fazer em casa, segue a receita. Rende mais de 50 biscoitinhos pequenos!

- maisena (cerca de 400g) 
- 2 colheres de sopa de manteiga sem sal
- 1 caixa de leite condensado
- meia colher de sopa de fermento em pó

Junte tudo em um recipiente e misture, inicialmente, com uma colher. Depois, lave bem as mãos e coloque a mão na massa! Estará no ponto quando conseguir enrolar com as mãos.

Faça bolinhas pequenas (do tamanho de um brigadeirinho de festa) e deixe bastante espaço entre elas na forma. Se não for usar uma forma antiaderente, unte a forma, porque gruda. Pré-aqueça o forno a 180C. Cada fornada fica no máximo por 15 minutos. E deguste! Ele fica fofinho... lembrando um macaron (claro, com as guardadas comparações). Enquanto comia, sentia a leveza da massa, mesmo sendo amido e fermento, e imaginei conseguir cortar e rechear com goiabada. Nem tentei... queria comer o biscoito clássico. Quem sabe amanhã?

Você, leitor, tem alguma memória afetiva ligada com infância e comida? Compartilhe! ;)

"A boa fama dos japoneses"

Vou compartilhar com vocês uma historinha que vivi hoje cedo. Uma historinha que ligou algumas reflexões que já vinha fazendo.

Numa lojinha de doces, onde sempre me abasteço das drogas pro dia, peguei um resto de conversa do dono, evangélico (a tv da loja está sempre ligada no programa da Igreja Internacional da Graça de Deus), com a filha: "Porque as pessoas não saúdam, não louvam, não agradecem. Tem saúde, dinheiro, casa, comida, emprego." 

Concordei. Como sou cliente cativa, a gente dá aquele sorrisinho simpático, misturado com bom-dia. Aí, eis que ele fez algo que nunca tinha feito antes: me incluiu na conversa. Porque eu já tinha presenciado conversas assim, mas nunca fui participante ativa, apenas ficava ouvindo.

"Porque os japoneses, sabe [disse já olhando para mim. Ao menos, não me confundiu com chinesa e coreana (com todo o respeito!)], eles não são assim. Eles são unidos. Quando alguém, amigo, parente ou conhecido, têm algum problema, eles ajudam. Eles são unidos [o que é verdade, e eu assenti]. Veja, mesmo eles louvando a Buda, eles são assim.]

Bem, a conversa continuou e eu apenas concordei. Em geral, não sou daquelas pessoas doutrinadoras das ruas. Sou daquelas que falam aos que querem ouvir. E que, no geral, apenas ouve e concorda (mesmo com vontade de discordar). Mas, sem mudar o assunto, achei interessante a visão dele sobre os japoneses (bastante real) e o aparte 'mesmo eles louvando a Buda'.

Uma informação essencial (e, para saber disso, ele teria de pesquisar e se informar a respeito) é que a imensa população japonesa é xintoísta (seguida de budista, católicos e outras religiões, como diz dados da própria embaixada japonesa.

Interessante, o ponto de vista das pessoas em geral em relação aos japoneses. Eu sempre ouço essa de "eu admiro vocês". Okay, de fato, os japoneses possuem qualidades incomparáveis. A união e a organização, por exemplo.

Muita gente tira os japoneses por honestos e legais apenas pela "boa fama" da raça. Veja bem, "boa fama da raça" para mim, é algo tão preconceituoso e vulgar quanto chamar um negro de "preto sujo". Não existe isso!!! Japoneses são seres humanos como qualquer outro ser do planeta Terra.

Uma rápida lida em livros de História mostrará o que os japoneses fizeram com chineses e coreanos no fim do século 19: os chamados "crimes de guerra japoneses". Isso não é divulgado e, eu mesma, só fui saber disso muito tempo depois. Não há louvor nenhum na guerra e muito menos no que os japoneses fizeram a chineses e coreanos.

Mas se isso foi uma lição a ser aprendida, após o sofrimento da Segunda Guerra Mundial, uma coleção de mangás foi escrita por um dos (senão o maior ícone) sobreviventes:  Keiji Nakazawa. O mangá se chama Gen, pés descalços. Tem versões em desenho e filme que podem ser acessadas livremente no YouTube. O livro pode ser comprado no site da Conrad. E vejam o filme!

Enfim, este foi um post que nem nasceu para ser post de blogue, mas post de facebook. Mas achei válido deixar registrado esses meus pensamentos aqui. Esses últimos dias têm sido bem profícuos e minhas reflexões estão a mil. A quem tiver chegado ao fim deste post, aguardo comentários sobre o seu ponto de vista em relação aos japas. Evitem o clichê, aliás, sim? ;)