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Carne de soja ao molho agridoce

Ai... nem vou pedir desculpas aos leitores do blogue, mas desculpe mesmo assim! Os dias corridos, os compromissos, a preguiça, uma certa falta de criatividade.... enfim. Dias e dias sem postar. Mas não sem ideias.... apenas... guardadas, digamos assim.

Direto e reto: em homenagem a minha amiga Gabitchs, "criei" mais uma receita com proteína de soja. Devo dizer que toda vez que assisto à deliciosa China de Kylie Kwong, eu penso no óleo de amendoim, no óleo de gergelim, no gengibre, no vinho chinês para culinária, no vinagre chinês para culinária e pimentas, pimentas... de todos os tipos! Secas, frescas.... ah.

Mas culinária chinesa adooora uma carne de porco. Evitando isso, pensei em como poderia fazer uma carne de soja que ficasse saborosa e que me satisfizesse as lombrigas que Kwong me causou.

Então, fiz assim. Peguei uns 300g de proteína de soja (daquelas grandonas) e coloquei de molho com um pedaço generoso de gengibre ralado. Troquei de água umas 3 vezes, mantendo sempre na geladeira.

Peguei a proteína e piquei ela simulando uma carne, ou seja, em tiras finas. A proteína grandona já é um corta tesão culinário só de olhar, certo? Pique-a devidamente!

Peguei 2 cebolas médias e cortei em formato de pétalas, bem grandes. Numa panela (eu ganhei uma wok, mas pré-preparar a bichinha dá tanto trabalho, que deixei para estrear a wok depois.... :P) no fogo máximo, coloquei um pouco de óleo de soja e umas duas colheres de óleo de gergelim. Fritei um pouco. Acrescentei 3 colheres de sopa de molho de soja, 1 colher bem cheia de açúcar mascavo. Coloquei uma colher de sopa bem cheia de gengibre picado em palitos. E cozinhei. A isso, os chefs chamam de "caramelizar". Dá-lhe caramelizar, mesmo porque, adoro sabores agridoces.

Um minuto depois, acrescentei a soja picada. Cozinhei. Acrescentei em seguida 2-3 colheres de saquê (na falta de vinho chinês...). Segui cozinhando em fogo bem alto. À parte, torrei numa frigideira uns 50g de sementes de girassol com um pouco de sal, apenas. Quando as sementinhas estavam começando a ficar marrons, joguei por cima do cozido e abaixei o fogo. Queria deixar o caldo apurando para penetrar bem na carne.

Uns 5 minutos depois, provei e vi que faltava um pouco de sal. Aí, fica a critério de cada um. Uma pitada, mais um minuto e pronto. Mermão... ficou uma delícia que só! Eu consegui exatamente o que eu queria: um sabor agridoce, com um picante do gengibre e o aroma inigualável do óleo de gergelim. Fora a crocância das sementes de girassol (que poderia ser substituído por amendoim. Usei semente de girassol porque comprei um saco imenso!).

Para mim, fica como excelente opção para os vegetarianos e para os adoradores de comida saudável! Espero que gostem! Fica devendo foto... ;-)

Capa da revista "Pulo do Gato"

Pessoal, eu sei que estou devendo posts e mais posts. Mas estou esperando o momento certo de escrevê-los... assim como este outono anda trazendo temperaturas e cores novas, muitas coisas têm acontecido dentro de mim. Devo dizer, apenas, que a ida a SP era imprescindível. Queria tanto ter encontrado tanta gente... e isso que passei uma semana lá! Será que numa próxima eu consigo? Espero que sim!


Enfim, estou pra dizer que inscrevi meu querido Floriano para concorrer ao concurso para ser capa da revista "Pulo do Gato". Segue aqui o link. Conto com o voto de vocês! ;-)

A verdadeira revolução

Ainda em Sampa, queridos leitores.

Passando um frio delicioso, com a chegada dessa maleta de frente fria. Resolvi esticar minha estadia até segunda que vem. Vantagens de ser frila e poder carregar seu trabalho aonde quer que você vá.... rs

Os últimos dias foram perfeitos. SIMPLESMENTE PERFEITOS. Não há adjetivo melhor para definir. E, gostaria de compartilhar algo: a revolução também se dá com o levantar de braços e com gritos. A revolução se dá com mudanças físicas no próprio corpo e ao nosso redor. No entanto, a verdadeira revolução se opera no nosso mais íntimo interior. Quase em silêncio... mas capaz de derrubar todas as barreiras, sem exceção!!!

Estou apenas feliz. Feliz de verdade. E quero compartilhar tudo isso com vocês!

Em Sampa!

Olha, posso falar uma coisa para vocês? Eu adoro SÃO PAULO!!!

Vou começar a usar aquelas camisetas com um "I heart SP" porque é incrível como este lugar me faz bem.

Cheguei e tenho curtido muito e tanto estar aqui que até resolvi postar essas "bobagens" como se estivesse escrevendo um suposto diário de 15 anos (coisa que nem tive na época...).

E nada mudou... ah nada muda. Uma tintura aqui e outra ali, as coisas continuam as mesmas. O pessoal mal-educado e mal-humorado. Os trens e metrôs cada vez mais lotados, as pessoas com pressa. E o céu... que céu azul lindo é esse, senhor??? Um azul único de brigadeiro, com friozinho à sombra. Agora eu sei que estamos no Outono! Uma das épocas mais lindas do ano (só não ganha do Inverno, claro).

Hoje não poderei ver nenhum dos meus amigos, mas a promessa é fantástica. E, olha a blasfêmia, estou tão bem de estar de volta à minha terra, aqui na casa de minha mãe, que nem tô sentindo falta. Ainda.... hehe. Mas verei Sharlene, Poliana e mais duas pessoas, ainda. Juro que tô pensando seriamente em esticar a estadia aqui, já que meus frilas são eletrônicos e posso ficar mais uns dias aqui no computador de sister.
Vamos ver... é apenas uma ideia. Quem sabe???


Por ora é só. Estou mega triste por não ter grana para ver Isabella Taviani, aqui em SP. Eu ando com saudades doidas daquela mulher cantando ao vivo... mas, não dá. Nem sempre dá para ter tudo que a gente quer, né?

Música do dia - Here with me

Oh, nunca fui de musiquinhas doces, com vozes melodiosas e tals. Isso é tarefa da minha irmã, que sempre me encheu de novidades nesse sentido. Inclusive, é ela quem gosta de Dido. Eu vou ouvindo umas rebarbas aqui e ali e às vezes gosto de algo.

Ontem vi um filme chamado "Mais que o acaso" ou Bounce, em inglês, título MUITO melhor. Casal insosso composto por Gwyneth Paltrow e Ben Affleck.  Mas eu peguei o filme pela metade, enquanto zapeava na hora do almoço. Bem na hora, estava tocando essa música da Dido "Here with me" e a cena conduzida enquanto a música seguia... me deu uma nostalgia danada de algo que não sei explicar o quê. O modo como ele olhava para ela, uma mulher perdida entre um sonho e um devaneio, uma atriz libriana conduzindo uma personagem libriana. O olhar dele tentando disfarçar que não tinha se encantado com essa doçura.

Só essa cena me fez terminar de assistir ao filme. Nâo me perguntem. Não aconteceu nada de extraordinário, mas oa menos fugiu um pouco (bem pouco) do lugar-comum. Eu gostei. E essa música ficou retumbando enquanto pensava no cd da minha irmã em sp (que vou ripar pra mim) e no quanto precisava ouvir essa música (como faço agora) no repeat one.

Em especial, esse álbum da Dido - No Angel - só tem pérolas. E a voz dela, rouca na medida certa, em arranjos bem ao meu estilo, me fazem viajar. E pensar nesse tipo de amor... tão puro e tão ingênuo, que supera a tudo.



Música do dia - Claridade

Tô num silêncio danado, né não?

Desculpe aos leitores deste blogue -- cada um deles -- que aterrisa aqui todos os dias em busca de algo novo. Mas... como dizem, fiquei sem nada para postar, sem ideias para compartilhar. Não sem novidades, estas são sempre muitas. Porém, sem vontade de postar. A criatividade vai embora junto nessas horas e nada faz com que ela volte. Menos agora, diria.

Tô aqui, ouvindo Claridade, da Ana Carolina. Essa cantora foi minha diva durante muitos anos... até que perdeu a graça. Me desculpem se vocês gostam dela... porém esse lance de popularidade demais, global demais estragou o talento dela. Heresia falar isso? Talvez. Mas não vejo letras inspiradoras, so sorry. As músicas boas somem atrás da enxurrada pop de refrão gritado e grudento, junto a parcerias estranhas que resultam em canções tão estranhas quanto.

Mas Ana tem pérolas, ô se tem. Eu nunca ousaria dizer o contrário. Eu sinto saudades da Ana simples, mineira que apenas empunhava seu violão e cantava com uma maestria e potência, equilibradas e bem dosadas. Para mim, Claridade é uma delas.

Lembro que houve um dia na minha vida, pelos idos de 2007 (ano difícil) em que voltei para casa, com essa música no repeat one, chorando muito e demais. Tão libertador. Hoje, anos depois, ouço essa música e penso em um filme noir, um personagem caminhando solitariamente em uma rua sem saída, lua cheia no céu, silêncio e vazio.

Acho que me sinto um pouco assim, agora. Trabalhando feito uma doida para tentar o novo, de novo e de novo e de novo... sempre. Em brevíssimo, irei a SP depois de muitos meses. Muitas saudades serão mortas, muitos amigos serão revisitados, muitas lembranças serão criadas, estou ansiosa por tudo! Aqui, quero apenas deixado o silêncio como forma de contemplação minha... estou aqui, apenas em silêncio.

Mantra

"Existe um lugar que deveis ocupar e ninguém mais pode ocupá-lo, alguma coisa que tereis de fazer e ninguém mais pode fazer."

Happy now

Não é a primeira vez que posto esta música... mas diante dos fatos mundiais e dos fatos da minha vida, vale ouvir essa música no repeat one hoje.


Massacre, violência e bullying

Há algum tempo que eu queria falar de bullying. Desde o caso Casey Heynes, que me emocionou demais, aos pequenos casos e à, infelizmente, essa tragédia que aconteceu em Realengo.

Eu fui vítima de bullying, durante a minha adolescência. Já falei algumas vezes neste blogue, mas agora este tópico será o texto central de um post. Falar de bullying atualmente é quase cair no clichê. Adolescência é um período foda (com o perdão da palavra): hormônios a solta que fazem um verdadeiro (quase) estrago na cabeça de um ser humano.

No meu caso, a intimidação ocorreu porque eu era (sou, aliás) JAPONESA. Acreditam? Ninguém acredita. Eu era a única japa da escola, a única do bairro e das redondezas, talvez. Mas, ao contrário do que parece, eu não sofri nada disso nas quatro escolas que estudei antes. Sim, eu mudei de escola várias vezes. Mesmo no bairro em Perus (onde meus pais moram) eu sofri tanta retaliação por ser japa (estudei da 5ª a 8ª série), ao contrário do que foi em Caieiras (onde fiz o Ensino Médio).

Eu sempre fui tímida e meio burrinha com as exatas. Nunca me encaixei no perfil de japa nerd, mestre das matemáticas e químicas da vida. Mas sempre fui exemplar em História, Geografia, Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Literatura. Sempre gostei de escrever poemas. E ia bem nas aulas de Educação Artística.

Mas não sei o que aconteceu no segundo ano. Entre o segundo e o terceiro anos, um grupo de moleques me infernizou. E eu nunca consegui fazer com que parassem. Nem os professores, em suas estúpidas tentativas. Músicas ironizando o fato de eu ser japa foram criadas. Me viam e puxavam os olhos ou faziam sinal do clássico cumprimento japonês. Todo dia. Antes das aulas, nos intervalos das aulas. Dois anos inteiros assim.

Eu tinha vontade de dar tiros neles, de tanto ódio. Mas, contra todo o inimaginado, eu fiz o contrário. Sentava na primeira carteria, na frente da mesa do professor. Comecei a estudar como uma frenética, para ser sempre a primeira da turma, tirar as melhores notas, inclusive em química, física e matemática. Eu tive professores que eram muito pacientes comigo. E eles davam exercícios extras que garantiam pontos a mais na média final. Por isso, minhas médias acabavam sempre subindo.

E eu lembro que participava de tudo que era possível participar -- e sempre com mérito, para ser a melhor. Montei duas peças de teatro com minhas amigas, que ganharam a melhor nota e uma pequena "tour" em que encenávamos para outras turmas da escola. Participei de concurso de poesias, ganhando o primeiro lugar. Minha turma montou um time de futebol de salão feminino e nós fomos as campeãs, tendo eu marcado um dos gols da vitória, numa prorrogação suada, jogando ao meio-dia.

Os professores me adoravam, mas meus colegas que me cantavam em canções de sarcasmo, não.

Eu nunca falei disso para os meus pais, somente meus amigos na época sabiam disso. E eu me sentia muito mal. São situações totalmente opostas e nem quero me comparar com o menino da Austrália ou o cara de Realengo, porque nem tem como. Cada um reage da forma que pode de acordo com a violência que sofre.

Não sei porquê somos uma espécie que precisa tanto mostrar superioridade uns aos outros. A insegurança que alguns atingem fazem com que as consequências sejam mesmo catastróficas. Eu chorei muito ao ver todos os depoimentos das crianças que sobreviveram (dizem, e eu acredito, que o assassino sofreu bullying que foi um verdadeiro catalisador para a mente esquizofrênica que ele já devia ter). Chorei ao ver entrevistas de Heynes contando como viveu seu bullying.

Eu sei exatamente o que é sofrer um bullying. Se você nunca sofreu, sorte sua. Sorte sua por ter passado a adolescência bem. Se você sofreu e sobreviveu, sem sequelas -- como baixa auto-estima, neuroses e esquizofrenias: parabéns. Mas muita gente não tem uma estrutura familiar boa para suportar esse tipo de situação. Eu sempre disse que meu anjo da guarda pessoal sempre me deu muitas forças, nunca me fez chorar. Porém, como disse, nem todos passam fácil pelo teste, sejam pela quantidade de facilitadores ou complicadores.

Pena que eu não guardo saudades daquela época. Nem amigos dessa época restaram, o que é uma pena. Apenas sinto falta da professora Márcia que sempre lia os meus poemas e chorava muito. Saudade de estar sempre no topo das competições, das notas e dos concursos... num lugar onde aqueles idiotas que me zoavam nunca estiveram.

Infelizmente, como li no jornal O Globo de hoje, essa fatalidade de Realengo (assim como a de Columbine) não tem como prever. Sinto muito pelas crianças que se foram. No entanto, um aviso pode ser dado: o sistema educacional pode sim combater o bullying. Todo mundo sabe quando alguém está sofrendo esse tipo de assédio e só fazem vistas grossas. Se o sistema educacional não fosse apenas um reduto de professores malpagos, malformados, desmotivados e se os pedagogos e diretores, as secretarias de educação e todos os envolvidos se esforçassem o mínimo, de repente, nunca mais teríamos histórias assim. Perspectiva otimista demais?

Trilha sonora de hoje: Sister

O rock da década de 90/2000 é uma coisa única que eu adoro. Lá no Japão, eu adorava ouvir essa música, que marcou muita uma época e que sempre me lembra... da minha irmãzinha! Em homenagem a ela, este post de hoje.

Um pouco de pensamentos

São exatamente três da madrugada. Um pouco aqui largada, num canto deste apartamento... um pouco absorta em meus próprios pensamentos... fones de ouvidos e músicas do Bon Jovi tocando... sempre me trazem lembranças de mim mesma.

Uma pergunta veio surgindo... assim, quieta como um pensamento solto, insistente como uma lembrança escondida, eco da minha própria voz: quem somos? Quem somos para julgar outra pessoa? Quem somos para nos intrometer em qualquer outra instância que não a nossa própria vida? Quem somos, no auge de nosso orgulho egoísta, para pensar que temos o poder de destruir tudo em nome de qualquer coisa, porque não importa, ela estará suja de sangue? Quem somos nós?

Não é uma pergunta como aquela feita no filme homônimo. Não é uma pergunta que eu, talvez, até saiba a resposta. Me incomoda esse silêncio contínuo neste blogue, mas não consigo pensar em outra coisa para ser dita. Precisamos medir as nossas palavras -- que tantos outros irão ler. Precisamos não ter medida com um amor tão genuíno que não conheço ninguém para descrevê-lo. Precisamos de um algo mais que, se não for encontrado logo, acabaremos nos autodestruindo. Não porque somos ignorantes, mas porque pensamos que deixamos de ser há muito tempo atrás. Entendeu a diferença?

Ultimamente tenho sentido saudade de tanta coisa... a saudade se mistura às lembranças, aos desejos, as possibilidades e as impossibilidades. Saudade de minha terra já não é nem mais extinto programa dominical. Saudade de SP é uma coisa que nunca deixará minhas veias. Gosto do Rio de Janeiro... mas aqui é quente demais (a gente precisa arranjar uma desculpa!). Aqui não tem Avenida Paulista nem nada semelhante. Mas eu gosto do Rio. Mas.. ah! Agora estava falando de saudade.

Agora me lembrei dos meus encontros nas noites paulistanas. Tantas lembranças... doces, perfeitas, únicas! Lembro da noite em que a minha amiga Sharlene me fez companhia após o show da Isabella Taviani, no Tom Jazz. Show em que não encontrei nenhum DT (exceto o Fer). Noites como aquela são únicas, não são, Sharleu? Era uma noite gélida, de vento gélido, que merece cachicol e casaco de verdade.

Noites como essa eu não quero nunca que terminem. E eu posso dizer que passei algumas delas ao lado da querida Sharlene. É uma sensação de bem-estar e liberdade que não dá pra explicar. Porque são em noites como essas em que revelamos os nossos segredos... abrimos o nosso coração e guardamos as melhores lembranças.... para serem desgustadas como faço agora.

Também tenho saudades das minhas caminhadas noturnas pelas ruas paulistanas. Aqui no Rio é impossível fazer isso sem pensar em ser assaltado ou coisa pior. Não sei explicar, mas em SP eu conseguia andar até de madrugada nas ruas sem medo. Será que era cada centímetro daquele lugar que parecia uma extensão da minha casa? Um pouco sim, talvez muito não.

E tenho saudades da minha filha Poliana, aquela com quem tive as conversas mais intensas. Quer dizer, tenho outras amigas com quem tive conversas assim... mas apenas essa criatura me entendeu como ninguém. É como se entendesse os meus pensamentos ainda nem expressos, algo que assusta. Tenho saudade dos minutos únicos, que eu sabia que seriam únicos. Tenho saudade do último almoço que compartilhamos... porque eu sabia que no dia em que "nos separássemos" seria praticamente para sempre. Todas as horas de intenso convívio seriam outra lembrança... para eu curitr agora.

Então, eu vejo o mundo agora muito estranho, meio frio demais, meio egoísta demais. Talvez tenha sido sempre assim, apenas agora eu vejo as coisas com máscaras a menos. Talvez, a gente perca mesmo a inocência com o tempo. Não sei. Mas me lembrar do que fiz e do que ainda posso fazer me dá forças. Decidi que quero continuar tendo muitos amigos... não sei se conseguiria recuperar alguns que perdi no meio do caminho... mas quero estar sempre rodeada dessas pessoas que me conheçam bem.

E, agora, meia hora depois... acho que vou tentar dormir. E agradeço a você, leitor, que veio até esta última linha compartilhar desses pensamentos tão esparsos e tão intensos. Obrigada por entender o silêncio, por estar ao lado quem aqui esteve. E vou com a outra pergunta que sempre ecoa na minha cabeça: "What's happiness to you, David?" (do filme, Vanilla Sky).

Bell Nuntrita

Porque, além de linda, é extremamente talentosa! Direto do programa "Thailand's got talent".


A humanidade e seu egoísmo intrínseco

Parece ironia, exagero meu ou será que -- para mim -- as pessoas andam mais egoístas do que nunca? 

Nesse período de extremo silêncio e solidão vivida (e, de certa forma, ainda vivendo...) o que mais reparei foram as pessoas que, com seus motivos variados, dizem sempre a mesma coisa:

"Tô super atolada de trabalho."
"Tô mudando de emprego."
"Tô fazendo horas extras, estamos com a programação atrasada."
"Tô começando um emprego novo."
"Tô cheia de frilas."
"Tô mudando de apartamento."
"Tô com problemas na família."
"Tô com muitas contas pra pagar e pouco dinheiro pra receber."
"Tô estressada e precisando de férias."
"Tô com problemas no trabalho, por causa de colegas invejosos."
"Tô com problemas no trabalho, por causa de chefe ruim."
"Tô cuidando da casa, dos gatos, da família, ando total sem tempo."

Eu não me excluo da lista e já usei muitas dessas respostas. Se era verdade ou mentira, cabe à minha consciência responder. Podem ter certeza de que tenho uma consciência bastante criteriosa e chata...

Por isso, em parte, eu entendo quando alguém me fala isso. Não vejo apenas como uma resposta social básica à pergunta "Quando vamos nos ver?". Acredito, de verdade, que seja uma realidade dura de conciliar, viver neste mundo que vivemos, tão corrido, tão estressado, tão apressado de Deus.

Mas em todas as vezes, todas, todas, eu penso em algo que minha mãe me dizia desde criança e, ainda, às vezes, a escuto dizer: "Você é quem faz seu tempo. Se você está sem tempo, é você que não sabe organizá-lo."

Lembro que quando era criança, não entendia muito bem, mas guardava as lições de minha mãe como o melhor guia que eu poderia ter na época. E já me peguei repetindo essa frase como boa discípula de Dona Leila que eu sou...

Porém, a questão que quero dizer aqui é mais simples do que falar sobre a amplitude do tempo. É falar que precisamos pensar, justamente em tempos como os nossos, em sermos menos egoístas. A calçada da rua precisa ser toda nossa. O semáforo estar aberto apenas para nós. A fila não existir para quem estiver nela há tempos, nos dando direitos eternos de furá-la quando quisermos. Buzinar e buzinar (como esse povo niteroiense) apenas com o abrir do semáforo, sem esperar um "atraso" de fato acontecer. Conheço gente que tem prazer em buzinar, como tem prazer em buzinar nas orelhas dos outros, em monólogos infinitos, pensando que tudo que tem pra dizer é a coisa mais deliciosa de se ouvir na face da Terra.

Este meu tempo de solidão tem me mostrado a verdadeira faceta de vários amigos meus. No entanto, claro, não deixo de entendê-los. É tão triste como entendemos o silêncio do outro como uma ofensa pessoal... quase nunca entendemos o silêncio do outro como pedido surdo e mudo de um abraço. Culpa nossa de achar que o tempo é o bem mais precioso de todos. A culpa não é da nossa falta de tempo -- e sim -- da nossa quase total incapacidade de saber usá-lo.

Como não sabemos usá-lo, parece lógico usarmos para nós mesmos apenas. Bem, como disse, entendo e compreendo todas as justificativas do mundo. Apenas não me desce o egoísmo humano que ultimamente anda muito fora do controle demais.

Pequeno agradecimento ao trio inabalável que continua acompanhando minha vida de forma inenarrável: Yumi, Filha e Sharlene. Vocês, à sua maneira, sempre serão indispensáveis na minha vida.

Novo morador

O tempo de silêncio é sempre necessário quando a mente anda "falante" demais. Claro, nem sempre os falantes sabem o que falam e mesmo os silenciosos também.

Quero compartilhar com vocês o mais novo morador aqui no apartamento: Floriano. Sua história é aquela velha conhecida: abandonado, perdido em um lugar público e recolhido por uma verdadeira protetora dos animais, Cristina Kok.

Fazia algum tempo que queria adotar um gatinho e ontem, quando vi esse gatinho lindo, não resisti. Agora, eu e meu amor temos um novo companheiro aqui em casa, que será cuidado com muito carinho e amor.




Zélia Duncan no Teatro de Niterói - um show de cores e talento

Para encerrar esta semana cheia de shows (foi algo inédito assistir a três shows), hoje fui ver Zélia Duncan no Teatro de Niterói (aqui pertinho de casa...) para gravação do seu DVD "Pelo sabor do gesto" e para comemorar TRINTA anos de carreira! Como assim, trinta?! Pois é. Nem acreditei quando ela disse isso...

Primeiro: eu não conhecia o teatro e achei-o lindo, soberbo.  Decidi que quero ver peças e mais eventos lá, ainda mais para aproveitar que fica a 10 minutos de casa! ;-) Segundo, o cenário: aquarela pura, seguindo a própria concepção do encarte do cd. Se você, por acaso, baixou o cd e não sabe do que tô falando, vai lá prestigiar a Zélia e compre.

O cenário em aquarela, combinando com o vestido balonê de ZD, com as roupas também coloridas dos músicos da banda, com o canhão de luzes... foi apenas parte do que o show reservava. A abertura foi assim, com "Boas Razões" e Fernanda Takai e John Ulhoa no palco com ZD. Direto, uma surpresa! Aquilo seria apenas o indício de como o show seria...

O setlist foi baseado no último cd dela "Pelo sabor do gesto" mostrou uma Zélia confortável, humilde e talento mais do que sobra. Outro destaque e surpresa que me emocionou foi que ela cantou o refrão de "Todos os verbos do mundo" em libras (linguagem dos surdos e mudos) após contar uma bela história que, não saberei reproduzir em nomes completos agora.

Confesso: foi o primeiro show oficial de ZD que assisti. Vi um show gratuito uma vez, há zilhões de anos atrás. Estou determinada a assisti-la mais vezes, porque enquanto a via no palco, entendi porque ela está onde ela merece estar: como uma de nossas melhores representantes da atual MPB. Sua humildade é tão inacreditável quanto a cena que vi do lado de fora, enquanto esperava para entrar: a mãe de Zélia estava na fila (junto aos mortais) para entrar no teatro. Na fila? Sim. Ela estava lá, sorridente, com a camiseta da gravação do dvd, como qualquer fã, esperando a vez de entrar. E não ficou na primeira fila! Para mim, isso demonstra claramente como o caráter da mãe selou o caráter da filha. E isso me fez admirar Zélia ainda mais. Ela tem a simplicidade -- e talento estratosférico -- que muitas cantoras e cantores da mesma geração (cheia de estrelismo pop) não têm. O movimento é de dentro para fora.

As surpresas de Christiaan Oyens, Marcelo Jeneci, Paulinho Moska (doido e simpático!) encheram o show com mais cores. Ainda foi lindo vê-la cantar "I love you" de Roberto Carlos. Ao final, todos os convidados subiram ao palco outra vez. Ficou uma sensação de alegria inefável... a alegria de uma artista feliz com os trinta anos e, como ela mesma disse, os próximos anos que a vida permitir. Ah, como assim?! A vida vai lhe permitir muitos e muitos e eternos anos!

Isabella Taviani no Teatro Rival - parte 2

Sim. Está virando regra meus posts sobre os shows que costumo ir. Fico muito feliz de ouvir os comentários e os feedbacks das pessoas que, em geral, gostam de ler os meus textos. Tenham certeza apenas de algo: escrevo com o coração, tentando traduzir com a máxima fidelidade tudo o que senti.

Primeira coisa que deve ser dita: admiro MUITO a artista Isabella Taviani. Porque é incrível como ela não faz NUNCA um show igual ao outro. Isso pode parecer um comentário meio óbvio, mas a certa repetição acaba sendo uma característica meio comum, quando a gente acompanha o artista de perto. Mesmo set list, mesmos comentários entre uma música e outra, mesmo, mesmo, mesmo...

MAS -- e enfatizo isso -- IT É UMA ARTISTA DIFERENTE. Gosto demais de suas músicas. Gosto demais de sua voz melodiosa e potente. Gosto demais de sua presença de palco. Gosto demais de seu carisma e do seu carinho para com cada um de seus fãs. Isso a torna mais do que única. Cada vez que vou a um show seu, penso em como ela consegue essa arte de ser ela mesma se reinventando todos os dias. > Isso não é simplesmente um elogio rasgado, é uma verdade visceral para mim. E motivos de sobra para justificar porque fui aos dois shows no Teatro Rival.

Último dia de show, havia um clima solto. Alguns rostos conhecidos da quinta-feira... outros novos. A casa ficou lotada! A abertura com o show da Thathi foi algo impressionante, porque foi a primeira vez que a vi ao vivo. Baiana de guitarra potente com um imenso futuro a frente! As covers e as músicas de sua autoria são lindas!

Também havia uma ansiedade para a participação de Luiza Possi. Mas, antes disso, tivemos uma doce surpresa agradável quando IT chamou Myllena para subir ao palco e cantar com ela a inédita "Canção de amor clichê". Confesso que com duas vozes e um violão apenas, ela ficou mais forte. E eu gostei mais dessa versão do que a ouvida no show da Myllena.

De repente, então, sem mais nem menos, no meio de "Borboletas e risos" entra Luiza Possi, num vestido lindo! As duas fizeram um dueto lindo nessa canção que ganhou todo a meiguice e doçura da loira, num resultado cheio de surpresas! Eu adorei. Pena que não estava preparada para gravar e peguei apenas metade do vídeo. Vamos torcer para algum fã ter gravado ela inteira!

Luiza Possi ainda cantou "Outro mar" (segunda vez que tive a chance de ouvi-la cantada ao vivo pela dupla -- a outra foi no Tom Jazz, ano passado) e num bis final, fez dueto no repeteco de "Digitais". Alguém queria mais? IT ainda incluiu "Recado do tempo" antes de terminar o show com a clássica "De qualquer maneira" (Peixinho, para os íntimos).

O público estava caloroso, mãos e vozes em coro... a casa lotada. Nessas horas, não me canso de deixar de olhar o palco e voltar meus olhos para o público. É fascinante observar rostos cantando, outros chorando, outros em transe, outros apenas.... assistindo. A banda, como sempre, unida e fantástica, naquela sintonia perfeita deles. IT e seus convidados arrasando.

E, como tinha comentado com a própria Isabella, a velha e boa IT que nós conhecemos, dos olhso arregalados, da certa angústia e intensidade de emoções está de volta!!! Não da mesma forma que a conhecíamos.... mas madura. Uma maturidade cheia de adeus ao passado e repleta de esperança do futuro. Os verdadeiros fãs entendem o recado e a aplaudem, confabulam e compactuam com ela.

Infelizmente, por causa do outro evento da noite, ela não pôde abrir o camarim. Faltou a foto e o abraço... (sorte a minha que tirei foto na quinta! rs) No entanto, sobraram emoções diversificadas para todos os gostos. A minha, em especial, é a contínua e crescente admiração por ela. Preciso de IT na minha vida. E obrigada, mais uma vez, por este show lindo que proporcionou aos fãs cariocas!

Isabella Taviani no Teatro Rival - olhos bem abertos!

Fazia um tempo que eu não vinha postar aqui. Por n motivos que não cabem ser ditos aqui, eu simplesmente tava na minha, quieta, no meu canto. Um turbilhão de emoções dentro de mim... e eu nem contava que fosse ver IT no Teatro Rival Petrobras hoje. Achei que seria apenas no sábado. Achei que perderia o Frejat ao vivo. Mas... quando o Universo conspira, a gente apenas acata e diz amém.

Graças à querida Borboleta Azul consegui comprar meu par de ingressos. E, assim, pude ter a oportunidade de -- mais uma vez, graças a Deus -- assistir a um show de IT. E hoje eu precisava. Hoje eu queria sentir a energia única dessa mulher quando está no palco. Hoje era especial... mais do que sempre já é.

Quem nunca foi a um show de Isabella Taviani não sabe o que está perdendo. Esta noite, por exemplo, perdeu uma parceria fantástica com Frejat cantando Bete Balanço. Sem palavras para descrever o baixo e a guitarra ao vivo, nessa música. Frejat com seu vozeirão lindo de Deus casou perfeitamente com IT. Aliás, abençoada esta mulher que pode fazer parcerias com vozeirões lindos como já tinha sido com Toni Platão no VivoRio e hoje no Rival!

Gostei demais de ver Argumentos de Vidro de volta no repertório, fazia muito tempo que não ouvia essa música ao vivo! Mas, para mim, dois momentos foram mágicos e especiais: Todos os erros do mundo (com os olhos arregalados de IT de volta, lembrando aquela mulher raivosa de 2003) e Diga Sim. Eu senti alguns cliques gigantescos dentro de mim... e eu agradeço demais pelo ser humano maravilhoso que é Isabella Taviani por compartilhar essa energia com seus fãs!

Hoje assisti ao show de maneira diferente. Sim, eu vi uma Isabella numa mistura perfeita de doce e raivosa. Sim, o figurino brilhante estava lindo. Sim, a química dela com Frejat era nitidamente sincronizada. Sim, o público cantou todas as músicas, respeitou seu silêncio e fez coro quando o microfone se voltou pra plateia. Mas, o que vi foi os músicos individualmente. É linda a "família IT" no palco. Vi Sérgio Melo tocar sua bateria inteira em Iguais. Vi Marco Vasconcellos e Catatau tocarem guitarra e baixo durante toda a execução de Todos os erros do mundo.

E recarreguei minhas baterias, minha energia, minha vontade. Apenas isso -- somente isso -- é que um show de IT faz com você. Vale ver. E rever, porque sabadão eu estarei de novo lá pra conferir a dupla fofa IT e Luiza Possi (que já tinha visto no Tom Jazz). Imagina a minha ansiedade?
ps: Hoje vou ficar devendo mais fotos e vídeos, porque fiz meia dúzia de fotos e nenhum vídeo, já que minha câmera foi sem bateria pro show. Prometo que sábado trago as recordações!

Saudades...

Hoje acordei com saudades.

Tal como define o dicionário, uma certa melancolia me atingiu hoje. Em cheio. Fiquei pensando num coração (de ontem) como uma estrada vazia e, se pintada como me sinto agora, ela teria as cores da saudade. E qual seria a cor da saudade para mim? Uma mistura de sépia com salmão em tons alaranjados...

Fiquei pensando se estivesse em São Paulo, o que estaria fazendo agora? Quando as vontades são maiores que a capacidade realizá-los, sempre nos sentimos assim... meio fracassados, meio perdidos. Fazemos pensamento positivo e entregamos a nossa sinceridade aos trâmites misteriosos do destino. E seguimos um dia após o outro.

Tudo parece ser sempre mais tentador quando não faz parte da nossa realidade. Se o ditado da grama do vizinho parece ser unânime, então por que pensamos assim? Talvez, mesmo quando impossível, o desafio é o grande xis da questão. Temos vontade de fazer algo, mas desde que seja o desafio maior daquilo que a nossa mediocridade pode suportar.

Mas, voltando à saudade, sinto saudade do cheiro de SP: poluído em tantos lugares, arejado e único em outros. Sinto saudade de pisar em cada centímetro daquele lugar -- mesmo os desconhecidos -- e sempre me sentir em casa. Sinto saudade dos meus amigos: tantas e tantas pessoas que não falo há tanto tempo! Queria sentar num banco de praça e ficar vendo as horas passarem... as pessoas correndo de um lado a outro, com pressas. São Paulo é a cidade das pessoas apressadas! (em mal-educadas também... mas isso é detlahe! rs)

Também tenho saudade do cheiro de mato, de olhar o verde e me perder no movimento calmo. Saudade das lojinhas da Liberdade. Do cinema vazio à uma da tarde. De andar pela Rua Augusta... das longas conversas que compartilhei tendo a Avenida Paulista como testemunha...

Nada é como deveria ser. Se eu estivesse em São Paulo, talvez sentisse saudade do Rio. Do carioca que anda sem pressa, do mar-- disponível a qualquer hora do dia, sem estresse. Do sotaque, das pessoas que sempre sorriem (em geral). Mas é sempre assim: a grama do vizinho é sempre mais verde. 

Mas é fato: hoje acordei com muitas saudades.

O sem-parâmetro como parâmetro

Como tinha postado anteriormente, deixei um gancho para falar da ausência de parâmetros como parâmetro. Vou explicar onde tenho visto essa regra imperar e, como consequência, presentear seus afiliados com a mais ampla gama de experiências. Falo de relacionamentos amorosos.

Há quem defenda a liberdade total nessa delicada área da vida de qualquer um. Não deixo de entender os motivos. Veja: se você for um franco atirador, amar é um definitivamente um ato livre! Você pode amar em todos os níveis -- da paixão absoluta ao amor menor (existe isso? Eu acho que sim!), e experimentar as mais diferentes sensações. Conheço -- E MUITA -- gente adepta dessa prática.

Por outro lado, há quem defenda o critério meticuloso como maneira de se relacionar com alguém. Conheço pessoas que decidem que detalhes pequenos servem para decidir a inviabilidade de uma experiência a dois. Também conheço MUITA gente adepta desse estilo. Dificuldades com o português, uma certa higiene aqui e ali, um tic nervoso: tudo isso pode vir a ser motivo para o total descarte de um pretendente. Também entendo esse pensamento porque, durante muitos anos, foi o meu fio-condutor para a minha vida amorosa.

Mas, vejamos a simplicidade da coisa: extremismos não servem nem mais no Oriente Médio, quem dirá na vida amorosa do ser humano? Sou contra a liberdade total -- caiu na rede é peixe; e também sou contra excluir alguém porque a pessoa esqueceu de colocar crase num verbo bitransitivo e troca uns 's' às vezes. Isso tudo parece hilário, mas acontece demais na vida real!

O que me fez pensar no texto desse post foi que, em um período curtíssimo de tempo, presenciei -- em diversos meios de comunicação -- a defesa quase nervosa do sem-parâmetro como parâmetro. É quase neguinho apontando o dedo na sua cara porque você pode ser meio indeciso ou meio seletivo demais. Ou é neguinho dando conselho sem ninguém ter pedido. As pessoas gostam demais de se meter na vida das outras... o que me fez pensar o seguinte: não está fazendo mal, então não pode ser tão ruim assim, né?

Não. Não acho. Não gosto de ninguém apontando dedo na cara de ninguém, principalmente um defensor do sem-parâmetro querendo fazer descer goela abaixo um parâmetro. É quase um silogismo? Não sei, também. Só sei que vou compartilhar o seguinte (numa tênue defesa dos criteriosos em relação ao franco-atiradores): até o momento, não conheço UM EXEMPLO sequer de uma pessoa REALIZADA que pegava ou amava o primeiro que aparecia na frente. Por um tempo, até parece excitante a aventura do sem-limites. Mas, longe de moralismos (quem me conhece, sabe bem disso), o qeu vejo é um coração esburacado pelo tempo.

Esses que amam indiscriminadamente são carentes disfarçados. Porque disfarçam sua carência na ampla abertura de amar quem estiver disponível. Porque disfarçam sua sensibilidade em sua agressividade. E porque, com o tempo, vão espalhando aos quatro ventos que não restam esperanças, depois de uma vida inteira tentando, tentando... e nada conseguindo. Porque, sim, a pessoa mesmo atirando pra todos os lados, continua sozinha e solitária. Com sorte, não estará muito amarga.

Assim, basicamente o que quis dizer com o post de anteontem foi: os sem-parâmetros querendo comprovar seu parâmetro (e ponto de vista) pra mim, é totalmente furada. Desconfio demais e não ouço conselhos mesmo! Por outro lado, como disse antes, sem extremismos. Ou dá tudo ou não dá nada, não dá. E, somente cá entre nós, eu confesso que gosto de certas regras, certos requisitos, ainda mais no campo amoroso. Para uns, o coração é uma estrada livre e perdida. Para você?...

E sobre o livro que li...

... não direi o nome agora, porque ainda está no prelo. Futuramente, eu falo!
(este post é continuação do post de ontem. Leia aqui)

A questão toda que o livro aborda acabou me custando uma leitura demorada, mas necessária. Fiquei pensando na premissa mais básica: se um autor escreve um livro assim, é porque tem muita gente que lê. E se uma mulher (sim, é uma autora) pensa assim e muita gente lê, é porque muita gente pensa assim! Não dá para ser mera curiosidade. No Brasil, a literatura não se dá esse luxo.

Aí, eis que tenho lido uns textos que falam sobre a sexualidade da mulher, que é muito reprimida. E fico pensando: muito interessante, morarmos no Brasil, o "país do sexo" vendido de bacia em cada esquina... e as mulheres têm problema para chegar ao orgasmo. Era pra ser fácil? Ou era pra ser mais simples?

Aí eu penso em alguns emails que recebi e algumas briguinhas bobas que tive nos últimos meses. Não consigo deixar de pensar em uma única coisa apenas, que acabou interligando todos esses assuntos: mulher é mesmo um bicho muito complicado!

No entanto, não deixo de considerar que a mulher ajuda, mesmo me parecendo uma literatura tão pobre quanto a de um forçado livro de autoajuda. Ela escreve bem? Escreve! Tem boas intenções? Tem. Mas, para mim, ela comete um erro que algumas pessoas cometem: ajuda quem não quer ajuda. E insiste em reforçar certos conceitos de que precisamos viver sem parâmetros.

Sou uma seguidora de leis? Não. Mas sou seguidora de bom senso. Conheço muitas mulheres que vivem sem parâmetro e me parecem pessoas assim como ela: vendo a idade avançar, com farpas na língua, resposta pra tudo, mínimos detalhes para criticar e pré-estabelecer o que é certo ou errado. Ops?! Eu cometo esse mesmo erro muitas vezes, não escapo do problema. A questão é: você vive sua vida assim, agora espalhar que é melhor viver assim?

É sempre perigoso colocar todo mundo na baciada da generalização, como também é perigoso polarizar. Ela se dá a "auto-licença" por ser escritora de crônicas? Sinto muito, isso para mim é uma licença poética fajuta mascarada para fazer autoajuda.

Talvez tudo isso tenha sido apenas resultado pelo fato de eu ter odiado a leitura do livro. Se ela cortasse 90% dos textos e deixasse alguns irônicos, críticos de política e cultura, seria um excelente livro. Mas ela mistura uma autoajuda sem-vergonha com supostas crônicas que não vi graça nenhuma. Parece uma Marie-Claire meio Nova lapidada com ares de literatura. A mim, não engana.

ps: ainda voltarei ao tema das pessoas que vivem sem parâmetro e que pregam parâmetros aos quatro ventos.