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David Lynch - feliz aniversário!

"Sessenta e cinco anos atrás nascia David Lynch". Não existe maneira mais simples de começar um texto. "Sessenta e cinco anos e maior parte deles dedicada a Arte". É... talvez o Mestre gostasse de ler algo assim. Será?

Nunca mais haverá um cineasta que faça o que fez no cinema: mostrar o mais simples do simples do simples, a rotina, o ordinário, o comum e ir desconstruindo, descascando, desnudando até chegar a outra (simples) ideia de que, no fim, todos são iguais: iguais em sua bondade, iguais em sua maldade, iguais em sua perdição, iguais em sua ignorância. Somos todos e nenhum. 

Queria uma forma "honrosa" de homenageá-lo no meu simples blogue, mas isso é impossível. Ao invés disso, farei algo que talvez ele me dissesse, se fosse ler este texto: "Seja você mesma". Pois vamos então!

Já li e preciso reler o livro "Em águas profundas: criatividade e meditação". Dele, vou retirar um pequeno trecho que acho muito peculiar com o que estou vivendo e com o que acho que vale ser dito a qualquer um em qualquer momento da vida.
"A vida é cheia de abstrações e a intuição é a única maniera que temos de rastreá-las. Intuir é enxergar a solução, reconhecê-la por inteiro. Intuição é a emoção e o intelecto trabalhando juntos. [...] Pessoalmente, acho que a intuição pode ser aguçada e expandida através da meditação, mergulhando em Si Mesmo. Dentro de cada indivíduo existe um oceano de consciência, um oceano de soluções. E quando mergulhamos nesse oceano, nessa consciência, nós a despertamos. [...] Não se mergulha em busca de soluções específicas. Mergulha-se para despertar esse oceano de consciência." (p.47-8)
Não preciso mais dizer que David Lynch significa muito para mim: o modo como olho um filme, olho um roteiro, olho a luz e a fotografia. A meditação e tudo que podemos ser. Acho muito justo, aqui, postar uma foto que eu mesma tirei no dia em que ele esteve no Brasil para divulgar seu livro. Horas e horas na fila de espera com Poliana e Rafael Elias valeram a pena. Primeira fila para a gente, sábias palavras do mestre, filmes e fotos. Eles até conseguiram autógrafos! rs

Fico imaginando o que o próximo filme dele retratará. Inland Empire (do qual ainda não tive coragem de falar aqui, dada a sua simplicidade complexa) foi de difícil degustação, mesmo para os fãs mais ardorosos dele, como eu. Mulholland dr. já tinha sido. Bem, nas próprias palavras dele, que ele nunca cansa de dizer: não precisa entender um filme, ele pode ser o que você quiser que ele seja. Que assim seja! A este capricorniano (nos últimos graus de carpricórnio) com ascendente em escorpião e lua em virgem mais uma longa vida cheia de intuição, criatividade e filmes para pobres mortais, como eu. Feliz Aniversário!

Aura (ou fotografia kirlian)

Em minhas leituras pessoais, descobri algo que queria compartilhar com os leitores do meu blogue. Trata-se do conceito de aura e do modo como a fotografia kirlian consegue captar essa "estranha energia" que envolve nosso corpo.

Para muitos, a aura seria o perispírito. Para mim, a aura é um denso e leve campo de energia, que reflete a nossa natureza básica e tudo o que somos e pensamos. Tudo é feito de energia, concorda? A partir desse princípio, não preciso ser crédulo nem cético para ver as fotos kirlinianas e ter certeza de que, mesmo o que muitos olhos não veem, as coisas continuam existindo. E me parece burro argumento perguntar por que objetos têm aura e não apenas coisas vivas... oras, se TUDO é feito de energia, porque um ser "inanimado" não teria aura?

Agora, o mais engraçado sempre é digitar "aura" em um buscador e achar como sinônimos: parapsicologia, pseudociência, misticismo, esoterismo. Artigos de céticos que gostam de ser contra em tudo o que não se encaixa no 2+2=4. As pessoas precisam aprender a treinar a olhar as coisas com menos medo. Não precisa acreditar em tudo o que vê, mas o que custa você tentar ver, de coração aberto, ver o que realmente sente dentro do seu interior, e não o que a sua cabeça manda? Pra fazer isso, não precisa ser religioso nem místico nem nada. Para isso, basta ser humano e ser sensível.

Demorei a achar um vídeo que achasse interessante para compartilhar aqui. Este aqui me pareceu bom.

Entre tolos e espertos

Ultimamente, tenho tido a sensação de que NADA mesmo pode ser como antes. NADA. Nossas atitudes, nossas necessidades, nossos sorrisos, nosso contato com o outro ser humano, nossa relação com o planeta Terra, nossa relação com nosso próprio corpo, nossa relação com nossa própria alma.

Eu vejo alguns lampejos que sinalizam a necessidade de algo diferente. É um milissegundo num dia inteiro em que alguém diz "Não deveria ser assim", "Quero algo que está fora de mim...", "Vontade sair gritando e correndo, mas sem saber para onde...". Mas a pessoa é sempre engolida na rotina do dia a dia, na avalanche pessoal de dissabores. E aquela beleza daquele milissegundo se perde para sempre.

As pessoas passam a sua vida inteira nesses lampejos irrealizados. Podem ser tornar seres humanos amargos ou, simplesmente, seres humanos que confundem o excesso de alegria com felicidade. A felicidade não vem em excessos, porque ela simplesmente existe. Outros seres humanos simplesmente nem se preocupam com essas coisas, porque existem coisas mais importantes para se preocupar. Aí a felicidade é mesmo item de luxo.

Mesmo na impossibilidade de declarar algo mais concreto, eu vou seguindo, minimamente tentando ser menos medíocre, ignorante e egoísta. Dura tarefa...

Estrogonofe vegetariano

De vários e vários meses para cá, um sentimento vegetariano vem se apossando de mim. Não, eu nunca fui vegetariana, e muito pelo contrário, sempre adorei os prazeres da carne (na gastronomia). Mas... (e talvez no meu íntimo eu saiba os motivos), a carne simplesmente perdeu sua graça. Eu ainda adoro um cheiro de um bife frito... mas não me dá vontade de comer. Adoro um frango bem grelhado ou mesmo um ovo frito, peixe cru. Não passa disso. 

Minha mãe nem acreditaria em mim, se eu contar esta história. Mas ser vegetariano não foi um opção forçada, foi meio que uma opção do meu corpo, que eu apenas venho seguindo, sem lutar contra. E devo dizer que não sinto falta, mesmo. É possível ser muito criativo com todos os legumes, verduras, grãos e temperos sem sentir falta da carne. Vai por mim, quando digo isso!

A opção do finde foi um estrogonofe do qual eu já tinha falado com a Gabitchs a respeito. E também ouvi e li relatos de pessoas que não se deram bem ao fazer a receita. Bem... resolvi fazer o meu teste e devo dizer que... ficou divino! Muito melhor que muito estrogonofe de carne que comi por aí!

Vamos à receita.
Ingredientes:
200g de proteína de soja texturizada (aquela que parece com carne moída. Pensei em usar uma grande e picá-la, mas a preguiça me fez usar a já moída)
margarina o suficiente para fritar a cebola e um pouco para incorporar depois à soja
1 cebola grande picada em cubos pequenos
1 lata de milho em conserva (não tinha champignon, foi milho mesmo!)
1 caixa de creme de leite
páprica doce
noz moscada (em grãos para moer na hora)
mostarda (em pó ou pronta, mas de boa qualidade)
conhaque para flambar
pimenta caiena
sal a gosto

Pra mim, noz moscada é o melhor tempero do mundo. Combina com quase tudo, é discreta e tem um sabor único que tempera muitas coisas de maneira perfeita. Para o meu estrogonofe (que aprendi a fazer com a minha filha...) o importante é ter esses três ingredientes: noz moscada, páprica e mostarda. Tem gente que gosta de estrogonofe a la molhe rosé. Eu não.

Frite bem a cebola na margarina. Acrescente a proteína, um pouco mais de margarina a gosto e continue fritando. Acrescente o milho e siga fritando (eu conto uns 5 minutos). Acrescente a noz moscada moída na hora (a gosto, mas eu sempre coloco bastante), 1 colher rasa de sopa de páprica doce, 2 colheres de sopa de mostarda em tubo (da Hemmer, a mínima para ser usada), um pouco de pimenta e refogue. Abaixe o fogo, vá sempre acrescentando um pouco de água fervida e quente, porque a proteína não solta água então o complemento é sempre importante.

Conte aí uns 10 minutos refogando em fogo baixo, mexendo, acrescentando água e provando o tempero. Enquanto isso, você prepara arroz e outras coisas que você vai servir. Em casa fomos de arroz branco e escarola refogada no alho.

Minhas tentativas de flambar nunca deram muito certo e dessa vez não foi diferente. A escolha da panela adequada para fazer isso é crucial, mas como não disponho de tanta panela aqui... o flambar quase nunca dá certo. Mas se você tem a panela certa e tem experiência com flambar, flambe. No meu caso, eu coloquei meio copo de conhaque, (tentei flambar) e aumentei o fogo para evaporar o resto do álcool. Conte aí mais 5 minutos.

O creme de leite vai apenas ao fim de tudo. Você vai ver na sua panela um molho meio laranja queimado, um cheiro delicioso no ar, um caldo na quantidade adequada à carne de soja, temperos corretos na medida certa. É hora de jogar o creme de leite. Coloque, aumente o fogo e deixe borbulhar por 1 minuto. Desligue, tampe e sirva. E veja se não deu certo... porque pra mim, deu!














ps: meu palpite para o estrogonofe vegetariano dar certo é que a proteína de soja precisa estar bem temperada. Ao contrário da carne, mais delicada e com preparo mais rápido, para a proteína de soja, eu fiz o inverso: deixei refogar por mais tempo, para que os temperos se incorporassem bem!

Nostalgia e um pouco de IT

Recordações no tempo...

Lembrando quando meu tornei fã da Isabella Taviani (aka IT). É engraçado pensar nisso agora, quase dois anos depois de tudo começar. Eu sempre confundo as datas (depois de tantos shows) e vou deixar aqui registrado, neste sábado ainda fresco.

A primeira que fui a um show dela foi em julho de 2009, véspera do meu aniver. Ganhei um convite para ir a The L Club (que boatezinha chata) e vê-la. Mal sabia eu que Fernando Ramadan, Tatah e Moema estavam por lá e que eu viria a conhecê-los no futuro! Odiei o ambiente cheio de cigarro (não tinha lei antifumo aquela época), o atraso do show, o som ruim. Já acompanhava o "reality show" que vinha sendo a gravação do novo cd dela e estava ansiosa para vê-la cantar ao vivo. Vi um show bom, tentei xavecar o segurança para receber um abraço pela primeira vez, mas ela não atendeu ninguém naquela noite. Fui embora frustrada sem saber o que o futuro reservaria...

Meu segundo show foi no Rio de Janeiro, no Circo Voador. Primeiro show dela com banda, eu fiquei impressionada! Eu ganhei a promo dela pelo twitter e um par de ingressos. Nesse dia, fiquei até quase 2h da manhã para vê-la cheirosa, de banho tomado, cerveja na mão e "vip" porque não peguei fila pra vê-la, fui a primeirona! hehe Tanta emoção tirei minha primeira foto com olho fechado... tsc.

Gosto de lembrar disso e de todas as vezes que me encontrei com ela, com ou sem querer querendo (porque isso JÁ aconteceu e meu leitor deste blogue sabe disso!). Acho engraçado lembrar que foi a minha querida amiga Fabiana quem a indicou e eu lembro que tava numa fase tão Ana Carolina que odiei imaginar alguém a imitando! (olha a heresia) E confundir Ana Carolina com Nila Branco e IT foi fase... até eu decantar tudo e ficar apenas com uma única artista na minha vida. IT pra mim é muito mais do que artista, do que cantora... tem algo por detrás de um mistério que nunca entenderei. Só sei que sempre estarei com ela, onde ela estiver, não importa como, para o resto da minha vida.

E o momento mais nostálgico disso tudo não é nem uma canção de IT mas uma música que foi meu tema no período em que morei no Japão. Já postei aqui e posto de novo:

Trilha sonora de hoje: The dope show

Porque a única pessoa que falou decentemente dessa absurda notícia de novo signo astrológico foi o Alexey Dodsworth, astrólogo do Personare. Pior que toda vez que essas notícias circulam, as pessoas ficam confusas, ainda mais do que já são, sobre a Astrologia. Quem quiser entender um pouco mais sobre o que foi dito, leia o blogue do Alexey.

Clima e catástrofes

Depois de ler tantas coisas sobre as catástrofes que, infelizmente, vêm assolando a região sudeste, eu comecei a tuitar algumas coisas que, decidi, virarão este post.

É muito fácil culpar o governo porque prometeu x e não fez nem metade de y. É muito fácil culpar qualquer que seja o partido que sempre foca em tantas medidas emergenciais para tentar resolver um problema quase tão insolucionável.

Pior é ver que em todo verão é a mesma coisa. Todo mundo sabe que vai chover horrores, que vamos bater novamente o recorde do volume pluviométrico. Vamos fazer piscinões, alargar a marginal, cuidar dos morros para que eles não desabem, abrir ou fechar as comportas.

Fica todo mundo de olho e esperando que o governo solucione tudo assim, com uma varinha mágica e num piscar de olhos. Por que? Porque somos preguiçosos, somos sempre os vitimados que esperam sentados que alguém resolva tudo. Não movemos um pelo do cu para a mínima ação necessária.

Por isso me irrita um pouco essa falsa filantropia, essa falsa preocupação e essa falsa bondade. Ninguém parou para olhar no espelho que a culpa é de cada um de nós pela Planeta Terra estar do jeito que está. E não vou defender uma única ong aqui para falar disso. Vou falar porque cuidar do planeta sempre foi mais do que obrigação nossa.

Não separamos nosso lixo. Não procuramos coleta seletiva. Não jogamos pilhas em lixo adequado. Jogamos nossa bituca de cigarro no chão. Não esperamos achar uma lixeira para jogar o comprovante do Visa Electron. As garrafas pet se amontoaram na margem do Rio Pinheiros. Vamos subindo os morros, descampando matos em nome de qualquer coisa. São poucos os que dão exemplos para os muitos. E os muitos, por ignorância, por preguiça ou por ganância, não querem saber de nada.

Por isso, compartilho das orações pelas pessoas que morreram nas catástrofes. Mas chorar leite derramado nunca foi meu perfil. E ter dó ou pena por mortes não evita outras, quem dera se fosse assim.

Me diz, o que falta pra você se conscientizar do mínimo que pode fazer pela casa em que você vive, o Planeta Terra? Não espere nada dos imediatistas, egoístas e gananciosos, porque não virá nada. E os outros?

E como sabiamente disse meu amigo Miguelson agora: "O pior é culparem as chuvas. Os governos municipais têm obrigação de mapear suas regiões de risco e analisar as chuvas dos últimos anos, inclusive construindo cenários catastróficos, tipo, e se as chuvas triplicarem? Em uma era de informação, mas também de aquecimento global, ninguém, especialmente governante, pode por a culpa no fenômeno natural. A chuva, desde sempre, fez a mesma coisa: chover."

Epifania

Hoje pela manhã eu tive um momento único. Era o momento que eu esperava há alguns meses... não esperei que viria numa conversa informal, dentro de um ônibus na Avenida Brasil. Mas as coisas são assim: elas acontecem quando você menos espera. Você precisa apenas semear o terreno ao seu redor, dar imaginação e muita criatividade à sua vida. E as coisas acontecem, os frutos nascem. Nesse momento, não há fogos de artifício. Apenas uma sensação de pura leveza e muita, mas muita paz interna.


Agora é arregaçar as mangas e lutar. A luta silenciosa, sem holofotes, sem observadores, sem vencedores e sem perdedores. Vamos todos sermos felizes, de verdade, sem falsas ilusões e sem medo?

Além da vida - o filme

Sábado fui assistir a Hereafter ou Além da vida, novo longa de Clint Eastwood. Já sabia do que se tratava, já sabia que havia umas críticas azedas e já sabia que era estreia. Fui ao cinema ciente de que tudo seria possível. E, de certa forma, foi.

A tecnologia em massa tem prós e contras. Para mim, como uma razoável cinéfila que me considero, as pessoas quando vão ao cinema querem A EXPERIÊNCIA exterior. Querem  altas descobertas, querem uma epifania, querem fogos de artifício. E, muitas vezes, se esquecem que muitas coisas simples são as melhores coisas que podemos ter. Algo que este novo filme do Clint Eastwood traz.
Claro que, para mim, a cena inicial do tsunami me fez ter tremedeira e sair umas lágrimas. Tenho pavor de água em excesso e sempre arrisco dizer que morri afogada feio em uma vida anterior. Mais que altura, água em excesso me aterroriza mesmo. E essa cena do filme foi antológica, daquelas para ver e rever, tamanha a precisão de detalhes e realismo.

Eu andei lendo, depois de ver o filme, umas críticas. Mas todas elas pareciam extensões das pessoas que estavam comigo no cinema que apenas disseram: "Demorou pra acabar, ein?" Neguinho gasta vintão pra ir ao cinema e apenas dizer isso??? Não parece preguiça de pensar?

A crítica mais honesta que eu li é esta do Correio Braziliense por Felipe Seffrin. Me pareceu à altura diante do honesto filme feito por Eastwood. Porque, convenhamos, seria muito fácil -- fácil demais -- cair em clichês, tanto para fazer um filme, quanto para criticá-lo. Um homem de 80 anos de idade não precisa provar mais nada para ninguém, certo? 

Eu confesso que esperei uma visão pessoal de Clint Eastwood no filme. E me surpreendi que ele sequer acredita em vida após a morte! Então, com isso, o filme é ainda mais uma história sensivelmente bem contada sobre um tema simples: VIVER. Você pode acreditar ou não, isso não importa, o que importa é o que você vai fazer com sua vida diante disso. E esse argumento irrefutável é o que Eastwood mostra com maestria.

Indico o filme para quem tiver curiosidade além daquela de criticar a ausência de um blockbuster. Se você não quiser sensibilidade na medida certa, não gaste seu precioso dinheiro. Saiba que estará perdendo um belo filme, que não quer provar nada para ninguém, não quer fazer maniqueísmos e não quer ser um dramalhão. Quer apenas deixar o recado de que a vida deve ser vivida.

Defina amizade (parte 2)

Cliquei no label: amizade e achei isto aqui. Em brevíssimo, post sobre o assunto, com minhas novas reflexões... Bom sábado a todos!

Trilha de hoje: Falsidade Desmedida

Porque essa música também se aplica e MUITO às amizades. Em nome das verdadeiras amizades, dedico esta música.

E uma dedicatória especial à querida P (assim, curto mesmo) que em tão poucos meses me presenteou com uma nova amizade que fazia tanto tempo que não sentia. Você renovou as energias em mim, obrigada querida...

 

O capitalismo vencendo a Arte


Acabei de ler esta notícia de que o cinema Belas Artes vai fechar em São Paulo no mês que vem. E eu nem poderei ir fazer minha despedida devida deste cinema que marcou muito meu período alto cinéfilo!

Assim como aconteceu com o Top Cine (alguém se lembra desse cinema?!) na Avenida Paulista que também tinha longa e fechou. Virou "mais uma" loja de grifes dentro de um shopping griffento. Eu lembro do Top Cine porque era uma cinema bom de se visitar, sempre com aqueles filmes que não passavam em lugar nenhum (quase um irmão gêmeo do Gemini, ops trocadilho proposital?). Lembro que o último filme que vi lá foi o polêmico Brown Bunny. Eu e mais uma meia dúzia de gatos pingados na noite e no meio de uma semana qualquer.

No Gemini eu vi Um Beijo Roubado com meu amor, meu último filme visto lá. Aliás, aquele cinema não deveria sequer ser reformado, porque é uma verdadeira viagem no tempo. Adoro o banheiro a la Kubrick e as poltronas a la David Lynch. Alguém teria coragem de destruir isso em troca de um blockbuster? Vá ao blockbuster e não mexa aqui!

Alguém se lembra que o Cine Bombril um dia foi um cinema chamado Astor??? A maior sala de SP com quase 1.000 lugares? Ainda bem que este não parece que vai ser fechado. Pois assisti várias pré-estreias que me fizeram dormir na madrugada com a minha irmã -- como Dogma e Colateral. Acredito que o patrocínio vai bem e, ao que parece, nenhuma notícia ruim paira sobre o antigo Astor.

Agora... o Belas Artes vai fechar. O cinema que abrigou tantas lembranças minhas e antes das minhas e a de todos os que DE VERDADE gostam de cinema. Infelizmente, não lembro qual foi o últime filme que vi lá. Mas sei que foi sozinha. Mas lembro do único Noitão que fui (ao lado da querida Sharleu... noite memorável e inesquecivel aquela!) nos idos de 2004. Lembro dos filmes únicos que vi por lá. Lembro dos passeios noturnos pós-cinema. E tenho certeza que essas lembranças devem se misturar com as de muitas outras pessoas. 

Agora não mais. O capitalismo venceu mais uma luta, mas não vencerá NUNCA a luta contra a Arte. Mesmo que ele se transvista de falso intelectual (o que acontece), ele nunca vencerá.

Flores, flores, flores...

Da minha virada de ano, quero apenas deixar as flores abaixo, que compartilho com vocês, em minhas humildes fotos tiradas. A natureza pura e intocada.



Uma ode ao amor

Faz algum tempo que queria fazer um (novo) post sobre o amor. Ao mesmo tempo que sentia falta dele -- como o belo sentimento que parece estarmos esquecendo --, eu sentia essa agonia intrínseca que não consegue ser dissociada desse sentimento. Minha pergunta: desde quando amor é sofrimento? Minha outra pergunta: por que apenas amamos alguém sexualmente? Então... o que é amor?

Já imagino milhões de ecos de resposta que já ouvi ao longo da minha vida. O que me pareceria meio óbvio torna-se uma incógnita: se todos já sabem disso, por que a permuta de amor e dor ainda continua? Por que somos seres humanos tão dependentes do sofrimento para sentir que há vida pulsando? Por que insistimos no paradoxo, mesmo sabendo que ele não existe? Por que criamos o paradoxo para ratificar a vida que existe por si só?

As pessoas acham e pensam muita coisa, mas se esquecem do principal: quem somos no mais íntimo recôndito de nossa alma. E essa digital virtual apenas nós mesmos a conhecemos. Essa marca que não precisa ser exibida para que outros acreditem que ela existe. Pois existem algumas pessoas por aí que exibem suas cicatrizes como troféus de uma vida amarga da qual não se extraiu nada além de rugas, conta bancária vazia e sonhos destroçados.

Pois apenas penso que somos os seres humanos que deturparam o verdadeiro sentido do amor. Não deveríamos associá-lo a dor, mas o fazemos. Colocamos ele na mesma balança do ódio, com pesos e medidas iguais. Confundimos ele com paixão. Achamos que ele precisa ser eterno com uma pessoa específica, mas ele é eterno com todos. O amor não é herói nem bandido, é apenas o sentimento que une a todos, com a maior pureza que ainda nem conhecemos. O amor não é instrumento de compra e venda, pois seu real sentido perpassa além da tosca semântica que conhecemos.

Acredito que todos nós, sem exceção, já fomos tocados por esse amor puro, digno e infinito. Mas o nosso problema é querer sempre possuir, dominar e controlar tudo, por sermos inseguros com tudo aquilo que é exterior a nós. E perdemos a magia desse sentimento... e perdemos o seu real significado... e ficamos dando voltas e voltas, vivendo de uma felicidade feita de ilusão para voltar ao ponto inicial.

Não sou melhor nem pior do que ninguém que leu este post até aqui. No entanto, estou tentando o diferente, escapar das armadilhas ilusórias que nos prendem a nós mesmos. E, acredito, que o verdadeiro amor apenas seja a única chave real de libertação. Apenas o verdadeiro amor.

Welcome 2011!

Primeiramente, um FELIZ 2011 a todos os visitantes deste blogue. Por causa de problemas com o blogger, uma postagem do ano passado ficou para este ano. Ou seja, os poemas postados ontem saíram com a data de 2010. A despeito da confusão de datas, considerem este o primeiro post do ano.

Espero que com cada um de vocês, a data tenha tido um sentido mais especial do que simplesmente se embebedar e vomitar e acordar com ressaca no dia seguinte. Os anos se passam e quase nada muda. Isso não lhe traz uma sensação de permanência desagradável... não daquilo que deve ser preservado, mas daquilo que deveria ser descartado e que continua... quase como um câncer incurável.

Totalmente atualizada agora, vejo que nada muda mesmo. As pessoas até sentem a necessidade de algo melhor para si mesmas, mas isso parece tanto uma penitência, que elas fogem de si mesmas. Não é inacreditável? A possibilidade de mudança, o singelo deslumbre de que muita coisa poderia ser melhor. Por que não podemos ser felizes?

Para muita gente, o significado de ser feliz é estar em comunhão com outros, compartilhando vícios e falsas ilusões. Infelizmente, eu não consigo. Eu já tenho lá as minhas dificuldades em estar em grupos, quanto mais compartilhando vícios e falsas ilusões. Mas essas duas coisas são uma verdadeira tentação a aqueles que nem consideraria "fracos de coração" mas apenas... seres humanos.

E a aqueles que se reconhecerem de alguma forma neste texto, vamos pensar as coisas dessa forma: tudo na vida sempre foi escolha, preço pago e consequências. O livre arbítrio sempre foi a única coisa que realmente pertenceu ao ser humano, o bem maior. E cada um nem sempre sabe o que fazer com as coisas que possui... mas pode aprendê-las um dia. Todos estamos em contínuo aprendizado... com humildade, com força e com muita coragem.

E é isso o que desejo a todos os meus leitores deste blogue: muita humildade, muita força e muita coragem. Para saber usar o livre-arbítrio. Para discernir a felicidade ilusória da felicidade real. E para, juntos, seguirmos mais um ano neste cantinho aqui... compartilhado com muito carinho com todos vocês. Paz!

Alguns poemas - parte 2

Depois do ano de 2001, nada mais foi igual em minha vida. Desnecessário entrar em detalhes agora, mas um nítido reflexo foram os meus poemas. Eu refinei meu estilo e digamos que tenha, finalmente, encontrado a minha verve literária, minha digital poética, que eu manteria, com retoques, ao longo dos anos seguintes.

Os poemas separados aqui são apenas amostra básica da imensa vastidão que existe. Uma vez mais, espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais do meu -- tão pouco divulgado -- lado poético.

ps: esta leva de poemas é dedicada a todas as pessoas que desde 1992 leem os meus poemas. Algumas pessoas foram leitoras ávidas... algumas pessoas foram constantes como a Sharlene, provavelmente, minha maior leitora de todos os meus poemas e também aquela a quem confiei a guarda dele (junto com a Priscila Mota).

ps 2: descobri que há um hiato no meus poemas entre 2004 e 2005. Vou fazer uma caça intensa em emails e amigos. Espero apenas não ter perdido esse material!

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migalhas 

Eu vi pombos sobre o telhado,
era uma manhã branca
era um dia branco
e eu vi pombos sobre o telhado
não escutei passos
nem senti o calor,
não havia pessoas
nem testemunhas,
e eu vi pombos sobre o telhado.

Não contei quantos pombos eram
eu vi apenas sombras
eu somei palavras às atitudes
eu era uma alma na multidão,
o silêncio com palavras e risos
e eu vi pombos sobre o telhado,
era uma hora branda
alguma lembrança.

Não havia mais nada:
e eu contei pombos.
eu vi pombos sobre o telhado
eu vi pombos sobre o telhado
eu vi pombos sobre o telhado

(11/03/2002)

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Castelo de espelhos
(dedicado a P.B.)

Ante a sombra
de um sol eclipsado
viste a ti mesma no desnude
de tuas incertezas.
Reflexo de teu regurgito
odor de tuas aspirações
oh...
eras apenas tu
era apenas tu.
Clone de teus anseios
não viste o teu grito desesperado
terminar no fim de um eco
perdido
na manhã.
E tu sabes
foste meu espelho
e eu refleti teu complexo
incompatível de existência.
Teu castelo de espelhos
um dia pôde
refletir a tua imagem.

Hoje, tu és teu calvário
há outra alma tão perdida e solitária
para a tua, tão igual, entreter?

(um dia tu saberás pular em tua própria piscina)

(29/05/2003)

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sem resposta 

Longas cartas
escritas à suor e sangue
eu pensei tanto em você,
sim, eu pensei apenas em você,
e esperei uma resposta.

Longas mensagens de celular
infinitas
tempero de desejo e ansiedade
eu pensei tanto em você,
como ainda penso em você
apenas esperando uma resposta.

Longas conversas no telefone
a qualquer hora do dia
eu pensei tanto em você
e eu adorava pensar em você
enquanto esperava uma resposta.

Longos minutos de silêncio
transformados em horas
em dias, em semanas, em meses
eu penso em você
e eu espero uma resposta.

Longos sonhos e pesadelos
momentos solitários
em qualquer lugar
onde eu possa pensar em você
e onde continuo esperando uma resposta.

Longas tentativas, infinitas
um amor intenso e eterno
enquanto o tempo passava tenso
eu pensei tanto em você
e eu esperei tanto uma resposta.

Mas, a resposta era a não-resposta
pois sem resposta eu fiquei
enquanto pensei, pensava e penso
em você
você.

Sua resposta era o silêncio
que sempre estivera ao meu lado
a sua ausência, o seu vazio, o nada
eu pensei tanto em você
e fiquei… sem respostas
apenas como tinha de ser,
apenas como tudo
insistia em ser:
sem respostas.

(27/10/2007)

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Os dias que são iguais aos outros dias

É…
eu conheço sua música favorita e você conhece a minha
em dias como estes, com silêncio e músicas favoritas,
eu posso dançar com as minhas memórias e imaginar
como a vida é tão engraçada… docemente irônica e assim
lembrar tão alegre de você, de suas piadas e de seu humor característico
tudo aquilo que nunca deixei de admirar e amar
você deve estar vivendo sua vida com o sol a raiar
erre sua vida e a aproveite ao máximo em todas as suas nuances
porque o destino prega umas peças imprevisíveis
e sabe como é… o amanhã quase nunca é igual ao ontem.

É…
nesses dias de lembranças tão intensas e insanas e impossíveis
nunca me esqueço daquele jeito tão específico
que nosso humor tinha de se conectar e assim permanecer
era quase viciante a destreza mental com que podíamos fazer rir
e mentir a realidade, e sucumbir a dor, e transcender todos os limites
sabe que eu tenho procurado alguém semelhante assim
mas, acho que assim, não vou nunca encontrar ninguém
pois nunca houve ninguém e nunca haverá ninguém
que tão bem soube assimilar o meu humor e a falta dele.

É…
tantas coisas sempre acontecem a cada segundo novo de nossa vida
e nunca há presente, vivemos do término do passado e a iminência do futuro,
vivemos procurando respostas que não existem, felicidade que não é perene
amigos que não são eternos, dor que seja curta e momentânea,
certezas absolutas que nunca existiram nem nunca existirão
compreender e ser compreendido, anular–se para, assim, ser amado,
vivemos na fronteira de uma suposta felicidade e da eterna alienação
e, se vivemos, teremos de viver com os olhos abertos e tanta coragem…
sim, minha cara, tantas coisas sempre acontecem e roubam a inocência
transformam a força em egoísmo e a esperança em relicário escondido
mas nunca deixei de sentir saudades de você, do que foi inteiro e genuíno,
tantas e tantas e tantas coisas… que se perderam, aquelas bem poucas que ficaram.

É…
flores amarelas e vermelhas sob o céu azul sem nuvens, eu continuarei me lembrando de você
e, solitária, dançarei com minhas memórias.

(13 de agosto de 2006).

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Coração deserto 

Se eu fechar os olhos por um momento
talvez eu seja capaz de desenhar o meu futuro
e este será o instante em que não sentirei ansiedade nem angústia
todos os temores se dissiparão eu conseguirei sorrir livremente.
Pois que o presente seja tão incerto quanto as lembranças do passado
e o futuro sempre reserva uma fração de esperança
para os sonhadores, raça quase extinta, seres humanos
fadados à dor, à solidão… quase como eu e você.

Mas se você fechar os olhos por esse instante
talvez você não consiga ver as coisas que eu vi
como em sonhos premonitórios, quando nunca é dia ou noite,
seremos duas almas separadas, cada uma trilhando sua própria linha
não nos encontramos, não iremos nos reencontrar
e a espera será apenas mais uma característica de personalidade
quase uma cicatriz, um verdadeiro defeito congênito,
e o que restar será compartilhado como migalhas para pombos.

Eu vou fechar os meus olhos por um momento
esperando que alguma coisa mude entre o segundo do desejo e o do desespero
uma fração de um milésimo de um minuto para o fim
se parece ser muito mais fácil desistir, eu escolho continuar
todos os meus passos já são conhecidos, minhas intenções
então nada restou para descrever ou para conversar, nada,
e comigo mesma eu ficarei com mãos vazias, corpo vazio, olhos vazios
uma alma despedaçada e vazia… sem migalhas para mim mesma.

Eu vou fechar os meus olhos por um momento,
e numa suposta prece que eu nunca rezei, eu vou pedir
que a compreensão seja mais ampla que pré–julgamentos
pois mesmo que a vida seja cíclica e eu assuma meus compromissos
o primeiro sinal de silêncio vai aliviar a angústia desta alma
para nunca mais calar o silêncio de um espírito solitário,
nunca mais haverá manhã ou noite em que o eco de uma voz
não será refletido de volta para o mesmo espelho vazio,
a compreensão e a empatia não são características do ser humano,
mas mesmo assim eu peço que olhem do meu ponto de vista e compreendam
o que os olhos humanos não vêem jamais, o que corações não sentem
o que almas vazias como as de vocês jamais perceberam
e me deixem ir com os olhos fechados e um sorriso nos lábios.

Então, não feche seus olhos comigo, nem por dó, nem por imaginação
assim, só e feliz, eu permanecerei entre cinzas e lembranças
pois é triste saber de alguém que passou por sua vida e nada deixou
eu passei pela minha própria vida e acumulei todo o conhecimento possível
tentei auxiliar, tentei compartilhar e como eu tentei me integrar,
mas o ar sempre é muito denso… ou eu ficava na superfície, ou no fundo do âmago,
e entre a angústia de nunca saber onde permanecer eu decidi sublimar
decidi que não era mais minha escolha, nunca tinha sido minha escolha,
o meio–fio de minha decisão era a minha maior e única decisão
e quem quer que caminhasse pelo meu coração, nunca deveria ter esquecido
que em um coração deserto, apenas se caminha sozinho.

(20 de novembro de 2006)

Alguns poemas - parte 1

Decidi compartilhar alguns poemas meus aqui no blogue. Acho que já fiz isso há muito tempo atrás... decidi separar aqueles que eu gosto muito.

Eles fazem parte de uma velha Cris... intensa, sonhadora, apaixonada, platônica, idealista. Não conseguiria nunca mais escrever um poema assim... mas tenho orgulho desses exemplos que abro para vocês, aqui! Muito!!!

Esta primeira leva trará algumas coisas bem antigas... rs. Espero que gostem. Aguardo coments! ;-) 

ps: esta primeira leva é dedicada à Claudia Bertrani, a quem devia alguns poemas.

_________________ 
Baile 

Ao baile dos poemas, entreguei-me na noite passada
e mesmo no silêncio mudo, misterioso... inquiridor
tenho os vestígios: resquícios de sua arte, sua dor
e acordei com palavras tristes... mas abonadas,
perguntei ao relógio do tempo que não é tempo,
mas mera figuração, idolatração: passatempo.

Ao baile da ansiedade cheia de escárnio, chorei
lágrimas, e com elas, fiz tinta que usei em pena
em alusão à mulher que tanto me traz cenas
em sonhos, em pesadelos: marquei-me, esperei,
mas o silêncio da solidão foi duro e taciturno
minhas mágoas não encontraram momento oportuno.

E tremi...
entre transes 
de ópio e morfina,
pretendi
esquecer a vida 
que desatina,
malogrei
sangrei
dei...
ao obscuro
o que não tinha,
e busquei
não em mim
mas fora
... de mim...
o que
só em mim
havia.

Ao baile da solidão eterna o tempo todo eu compareci,
dias e noites, madrugadas e manhãs vazias, mal vividas
os estranhos me serviram de companhia para a sina
que eu escolhi e pretendi, e que não sabe que adoeci,
mas acordei com palavras e poemas, perfeitos,
que saberão, em sua sapiência inviolável, dar-me preceitos.

(20/05/2001)

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Tuas palavras 

Dize-me as cruéis palavras
tuas adagas de fogo enterra em mim,
jazo-me nua sem nenhuma adarga,
tenho meus sentimentos biografados
e livre de atitudes estóicas
ainda com estima mantenho-te aqui
entre os braços tênues da ceva e da colheita
sem tolher a tua liberdade de movimentos.

Perfura-me com as infiéis palavras,
não vejas brotar gemas de sorrisos
que com lágrimas, foram regadas um dia,
admite que minha falta sente
e não será de mim que a dor escorrerá
em ti, ela supurará
não trepides em ver a realidade colorida,
não duvides desta dor tão sentida.

Usurpa-me com os direitos que tiveres
se não tiveres nenhum, continua mesmo assim
dilacera-me.... trucida-me...
preenche a tua ânfora, esvazia-me a minha
leva-me ao ponto do sem-fim
sem arrependimento, ultrapassa fronteiras
definitivamente, enterra tuas palavras
e não tomes mais nada de mim.

(24/10/2000)

_________________
Terço 

Vou rezar um terço
de uma terça parte de uma noite qualquer,
vou querer que fique
tudo bem com você esta noite,
pois eu sei que hoje
você vai precisar
você vai estar completamente só,
minhas preces serão uma só
igual a uma chuva que só molha
se caírem todas as gotas juntas,
e bem juntas...

Vou acender uma vela
iluminarei os caminhos claros
de espíritos perdidos,
e emprestarei a minha mão
para você poder caminhar
entre sombras, entre neblinas
entre seus medos...

Vou pedir uma única vez
numa única prece
a felicidade que você
roubou de você mesmo,
em meio à chuva que cai
e que pouco molha,
não sei como conseguiu
confundir lágrimas com
gotas singelas de água,
talvez fosse necessário
muitas lágrimas e pouca chuva,
mas, eu sei que mesmo assim,
você vai estar bem
sempre esteve bem,
e jamais percebera isso
e ainda assim
rezarei um terço em muitas terças
ou sextas
para você estar,
pois você vai precisar
ficar bem.

(01/11/1995)

_________________ 
Falta 

Falta  tempo  para  dizer  obrigado
ou  faz-se  falta  de  coragem
sinto falta  de  sua  presença
quando  faz  frio  lá  fora  
falta  força para  suportar
a  falta  que  faz  sua  ausência
tenho  medo  de  falar
que  sinto  falta  por  não  ter  paciência
e  faz  tanto  tempo  que  faltou
uma  chance  para  dizer
toda  falta  que  sinto  de  você   
em  alegria  em  refazer
um  sonho  que  diz  estar  morto
falta  tanto  tempo  para  observar
todos  falarem  a  mesma  língua
sorrirem  na  mesma  alegria
cantar  no  mesmo  tempo
e  acho  que  falta  muito  tempo
para  acreditar  no  que  se  passou
e  que  ainda  passará
na  dor  que  senti  e  que  ainda  sentirei
nos  passos  faltosos,  nas  ordens  faltosas
na dor  que  sobra
e   na  certeza  que  falta
quando  sinto  sua  falta,
quando  não  está  aqui.

(02/09/1994)

____________________ 
Simplesmente amo-te 

Com a simpleza 
que separa os ocasos
do simples acaso
com a ambigüidade
que iguala as raízes
mais infelizes
com a força inigualável
do teu sorriso-luz
que ante o escuro, reluz
com a candura
do teu espírito que une
com o meu e ambos se ungem.

Amo-te e canso de procurar motivos
porque sei que não existem motivos
pois sabes que em vão são os motivos
que me levam a ti, a enxergar motivos
repetitivo torna-se o dia a caçar motivos
simples, tolos mas sempre decisivos motivos
que nem sempre levam à razão, ao real motivo
do principal motivo.

É uma simples questão de espírito
o fato de eu amar-te
Tu me alegras quando nem sequer imaginas
que estou triste
e sabes do ódio que existe
e que insiste
em ficar e domar minha vida, tornar-se minha sina
tu me ensinas como e devo amar.

(03/10/1999)

Retrospectiva Crisão - parte 2

Eu tinha tanta coisa para falar. Tinha pensado naqueles posts e naqueles temas que me encheram de criatividade ao longo de 2010. Mas desde ontem fui tomada por um sentimento que até pensei que não existiria mais... eu, que falo tanto de espelhos, estou nua diante de todos eles, ainda tentando cobrir os reflexos que eles têm me mostrado.

Este é o feeling para um ano quase ido. Um ano que foi literalmente tão cheio de emoções, aprendizados, sentimentos paradoxais e tão intensos. Alguns sonhos realizados... alguns tantos outros para realizar.

Eu não saberia precisar quanto disso é drama feminino pessoal e quanto disso é realmente algo para sentir. Talvez tudo... talvez nada. Talvez eu tenha bloqueado tanta coisa dentro de mim que agora o sentimento de autoculpa seja inevitável. Talvez essa saudade da poesia e da doçura seja algo que esteja desesperadamente faltando em mim. Talvez... tudo isso que esteja criticando -- e tanto -- nos outros, seja aquilo que mais esteja faltando em mim.

Este foi o ano das distâncias, dos testes duros à distância. Ainda não sei avaliar quão bem fui, de quais testes fugi e quais testes eu ainda estou encarando. Mas 2010 foi um ano com dois anos dentro de si, para mim.

1º ano de 2010: eu terminei algumas amizades, fiz várias escolhas (pelas quais ainda estou pagando o preço). Alguns amigos estiveram presentes nesse período: Nilcer, Poliana, Sharlene, Fabiana Kono, Lilian Aquino, Fabiana Bastian (acho que não esqueci de ninguém...rs)

2º ano de 2010: talvez o ano mais difícil de todos os anos que vivi (pensando em 2001 e 2007). Perdi o tom, o ajuste, a melodia: uma verdadeira escola de samba em desarmonia (e não poderia haver melhor metáfora para usar). E o ano ainda não acabou! rs Mas algumas poucas pessoas conseguiram a proeza de ficar ao meu lado, fiéis escudeiros: Sharlene (fala: o que seria de mim, sem você? Não sei), Cris Barufi, Fabiana Kono.

Pra homenagear este sentimento, uma música que tenho ouvido no repeat one desde ontem (culpa da Isabella Taviani [pra variar...] que a indicou).

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ps: acabei de me lembrar de Claudia Bertrani. Obrigada, mais uma vez, por sua presença específica e tão importante!

Retrospectiva Crisão - parte 1 de 1

É engraçado e irônico olhar para trás e pensar que quando você pensa que já viveu de tudo, você consegue viver o ano mais "estranho" de sua vida. É assim que eu classificaria este ano de 2010. É estranho pensar que quando você imagina que tem tudo aquilo que sempre sonhou em suas mãos, a felicidade será uma consequência normal, você percebe que a felicidade nunca precisou ser alcançada, porque ela sempre esteve dentro de você.

Sim, esta sou eu agora. Descobri que o único sentimento que sempre caminhará comigo será a necessidade de solidão.


***
2010 foi o ano de começos e recomeços, descobertas e redescobertas. Foi um ano de muita tensão e muita alegria. Vamos falar de alegria agora. 

Isabella Taviani >> Este ano foi o ano de Isabella Taviani na minha vida. Nunca fui a um show de uma mesma artista como fui a shows dela. Nunca tirei tantas fotos com a mesma artista como tirei com ela. Nunca senti tantas diferentes emoções ouvindo as mesmas músicas diversas e diversas vezes. E fazia muito tempo que não admirava tanto uma artista nova como admiro ela. Não, não estou apaixonada por ela... rs mas essa artista e ser humano especial é parte imprescindível da minha sanidade mental, pode ter certeza!

Uma mulher intensa, corajosa e ousada com toda a simpatia e carisma que lhe é peculiar. Ela pode gostar de comer pizza com catchup (o que não a torna perfeita...rs) mas nem por isso deixa de ser exemplo e companhia para muitos (eu incluída) com suas canções e principalmente com sua voz e seu timbre inesquecíveis. Foram tantas emoções... espero que em 2011 o coração dela bata mais intensamente junto com cada um de seus fãs! Para ver o tudo que postei sobre ela até agora, clique aqui. 

Bon Jovi >> este foi o ano em que fui a um show do BJ pela primeira vez. Uma espera de mais de 15 anos que nem preciso dizer o quanto foi dolorosa e angustiante. Recompensada com músicas que ficarão eternamente nas minhas lembranças. Para ver tudo que postei sobre a banda até agora, clique aqui. 

Receitas by Crisão >> Este também foi o ano que mais cozinhei e descobri que tenho talento pra coisa. Nunca pra ser Chef mas quem sabe pra sabe pra ser uma excelente anfitriã para os bons e velhos amigos? Clique aqui para reler algumas receitas e quem sabe se arriscar nelas?