Clique

Após um longo tempo 1 - cookies sem glúten

Está na moda cada vez mais não celíacos aderirem à dieta sem glúten!

Culpa das farinhas brancas! Por causa dos programas de dietas, por causa do excessivo número de obesos, o ataque a tudo que faça inchar, cause enxaqueca, sirva como “cola” dentro do nosso sistema gastrintestinal. As farinhas brancas são atacadas sem dó. Confesso que não acho que a culpa seja inteira e unicamente da farinha branca. Mas vivemos numa época em que adoramos apontar o dedo como nunca! E, quem diria, um simples exemplo culinário vira metáfora para filosofia de mundo. Parei!!! ;-P

Depois que um amigo do curso de astrologia me disse o quão fácil era fazer cookies, fiquei com aquilo na cabeça. Convivo com pessoas com as mais diversas restrições pelos mais diversos motivos, então... resolvi arriscar fazer um cookie sem glúten, já que as pesquisas pela internet não me renderem nenhuma receita que me agradasse. Umas falam de uma massa grudenta, que você precisa ficar remoldando enquanto assa. A imensa maioria dizia mesmo que a massa era grudenta, que era necessário moldar com uma colher! Não!

Nem procurei receitas gringas, fui na intuição mesmo. Não ia usar ovos, nem farinha de trigo. Então, seguindo a lógica, bastaria mesclar 50/50 farinha de arroz com o amido e fécula. Bingo!!! ^^

Olha a receita. Alguns ingredientes podem ser difíceis de serem encontrados. As farinhas abaixo foram compradas na Zona Cerealista e, juro, meio quilo de cada e mal paguei CINCO REAIS ao total. No Rio de Janeiro, acho que na Casas Pedro você encontra os ingredientes.

Cookies sem glúten
100 g de farinha de arroz branca
100 g de farinha de arroz integral
100 g de farinha de arroz negro 
100 g de amido de milho
100 g de fécula de batata
1 colher de sopa rasa de fermento em pó químico
100 g de açúcar demerara (ou mascavo) [mais, para quem gosta de muito doce]
100 g de manteiga sem sal bem gelada cortada em cubinhos pequenos (ou 100 g de gordura de coco gelada)
1 fava de baunilha (ou 1 colher de café de uma boa essência de baunilha)
50 g de sementes de girassol
50 g de castanha do pará picadas grosseiramente
50 g de amêndoas cruas picadas grosseiramente
200 g de chocolate meio amargo picado grosseiramente (mais ou menos de acordo com o seu gosto)

Modo de preparo
Misture e peneire todos os ingredientes secos. Acrescente a manteiga gelada. A baunilha. Com as mãos, incorpore tudo até virar uma massa (como disse minha irmã "parece massinha de modelar"). Nada de massa grudenta. Você precisa ter uma massa modelável, que você pega com as mãos e faz os formatos de cookies no tamanho que quiser.

Quando chegar nesse ponto, acrescente os grãos e metade do chocolate. Incorpore tudo. Tampe a bacia em que estiver trabalhando com filme plástico e deixe na geladeira por pelo menos dez minutos. Caso a sua massa esteja meio mole, a geladeira vai deixá-la firme outra vez. E essa resfriada é boa para dar o choque térmico na massa, gelar a manteiga da massa, e dar uma crocância, embora amido de milho e fécula sempre resultam em massas "podres" e crocantes.

Preaqueça o forno a 200ºC. Enquanto isso, pegue duas formas antiaderente ou apenas untadas com óleo. Pegue a massa da geladeira, molde os cookies e deixe um pouco de espaço entre eles. Pegue o restante do chocolate meio amargo picado e coloque por cima. Ponha para assar por cerca de 15 a 20 minutos, depende da potência do seu fogão.

Quando assados, deixe a forma esfriando em uma superfície fria. Depois de uns 15 minutos, você pode retirá-los com ajuda de uma espátula. Coloque sobre papel toalha para esfriar de vez, o que leva mais tempo. Depois de totalmente frios, guarde-os em um recipiente hermético (dica do amigo do curso). Comprei potes de vidro grandes, com tampa. Dura uma semana e mantém a crocância.

E... yummy! Que surpresa, porque fica uma delícia!!!! 

Onde estão as lésbicas cultas deste país?

Ao contrário do que costumo fazer, escreverei um post temático. Não gosto dos rótulos nem da classificação grupal, mas este post é necessário, mesmo porque muitas meninas vem aqui ler este blogue. Talvez minhas reflexões sejam desagradáveis à maioria que o ler, talvez ajudem, talvez... nada.

O título é polêmico, eu sei. Eu tenho fugido dos temas polêmicos, porque as opiniões sempre se polarizam, radicalizam e extremismo não é a minha praia. Pode ser que eu erre ao tratar do assunto, mas preciso fazer esse questionamento e, quem sabe, alguma alma caia aqui, se compadeça e deseje também compartilhar seus pensamentos comigo.

Vamos lá.

Quero relembrar algo que S. sempre me dizia: "São Paulo é uma cidade com milhões de pessoas. Se você encontrar dez pessoas bacanas, será sortuda" -- acho que era assim, espero não ter errado! :P A questão é "onde estão as lésbicas inteligentes?". E inteligência nem é a quantidade de titulações acadêmicas que ela possui -- porque a garota pode ser uma verdadeira chata pedante, que por mais humilde que seja, não conseguirá deixar de te dizer entrelinhas o que é certo e o que é errado.

A inteligência também não é idade avançada, tipo mais de 40. Sim, num mundo de inclusão digital, mais de 40 podem ser consideradas tias. Sapatões-tias. Termo mais obtuso impossível, no entanto, muito real. A inteligência deveria estar ligada ao amadurecimento da mulher porém isso é relativo. Escrevi recentemente sobre imaturidade emocional e continuo afirmando que mulheres amplamente vividas não significa que elas sejam sábias. A fórmula da sabedoria me parece bem diferente.

A inteligência também não está atrelada ao grau maior ou menos de humanidade que ela possui. Como disse, e por experiência própria, esse é o rótulo mais perigoso e no qual você mais se engana! Porque as pessoas espiritualizadas possuem uma proposta que, se você desconfia, você é abertamente criticado! Como assim, desconfiar de uma pessoa assim?! Pois, desconfie. Desconfie de tudo, sempre.

Bem, se vocês repararem, a matéria humana é tão ampla, que nem parece que estou falando de lésbicas. Pois, então, estou falando de seres humanos. Em matéria de amor e relacionamentos somos todos iguais. Muda-se o gênero, o sexo... mas muita coisa mantém-se a mesma.

Recentemente, decidi me associar a alguns grupos lésbicos no facebook na (ingênua) tentativa de conhecer garotas novas para amizade. Primeiro que aos olhos da imensa maioria, conhecer alguém para amizade é algo inconcebível e sempre visto como "desculpa para ir pra cama com alguém". NOPE. No meu caso (e de repente alguns outros raríssimos -- mais BEM raríssimos mesmo) eu realmente quero trocar ideias. Conhecer pessoalmente, café, conversas, afinidades mentais. Qual o problema disso?

Entrei nos grupos, comecei a ler as postagens e... meus deuses do Universo: é assustador!!!! ASSUSTADOR!!! Estes tempos estão assustadores!!! E, olha, nem tô falando de gente escrevendo errado num português de doer o mais íntimo de todos os meus ossos. Isso é um detalhe. Eu me vi numa balada virtual, com flerte para todos os lados, meninas e mulheres carentes num nível de 10 anos sem sexo e se achando as piores e mais feias criaturas da face da Terra!!! Lembrei, com muito amargor, da minha péssima experiência de uns anos atrás, no antigo Espaço Unibanco. Com muita tristeza, percebi que as coisas não mudam, acho que elas sempre foram assim...

Admiro demais o trabalho da Del Torres, uma das fundadores do Parada Lésbica. Um grupo correto e honesto. Conheço a Del faz tempo e desde então até agora, não tenho negativo para dizer. Ela continua fazendo um belo trabalho, organizado e com caráter. Algo raro não só em São Paulo mas no Brasil. A Del está dando espaço para que todas as meninas possam ter um local correto onde possam encontrar pessoas com mesmas angústias, mesmos desejos, mesmos objetivos, seja algo sério ou apenas pegação. Há os encontros reais, o site de perfil para relacionamentos, enfim.

Acho que o que falta agora é um local virtual para reunir as sapinhas num outro nível. Será que só eu quero isso? Me parece tão demais que os gays, nesse sentido, estão anos-luz à nossa frente. Porque não existe essa de meninas apenas nesse estágio, porque eu sei que há o estágio seguinte. E é a esse estágio que estou me referindo.

Fiquei pensando que as lésbicas mais cultas (uso essa palavra num sentido mais amplo, que engloba inteligência acadêmica, inteligência espiritual e inteligência para cultura geral e/ou específica) que eu já pude conhecer foram em qualquer lugar menos em nichos lésbicos. Será uma tendência ou uma regra? 

Claro, conheci garotas fantásticas pela internet, fiz amizades incríveis e namoros duradouros. Mas o que me parece hoje é que a internet tornou-se a inclusão digital para essas meninas que estão longe de tudo e de todos e as outras garotas sumiram da internet. Será?

Meu período de participação no grupo está com os dias contados. Porque em pouco mais de uma semana, vi o suficiente para perceber que eu não pertenço lá. Veja-se pelo número de pessoas que me adicionaram. E veja-se pelo número de pessoas que "ousaram conversar comigo"! Isso porque sou muito aberta, receptiva e simpática (olha, momento raro da minha vida! rsrsrs *brincadeira*). Adicionei umas 20 meninas e exclui mais de 80%. Ao fim, restará bem menos que isso.

Assim, termino o post com o mesmo questionamento que comecei: onde estão as lésbicas cultas do Brasil? Ninguém quer conversar sobre filmes, tendências, comportamento humano? E eu direi algo muito triste: minhas melhores conversas são com mulheres heterossexuais. Tenho várias amigas de longa e média data com quem tenho conversas profundas e épicas. Com lésbicas? Algumas. Com Janaína, sempre. Com S. E outras.

Sinto que ainda vou pensar e refletir mais. Até lá, quem se aventurou a ler até aqui e queira compartilhar seus pensamentos comigo, mesmo que de maneira anônima, adorarei ler sua opinião!

Paz e até!

O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




=======
POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


Memória afetiva: sequilhos de leite condensado

O sinal dos bons tempos trouxe de volta a vontade de cozinhar. Fazia muito tempo que não me arriscava... por que? Eu adoro cozinhar! Adoro a química dos temperos, das combinações, da técnicas. Cozinhar é algo que todos os pais deveriam ensinar a seus filhos. 

Assim como ler com uma criança em fase de aprendizado aproxima pais e filhos, acredito que cozinhar também tem esse mesmo efeito. Fora que você estará não apenas estreitando laços que, certamente, determinarão o caráter de seu filho no futuro; mas também estará plantando sementinhas que germinarão surpresas maravilhosas, esteja certo.

Nessa toada, eu tenho uma das melhores memórias afetivas da minha infância: fazer sequilhos de leite condensado com meu pai. Não sei qual era a minha idade, mas sei que gostava de vê-lo misturar as coisas e depois me deixar enrolar meus biscoitinhos nos formatos mais esquisitos -- mas que toda criança acha o máximo! E eu lembro, até hoje, da sensação de comer esses biscoitinhos, assados e quentinhos, com meu pai.

É impossível tentar reviver o mesmo sentimento, mas é possível tentar fazer uns biscoitinhos. Nunca tentei antes, nem sei os motivos. Mas desde que meu ímpeto por cozinhar voltou, resolvi arriscar. Porque isso também vai de encontro com minha maior resolução para este ano: fazer as coisas que nunca fiz.

Saí pesquisando receitas e confesso que achei umas combinações bizarras. Biscoito de sequilho com ovo e/ou farinha? Não mesmo! Fui no básico: maisena, leite condensado, manteiga e fermento. E o resultado ficou delicioso!

O aroma dos biscoitos assando invadiu a casa. E eu fiquei, ali, sozinha, pensando comigo mesma. Aproveitando esse frio atípico em pleno verão (ainda bem!!!!), a chuva, os gatos pertinho de mim... novos tempos chegaram com uma força total. Me sinto vivendo plenamente meu ascendente em sagitário. Voltando a ser eu mesma, outra vez! Com um otimismo sem pedantismo correndo quente nas veias. E acho que comemorei da melhor forma, com esses sequilhos de leite condensado.

Para quem quiser fazer em casa, segue a receita. Rende mais de 50 biscoitinhos pequenos!

- maisena (cerca de 400g) 
- 2 colheres de sopa de manteiga sem sal
- 1 caixa de leite condensado
- meia colher de sopa de fermento em pó

Junte tudo em um recipiente e misture, inicialmente, com uma colher. Depois, lave bem as mãos e coloque a mão na massa! Estará no ponto quando conseguir enrolar com as mãos.

Faça bolinhas pequenas (do tamanho de um brigadeirinho de festa) e deixe bastante espaço entre elas na forma. Se não for usar uma forma antiaderente, unte a forma, porque gruda. Pré-aqueça o forno a 180C. Cada fornada fica no máximo por 15 minutos. E deguste! Ele fica fofinho... lembrando um macaron (claro, com as guardadas comparações). Enquanto comia, sentia a leveza da massa, mesmo sendo amido e fermento, e imaginei conseguir cortar e rechear com goiabada. Nem tentei... queria comer o biscoito clássico. Quem sabe amanhã?

Você, leitor, tem alguma memória afetiva ligada com infância e comida? Compartilhe! ;)

"A boa fama dos japoneses"

Vou compartilhar com vocês uma historinha que vivi hoje cedo. Uma historinha que ligou algumas reflexões que já vinha fazendo.

Numa lojinha de doces, onde sempre me abasteço das drogas pro dia, peguei um resto de conversa do dono, evangélico (a tv da loja está sempre ligada no programa da Igreja Internacional da Graça de Deus), com a filha: "Porque as pessoas não saúdam, não louvam, não agradecem. Tem saúde, dinheiro, casa, comida, emprego." 

Concordei. Como sou cliente cativa, a gente dá aquele sorrisinho simpático, misturado com bom-dia. Aí, eis que ele fez algo que nunca tinha feito antes: me incluiu na conversa. Porque eu já tinha presenciado conversas assim, mas nunca fui participante ativa, apenas ficava ouvindo.

"Porque os japoneses, sabe [disse já olhando para mim. Ao menos, não me confundiu com chinesa e coreana (com todo o respeito!)], eles não são assim. Eles são unidos. Quando alguém, amigo, parente ou conhecido, têm algum problema, eles ajudam. Eles são unidos [o que é verdade, e eu assenti]. Veja, mesmo eles louvando a Buda, eles são assim.]

Bem, a conversa continuou e eu apenas concordei. Em geral, não sou daquelas pessoas doutrinadoras das ruas. Sou daquelas que falam aos que querem ouvir. E que, no geral, apenas ouve e concorda (mesmo com vontade de discordar). Mas, sem mudar o assunto, achei interessante a visão dele sobre os japoneses (bastante real) e o aparte 'mesmo eles louvando a Buda'.

Uma informação essencial (e, para saber disso, ele teria de pesquisar e se informar a respeito) é que a imensa população japonesa é xintoísta (seguida de budista, católicos e outras religiões, como diz dados da própria embaixada japonesa.

Interessante, o ponto de vista das pessoas em geral em relação aos japoneses. Eu sempre ouço essa de "eu admiro vocês". Okay, de fato, os japoneses possuem qualidades incomparáveis. A união e a organização, por exemplo.

Muita gente tira os japoneses por honestos e legais apenas pela "boa fama" da raça. Veja bem, "boa fama da raça" para mim, é algo tão preconceituoso e vulgar quanto chamar um negro de "preto sujo". Não existe isso!!! Japoneses são seres humanos como qualquer outro ser do planeta Terra.

Uma rápida lida em livros de História mostrará o que os japoneses fizeram com chineses e coreanos no fim do século 19: os chamados "crimes de guerra japoneses". Isso não é divulgado e, eu mesma, só fui saber disso muito tempo depois. Não há louvor nenhum na guerra e muito menos no que os japoneses fizeram a chineses e coreanos.

Mas se isso foi uma lição a ser aprendida, após o sofrimento da Segunda Guerra Mundial, uma coleção de mangás foi escrita por um dos (senão o maior ícone) sobreviventes:  Keiji Nakazawa. O mangá se chama Gen, pés descalços. Tem versões em desenho e filme que podem ser acessadas livremente no YouTube. O livro pode ser comprado no site da Conrad. E vejam o filme!

Enfim, este foi um post que nem nasceu para ser post de blogue, mas post de facebook. Mas achei válido deixar registrado esses meus pensamentos aqui. Esses últimos dias têm sido bem profícuos e minhas reflexões estão a mil. A quem tiver chegado ao fim deste post, aguardo comentários sobre o seu ponto de vista em relação aos japas. Evitem o clichê, aliás, sim? ;)

Futuro do pretérito? O futuro é agora!

Finalmente! O primeiro post de 2014!!!

Não. Não abandonei o blogue. 
Não escrevi antes por razões óbvias: não tinha o que escrever. Para não ficar palavreando à toa, resolvi ficar mesmo em silêncio.

E, não, este não é um post de gramática do português. Hoje me peguei pensando nas reflexões antropológicas e culturais que a gramática de cada língua faz a respeito. Não sou nem nunca serei uma erudita dos estudos linguísticos (e, aliás, essas matérias eram as que menos me apeteciam no curso de Letras...) mas me peguei pensando nos nossos tempos verbais. E o que mais me chamou a atenção (aliás, lembrei que sempre me chamou a atenção desde os tempos da adolescência, que eu tinha de decorar os tu, eles, vós) foi o FUTURO DO PRETÉRITO.

Me digam, como pode haver futuro no pretérito? Sem esquecer que ainda temos o futuro do presente. Oi? Coisas da nossa língua portuguesa. Talvez fosse apenas uma coisa de nomenclatura... mas no caso específico do futuro do pretérito, não sei... vejam: uma definição clássica é que ele enuncia algo que pode acontecer depois de um determinado fato passado. Nó na cabeça? É o clássico "seria".

Mudei a direção de pensamento. Fiquei matutando que as pessoas, cada uma na sua própria língua nativa, mantém esse "faria", o futuro do pretérito no presente, e o presente no futuro do presente. E o presente propriamente dito... fica vagando entre o seria e o serei.

Várias filosofias ensinam a "viver o presente". Pois sem querer ficamos com um pé no futuro e outro no passado. E eu me peguei muito pensando nisso de uns tempos para cá. Também andei pensando na minha maior resolução para 2014: fazer tudo o que sempre quis fazer e nunca fiz! Dureza? Um desafio que me impus. E também ando pensando demais numa reflexão antropológica/sociológica/histórica para tentar entender o comportamento coletivo do brasileiro. Não sei aonde vou chegar, nem sei se quero chegar a algum lugar. Quero pensar, refletir, sentir... tentar entender.

Uma coisa eu sei, com certeza: QUERO FAZER NOVAS AMIZADES! Quero conhecer pessoalmente as pessoas que apenas virtualmente. E me peguei pensando, num pensamento final, como — aos quase quarenta anos — fazer novas amizades? 
EU — aquela que sempre disse que era muito difícil fazer novos amigos depois dos 30?
EU — aquela que sofre de idealismo constante e incurável?

Não sei. Mas sou canceriana com ascendente em peixes, casa 10 lá em Sagitário, vênus em Gêmeos. Tristeza, descrença, solidão, frieza... definitivamente não combinam comigo!

Então vamos lá! A todos os leitores que nunca desistem de visitar este blogue, um feliz 2014 com muita coisa maravilhosa. Muita força, coragem, HUMANIDADE, paciência, AMOR, empatia. 


****

ps: hoje é aniversário de uma aquariana querida a quem gostaria de prestar homenagem neste blogue: Michelle Lange. Vejo-a como um raio de esperança para o futuro! FELIZ ANIVERSÁRIO, lindinha. Gostaria de ter uma foto nossa para postar aqui... mas gostaria de poder conhecê-la pessoalmente! EM BREVE, né? Até lá, continue assim, sorrindo, acreditando em sua profissão, sendo doce e sempre, sempre, sempre VOCÊ MESMA!

Retrospectiva 2013

É!
Mais um ano está acabando.
Mermão-mano-brown: quantas coisas aconteceram.

Eu escrevi e reescrevi trocentos posts. Refleti e re-refleti muitas vezes. E cheguei à simples conclusão de que o mais fácil seria isso que direi agora.

É um imenso desafio, nesta vida no planeta Terra, sermos nós mesmos de verdade!!! Não podemos ser.
Porque nós PENSAMOS que somos quem devemos ser. Mas, na verdade, somos uma fração mixuruca de um imensa ilusão que vivemos e que não temos um milésimo de consciência.

Somos todos um grande panelão de sopa insípida vivendo como sapos sendo cozidos lentamente em banho-maria!

***

Primeiro desabafo... ah! :)

Outra coisa, este foi um ano de imensas decepções. Pessoas me decepcionaram em diversos níveis. Ouvi coisas que não esperava ouvir e vivenciei coisas que não esperava vivenciar. Como assim?

O mais engraçado foi viver tudo isso em um período no qual decidi ser mais receptiva, mais aberta, menos exigente, menos intransigente, menos chata, e com MUITO-MUITO menos expectativa.

E, como brincadeira, parece que as coisas se revertem de maneira misteriosa. Pois a partir do momento que decidi aceitar, digamos que as coisas aconteceram da pior forma oposta. Talvez seja um resgate cármico? Talvez seja uma lei da atração. Sei lá.

"SEI LÁ" é uma expressão que tenho usado com frequência.

Porque as pessoas não dizem isso explicitamente, porque é mal-educado e politicamente incorreto, mas ninguém tá nem aí pra vc. Uns mais, outros menos, mas eis uma realidade chocante. Por isso — e talvez por isso — seja mais fácil viver em negação. Viver apenas sob efeito de álcool, fumo e outras drogas ilusórias. Dãã... é bem mais fácil sobreviver assim, né?

Eu não fumo, não bebo, não me drogo e sou viciada em chocolate. É muito difícil viver cordialmente num mundo como o nosso. Bem, seria difícil viver em qualquer época sendo como eu sou.

E eis que me veio uma claridade, assim, repentina. Eu preciso voltar a ser quem eu sou. Porque o nosso mundo atual demanda altas e específicas regras para viver em sociedade. O "senso comum" varia muito de acordo com o seu contexto social, mas em geral, as regras costumam ser as mesmas.

Então, estou reassumindo ser eu mesma outra vez. Não era antes? Sempre fui, na realidade. Mas a gente se adapta para ser aceito, né? A gente faz pequenas escolhas achando que, no final, a conta será amena. Não é verdade. A CONTA CHEGA.

***
Estou me sentindo imensamente sozinha!
Eu achava que tinha amigos.
Na verdade, acho que os tenho. Mas eles estão ocupados demais com suas próprias vidas. 
Aí, como disse a Ana, precisamos pagar alguém para nos ouvir e, se possível, nos ajudar com um ouvido, uma orientação, até um conselho. Ana, que merda, isso. Estamos cercadas de tecnologia mas estão todos conversando SUPERFICIALMENTE entre si através de um smartphone. Fingindo alegria postando cards de autoajuda no facebook e no instagram, mas podres e vazios por dentro. Desesperados por um abraço. Ou, como eu, apenas querendo conhecer pessoas novas e trocar ideias. As pessoas não querem trocar ideias, Ana. As pessoas querem subir nos palanques e iludir seus seguidores.

Algumas pessoas resistem à agrura dos tempos modernos, cheios de velocidade. Jana, sempre a minha melhor amiga. Denise Y., minha amiga há mais de dez anos. Maria Helena. Cláudia B. Ana P. Enes, que só vi uma vez este ano, mas com quem divido um cumplicidade única.

(post editado) -- esqueci de incluir a minha "filha" Poliana e a querida Ju Simionato! Como pude?!

***

Abandonei muita coisa e muitas atitudes viciosas este ano. C*r*lho, como fez bem!!!

***

Acho que vem mais desabafos. OU NÃO.
Seja o que tiver de ser. Por enquanto, é isso.

La vie d'Adèle -- o azul é a cor mais quente: minhas notas

Esperei uns dias para poder escrever este post que, certamente, não será o melhor, não será o mais completo e não será o mais curtido. É apenas a minha opinião.

Fiz uma boa pesquisa pelo google e li várias críticas, gringas e brasileiras. Das brasileiras, gostei especialmente do blogue Blogueiras Feministas. Contém spoiler mas o considerei o texto mais completo e mais justo. Para quem se interessar, vale a leitura.

Também li Omelete e Rolling Stone que cito como sugestão de leitura. Ademais, digita o nome do filme em francês e vá procurar o que puder encontrar. Além do trailer, claro.

Bom, este post também tem spoiler. Então, se você preferir, veja o filme antes de ler meu post! ;)

***
Eu saí extasiada da sala de cinema, ao fim das três horas de filme (que nem pareceram três horas, afinal). A primeira impressão que ficou foi a de "wow, o 'cinema lésbico' precisava de um filme assim!". Não há peripécias nem tramas complexas no filme. E isso me chamou a atenção, pois tudo é retratado sem a pretensão de se autoexplicar. Por outro lado, é quase um documentário, os primeiros planos, a narrativa quase em primeira pessoa (mas sem narrador), todos os detalhes que captamos na personagem principal, Adèle, que narram os "dois capítulos" da vida dela.

Indubitavelmente, as famigeradas cenas de sexo são fortes. São explícitas. São cruas. Não tem trilha sonora ao fundo. Você ouve os sons. Você vê vários ângulos. Algumas críticas foram justamente sobre a verossimilhança. Bom, pense. Pode fazer sentido. Em uns momentos, parece que a cartilha do kama-sutra para lésbicas está sendo encenado. Mas, me diga, também, onde há regras no sexo? Cada um faz como acha melhor, como gosta mais. E aí quem poderia dizer se o que é mostrado é a realidade? Pode não ser a sua, mas pode ser a de alguém.

Outro ponto levantado é a questão do uso do corpo. Uma das atrizes (a dos cabelos azuis) disse que se sentiu uma prostituta. A outra (Adèle) também chegou a afirmar o mesmo mas depois parece ter voltado atrás. Elas afirmaram que foram dez dias apenas gravando cenas de sexo. Bem... não sou cineasta, não entendo desse mundo, nem poderia me atrever a querer assumir que poderia estar falando a verdade. Pode ter havido exagero? Pode. Pode ser marketing pessoal? Pode. Pode ter sido abusivo? Pode. Tudo pode.

Mas, creio eu que uma atriz ao afirmar que se sentiu uma "prostituta" parece ser meio contraditório em algum momento da interpretação, estou errada? Sei lá, se parece ter havido exagero, e o diretor estava se deleitando com duas mulheres encenando sexo, ao invés de filmar seu longa, é meio esquisito. Eu acho. Uma coisa não exclui a outra, porque acredito que um ator ao fazer uma cena sexual deva sentir algum tipo de prazer. 

Aí a pergunta que faço é: esses movimentos feministas estão errados nas suas críticas? Acho simplesmente que é complicado você querer criticar um filme por causa de cenas isoladas. Acho injusto. Em algum lugar, li uma lista de filmes com cenas de sexo (quase) explícito e de forte apelo visual. Cinema é uma arte. Você cria algo com um propósito que pode ser, também, causar esse incômodo. Tirar as pessoas de seu conforto.

O filme narra dois capítulos da vida de Adèle, conforme diz o próprio título. É uma adolescente se descobrindo sexualmente. "Me falta alguma coisa que eu não sei o que é". E ela parece se sentir completa quando se apaixona pela menina de cabelos azuis. É paixão à primeira vista, fulminante. Alguém se lembra da primeira paixão fulminante que teve? O que você fez? O que as pessoas costumam ser/fazer quando se apaixonam fulminantemente?

A proposta do diretor é mostrar um retrato real de uma menina que se apaixonou, viveu sua paixão, errou e ainda não sabe o que fazer com o sentimento que carrega dentro de si. Nesse ponto, compartilho a crítica que li e mais gostei, a do Inácio Araújo (FSP). Um trecho de seu texto diz: "A relação do cinema com a realidade, desde os anos 80 do século passado, tornou-se progressivamente mais tênue. Parece que cada vez menos os cineastas conseguem captar o óbvio: o corpo humano, seus sorrisos, sua batalha para descobrir sua própria medida, sua estatura. O que há de fascinante neste Azul-Kechiche é a veemência com que o autor, mais uma vez, afirma sua modéstia diante de suas personagens, como lhes permite, e ao mundo que habitam, se manifestarem na tela e irradiarem no espírito dos espectadores."

Altamente indicado. Para ser visto e revisto e revisto. E a atriz principal, a sagitariana Adèle Exarchopoulos, além de ser linda, tem o olhar mais pisciano que já consegui ver em um ator. Afirmo categoricamente que a personagem que ela interpreta é uma pisciana... meio irresponsável, ingênua e livre. Livre para testar, descobrir, aprender, se perder e se reencontrar.

Talvez, o que seja mais desconcertante para a maioria dos espectadores, é ver muito de nós na personagem de Adèle, mas não termos consciência o suficiente para admitir e compreender. Okay, observação minha! Mas... vá ver o filme. Só não faça como o funcionário do Espaço Itaú (Augusta) que entrou na sala só para ver a cena de sexo. Shame on you! É uma ofensa para o filme e para dos deuses do cinema. ;D

A mulher do trem

Ultimamente... vou te contar. Só quero silêncio e companhias específicas. Não sei exatamente que fase é esta, mas sei que se trata de uma fase reclusa. Me cansam o barulho, a baderna, o fútil e o inútil. Não, ao contrário do que você imagina, não me acho melhor que ninguém, nunca me achei. E não é agora que estou me achando!

Dificilmente encontro uma beleza não vulgar pelos lugares que passo. A beleza (que sempre foi plastificada) ultimamente tem tomado ares de vulgaridade obscena. Então todo mundo é igual, se veste igual e -- pior -- tem postura igual. Por isso, me assustei quando vi essa mulher no trem, hoje, a caminho do trampo.

Ela tinha grandes olhos... e eu acho tão lindo mulher com olhos grandes! Olhos lânguidos... olhos dissimulados! Poderia ser apenas que ela estivesse com sono, e talvez estivesse mesmo! Não deixei de perceber o rímel e o delineador em contornos perfeitos, realçando ainda mais os olhos e o olhar. Passei a viagem inteira tentando olhar esses olhos sem parecer que estava olhando para eles!

E ela tinha um batom cor de sangue (sem brilho) nos lábios combinando com as unhas perfeitas, esmalte da mesma cor. No dedo indicador da mão direita, um anel meio dourado meio cobre com a cara do Darth Vader! Ela era uma mulher simples, com cabelo longuíssimo que cobria as costas inteiras... mas esse anel do Darth Vader era algo definitivamente atípico!

Difícil ver mulheres "bonitas" (ponho entre aspas porque conceito de beleza é pessoal para cada um, certo?!) no trem. Mas essa mulher de hoje, com olhos dissimulados, e falsa pretensão, foi um prazer único. Tomara que eu tenha a sorte de reencontrá-la uma outra vez.

Pois é...

... a vida tem sido uma coisa bem bizarra, sabe?

Vejo tudo e não entendo absolutamente nada. 

As pessoas falam o que querem falar e ouvem o que querem ouvir. O resto é balela.




Um dos meus últimos poemas escritos

Porque nada é coincidência, mesmo encontrar um poema antigo, quase sem querer, que diz tanto sobre você agora. Eu previ meu próprio futuro ou estarei vivendo um eterno presente?

Compartilho com vocês. Escrito em 16 de agosto de 2008.



vão ilusório

Seus olhos estão fechados
e ainda assim você insiste em olhar
como se pudesse ser capaz de capturar
alguma surpresa
alguma esperança inusitada.

Seus lábios estão selados
mas ainda há algo que continua latente
alguma palavra perdida
esperança comedida
algo.

E você anda e você se move
como se o ritmo pudesse apenas
aliviar a inquietação de sua alma
mas você já sabe
que é tempo desperdiçado
o tempo que nem veio
e aquele ido.

Você pensa que você dorme
mas seus olhos continuam abertos
seus lábios continuam à busca
de uma mesma palavra
de uma mesma sentença
um alívio para ignorantes
um vão de conforto
ilusório.

E os dias se passam
entre estranhos conhecidos
desejos declarados e sonhos esmorecidos
até tudo girar
e fazer parte do esquecimento
até tudo girar
e voltar como algum fardo
esquecido.

E assim somos, eu e você,
faça sua arte e eu farei minha poesia
voltaremos a caminhar
como se nada tivesse acontecido
como se apenas pudéssemos
fingir
e sorrir
num vão ilusório qualquer.


Os profissionais do livro - parte 1

Estou com umas ideias germinando há tempos. Mas nunca achei que o momento de transformar ideias em palavras. Um misto de modéstia com insegurança, talvez. Não mais.

Espero estar equivocada, mas sinto uma imensa lacuna nessa coisa toda de produção editorial de livros. Vejo partes deslocadas falando por si próprias. Alguns tentam dar liga. Outros tentam defender o próprio peixe. Tem alguém certo ou errado? Sim e não! Fato é que há muita opinião circulando por aí. Muitas coisas interessantes e muitos equívocos, também.

Como fiz nos posts sobre currículos (veja o 1 e o 2), tentarei destrinchar em duas partes a minha opinião sobre o assunto. Meu único objetivo é tentar esclarecer essas lacunas e compartilhar minha opinião. Não tenho a palavra final, não tenho a fórmula do milagre -- diga-se de passagem.

Inicialmente, queria compartilhar links de três pessoas em específico. Acredito que esses profissionais -- cada um em sua área de atuação e com suas experiências pessoais -- trazem questões importantes que gostaria de comentar.

A primeira é a Aline Naomi. Seu blogue Breves Fragmentos tem uma label interessante: "Histórias que os tradutores contam" que vale a leitura.

O William Campos Cruz também fala bastante sobre revisão e tradução no seu blogue Esboços, Rascunhos e Ensaios: Sobre o ofício do tradutor, Do outro lado do balcão, Antes de meter o bedelho e As virtudes do profissional do texto.

Por fim, Carolina Caires Coelho escreveu no blogue Ponte de Letras outro texto interessante que merece ser lido: Copi malquisto.

Sugiro que o leitor interessado em ler o que escreverei em seguida, vá antes a cada um desses links e leia o seu conteúdo atentamente. Não se trata de fazer um trabalho de mestrado, mas de leituras que abrirão possibilidades, compreensão e diversos pontos de vista.

Isso posto, vou me apresentar! Para quem tiver curiosidade e/ou quiser me adicionar no LinkedIn, clica aqui.

Meu nome é Cristiane Maruyama. Trabalho em editoras desde outubro de 2001. Comecei como estagiária na Editora Manole onde trabalhei por 7 anos. Bati muita emenda, fiz muito índice remissivo e fiz muito checklist por lá!

Fiz graduação na Universidade de São Paulo em Letras com habilitação em Português. Quase enveredei pelas sendas da Teoria Literária mas desisti da vida acadêmica. 

Nunca fiz nenhum curso de apoio. Todo o meu aprendizado foi empírico. A base toda de minha formação como profissional do livro foi no meu primeiro emprego. Lá fui estagiária e com o passar dos anos cheguei a ser Subgerente Editorial. Trabalhei em todos os departamentos: jurídico, saúde, traduções. No meu último ano, ajudei a estruturar o selo Amarilys, ainda em formação naquela época.

Depois trabalhei na Editora Contexto por um ano e meio. Fui freelancer home office por um ano e trabalhei mais um ano e meio na É Realizações. Atualmente, sou Editora de Ficção, Não Ficção e Gastronomia na Companhia Editora Nacional.

Como profissional do livro, minhas áreas de atuação são: gerenciamento de equipes, fluxo de produção, coordenação de cronogramas na questão prazo versus qualidade, trabalhar com recursos humanos (aplicação de testes e contratação de pessoas), avaliação crítica da qualidade textual de traduções e revisões de tradução.

Ou seja, como esse minicurrículo diz, gosto de colocar a mão na massa. Gosto de entregar para a gráfica um livro com qualidade. Quando estou trabalhando num projeto, este é sempre o meu objetivo maior.

Pois bem.

Agora uma questão crucial que gostaria de levantar: quem aqui já fez o curso de Produção Editorial -- passo a passo da Laura Bacellar? É um curso interessante e voltado a aquelas pessoas que desejam conhecer como um livro sai do formato word para um impresso em gráfica. Acredito que é importantíssimo para todos os profissionais envolvidos compreenderem esse funcionamento.

Eu tive a oportunidade de acompanhar a Laura Bacellar por um curto tempo na É Realizações. Naquela época percebi que, mesmo não tendo feito o curso, sempre agi de forma correta (como produtora editorial), de acordo com o que era ensinado em seu curso. Tive acesso a duas apostilas (do mesmo curso, mas diferentes em seu conteúdo) e agreguei informações preciosas.

Ou seja, primeira observação: não importa que tipo de profissional você seja dentro de uma editora (ou fora dela) -- faça esse curso, leia a apostila. Quando você tem acesso ao todo, é mais fácil compreender as particularidades.

Quando você conhece o todo, você pode se aprofundar, você pode sair e olhar por cima. Você consegue se colocar no lugar de cada profissional em cada etapa da produção. Empatia profissional, nesse caso, é crucial para determinar qual postura você assume diante dos mais variados problemas.

Em um modo bem (beeeeeem) simplificado colocarei a sequência básica de como um livro sai da ideia para se tornar realidade (o exemplo aqui, no caso, é de uma tradução):
1) uma editora tem um projeto editorial e verba para colocar esse projeto em prática
2) escolha de um original que se encaixe no perfil de publicação
3) compra dos direitos de publicação
4) tradução do livro
5) revisão da tradução do livro
6) diagramação do livro
7) revisão 1 da prova diagramada do livro
8) revisão 2 da prova diagramada do livro
9) finalização de capas, miolo etc
10) conferência de plotter
11) livro impresso e pronto

Não considerei diversas etapas importantes. Queria apenas focar nas citadas, porque envolvem os componentes que gostaria de analisar: EDITORA > EDITOR > TRADUTOR > PREPARADOR > REVISOR. 

Se vocês leram -- e espero que tenham lido!!! -- os links acima, já vão entender o porquê de eu ter escolhido apenas essas etapas, porque envolvem determinados profissionais e porque envolvem questões as quais eu reflito há muito tempo.

Essas minhas opiniões já são conhecidas por amigos próximos. Agora é o momento de compartilhar publicamente. Quem sabe não vira um curso num futuro próximo?

Bom, então no próximo post eu escreverei detalhando mais as questões abordadas nos links citados. Até breve!

outro dia qualquer

Ultimamente, furacões de pensamentos e sentimentos indistintos, indissociáveis, irrefutáveis e inenarráveis têm se apossado de mim. Um dia nunca é igual ao outro. Não buscamos a perfeição da constância, porque isso é imoral nos dias de hoje. Dias de hoje? O que não está invertido? O que não está perdido?

Venho pensando na palavra “maledicência”. Se alguém fala mal de alguém para você, essa pessoa fatalmente falará mal de você para outrem. Não é?

Também uma palavra está reverberando em mim: expectativa e decepção. Como viver sem criar expectativas? E por que as pessoas nos decepcionam mais do que nos surpreendem?

Vivemos tempos estranhos... tenho preferido o silêncio a qualquer outra coisa. Tenho preferido a observação a ação. Tenho preferido a reflexão interna a pura prolixidade.

Eu confesso que crio expectativas! Mas uma expectativa frustrada é uma realidade decifrada, também. Eu tenho uma tendência muito grande a viver num mundo de ilusão... ainda vou achar o meio-termo do idealismo e a realidade.

Este é um post sem objetivo específico. Post de blogue, mesmo. Estou pensando que gostaria, talvez, de ser uma pessoa comum, sob duras camadas de “ignorância” porque a ‘ignorância é uma bênção’. É ou não é?

Enfim... no meio dessa tormenta, fico feliz em saber que as mesmas pessoas de sempre continuam ali ó... sem me julgar, sem me questionar, sem inventar futricos ou dizendo coisas porque não me entendem e... talvez não queiram entender. Não são nem uma palma de mão. É isso aí!

Aproveitando os últimos dias frios desta nova primavera. E feliz aniversário para a minha cantora eternamente favorita: Isabella Taviani! ;)

Novos tempos... hora de um novo post!

Faz um bom tempo desde meu último post. Tempo que gastei com silêncio, muita observação e muita reflexão.

As aulas de Astrologia estão maravilhosas. Acho incrível quando tempo a oportunidade de ampliar nossa forma de pensar, nossas conexões mentais, criar novas conexões, aprender novas teorias, observar novas situações, repensar nas antigas... a Astrologia tem me feito olhar o macro sobre o micro. E... taí uma coisa de que gosto MUITO.

Nesse ínterim, muita coisa também aconteceu. E nem vou comentar porque não vem ao caso. Mas quero repassar algumas coisas... que, sim, essas nunca mudam!

Quanto mais o tempo passa, mais me certifico e compreendo quem sou. Não sou comum, não sou "igual" à maioria. Nas diversas fases da minha vida, isso sempre trouxe coisas boas e ruins. Quando criança, não me restou trauma maior. Porém, na adolescência, sofri muito bullying. Depois fui achando meu meio-termo.

Hoje em dia, não tem jeito... e fico pensando nesses fatos à luz da Astrologia. Eu, que sempre busquei meu autoconhecimento, vejo o quanto nada sei sobre mim mesma. Ainda?! Como assim?

No entanto, como diz meu professor de Astrologia, a gente sabe... a gente sabe tudo. O que a gente não sabe é se aceita ou não. E, nisso, haja psiquiatra, psicólogo e todos os profissionais afins que lidam com a mente humana. Ah!

Para finalizar, fatos (re)aprendidos:

1-) não sigo ninguém. Não sigo líderes, não sigo gurus, não sigo pessoas, não sigo chefes. Não sigo pessoas que se autodenominam chefes/donos de alguma coisa. Não sigo pessoas que se dizem a solução para os meus problemas. Não sigo pessoas que tenham ou não tenham nada para me oferecer. NÃO SIGO.

2-) não puxo saco de ninguém. Não bajulo as pessoas porque elas tenham algo para me oferecer. Não bajulo pessoas que não tenham nada para me oferecer. Não puxo saco das pessoas para obter privilégios. Não puxo saco das pessoas para me sentir querida. Não puxo saco das pessoas para me sentir inserida em um grupo. Não puxo saco das pessoas para depois tomar-lhe os empregos. NÃO SOU PUXA SACO.

3-) não gosto de participar de grupos. Não gosto de participar de grupos só para dizer que faço parte de algum grupo da porra. Não gosto de ficar com sorrisos amarelos (ou lindos, no caso, serão fingidos) para dizer que uma conversa está agradável e, porque estamos num grupo, não podemos dizer que não está. Nunca gostei de fazer trabalho em grupo na faculdade, pelos motivos óbvios. O bando favorece os egos, e o preço a se pagar é ter o seu eu apagado pelo líder, portanto, não gosto de bandos. O grupo é o futuro, mas o agora é o individual. Ainda não sabemos ser/agir em grupo. Não temos propósito coletivo, apenas necessidade de carência pessoal. Portanto, NÃO GOSTO DE FAZER PARTE DE GRUPOS.

4-) Entre o silêncio e a verborragia, prefiro o silêncio. Gastamos nossa energia à toa falando para convencer pessoas que não querem ser convencidas. Gastamos nosso tempo falando com pessoas que nem estão ouvindo o que estamos falando. Cometemos o pecado de falar para tirar vantagem sobre outrem. Falamos para manipular as pessoas a nosso favor. As pessoas "falam demais porque não têm nada a dizer". Mas esta não é uma carta contra os verborrágicos/prolixos. É apenas o meu direito de dizer que RESPEITEM O MEU SILÊNCIO.

Tá bom por enquanto, né?
Paz e amor.

Flores Raras - o filme

Farei breves comentários sobre o filme Flores Raras de Bruno Barreto inspirado no livro Flores Raras e Banalíssimas -- livro que ainda não li e filme que vi no último fim de semana. Como todos sabem, o livro e o filme falam sobre o relacionamento intenso vivido entre Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop.

Adorei o roteiro, fiquei encantada com a atuação de Gloria Pires e Miranda Otto. A adaptação para o Rio de Janeiro nos anos 1950 e 1960 foi fantástica. O filme não carrega no tom dramático -- mesmo sendo um drama. Para mim, o único pecado foi a edição de algumas cenas. Especialmente quando o take era sobre Elizabeth Bishop. Dez segundos a mais seriam o suficiente antes de um corte brusco. Não vou me recordar as cenas exatas, mas me recordo do teor intenso e profundo de um take com Elizabeth Bishop sozinha. Um fala num curtíssimo monólogo. Mais dez segundos de câmera filmando seriam perfeitos. Porém, há o corte brusco. Cinco minutos depois, eu ainda refletia sobre a cena enquanto a história seguia.

O filme é bem contado, não se perde em si mesmo, tem cortes equilibrados. Eu diria que essas duas, três cenas foram pequenas falhas de comunicação entre diretor e edição. Não haveria exagero na carga dramática com mais tempo antes do corte. Mas o corte brusco -- a menos que seja proposital -- causa estranheza. As cenas seguintes passam despercebidas enquanto o eco da cena anterior ainda retumba. Pelo menos para mim.

Confesso que nunca me interessei pela história de Bishop e Lota. Confesso, mais ainda, que fujo de filmes cujo tema seja romance dramático entre duas mulheres. A produção cinematográfica sobre lésbicas (salvo exceções) costuma girar em torno da dicotomia amor x dor. E eu não acho que a apenas isso devesse ser filmado. Precisamos de mais histórias leves e comuns -- como toda forma de amor é. Mas, deixemos isso para um outro post.

Confesso que eu também andava fugindo dos dramas. Há anos evitava os filmes dramáticos -- com um motivo bem simples: minha vida estava bastante dramática. Talvez, por isso, tenha demorado a ver Flores Raras. Mas me rendi e fui.

E chorei... o pouco que vi sobre Elizabeth Bishop me remeteu a todas as dores que eu já senti como poeta. E, nisso, apenas os poetas entenderão. A intensidade nos versos, na forma de sentir e viver a vida, na maneira de amar... isso entrou como seringa quente nas minhas veias. Minha verve poética que considerei estar enterrada, ressurgiu tão forte. Eu me vi nua na tela do cinema. Num roteiro adaptado de um livro que eu não li e de uma história que eu desconhecia, eu me vi. Foi catártico.

Assim que eu tiver acesso ao filme, eu posto a fala exata que arrancou meu coração de mim. Enquanto isso, a quem não assistiu ao filme ainda e queira se emocionar com uma história de amor... vá ao cinema. Privilegia o cinema brasileiro! É um amor lésbico? É. Mas, no amor e na dor, na vida e na morte: não há gênero -- somos todos iguais.


Às vésperas da primavera

O inverno praticamente já se foi. Os ares da primavera, vindos com a chegada do sol em virgem, estão trazendo novas perspectivas.

Estou vivendo dias totalmente inéditos! A sensação -- e a realidade! -- de ter uma nova chance de fazer diferente, de errar diferente, de ser diferente! DE SER EU MESMA cada vez mais!

No entanto... confesso: sou intensa. Sou muito intensa. Intensa no sentido de tudo ser questionado. Intensa de tudo ser analisado. Nada passa despercebido. E, se passou, é para o bem da minha sanidade mental! É uma escolha deliberadíssima!

As pessoas continuam estranhas... muito estranhas. Pro bem ou pro mal, continuo tendo uma relação de amor e ódio com o ser humano. Esses dois sentimentos... graus diferentes do mesmo princípio. Eu continuo tentando entender o ininteligível, continuo tentando captar o invisível, caminho na tangente insana da serenidade. Vou do passado ao futuro em milissegundos. Imagino, verto, cuspo, injeto nas veias outra vez.

Hoje pensei que escreveria um poema. Há anos não tenho versos no cérebro, mas hoje, diante da falta de prosa, a poesia pareceu querer ressurgir. Virá algo? Quem sabe?

Não gosto da mesmice. Não gosto das palavras iguais e, pior, atitudes iguais: sempre o mesmo "ser-e-estar". As pessoas têm medo de ousar!!! Por que? Você saberia me dizer por que? As pessoas preferem ser o insosso-vulgar-arroz-com-feijão. Eu nunca fui a rainha da ousadia mas também não sou a bela estátua de princesinha conservadora mas pousando de moderninha. A moda (de ser e de atitudes) agora está bem chata nesse sentido!!!

Na falta de amigos novos -- porque, por Deus, é uma dureza conseguir fazer amigos novos!!! -- voltarei a algumas amigas que me amam incondicionalmente, que viram o meu pior e o meu melhor e estão ainda, perto ou longe, comigo. Isso é uma dádiva. E fico feliz em saber que não preciso de facebook ou twitter para encontrar, ter e manter amigos!! THANKS GOD.

Minha mente está a mil, meu coração acelerado. Meus desejos, intensos... e minha voz... silente. Não vou dizer que gosto de ficar calada porém tenho uma regra que aprendi a custo de muita dor, lágrimas e sangue: "não tem o que falar? Sorria, abaixe a cabeça e cale a boca!".

E é isso. Sem celular, sem mídias sociais. Cara, isso não faz falta nenhuma na nossa vida!!!

Ops!

Perdi meu celular pros duendes misteriosos que roubam tudo e deixam você se perguntando: "como e onde foi que eu perdi isso?" Não sei, mas perdi.

Bom pra ficar ainda mais longe da vida internética e smartfônica. Novo celular, claro, está sendo providenciado!

Enquanto isso...


E então?

Eu queria novos amigos. Eu quero. Eu preciso.

Mas em um mundo como o nosso, onde estão essas pessoas?

Pois é. Você conhece todo mundo, mas não conhece ninguém a fundo. E, pior, ninguém te conhece. Ninguém sabe de você.

S. sempre dizia que não conseguimos fazer amigos depois dos 30. Por Deus... lembro que a gente ficava ponderando e chegando à mesma conclusão: não. Não fazemos amigos depois dos 30.

Mas toda regra tem sua exceção e eu encontrei algumas exceções. No entanto, agora, 36 anos na cara, estou me questionando se a regra se consolidou de vez. Será?

A vida virtual tem suas inúmeras vantagens! Porém, tenho sentido falta do tête-à-tête, sabe? Tenho sentido falta da honestidade. Tenho sentido falta da coragem.

Por um período temporário mas sem data específica ainda, cancelei minha conta no facebook. Necessito de MUITA distância daquele baile de máscaras cujos personagens são semiloucos, narcisistas, aproveitadores e fúteis em ação. EXAGERO? Pode apostar que sim! E ainda assim é uma escolha. Minha.

Vou postando por aqui. Se você, leitor aleatório, aparecer por aqui e deixar um comentário, saberei que é meu amigo além das linhas (quase) inescrupulosas do fb. Vou adorar receber e ler esse comentário!

E é só por hoje. Até amanhã, outro dia. Outro dia qualquer.

Life comes full circle

Um post pretensioso?

Ontem fiquei sabendo de algo que me arrasou. Mesmo. Uma notícia que, mesmo depois de um ano, achei que não fosse me abalar como me abalou. E abalou, abalou mesmo. Abalou. Por que? Eu tenho uma coisa chamada "ingênua confiança no melhor das pessoas".

Mas ter isso é maravilhoso! Só não é quando a vida passa e as máscaras das pessoas caem como folhas de árvores que precisam ser trocadas. As árvores, aliás, têm propósito. E as máscaras das pessoas? O que você pensa disso?

Eu penso que a vida é ironicamente engraçada! 

Eu fiquei sabendo da tal notícia e ela estragou meu almoço. Estragou parte do meu dia. Fiquei pensando em um monte de coisas, um turbilhão de sentimentos ocupando minha mente no lugar de outras que deveriam estar lá, mas não estavam!

Porém, o grande barato da vida é observar os detalhes! Uns me detestam porque sou detalhista e minuciosa, perscrutadora e observadora. Desculpe aos meus caros que pensam isso de mim, mas sou assim mesmo. E se não fosse os detalhes, provavelmente eu perderia a oportunidade de ver oportunidade onde todos veem desgraça. Eis o meu lado otimista que nunca morrerá!

O post está misterioso porque não darei nomes aos bois, não mesmo! Os mais próximos saberão e mesmo que não saibam, deixa pra lá. O que importa, agora, é dizer que foi bom ter expurgado a raiva, vomitado aquilo que ainda jazia dentro de mim e, provavelmente, extirpado os últimos resquícios de mágoa. Mágoa é uma merda.

O horizonte agora que nasce diante dos meus olhos é de muitas cores, imagens, sabores, texturas e sons! Minha mente está profícua. Meu coração está caloroso. Meu lado social está feliz. Meus desejos estão pareados com meus mais secretos sonhos. Nunca -- em toda a minha vida -- tive uma felicidade tão completa.

E a grandeza disso é que não precisei deixar de ser eu mesma em nenhum segundo! a maravilha de ser você mesmo 100% do tempo, sem -- para isso -- magoar as pessoas, trapacear as pessoas, puxar o tapete das pessoas. O equilíbrio do meu nodo norte em libra.

Dizem que não se deve fazer propaganda da própria felicidade. Será? Penso que as coisas boas precisam ser compartilhadas. O que é seu por direito nunca sairá de suas mãos!

Obrigada a todos os velhos e bons amigos, nomináveis e não nomináveis e às pessoas novas que entraram recentemente em minha vida!