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A transparência de Isabella Taviani

Bom, não é nenhuma novidade que eu sou fã declarada da cantora Isabella Taviani. Hoje, de novo, vim trazê-la como assunto para este blogue para compartilhar e comentar a recente entrevista que ela concedeu para a revista Istoé Gente desta semana. Parte dessa entrevista você pode conferir online neste link.

Existe uma teoria que diz que nada existe sem a inveja de um algo que já existe. Ainda nessa linha, tudo é imitação de algo que já existe no mundo das ideias. Nada é novo. Tudo é imitado e, dependendo do caso, trata-se de uma imitação de segunda mão.

Não vou discutir filosofia com os pensadores renomados que formularam essas teorias. Mas fazendo a aplicação da teoria na prática, quero perguntar aos leitores deste blogue: baseados em que poderíamos afirmar que, dentre as atuais cantoras da mpb que conhecemos, alguém é imitação de alguém? Inspiração e movimentos musicais existem. E acho que é só, não é? Porque trata-se de ofender tanto ao imitador como ao imitado falar que fulano é cópia ou imitação de alguém. Assim, se eu tivesse de rebater aos argumentos filosóficos, diria que -- sim -- até podemos imitar. No entanto, somos seres únicos, e mesmo nossa imitação (se assim for) também será única.

Bom, a introdução serviu para rebater a insistente teimosia (para não chamar de outra coisa...) que muitos têm de comparar Isabella Taviani e Ana Carolina. Já falei aqui várias vezes que não é por causa de um timbre grave (e, notem, é apenas este o quesito apontado) que as cantoras devem ser classificadas. Aliás, para quê classificação? Para quê comparação? Precisamos de bases, sim, mas para saborear as nuances, diferenças e similaridades e não para aumentar ou denegrir um artista.

Gostei da forma com que IT falou (mais uma vez!) sobre esse assunto. Mas essa foi a "menor" das 'polêmicas'. Isabella também abriu o verbo sobre sua vida pessoal de uma forma que eu nunca presenciei antes. E não o fez para chamar atenção para si (como vemos, sempre...). Fez para mostrar quem ela é. Estando implícito ou não, para muitos pode ser fácil falar da própria vida pessoal, enquanto para outros ela é privada. Para IT nunca houve essa dicotomia de "público" e "privado". Quando chegou a hora de falar, ela falou. De maneira clara, honesta... de uma transparência e simplicidade raras hoje em dia.

E esta é a nova artista! Eu, que a acompanho desde 2008 (pouco tempo), assumo com alegria incondicional este orgulho de ser fã de seu trabalho. Quatro álbuns de estúdio, amadurecimento, autotransformação e coragem para se autoabordar sem vergonha, sem preconceitos. A libertação dos relacionamentos anteriores (com gravadora, vida pessoal, amigos) é nítida e inspiradora. Ela não está mais presa às amarras daquilo que é esperado dela como artista, como ser humano, como mulher.

Para quem tiver a oportunidade, pegue as últimas páginas da revista e leia. Se você ainda não ouviu nada além daquilo que apenas toca nas rádios, vá ao google e cace algo novo e ouça. Isabella não é militante de nenhuma causa específica. Ela é militante da coragem que reside na alma dela. E é isso que você vai sentir quando for verdadeiramente tocado pelas coisas produzidas por essa artista.

Confesso: para mim, não existe voz mais melodiosa na mpb. A voz aveludada de Isabella Taviani é a que mais agrada, em todos os níveis. Sua interpretação visceral no palco: intensa e audaz -- como já foi; intensa, audaz e madura -- como é. Para quê comparações? Para quê limitações fonográficas e comerciais? Não há nada para camuflar. Verso e frente... você sempre será eternamente assim.

SHOW: HSBC Brasil, em São Paulo, dia 16 de junho, 22h. Eu estarei lá para conferir o segundo show da turnê EU RAIO X. Quem sabe não nos vemos lá? Showzaço, fica a dica!!! Abaixo, dois vídeos meus feitos no show no Citibank Hall, Rio de Janeiro.



As máscaras do grotesco

O que é necessário acontecer para o grotesco existente em cada um de nós saltar para fora?

Para alguns, é zombar dos "menos favorecidos", seja por raça, cor, credo, classe social, orientação sexual. Para outros, como vi esses dias, não vale apenas torcer o jornal e sair sangue. É necessário dissimular essa atitude com piadas de cunho supostamente humorístico.

O humor, por definição, é expressar o cômico para fazer riso. O cômico, em geral, só é engraçado quando faz zombaria de alguém. E o humor negro é a meia mistura disso tudo. O humor negro traz à tona a expressão de todos os pensamentos disfarçados de piadinha para "suavizar e amenizar o clima".

Nunca fui de humor negro e sempre olho de esguelha quem o faz. Para mim, quem faz humor negro é uma pessoa que tem algum tipo de distorção mental porque precisa chamar a atenção para si, afinal, quem faz esse tipo de humor não quer mais apenas zombar uma situação, quer chamar a atenção para si própria numa atitude: "eu não sou sentimentaloide sobre isso, eu tiro sarro disso!".

Mas voltando à questão, o que me assustou é sempre as pessoas fazerem humor negro na desgraça alheia. E o que mais me surpreende é ver outras pessoas rindo disso com uma naturalidade assustadora. Na minha opinião, esses são os verdadeiros psicopatas do cotidiano, disfarçados de pessoas comuns. Me diz como alguém pode rir de uma pessoa que é morta em um crime passional, esquartejada e descartada como lixo? Ao mesmo tempo, repito: MESMO TEMPO, li outra matéria similar e ninguém falava sobre isso. Entendo que a mídia, a polícia e a sociedade dão importância e relevância pelo fato de não ser uma pessoa comum. Isso não é justo para todas as outras pessoas que também têm o direito à investigação policial e à justiça. No entanto, daí a usar isso como justificativa para fazer humor negro sobre uma situação que -- a despeito de considerarmos justa ou injusta -- para mim, já é falta de humanidade.

O que defendo, aqui, não é sentarmos, chorarmos, lamentarmos e lamuriarmos sobre essa situação. O que defendo é compadecermos no sentido mais puro dessa palavra. Empatia é característica de poucos. E quando mais precisamos exercitá-la, simplesmente esquecemos desse detalhe que é o que nos torna humanos.

É repetitivo dizer que nós, seres humanos, estamos cada vez menos humanos. Não nos alimentamos direito, não nos cuidamos direito. Vivemos no tempo do relógio, na vontade da sociedade, na demanda do dinheiro. Rir da miséria e dor alheia em forma de "humor negro" é mostrar o quão vazio estamos. E disfarçados de humoristas do cotidiano. E sendo "moderninhos" porque é cool fazer humor negro, já que temos supostos humoristas ganhando fortunas por aí em cima da miséria alheia. Damos valor a esses valores, repetindo atitudes sem um mínimo de reflexão.

Apesar de tudo, creio e tenho muita esperança no ser humano, mesmo vendo esse lado grotesco e tão rudimentar que muitos insistem em disfarçar de "humor moderninho". 

Melhor cover musical de todos os tempos

Ainda não vi uma que me fizesse ter aquele pensamento de 'wow, como esse cara (ou mina) canta!' mas acho que posso selecionar dois dentre duas músicas de difícil execução vocal: "Always" - Bon Jovi e "I will always love you" - Whitney Houston.

Na minha opinião, essas são as duas músicas com mais covers de todos os tempos, especialmente a segunda. O programa do Raul Gil que o diga... inclusive há uma cover famosa de um carinha que cantou "Always" do Bon Jovi para todo o Brasil. Não é a minha preferida, principalmente pelos erros grotescos de inglês, mas tá muito boa! Veja aqui.

Agora, elejo o Lin Yu Chun como o melhor cover de "I will always love you". Pena que o menino é adolescente e pode perder a amplitude vocal. De qualquer maneira, ele deixaria Whitney orgulhosa bem como toda a famosa tradição da ópera chinesa com seus garotos de vozes únicas.




Para o também dificílimo cover de "Always" do Bon Jovi, escolhi um carinha gringo, porque nenhum brasileiro me convenceu. JBJ estava com sua voz na potência máxima na década de 90 e ninguém consegue imitá-lo, nem ele mesmo.




Um assunto trivial... para esta semana cheia de chuva (ainda bem!) em São Paulo.

A escolha de agora

Para alguns que me conhecem apenas virtualmente, pode ser difícil de acreditar que eu seja uma pessoa silenciosa. Ou mesmo tímida. Para aqueles que me conhecem pessoalmente -- mas não muito --, é ainda mais interessante constatar que sou mais de ouvir do que falar. Essa sempre foi uma característica minha.

Enquanto as pessoas adoram tagarelar, eu sempre medi as palavras. Escolha. Por várias pessoas, fui chamada de arrogante e até mesmo orgulhosa. O ponto não é que eu me considere superior... mas eu tenho um lance sério em desperdiçar palavras. Ou ficar fazendo disputa para ver quem sabe mais, quem tem o melhor argumento. Acho isso tudo uma imensa perda de tempo e energia.

Todos temos os direitos de termos as opiniões que quisermos. Mas sempre pensei que aquele que fala muito carece de algo. Um déficit. Opinião minha, óbvio.

A escolha de agora é pelo silêncio. Interessante que tenho sido exposta a situações de quase constrangimento. Porque as pessoas estão vociferando suas opiniões e mal sabem que eu, ali, sou um exemplo dessa opinião. E são inúmeros os motivos. Seria melhor se eu desse minha opinião? Talvez... mas, confesso: prefiro ficar calada. Entrar em um debate para dizer o porquê das coisas tem me mostrado algo: as pessoas não se importam muito em saber o real motivo de ter sua opinião contrariada. Elas não querem ser contrariadas, simplesmente. Ou, não conseguem a empatia necessária para se colocar no seu lugar. Nem é egoísmo, é incapacidade, mesmo.

Por isso, neste primeiro post de junho, apenas digo: tem sido um exercício muito bom ficar observando sem contra-argumentar. Observando em silêncio, sem julgar. Observando em silêncio e percebendo os argumentos tão factíveis. Observando e percebendo que, não somos melhores nem piores do que ninguém. Não há diferença entre um psicopata e uma pessoa comum: todos usam máscaras. Todos, a seu modo, são egoístas. Há diferença, sim, entre pessoas com consciência da vida e sem a consciência dela.

Agora, então, apenas destilo meu conglomerado infinito de palavras no silêncio.

Um passeio por aí...

O dia está lindo. Céu azul, puro. Nenhuma nuvem no céu. Ameno na sombra, calor ao sol. Você está caminhando e vê folhas secas voando ao vento... aí, passa um cidadão com um cigarro importado do Paraguai e baforeja na sua cara. Cinco minutos depois, você percebe que está andando atrás de outro fumante. De repente, alguém mais apressado corta a sua frente e faz questão de ficar a 5 cm de você, numa vontade estupidamente gratuita de te fazer tropeçar.

Você segue caminhando. Pensando naquelas pessoas que não deveria pensar, mas que por causa de outras pessoas, ecoam na sua mente como os reflexos repetidos de um sonho, como em Minority Report. A gente deveria saber filtrar e guardar apenas o que é bom. Mas, somos seres humanos. E não vivemos sem passado. Bom, qual ser racional vive sem passado?

Você poderia fazer uma dieta, mas não consegue deixar de comer aquelas gulodices de fim de semana. Você poderia deixar de fumar mas o vício de sentir a ação da nicotina associada as outras mil substâncias cancerígenas te impede de parar de gastar pelo menos 5 reais por dia. O que são cinco reais? Em um dia, quase nada. 365 dias depois.. E eu sempre me lembro daquele cara que parou de fumar e fez poupancinha com o dinheiro que gastaria com o cigarro: comprou (e ainda compra) cada coisa...

Você poderia acreditar que a hipocrisia não é virtude das redes sociais, onde todos somos bonitos, saímos bem na foto, comemos bem, só fazemos coisas legais. Esse "politicamente incorreto" que prolifera como praga de autoajuda é a mais nova sensação. Porque tudo pode ter duplo sentido, mesmo aquilo que você diz da forma mais simples possível. Agora, se você estiver num péssimo dia e sem vontade de cumprir a lei do silêncio, ai de você se resolver se manifestar nas redes sociais. E isso não é privilégio dos que têm ou não hormônios femininos, diga-se de passagem.

Confesso que essa onda do "bom, bonzinho, legal" manifestado da forma virtual me enoja. Recentemente, li um texto que dizia que todos deveríamos nos mudar para o facebook porque a vida lá é perfeita. A vida é perfeita, assim, para muitas pessoas. Devemos escolher proliferar o bem? Sempre! Mas, como já tenho dito: quem muito quer ajuda é porque desesperadamente precisa de ajuda. E fica entupindo as páginas alheias com frases repetidas de autoajuda. Essas pessoas poderiam ao menos exercitar a criatividade. Mas, criatividade é item de luxo para muita gente.

E a onda do oba-oba? (Para quem joga The Sims, aqui não estou me referindo a aquilo...rs) A onda do oba-oba é todo mundo ficar cool com todo mundo, o tempo todo. Estou cool com você, broder. Há uma necessidade incipiente agora de formar grupos, de falar igual, de repetir as mesmas e de, consequentemente, errar as mesmas coisas. Sempre fui intolerante com isso ... admito que me surpreendi comigo mesma. Mas sempre espero o inusitado, o radical, o especial... e esses... ah!

Então, sei que mais tarde, quando voltar às ruas, estarei novamente diante dos hálitos horrorosos, do metrô quente e abafado e -- ainda assim -- repleto de paulistanos com blusas, casacos e cachecóis como se estivessem no frio do Alaska. Eu quase confundo a falta de educação paulistana -- que deveria ser interpretada como "a pressa dos trabalhadores honestos" -- como um hábito arraigado. Não deveria ser hábito ser mal-educado, mas gentileza aqui é suicídio, broder.

Mas nem tudo está perdido! Ah nunca está. Mas o dia de hoje está é assim.

Isabella Taviani e o primeiro raio X: CitibankHall/RJ

Vinte de cinco de maio de 2012. O primeiro show da turnê para lançamento do cd EU RAIO X de Isabella Taviani. Local: Citibank Hall, Rio de Janeiro.

Ansiedade imensa de tantos lugares do Brasil inteiro. Um show independente originado de um cd independente. Uma Isabella nova, desnudada, expurgando o passado e se abrindo inteira para um futuro inteiro. Um show para comemorar o amor, a coragem, a esperança e a vida.

1.230 radiografias dispostas em uma imensa cortina que era cortada por canhões de luz de diversas cores. Uma cantora que trocou de figurino três vezes ao longo do show. Uma intensidade mediada por aquela experiência de vinte anos de estrada. 

O show foi inteiramente focado nas músicas do novo cd EU RAIO X. Para minha IMENSA tristeza, ela cantou todas menos a que eu mais esperava ouvir: "E se eu fosse te esperar?". Por quê? Não sei... mas sei que será um pedido que farei a ela assim que puder!

A casa estava lotada... com um pouquinho de atraso, o show começou... mas o que se seguiu foram quase duas horas que passaram voando. Além de quase todas as músicas do último cd, várias releituras dos clássicos... com uma roupagem mais rock que me agradou e tenho certeza de que agradou a todos ali!

Eu estava vislumbrada com a energia dos fãs mais antigos, dos fãs novos, dos presentes, dos que não puderam estar ali, dos que vieram de longe -- de vários estados do país: Manaus, BH, Salvador, Porto Alegre, São Paulo... a banda nova (não me recordo do nome do novo guitarrista e do baterista) tinham uma química nova... que sei que ainda vai explodir muito! O baixo de André Vasconcellos maravilha. E a participação especialíssima de Pedro Braga foi um ponto lindo do show.

A voz de Isabella tão clara e límpida... pura e branca... mais do que sempre já foi. Suas habilidades vocais ecoaram pelos corredores do Citibank não em gritos, simplesmente, mas com interpretações viscerais... não me canso em dizer que a voz de Isabella é uma das mais belas da MPB. Mesmo! E em todas as vezes que a ouço ao vivo, eu mais me certifico disso!

A queridíssima Myllena assinou os textos que foram lidos pela Leilane Neubarth em alguns trechos do show. Uma pequena "mistura poética" (se me permitem dizer...) de pequenos trechos de músicas da própria IT abriram o show. E, antes de A Imperatriz e a Princesa, outro belíssimo texto deu o tom do que estaria por vir e que, na minha modesta opinião foi o cume do show: IT e Myllena, Imperatriz e Princesa Amarilis, respectivamente, presentearam aos que ali estiveram, com uma interpretação da música homônima. Havia lágrimas... havia alegria, havia amor. Fiz um vídeo dessa canção que está ao final deste post e pode dizer tudo que não consigo dizer com palavras...

A distância e a frieza do palco do Citibank foram esquecidos totalmente quando o show ia acabando nos primeiros acordes de "Mulher Sábia". Era o fim daquele show... mas o início de muita história que será escrita. E que venha! Isabella, você -- que sempre ouviu seu coração -- já sabe que está no caminho certo. E, nunca se esqueça: eu sempre estarei contigo, onde quer que seja.

Aos que perderam, dia 16 de junho, HSBC Brasil em São Paulo, segundo show da turnê. Imperdível.



Pequenas atitudes de amor

Amanheci com um pensamento: antes eu reparava (algo que não mudou) as pessoas falarem, falarem, falarem... colarem frases no mural, gritarem, esbravejarem com autoridade frases lindas, frases proféticas, frases filosóficas, frases espíritas, frases de pura reflexão. E apenas isso. FALAREM.

E eu achava ruim, porque as pessoas só falam e não fazem. Sempre foi assim, né? Eu confesso: achava MUITO RUIM.

E as pessoas são assim: FALAM. A primeira das reações. Porque somos seres de reação, em primeiro lugar. Primeiro reagimos, depois -- quando ocorre, refletimos. Por último, se ocorrer mesmo, sentimos. A ordem das coisas aí tá totalmente errada!

Mas, atualmente, eu penso que as pessoas estão tentando. Se esforçando. Uma coisa ali: dura, árdua... mas ainda é uma tentativa. E é válida!

Não importa se as pessoas fazem coisas que não gostamos: isso vai acontecer na maior parte do tempo. O que importa é saber olhar a profundidade de cada atitude, mesmo que ela seja totalmente contrária a tudo aquilo que você acredita e defende. Porque é disso que precisamos neste mundo. Olhamos tudo com olhos rasos e analisamos tudo com tanta propriedade e simplesmente esquecemos que mesmo detrás de um ato supostamente "vil" existe um propósito. Existe uma sinceridade. Existe um amor.

Então, todas as vezes que vejo essas frases, ou vejo as pessoas com atitudes ou falando... eu penso que há uma tentativa de uma alma sufocada que quer se libertar. E mesmo essa ínfima tentativa precisa ser acreditada... porque em quantos momentos já nos sentimos sufocados? Esse estado de sufocamento é insano, se você não souber como lidar com ele.

Lembrando algo: aquele que mais vocifera autoajuda aos quatro cantos é aquele que mais precisa de ajuda. Ajudar os outros indiscriminadamente, ainda é -- infelizmente -- uma forma arcaica de pedir ajuda silenciosa (e com orgulho, por que não?). Tirei essa conclusão ao longo de muitos e muitos anos de observação... não é regra geral, mas é bastante real.

E esta solidão?

Andei reparando -- com um olhar bem menos julgador que d'antes -- que as pessoas têm se sentido muito solitárias. Mesmo envoltas num agitado mundo virtual -- ou num agitado mundo real, elas estão se sentindo solitárias.

Aos quatro cantos (principalmente virtuais) vociferam essa solidão. Não há música, não há livro, não dá companhia: simplesmente não há nada que as façam se sentir menos sozinhas. Eu mesma tenho esses ímpetos de solidão. É quase como se um buraco negro nos consumisse de dentro para fora, exigindo tudo que você tem mais aquilo que você não tem, com juros e correção monetária.

E algumas pessoas se alimentam dessa solidão alheia. Outras, se deixam doar, como se esse tipo de doação resultasse em alguma ação efetiva. E vamos compartilhando esse sentimento sem saber de onde ele veio. Nos preenchemos com vícios dos mais variados concluindo que assim nos salvaremos. Não estamos fazendo nada de efetivo...

Estamos cada vez mais distantes de nós mesmos. Nosso olhar apenas se volta para o exterior. Olhamos o que os outros estão fazendo... olhamos o que o outro tem que não temos... olhamos os passos errados e os tropeços que os outros dão... e esquecemos de olhar para nós mesmos. Esquecemos de olhar para nosso interior, para a riqueza que se esconde no silêncio interior.

As pessoas esperam chaves mágicas, prontas para abrir as portas. Não há segredo, não há mistério. E o primeiro passo de tudo isso é acreditar na verdade, não na ilusão.

O que somos: as máscaras reais e as máscaras virtuais

É mais do que óbvio e claro que temos vivido tempos caóticos. Nos falta saúde, falta silêncio, falta conforto e bem-estar. Por outro lado, nos sobra estresse, raiva, impaciência. Somos verdadeiras bombas quase automáticas prestes a estourar...

Uns sentem mais, outros sentem menos. Os que conseguem captar a fina percepção de que basta um clique para mudarmos nosso modo de agir. Esperamos grandes ações, esperamos grandes atitudes... mas é no silêncio solitário de estar dentro de si e consigo mesmo que alcançamos nosso ápice e nossas respostas.

Outros gritam aos quatro ventos! Todos gritam e eu mesma já gritei muito aqui. E reparem: por que precisamos de estardalhaço para ver o tênue? Não precisamos de dor. Não precisamos de dor! Não precisamos de dor!!!

Não precisamos de dor para perceber o que não dói. Não precisamos de dor para voltar a viver. Não precisamos de dor para saber o que é bom. Não precisamos de dor para valorizarmos um sorriso. Não precisamos de dor para saborear a felicidade. Não precisamos de dor para nada.

Mas somos seres humanos criados com uma distorção tão gigante de tudo que não conseguimos raciocinar nas coisas mais simples. E uma das coisas mais simples é isso: não precisamos de dor para justificar nossa alegria. Não precisamos de dor para nada!

Deveríamos aprender a andar entre os extremos, como uma dança em que cada passo do vai e vem é um aprendizado que não necessita da dor para justificar sua beleza. Outra distorção muito comum é a de que apenas sorrindo quase como bobos alegres também evitamos qualquer sofrimento. Isso para mim não me parece a fórmula mais adequada. Porque se sorrimos o tempo todo, de fato devemos esconder um verdadeiro buraco negro. Não é?

Para mim, a simplicidade de se sentir é o grande segredo. Se estamos em um momento mais triste, nos recolhemos, nos interiorizamos. Recorremos a ajuda exterior, se for o caso. Não é necessário vestir as máscaras da felicidade eterna. Não é necessário, também, vestir as máscaras do rancor estourado aos quatro ventos.

Na verdade, para mim, o que mais precisamos agora é praticar o silêncio. Falamos muito para agradar aos outros, para preencher nosso vazio interno... mas não falamos para realizar o básico da fala: comunicar.

Se você, querido leitor, chegou até aqui, pense apenas: busque o silêncio interior para saber quem você é, não aquilo que os outros esperam e não aquilo que você julga melhor mostrar.

poema: cinquenta centavos



Cinquenta centavos

É tudo
que tenho
para lhe dar
agora, meu amor.

Sinal mudo
agora mantenho,
para lhe alcançar
e  tirar o seu doce rancor.

É nada
que arranjei
da forma mais pura
para ver-lhe sorrindo.

Saco de piada
no choro inventei,
supondo ser a cura
pelo ralo fui indo.

Cinquenta centavos
talhado por escravos
pintado por operários
usado por ilusionários.

Cinquenta centavos por
seus pensamentos de dor,
na mão aberta o troco vou pôr
em troca de um punhado de amor.

Cinquentavos
que encontrei na rua outro dia...


> poema escrito em novembro de 1998 e relembrado pela minha irmã. Obrigada...

Sentindo a felicidade!

Hoje está um dia lindo. Perfeito para voltar a escrever no blogue.

Andei bastante ausente, né? Pensando no passado... no presente... no futuro. Nas pessoas que conheci. Naquelas que ainda me lembro. Daquelas que eu acho que quase esqueci. Pensando naquelas que ainda não conheci e quero na minha vida.

Estou pensando em todas as coisas que têm me cercado há mais de um ano. Uns dois anos, talvez. A intensidade de sentimentos que sempre me fez viajar do fundo do poço ao extremo do céu. Daquela coisa de ir buscar no infinito desconhecido as possibilidades... toda uma gama de coisas esperando ser descobertas. Tanta vida para ser vivida!

Eu estive, durante muito tempo, perdida dentro de mim mesma. E acho que encontrei o caminho. De vez, definitivo. Para sentir a vida sem rancor. Para ver todas as pessoas ao meu redor como elas são. Para perdoar e saber que perdão não é sinal de fraqueza. Para sorrir sem sentir intimidado. Para ser você mesmo sem se preocupar com inveja. Para reconhecer em cada pessoa um pedaço seu, que você pode amar ou odiar -- basta saber escolher.

Eu agora quero caminhar sem ansiedade, sem receios, sem tormentos. Que venham as adversidades, quer venham as alegrias. A felicidade não está em nada daquilo que você conquista materialmente, porque quando você tiver conquistado, a sua felicidade já será sua. A felicidade, este cálice tão procurado por todos, está dentro de você mesmo. Encoberto pelas tramas da nossa personalidade. Tornado um horizonte inalcançável para parecer com mais mérito. Não precisamos sofrer para sermos felizes!

Todos temos talento para transitar entre os extremos e viver confortavelmente no meio termo do caos da modernidade. Isso é felicidade. Ter a consciência do que somos, traçar um plano para nos autoconhecermos e nos melhorarmos a cada dia. Isso é felicidade!

Agora, sim, o ano verdadeiramente começou para mim. E vem cheio de conquistas. E todas as outras coisas que quero conquistar. E eu desejo ardentemente que você -- meu leitor -- também encontre a sua felicidade. Aprimore a sua consciência. SINTA MAIS e pense menos. SINTA MAIS e reaja menos. SINTA MAIS e percebe que todas as respostas mais insolucionáveis que sempre procuramos sempre estiveram... dentro de nós mesmos.

beijos a todos! prometo escrever mais... rs ;-)

Mais realidade, menos expectativa

Não deveria ser uma regra, mas somos seres humanos! Seres humanos, humanos, não é?

Será uma vida mais amarga viver sem idealismo? O que fazem os idealistas, nessas horas? Refugiam-se dentro de seus isolados mausoléus, na quase vã tentativa de se proteger?

Penso nessa questão: "uma vida com mais realidade e menos expectativa". E o que me vêm à cabeça? Não podemos esperar de outras pessoas enquanto não estivermos bem conosco mesmos. Porque a vida não será a amargura de viver na solidão, mas sim compreender que cada um de nós tem o direito de desbalanço para poder encontrá-lo novamente.

Não podemos esperar nada de outras enquanto não formos capazes de olhar a todos como irmãos em constante evolução. Errando, tropeçando... uns mais outros menos. Isso não é papo evangélico, pelo contrário. É papo para não tornar-se um sociopata, algo que todas nossas religiões prega com pernas mancas e falsas.

Então, no desbalanço de minha loucura admitida, aprendi uma nova lição: ninguém te golpeia com maldade. Na realidade, trata-se da oportunidade de um aprendizado que bate à sua porta dizendo: "eae, aprendeu?". E você percebe que não aprendeu. E que não é "culpa" do outro. E que, também, não é "culpa" sua. Na verdade, nunca foi e nunca será "culpa" de ninguém.

Então, que todos os deuses conspirem a meu favor para que eu tenha aprendido essa lição... para que venham outras -- que não serão mais fáceis ou mais difíceis, que não serão mais brandas ou mais cruéis. Apenas será aquilo que preciso para me tornar um ser humano melhor.

Quando algum de vocês, leitores queridos, passar por isso: pense nisso.

Por um instante

Por um momento, se eu fechar os olhos, serei capaz de ver... a vida que tive, os sonhos que sonhei, o mundo que vivi. Tudo fez parte de um mundo em que eu não tinha medo e as coisas todas existiam por existir. Sem angústia, sem dores, sem temores. Faz tempo. Quanto tempo?

E o outono chegou para valer... trazendo cores diferentes às árvores, temperaturas mais frias, tardes mais amenas... um sol morno na hora certa. E neste sábado chuvoso e nublados que meus olhos contemplam, quero, por um instante, voltar a esse tempo que não volta mais. Quero voltar a sentir aqueles sentimentos que me invadiam fortes, me dominavam e me deixavam tão tranquila por eu ser quem eu sempre fui.

Orgulho e vaidade

Foi mais de uma vez, eu li isso de algumas pessoas de convívio comum: "triste são aqueles que 'perdem seu tempo' investigando a psique humana". Claro, não foi dito com essas palavras, mas o significado era esse. E eu sempre me perguntei que todo mundo tem o direito de pensar o que quiser, mas uma pessoa que tem esse tipo de pensamento com certeza não tem sentido em fazer parte do meu círculo de amizades.

Radical? Não. Eu sou uma pessoa que sempre questionou as tangências, virtuosidades e complexidades da mente humana. Refletir sobre os comportamentos humanos pode ser uma perda de tempo para algumas pessoas mas, para mim, quanto mais entendemos sobre nós mesmos, mais equilibrados ficamos. Mais nos autoconhecemos e menos barbáries cometemos.

E, nessa temática, me peguei pensando sobre "orgulho e vaidade". Posso afirmar que tenho tido algumas lições valiosas. O desafio que estou encarando agora é 'como sentir orgulho sem vaidade'. Porque os dois tem limites muito, muito, muito tênues. Nenhum excesso é bom, mas a vaidade em excesso é um dos pecados capitais que mais receio, tenha certeza.

Ultimamente também tenho visto muita "humildade" travestida. Arrisco afirmar que poder-humildade-orgulho-vaidade caminham juntas e próximas, muitas vezes misturadas. E, dependendo da pessoa, isso torna-se um composto químico de alta periculosidade! Porque se uma pessoa tem sede absoluta de poder mas se traveste de humilde, escondendo toda a sua vaidade de conseguir o que tiver de conseguir -- não importam os meios, estaremos quase diante de um psicopata.

E todos nós temos as nossas psicopatias em maior ou menor grau, não tenha dúvida! Mas a vaidade é facilmente burlada porque também se disfarça: além de humilde, pode ser autoconfiança! Por isso que, nesse sentido, tenho aprendido algumas lições. Pessoais, sim! Porque para alcançar o equilíbrio interno, você necessariamente acaba passando por vaidade, orgulho, cobiça, humildade, caridade e autoconfiança.

Não sei ainda qual é o caminho para poder compartilhar com vocês. Estou constantemente buscando. Acho que o primeiro passo é assumir com absoluta consciência essas nuances em você. Não se esconder atrás de máscaras de suposta bondade, caridade e humildade -- porque isso é o que eu MAIS vejo por aí. As pessoas querem poder, mas não o mostram. As pessoas sentem vaidade de "ter mais informação sobre alguém" ou "ter mais contato com alguém" e se escondem atrás da máscara de caridade humanitária e bondade em prol de algo maior. Pode ser verdade... mas também é muita mentira!!!

Então, para mim, a lição que fica é: você sabe quem você é? E sabe qual é a maior máscara que você veste para a sociedade? 

Certo ou errado?

Música dos anos 80 na voz de Patrícia Marx? Não! Não, desta vez... rs

Hoje acordei com um pensamento. Daqueles meio resumão, sabe? Fiquei pensando, para variar, em algumas pessoas. Fiquei pensando em hipocrisia, em falsidade, em atitudes, julgamentos, justificativas. Aí, me lembro da Bertrani que sempre me vem com frases curtas e contundentes. O que mais gosto nela é que em quase quatro anos de amizade virtual e ela sabe exatamente o que dizer para me deixar sem reação. Isso não é ruim, é bom!

Fiquei pensando numa frase que postei no meu facebook esta semana: "não, não vou voltar atrás...". Quando disse isso, pensei em uma meia dúzia de pessoas que conheci nos últimos anos. A minha ideia é simples: pra quê ficar convivendo com uma pessoa que seja lá qual for o motivo, não te faz bem? Sim, ideia simples. Não, a vida não é descartável assim. E eu nunca fui uma pessoa que descarta pessoas e objetos à toa, sou canceriana!

Então, colecionei ao longo de boa parte da minha vida, a mania da insistência. Essa atitude é perigosa... porque é confundida com amor. O amor e a paciência supostamente se associam à insistência como forma de provar que, sim, todas as tentativas precisam ser experimentadas à exaustão para se ter certeza de que ninguém está agindo por precipitação.

Mas, a vida tem uma maneira muito misteriosa de te mostrar que insistência não é amor e que chafurdar sobre leite derramado não quer dizer que a sua atitude mártir é digna de aplausos. Não é mesmo! Ninguém precisa ser uma pessoa precipitada. E ninguém deve ser uma pessoa teimosa.

Recentemente, fui julgada e condenada. Minha réplica seria explicativa e não elucidativa -- o que são coisas bem diferentes. Eu não repliquei. Cheguei a sã conclusão que NÃO insistir em determinados momentos é algo tão libertador quanto curativo. Um amigo que te julga sem réplica é seu amigo de verdade? Uma pessoa que te trata como um objeto descartável é seu amigo de verdade? Uma pessoa que passa por cima de seus sentimentos como se eles não existissem é seu amigo de verdade?

Eis o título do meu post: certo ou errado? Não quero polarizar, porque como sempre dizem: pra toda situação existem os dois lados: obviamente que nos casos supracitados, essa máxima não valeu. Desde que essas coisas todas aconteceram (num intervalo de dois anos) acho que nunca disse nada abertamente aqui. Então, acho que chegou a hora de fazê-lo: não vou voltar atrás. Não vou. Acabou. Não era para ser, não deveria ter sido, eu não deveria ter insistido. É como uma chuva que só cai uma vez. Nunca serei mal-educada se encontrar com vocês, direi "Olá, tudo bem.", mas isso será tudo. Não quero saber como vai tua vida, não quero estar no mesmo ambiente que você. Não sou de joguinhos. Ao contrário, sempre fui conhecida como a "impaciente radical que fala o que todo mundo tá pensando, mas ninguém tem coragem de dizer". É isso.

Seja feliz. Vá abrir teus horizontes e aprender o que você precisa aprender. Esqueça que eu existi: como fã de IT, como suposta amiga, como qualquer coisa. O mundo é um globo imenso com bilhões e bilhões de pessoas. Vá conhecê-las. Livre-se de mim assim como estou me livrando de você agora.

E não há certo ou errado, afinal. Quando não dá, não dá. Aceita e diga adeus. Espero que vocês sejam verdadeiramente felizes, com a bênção de todos os deuses. E esqueçam de mim.

A era da hipocrisia

Lá vim eu no meu blogue pesquisar sobre "hipocrisia" para ver o que tinha escrito. Na verdade, achava que não tinha escrito nada. Com susto, descobri que já escrevi muito!!! Olha o resultado da pesquisa dentro do blogue aqui.

É que nesses últimos dias andei ouvindo/lendo coisas interessante sobre a questão da verdade/aparência, justiça/injustiça, realidade/ficção, bondade/caridade. E um negócio ficou retumbando e coçando dentro do meu cérebro, pedindo para sair!

Para começar, de acordo com o dicionário Houaiss, eis a definição para a palavra HIPOCRISIA:
■ substantivo feminino 
1    característica do que é hipócrita; falsidade, dissimulação 
2    ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade
3    caráter daquilo que carece de sinceridade 

Eu sou uma idealista assumida. Se também fui conhecida por ser estourada e impaciente, otimista e sonhadora também -- e sempre -- devem acompanhar a minha definição.
Venho reparando (e isso deve ser acompanhado do parênteses: com variações sazonais), mais do que nunca vivemos os tempos das aparências. Conteúdo não é mais nem luxo, é um item acessório: tanto faz se você tem ou não.

O que importa é o que você MOSTRA. Não importa o que você faça ou deixe de fazer. Não importa o que você acredite ou defenda. Não importa o que você SINTA.
Que nós todos temos nossas máscaras sociais não é novidade desde os tempos primórdios. Que nós precisamos ser um personagem diferente para as mais diferentes situações que vivemos, idem. Mas há quem confunda "máscara" com "falsidade" e "caráter". Haveria mesmo distinção?

Então, se vivemos numa sociedade em que o que mais importa é o que você MOSTRA, consequentemente agimos assim e esperamos que as outras ajam em consonância. Aí criamos uma nata de aparências disfarçadas de bondade, sorrisos, caridade, simpatia e gentileza. Peraí. Para e veja.

Ninguém conhece ninguém, mas todos se gostam porque compartilham frases bonitas de autoajuda, espiritismo e cristianismo louvando o amor e o perdão. Gentileza gera gentileza, não é o que diz o profeta? Ninguém julga ninguém e ninguém critica ninguém, certo? Todo mundo tem dó de todas as mazelas do mundo. A falta de empatia me parece um companheiro inseparável da hipocrisia.

Bom, como em nenhum momento eu me excluí dessa mesma humanidade que citei acima, apenas queria finalizar que no convívio diário gostaria de ver mais empatia e menos gentileza disfarçada de caridade hipócrita. Queria ver a alma das pessoas e não sorrisos colgate e família doriana feliz. Podemos ser felizes? Somos felizes? Somos todos iguais? Sim, não. Depende, tudo depende. Mas autenticidade, hoje em dia, é tão rara quanto pessoas verdadeiramente empáticas.

Revelando o "Eu Raio X" de Isabella Taviani


Não sou crítica de música nem tenho conhecimentos musicais suficientes para escrever um texto que se dignifique a ser chamado de “texto crítico”. Mas sou fã de Isabella Taviani. E como acontece comigo em relação a aqueles poucos artistas de quem me considero “fã de verdade”, posso falar o que entendi, o que senti, o que gostei e o que não gostei.

A primeira pergunta que me vem é: o que é um artista para você? Um eterno fingidor, como diria Fernando Pessoa? Ou um eterno transmissor e expurgador de nossas dores, de nosso pensamentos mais íntimos? Isabella Taviani é sinônimo de intensidade, ardor, rancor, amor... já eternizada entre tantas músicas clássicas que já conhecemos.

E IT também é artista. Não podemos esquecer disso. E, na minha humilde e modesta opinião, uma artista de mão cheia. Com formação em canto lírico e teatro, vocês imaginam as amplitudes que isso pode alcançar? Na última turnê, tive o privilégio de assistir a 15 shows, ao longo de três anos. Eu vi vários espectros do alcance artístico de IT. Vi a entrega, vi o ardor. Vi a performance, o improviso.
Ouvir EU RAIO X significa não apenas ter o RAIO X desnudado da pessoa (e artista) Isabella Taviani. Significa ver o real amadurecimento de uma cantora que, sem gravadora, parece que ficou livre das amarras comerciais (que vemos aos borbotões...) para se desnudar. É um mix de tantos estilos musicais, diferentes entre si em sua primeira aparência. Mas uma observação mais apurada revelará que as escolhas não foram aleatórias. Seria ingenuidade pensar isso.

Não à toa, ela também escolheu trabalhar com André Vasconcellos, com quem trabalhou em seu primeiro cd. Ela mesma afirmou estar entre músicos queridos e amigos – uma grande família. E num ambiente assim, podemos ser nós mesmos, sem receio algum.

E é isso que eu vi em cada uma das faixas presentes no cd. Um mix de vários artistas, começando com a homenagem aos dramas românticos rasgados a la José Augusto visto na música “Estrategista”. O maravilhoso acordeon tocado por Alessandro Kramer em “E Se Eu Fosse Te Esperar?” que lembra tanto os xotes de Dominguinhos (obrigada à minha irmã que me auxiliou neste conhecimento musical tão específico). Imagino os casais dançando um forró nessa música.

E, ainda, tem uma música que se inicia espanholada e termina num funk meio ‘Fernanda Abreu’ na deliciosa música “Mulher Sábia”! IT assustou os fãs dizendo que ia criar um batidão... e criou, sim, uma música especial para mulheres especiais! rs Já to imaginando o povo se acabando no final do show...

Uns podem até achar suas semelhanças em “Encaixotei minha paz” com uma cantora que, mesmo depois de mil anos, ainda insistirão em comparar (com aquela que não dizemos o nome..rs). Crítica clichê de quem – de fato – não entende nada de música. Arrisco dizer que IT pode até ter feito de propósito para mostrar que, sim, podem ser parecidas. Mas, ouça e verá: não são.

E a música: “A Imperatriz e a Princesa” uma fábula celta maravilhosa... essa, sim, música corajosa para os atuais padrões musicais brasileiros! Uma ode a um amor entre duas mulheres. Que canta e louva a alegria, a coragem, a esperança.  


Por outro lado, “Contradição” lembra um rock meio blues dos anos 70. Uma guitarra de Marco Vasconcellos rasgando notas absurdas. Adoro essa música! E IT tocando ukelelê em “Roda Gigante”? Outra música com melodia e interpretação vocal especiais! Eu achando que era cavaquinho... não! Bem, não deixa de ser um. Que instrumento com som delicioso!

E, finalmente, “Raio X”, música que dá título ao cd. Escrita pela parceira musical Myllena (que também participa de outras faixas) é uma verdadeira pérola. Música falada (que, por acaso, lembra as canções de Zé Ramalho) é uma música onírica na minha opinião. Você a ouve de olhos fechados e viaja. Viaja na doce letra, na doce interpretação, na doce melodia. Merece abrir o show e merece ganhar videoclipe, viu, Isabella? ;-)

Raio X completo e revelado? Não. Os fãs podem ter sentido falta de “O Amor é a Vida” cantado na homenagem ao centenário de Mário Lago. Uma interpretação crucial de IT ao piano que merecia estar no cd! “Canção de Amor Clichê”, “Meu Amor Mineiro” também eram promessas que ficaram de fora.

Minha opinião final: Isabella Taviani mostra que grita a hora que quer e é doce a hora que quer. E ela manipula isso com maestria que nos hipnotiza em suas canções... Canta músicas tristes em ritmos doces. Canta o amor em rimas cruas e ácidas, com interpretação vocal perfeita em notas difíceis. Arriscou inserir instrumentos e instrumentação nova no arranjo de várias músicas. E acertou!!! Está madura, sabe os passos que como e quer dar. “A Canção que Faltava” é o primeiro single que já está nas rádios das capitais em SP e no Rio. Mas, com certeza, este é o cd que faltava, IT.



Peço desculpas se disse alguma informação errada por aqui (foram tantas referências cruzadas...). Foi um intenso aprendizado musical ouvir esse cd pela primeira vez. Escrevi aqui o que senti e considerei importante. Comprem o cd original no site da Saraiva (tá baratinho!). Em breve, também terá venda do cd autografado pelo próprio site da cantora. Ouçam e compareçam ao show em São Paulo, dia 16 de junho, no HSBC Brasil. No Rio de Janeiro será a abertura oficial da turnê, com show no dia 25 de maio no Citibank Hall. Assistir a um show dela é uma experiência única... e viciante.

Produtos orgânicos e vegetarianismo

Pensei muito antes de escrever este post. Talvez, já venha pensando há alguns anos. Por que? Eu sempre me considerei uma carnívora de mão cheia. Segundo minha mãe, quando ela estava grávida de mim, adorava comer churrasco. Depois que nasci, ela dizia que eu deveria me casar com um fazendeiro para ter sempre carne disponível à mesa. Não minto que durante diversas vezes, jantava 400g de picanha grelhada apenas no azeite e sal.

Mas de uns 3 anos para cá, um movimento começou a ocorrer comigo. Fui diminuindo a quantidade de carne vermelha ingerida. Recordo da última vez que fui a um rodízio de carnes: não via sentido em peças e peças de carne rodando dentro de um salão. "Senhora, quer parte A? Parte B? Parte C?" Comia e me sentia mal. Foi a primeira vez que esse sentimento tomaria conta de mim com essa força.

A outra vez foi quando decidi comer uma bisteca de porco. Temperei, deixei marinar... tudo certinho. Grelhei, comi. Poucas horas depois, estava com uma diarreia terrível, daquelas brabas mesmo. Era nítido que meu corpo não conseguia mais digerir carne suína.

Nesse meio tempo, comecei a lenta transição entre proteína vegetal e proteína animal. Ainda comia frango. Mas me sentia com o estômago pesado, da mesma forma quando comia carne vermelha. E não faz tanto tempo assim. Eu fui cortando lenta e gradativamente, numa velocidade rápida.

No ano passado, decidi parar de comer frango, por puro nojo ao modo de produção dos frangos que crescem entre 20-40 dias para serem consumidos. E os ovos? E como os frangos crescem? Peito de frango é saudável, tem certeza?

No começo deste ano, tive minha última experiência como "carnívora" de carne vermelha. fui fazer um feijão e coloquei uns pedaços de bacon e costela defumada. Cheiro maravilhoso, né? Quando fui comer um pedacinho da costela, meu chakra cardíaco começou a acelerar e uma imagem passou pela minha cabeça: a de um porco sofrendo na hora de morrer. Esta experiência era o que faltava para eu -- definitivamente -- parar de insistir.

Uns meses depois, numa madrugada trabalhando, resolvi achar uns vídeos que compartilho com vocês. São fortes, portanto, cuidado ao assistir. Fortes mas contundentes: se você continuar comendo carne vermelha, que seja a orgânica pelo menos. O mesmo vale para os outros tipos de carne e ovos.

Hoje em dia, está cada vez mais forte a produção orgânica. Embora ela ainda não seja valorizada, porque os vegetais não são bombados, os frangos têm carne dura porque são criados soltos. Esquecemos o sabor real das verduras, legumes e frutas. Estamos nos autodestruindo porque ingerimos 2L de agrotóxico por ano. A maior parte de nós nem bebe isso de água por dia (eu bebo).

Não estou inventando nenhuma dessas informações. Google aí e você vai conferir matérias e mais matérias.

Portanto, queridos leitores, ser vegetariano é uma escolha não apenas de proteção à matança sem precedentes de animais para o consumo comercial humano. É uma escolha saudável e orgânica -- no melhor sentido que essas palavras puderem ter. Como comentei com alguns amigos uns tempos atrás: não precisamos chegar ao dia em que teremos apenas insetos como fonte de proteína animal, certo? Ou proteína sintética. Ou proteína criada a partir de fezes humanas (pode pesquisar, está tudo disponível na internet). Pense nisso.

Mais uma vez aviso: se quiser ver o vídeo, veja. Mas é chocante. E pense que é assim que o bife vai parar na sua mesa (hoje em dia, talvez tenham criado técnicas "menos dolorosas". Mas um boi numa fila de abate sabe que vai morrer. Não precisamos ser humanos para saber isso). O segundo vídeo é da empresa Yamaguichi, famosa por seus ovos orgânicos.



Comparação

Somos pequenos, porque nos comparamos uns aos outros de acordo com o dinheiro que ganhamos; com coisas que compramos -- ou deixamos de comprar; com família e amores que temos -- ou nunca conseguimos ter. Por que não nos comparamos de acordo com a transmutação interna que somos capazes de realizar. Ou melhor: por que nos comparamos?

O poder da comunicação - parte 1

Uma das coisas que mais fiz no meu período de silêncio foi observar as pessoas conversando. E com uma tristeza -- menos surpresa, ainda -- constatei que as pessoas não gostam de conversar. Elas gostam de ter razão.

Qual é a sua concepção de conversa? Para muitos, penso eu, deva ser uma espécie de luta de arena com palavras. Quem tem o melhor argumento? Quem consegue dar um exemplo mais impensado? Quem consegue falar mais? Quem consegue falar mais alto? Ficar em silêncio, nesse caso, é sinônimo de fazer de seus ouvidos um belo pinico.

Aí fiquei pensando por que as pessoas precisam tanto ter razão? Qual é a necessidade de fazer o outro de pinico? Qual é a real necessidade de falar mais que o necessário? De chamar atenção? De precisar tanto ter razão? De fornecer todas as respostas para as perguntas que ainda nem foram feitas?

Fiquei pensando... e continuei observando. Pois, para mim, se uma pessoa quer ter razão, ela que converse sozinha. Gosto da ideia de conversa como sinônimo de troca saudável. Você pode até saber mais de um determinado assunto que o outro e pode nem ter a vontade consciente de querer mostrar isso para ele. Mas vai acabar dizendo -- de uma maneira ou de outra -- que você, sim, sabe mais e quer, sim, se sobressair em relação ao seu interlocutor.

Por que as pessoas não podem simplesmente discorrer como se não fosse o último minuto da face da Terra? Por que as pessoas não sabem mais ouvir e calar?

Por exemplo, pessoalmente, não consigo conviver com quem fala e não sabe ouvir. Na minha modesta opinião, as duas coisas têm o mesmo peso e a mesma medida. Me diga que amigo você acredita que alguém possa ser se a pessoa não te ouve? Que tipo de relacionamento você acha que é criado num quadro em que uma das partes fala mais que a outra? Como você chamaria isso?

Então, arrisco dizer que o grande problema da humanidade (em relação a isso) é carência. SIM! CARÊNCIA. As pessoas são carentes. Uns mais, outros menos. E o que seria ser carente? Também temos vários tipos mas, em suma, um carente é um frustrado. Frustrado porque queria ter algo e não tem. Por não ter, fica uma "lacuna". E essa lacuna, na maior parte das vezes, é preenchida da pior maneira possível...

Mas somos frustrados porque escolhemos? Claro que não! Somos esmagados por uma demanda social impetuosa que não tem compaixão com os fracos, com os que erram, com os que têm dúvidas. Ela se blinda de gentil mas te dilacera. Há exceções? CLARO, ainda bem! Mas aqui não falarei das exceções.

Não é nos permitido correr atrás dos sonhos como escolha própria. Temos, sempre, todas as outras prioridades na frente. A vida financeira. A vida material. A vida amorosa. Fazer aquilo que gostamos ou sentimos vontade de fazer é sempre corrompido pelo que os outros esperam que a gente faça. E aí, nos frustramos. E aí, ficamos carentes. E imagina, então, uma massa gigantesca gerando uma energia de carência uns sobre os outros? LOUCURA.

Quero falar mais, mas deixarei o resto para a segunda parte, que escrevo amanhã. Por enquanto, reflitam comigo: que tal se não despejássemos nossas carências no outro e, ao contrário, fizéssemos o teste de ouvir nosso silêncio interior. Ele sempre tem MUITO a dizer.

Crisantemus: o retorno

Muito tempo de silêncio... e eu já nem sabia mais o porquê. Talvez, sim, soubesse que precisava me calar para  ouvir a voz interior. O velho papo de sempre. Papo PERFEITO, aliás.

Nesse meio tempo, algumas pouquíssimas pessoas souberam me compreender. Não porque eu exigisse alguma compreensão.. mas você percebe quando a água suja decanta. Eu era uma água suja que, decantada, vem aqui comentar a amizade sincera desse momento específico que passei.

Claudia Bertrani, Maria Helena, Barufi, Fafá Barbalho... Jana -- sempre! Essa fase foi mais agradável porque vocês estiveram presentes... obrigada.

E pensando em novos posts.. aguardem!

E que o outono traga temperaturas mais amenas!

A canção que faltava (NOVA MÚSICA) - Isabella Taviani

Se você, leitor querido, ainda não teve a oportunidade de sintonizar na rádio carioca JB FM e ouvir o primeiro single do mais novo cd da queridona Isabella Taviani, tem duas opções: ou sintoniza na rádio para ouvir essa belíssima canção, ou clica no link abaixo para conferir a versão para mp3 que eu fiz do meu próprio vídeo feito no show em Niterói, quando ela cantou essa música pela primeira vez, em um show.
O novo cd será lançado no fim deste mês. A previsão é de muitos pockets no Brasil inteiro para divulgação do trabalho. O show de lançamento do cd será em 26 de maio, no Citibank Hall, no Rio de Janeiro.
Ansiedade batendo forte! :)
"> A canção que faltava by Isabella Taviani on Grooveshark


Refletindo...


Coisa boa: ver pessoas jogando polêmicas, esbravejando opiniões tácitas e contundentes... e eu plácida, observando. Pensando: "como já fui assim" e refletindo: "como ser assim não tem serventia nenhuma no mundo."


A gente sofre pra ter razão nas conversas, em geral, das mais comuns. Razão pra quê? Julgar e achar culpados é tão fácil. Colocar-se de verdade no lugar do outro... ah! Isso ninguém quer fazer.

A necessidade da culpa

De uns dias para cá, me peguei pensando no lance da culpa que as pessoas precisam sentir. Elas propagam a culpa. Todos somos culpados por alguma coisa, direta ou indiretamente. Fora as culpas que jogamos nas pessoas para aliviar as nossas próprias e, assim, ignorantemente, pensar que estamos numa corrida com revezamento, em que passamos o "bastão" da culpa para outra pessoa para chegar na frente de outras pessoas? Como assim? Pára... e pensa um pouco.

Nossa sociedade tem muito incutida na cabeça a ideia generalizada e mal-interpretada da ação e reação.  E, se você erra, seja cometendo um erro para si próprio ou em detrimento de outrem, carregar "a culpa" parece uma forma muito manquitola de falsa caridade querendo mostrar às pessoas que "sim, sou culpado, me chicoteiem, porque pequei."

Esse "culpado" sente prazer em sentir culpa. Claro que ele não raciocina dessa forma, mas em suma é assim que ele pensa. Lembrar com lamúria das coisas erradas que ele fez e não consegue fazer diferente. Pedir constantemente desculpas e perdão (outra atitude manquitola) mas sem -- de fato -- transformar o sentimento em ação. Ou, se agir, pensar que agindo assim, as pessoas têm a obrigação de dar-lhe o óleo do perdão, porque ele é humildemente assumiu seus erros.

As pessoas, cada vez mais, estão perdidas em seus pensamentos. Envoltas em muitas névoas de confusão, pré-conceito, preconceito, autojulgamento e falsa caridade.

Estou dizendo isso, porque tenho convivido muito com a questão da "culpa". E, conversando com as pessoas, não consigo simplesmente expor a ideia de que culpa não serve para nada, nem como cicatriz para te lembrar do que aconteceu um dia. A culpa é um veneno poderoso e perigoso, que mata silenciosamente. O ideal é transformar a "culpa" em ação direta. Primeiro -- antes de TUDO -- para si mesmo. Porque quem não se perdoa, não é capaz de perdoar a ninguém. Segundo, lembrar-se de que todos somos seres errôneos, aprendendo na mesma escola. Ninguém é melhor que ninguém, em nenhum sentido, NUNCA.

Portanto, querido leitor, antes de culpar alguém ou de se autoculpar, pense: ninguém é melhor que ninguém, isso é coisa da SUA cabeça. Reflita com o coração.

A lição do julgamento

Olá queridos leitores deste (NÃO) esquecido blogue! :)

Um longo tempo de ausência se fez. Não tive motivos específicos. Apenas um desejo de ficar em silêncio. De medir as poucas palavras que proferia. De escolher quem ouvir. Essas coisas básicas minimamente necessárias ao ser humano.

Já venho a algum tempo refletindo sobre a questão do julgamento. Sobre como somos ignorantes ao apontar o dedo, ao apontar os defeitos. Aqui, diante deste blogue, diante de cada um dos meus leitores, eu venho admitir: eu sempre fui uma IMENSA julgadora. Daquela que sempre acreditou ter o poder da balança vendada em minhas mãos.

Quantos erros cometi... perdi as contas. Errei muito.E fiz coisas muito feias ao julgar, ao me colocar em posição de suposta superioridade. Ao selar tantas palavras, tantos sentimentos. Tenho plena ciência de tudo o que cometi no passado.

Ao mesmo tempo sei que tenho alguns resgates a cumprir e alguns julgamentos para passar. Aceito-os de coração aberto. Peço perdão a quem magoei. E caminho de braços abertos, sem temer e aceito a colheita daquilo que plantei um dia.

O que somos? Somos seres humanos... vivendo, aprendendo, errando, aprendendo, errando de novo. Eu já errei muito e me policio diariamente para não cometer os mesmos erros.

Mas há uma verdade, infelizmente, muito real para os dias de hoje. Fica aqui como frase de reflexão para vocês: você pode ter mil maneiras de falar A. Se a pessoa não quiser (ou conseguir) entender, ela vai interpretar o alfabeto inteiro, mas sem nunca entender o A que você disse o tempo todo. O que fazer diante disso? Recuar humildemente, calar-se e esperar o tempo. Pois esta decisão não cabe mais a você.

Glenn Close, Albert Nobbs e o Oscar

Deveria ter escrito este post antes, mas meio que acabei esperando sair o resultado do Oscar. Confesso que nunca me importei muito com essa premiação, mas de tempos em tempos, eu sempre tenho uma atriz para torcer (em geral, são atrizes). Desta vez, era a Glenn Close que estava ali.
O filme é Albert Nobbs. Um filme cuja existência fiquei sabendo na segunda-feira de carnaval, depois de assistir a Dama de Ferro. Eu vi o cartaz e enlouqueci com a transformação física que a Glenn Close fez para interpretar Albert Nobbs.

A princípio, você teme que seja mais um "filme de mulher travestida de homem". Mas não é. Engana-se você se pensa que vai encontrar isso. Claro, deve ser dito que o filme não quer transformar pensamentos nem propor uma ideia revolucionária sobre o cenário do qual retrata no filme: a Inglaterra do século 19.

O filme faz um retrato simples da sociedade aristocrática. E quem nos chama a atenção é justamente o garçom Albert -- uma mulher disfarçada de homem há tanto tempo -- que nem se lembra mais do próprio nome. Inácio Araújo escreveu uma resenha perfeita para a Folha de S.Paulo na sexta. E fala da queda das máscaras. E escreve daquilo que também chamou a minha atenção: a interpretação de Glenn Close.

Glenn não ganhou o Oscar. É um prêmio bem-vindo mas para alguém que faz uma interpretação minimalista (a melhor palavra que achei) sem afetação, sem exagero, quase sem falar, baseado apenas no olhar não precisa de mais nada.

Confesso: é um filme cuja atuação de Glenn Close mexeu muito comigo, não sei porquê. Apenas uma pisciana tem um olhar como aquele para incorporar a um personagem que ela mesma já tinha interpretado 15 anos atrás e cujo projeto ela batalhou para levar ao cinema nesse tempo todo. Não sei o que tem naquele olhar mas é olhar que apenas uma atriz experiente, sensível e pisciana teria. Eu lembro desse olhar e me vem lágrimas...

Não é um filme imperdível, é uma atuação de Glenn Close imperdível. Para quem espera clichês ou algum resquício da femme fatale da década de 80, esquece. Esquece, esquece. Vale ver, mas para tentar captar e ingenuamente tentar entender o que o olhar de Albert Nobbs tem a nos dizer, sobre sonhos escondidos e quase esquecidos. Sobre o propósito de uma vida inteiro.


Meditação em 1 minuto

Num mundo tão corrido como o nosso (que clichê...) se você teve curiosidade alguma vez na sua vida para meditar, que tal tentar agora? Esta técnica (a dica do link é da queridona Lilian Aquino!) é supersimples e necessária para não nos bestializarmos nem sermos apenas seres que reagem. Precisamos ser pessoas que SENTEM.

Belo dia

Eis que amanhece outro dia. Mais um outro dia, outro dia qualquer... neste ano de 2012, cheio de transformações, desejos e ensejos.

Tenho andado bastante silenciosa. Um silêncio deliciosamente compartilhado comigo mesma. Uma ausência de pensamentos, de desejos, de ansiedades para compartilhar um quase-vácuo com a minha alma.

As palavras são tão mal usadas. Nossa comunicação é deturpada para tantos fins escusos. Não sei exatamente por qual motivo decidi me silenciar. Mas esse silêncio tem sido um bálsamo para mim. As pessoas falam, falam, falam e nem sabem mais por quê falam. Convivemos com tanta poluição sonora que esquecemos de ouvir quem nunca deveríamos sequer sonhar em deixar de ouvir: a nós mesmos.

Fica aqui um desejo de silêncio aos que o procuram, não estão procurando -- mas sabem que procuram, e aos que procuram e ainda não encontraram!



Para refletir

Não dá mais para sermos o que éramos, nossos defeitos, nosso ódio. Se não mudarmos agora, qual será o nosso futuro? Talvez não haja futuro.

Sobre a empatia

E, de repente, me peguei pensando na palavra: empatia.

Pensei nas rimas que caberia em um poema. Pensei nas acepções da palavra. Pensei em um monte de coisa. E você? Pensa no quê quando lê esta palavra?

Lá fui eu, basicamente, caçar o significado no dicionário. Confesso que não me senti satisfeita. Porque, mesmo sob o prisma da psicologia (uma das acepções que o dicionário informava), a empatia ainda exige que o assunto passe pelo filtro dos olhos da pessoa. Aí, não é empatia, é julgamento. Julgamento empático, mas ainda julgamento.

Se você concordar comigo, empatia pode -- e deve -- significar "colocar-se no lugar do outro, simplesmente". Okay. Se esta frase definir o que significa empatia, vou falar agora o que me fez pensar tanto nessa palavra.

É muito fácil colocar-se no lugar no outro a partir de sua personalidade. Indiretamente, estaremos fazendo um julgamento do que é estar na pele de outra pessoa. Podemos nos compadecer, podemos sentir pena. Podemos odiar ou adorar. Tudo no tempo do "futuro do pretérito".

Sentir empatia é -- mesmo -- colocar-se no outro. "Walk in my own shoes" clássica expressão americana. É o tempo presente, apenas. É literalmente teletransportar-se para o contexto em que a pessoa, com suas experiências de vida, com suas fraquezas e virtudes, e -- muito inocentemente -- tentar entender o que se passa com ela.

Podemos deduzir, então, que sentir empatia é impossível, porque cada ser humano é único! Nunca conseguiremos a mesma amplitude de experiências, por mais que vivamos as mesmas coisas que a pessoa viveu, porque simplesmente somos seres diferentes! Únicos. Ninguém, em sua essência, é igual a ninguém.

Mas... mas... ainda assim, o esforço do exercício é necessário. E aí, eu me volto para as pessoas que parecem ser do "bem" demais, sem mostrar o lado negro da força (como diria uma [grande] ex-amiga minha). Não é estranho? Você não sente um cheiro de "artificial" demais, como um plástico vagabundo vendido na loja de R$1,99? Eu sinto.

Eu admiro e aceito essa atitude empática, mesmo não soando verdadeira. Okay: onde estará a verdade?

Bem, para mim, tudo é sempre uma questão de equilíbrio. Equilíbrio e autoconhecimento. Não se forçar, não se autoiludir. Muitas pessoas que conheço vivem na ilusão do sorriso e do "sempre estou bem" quando, na verdade, não estão. Isso é errado? Como sempre costumo dizer, não há certo, não há errado: há escolha. E todas as escolhas têm seu preço e sua conta sempre chega um dia.

Enfim: escrevi isso para refletir em voz alta com os meus queridos leitores deste blogue... tenho vivido umas coisas interessantes em relação ao assunto empatia. E decidi: não se compadeça de mim... embora muitos desejem isso, no fundo do coração, o que eu mais desejei foi a verdade. Ela já me cegou e me aniquilou em várias vezes. E, ainda assim, eu prefiro a verdade a encarar nuvens rosa de carinho travestido de ilusão.

Verdadeiros valores

Ontem foi um dia específico. E eu uso esse adjetivo porque não quero usar palavras para classificar isso que estou vivendo agora. É um momento específico de libertação, de reciclagem, de escolha, de autoconsciência. Porque uma coisa é clara: você faz escolhas na sua vida. Umas você percebe que eram equivocadas. Outras, por outro lado, precisam ser constantemente ratificadas. Então, eis que estou aqui ratificando a minha escolha mais uma vez.
E que escolha é essa? A escolha do caminho da Luz. E o que seria esse caminho? É o caminho que a grande maioria classifica como a dos chatos da autoajuda. E as pessoas se esquecem que autoajuda é autoconsciência. E que ser autoconsciente não é  motivo de vergonha. Por que deveria?

Temos a grande ilusão de que viver na ilusão é uma forma de ser feliz. Pode até ser. Você pode fechar os olhos para si mesmo e pensar que não encarar certas coisas como elas são é um jeito de viver. Você pode até fazer isso... mas, vai por mim: um dia a conta chega. E quando ela chega, vai estar acrescida de juros e correção monetária. Isso será punição divina? Muito pelo contrário! Isso chama livre-arbítrio.

Mais interessante desse "momento específico" que estou vivendo é que duas pessoas distantes e presentes na minha vida postaram textos parecidos que me auxiliaram a clarear ainda mais a visão. Mesmo em situações e contextos diferentes, claramente me serviram para mostrar algo: o MEU caminho. E eu estava fugindo do MEU caminho. Fugindo talvez seja forte demais... digamos que eu tenha meio que perdido desse meu caminho. Pior, de propósito.

Então, para ratificar as mesmas escolhas, escolhemos a mesma escolha diversas vezes seguidas... sem parar. Sem se esquecer. Sem deixar de sentir a alegria. Sem deixar o ego falar mais alto, achando que porque você sabe o seu caminho, você é melhor do que alguém. Ninguém é melhor do que ninguém.

Ainda estou abrindo os meus olhos outra vez. Eles ficaram alguns meses enevoados... no meio de tanta confusão emocional. Me perdi de mim mesma, do meu contato com a minha alma. Vou superar a autopunição com o amor que me é devido. E sorrir. E seguir. E nunca desistir.

Assim, dedico este post de hoje a essas duas pessoas que de forma tão distintas, me trouxeram essa lembrança... com muito amor: IT (que escreveu algo mas que prefiro não compartilhar aqui...) e a queridona da Nandah Meyrelles -- obrigada às duas. De coração. Prometo multiplicar infinitamente os sentimentos recebidos por vocês...