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Um pouco de pensamentos

São exatamente três da madrugada. Um pouco aqui largada, num canto deste apartamento... um pouco absorta em meus próprios pensamentos... fones de ouvidos e músicas do Bon Jovi tocando... sempre me trazem lembranças de mim mesma.

Uma pergunta veio surgindo... assim, quieta como um pensamento solto, insistente como uma lembrança escondida, eco da minha própria voz: quem somos? Quem somos para julgar outra pessoa? Quem somos para nos intrometer em qualquer outra instância que não a nossa própria vida? Quem somos, no auge de nosso orgulho egoísta, para pensar que temos o poder de destruir tudo em nome de qualquer coisa, porque não importa, ela estará suja de sangue? Quem somos nós?

Não é uma pergunta como aquela feita no filme homônimo. Não é uma pergunta que eu, talvez, até saiba a resposta. Me incomoda esse silêncio contínuo neste blogue, mas não consigo pensar em outra coisa para ser dita. Precisamos medir as nossas palavras -- que tantos outros irão ler. Precisamos não ter medida com um amor tão genuíno que não conheço ninguém para descrevê-lo. Precisamos de um algo mais que, se não for encontrado logo, acabaremos nos autodestruindo. Não porque somos ignorantes, mas porque pensamos que deixamos de ser há muito tempo atrás. Entendeu a diferença?

Ultimamente tenho sentido saudade de tanta coisa... a saudade se mistura às lembranças, aos desejos, as possibilidades e as impossibilidades. Saudade de minha terra já não é nem mais extinto programa dominical. Saudade de SP é uma coisa que nunca deixará minhas veias. Gosto do Rio de Janeiro... mas aqui é quente demais (a gente precisa arranjar uma desculpa!). Aqui não tem Avenida Paulista nem nada semelhante. Mas eu gosto do Rio. Mas.. ah! Agora estava falando de saudade.

Agora me lembrei dos meus encontros nas noites paulistanas. Tantas lembranças... doces, perfeitas, únicas! Lembro da noite em que a minha amiga Sharlene me fez companhia após o show da Isabella Taviani, no Tom Jazz. Show em que não encontrei nenhum DT (exceto o Fer). Noites como aquela são únicas, não são, Sharleu? Era uma noite gélida, de vento gélido, que merece cachicol e casaco de verdade.

Noites como essa eu não quero nunca que terminem. E eu posso dizer que passei algumas delas ao lado da querida Sharlene. É uma sensação de bem-estar e liberdade que não dá pra explicar. Porque são em noites como essas em que revelamos os nossos segredos... abrimos o nosso coração e guardamos as melhores lembranças.... para serem desgustadas como faço agora.

Também tenho saudades das minhas caminhadas noturnas pelas ruas paulistanas. Aqui no Rio é impossível fazer isso sem pensar em ser assaltado ou coisa pior. Não sei explicar, mas em SP eu conseguia andar até de madrugada nas ruas sem medo. Será que era cada centímetro daquele lugar que parecia uma extensão da minha casa? Um pouco sim, talvez muito não.

E tenho saudades da minha filha Poliana, aquela com quem tive as conversas mais intensas. Quer dizer, tenho outras amigas com quem tive conversas assim... mas apenas essa criatura me entendeu como ninguém. É como se entendesse os meus pensamentos ainda nem expressos, algo que assusta. Tenho saudade dos minutos únicos, que eu sabia que seriam únicos. Tenho saudade do último almoço que compartilhamos... porque eu sabia que no dia em que "nos separássemos" seria praticamente para sempre. Todas as horas de intenso convívio seriam outra lembrança... para eu curitr agora.

Então, eu vejo o mundo agora muito estranho, meio frio demais, meio egoísta demais. Talvez tenha sido sempre assim, apenas agora eu vejo as coisas com máscaras a menos. Talvez, a gente perca mesmo a inocência com o tempo. Não sei. Mas me lembrar do que fiz e do que ainda posso fazer me dá forças. Decidi que quero continuar tendo muitos amigos... não sei se conseguiria recuperar alguns que perdi no meio do caminho... mas quero estar sempre rodeada dessas pessoas que me conheçam bem.

E, agora, meia hora depois... acho que vou tentar dormir. E agradeço a você, leitor, que veio até esta última linha compartilhar desses pensamentos tão esparsos e tão intensos. Obrigada por entender o silêncio, por estar ao lado quem aqui esteve. E vou com a outra pergunta que sempre ecoa na minha cabeça: "What's happiness to you, David?" (do filme, Vanilla Sky).

Bell Nuntrita

Porque, além de linda, é extremamente talentosa! Direto do programa "Thailand's got talent".


A humanidade e seu egoísmo intrínseco

Parece ironia, exagero meu ou será que -- para mim -- as pessoas andam mais egoístas do que nunca? 

Nesse período de extremo silêncio e solidão vivida (e, de certa forma, ainda vivendo...) o que mais reparei foram as pessoas que, com seus motivos variados, dizem sempre a mesma coisa:

"Tô super atolada de trabalho."
"Tô mudando de emprego."
"Tô fazendo horas extras, estamos com a programação atrasada."
"Tô começando um emprego novo."
"Tô cheia de frilas."
"Tô mudando de apartamento."
"Tô com problemas na família."
"Tô com muitas contas pra pagar e pouco dinheiro pra receber."
"Tô estressada e precisando de férias."
"Tô com problemas no trabalho, por causa de colegas invejosos."
"Tô com problemas no trabalho, por causa de chefe ruim."
"Tô cuidando da casa, dos gatos, da família, ando total sem tempo."

Eu não me excluo da lista e já usei muitas dessas respostas. Se era verdade ou mentira, cabe à minha consciência responder. Podem ter certeza de que tenho uma consciência bastante criteriosa e chata...

Por isso, em parte, eu entendo quando alguém me fala isso. Não vejo apenas como uma resposta social básica à pergunta "Quando vamos nos ver?". Acredito, de verdade, que seja uma realidade dura de conciliar, viver neste mundo que vivemos, tão corrido, tão estressado, tão apressado de Deus.

Mas em todas as vezes, todas, todas, eu penso em algo que minha mãe me dizia desde criança e, ainda, às vezes, a escuto dizer: "Você é quem faz seu tempo. Se você está sem tempo, é você que não sabe organizá-lo."

Lembro que quando era criança, não entendia muito bem, mas guardava as lições de minha mãe como o melhor guia que eu poderia ter na época. E já me peguei repetindo essa frase como boa discípula de Dona Leila que eu sou...

Porém, a questão que quero dizer aqui é mais simples do que falar sobre a amplitude do tempo. É falar que precisamos pensar, justamente em tempos como os nossos, em sermos menos egoístas. A calçada da rua precisa ser toda nossa. O semáforo estar aberto apenas para nós. A fila não existir para quem estiver nela há tempos, nos dando direitos eternos de furá-la quando quisermos. Buzinar e buzinar (como esse povo niteroiense) apenas com o abrir do semáforo, sem esperar um "atraso" de fato acontecer. Conheço gente que tem prazer em buzinar, como tem prazer em buzinar nas orelhas dos outros, em monólogos infinitos, pensando que tudo que tem pra dizer é a coisa mais deliciosa de se ouvir na face da Terra.

Este meu tempo de solidão tem me mostrado a verdadeira faceta de vários amigos meus. No entanto, claro, não deixo de entendê-los. É tão triste como entendemos o silêncio do outro como uma ofensa pessoal... quase nunca entendemos o silêncio do outro como pedido surdo e mudo de um abraço. Culpa nossa de achar que o tempo é o bem mais precioso de todos. A culpa não é da nossa falta de tempo -- e sim -- da nossa quase total incapacidade de saber usá-lo.

Como não sabemos usá-lo, parece lógico usarmos para nós mesmos apenas. Bem, como disse, entendo e compreendo todas as justificativas do mundo. Apenas não me desce o egoísmo humano que ultimamente anda muito fora do controle demais.

Pequeno agradecimento ao trio inabalável que continua acompanhando minha vida de forma inenarrável: Yumi, Filha e Sharlene. Vocês, à sua maneira, sempre serão indispensáveis na minha vida.

Novo morador

O tempo de silêncio é sempre necessário quando a mente anda "falante" demais. Claro, nem sempre os falantes sabem o que falam e mesmo os silenciosos também.

Quero compartilhar com vocês o mais novo morador aqui no apartamento: Floriano. Sua história é aquela velha conhecida: abandonado, perdido em um lugar público e recolhido por uma verdadeira protetora dos animais, Cristina Kok.

Fazia algum tempo que queria adotar um gatinho e ontem, quando vi esse gatinho lindo, não resisti. Agora, eu e meu amor temos um novo companheiro aqui em casa, que será cuidado com muito carinho e amor.




Zélia Duncan no Teatro de Niterói - um show de cores e talento

Para encerrar esta semana cheia de shows (foi algo inédito assistir a três shows), hoje fui ver Zélia Duncan no Teatro de Niterói (aqui pertinho de casa...) para gravação do seu DVD "Pelo sabor do gesto" e para comemorar TRINTA anos de carreira! Como assim, trinta?! Pois é. Nem acreditei quando ela disse isso...

Primeiro: eu não conhecia o teatro e achei-o lindo, soberbo.  Decidi que quero ver peças e mais eventos lá, ainda mais para aproveitar que fica a 10 minutos de casa! ;-) Segundo, o cenário: aquarela pura, seguindo a própria concepção do encarte do cd. Se você, por acaso, baixou o cd e não sabe do que tô falando, vai lá prestigiar a Zélia e compre.

O cenário em aquarela, combinando com o vestido balonê de ZD, com as roupas também coloridas dos músicos da banda, com o canhão de luzes... foi apenas parte do que o show reservava. A abertura foi assim, com "Boas Razões" e Fernanda Takai e John Ulhoa no palco com ZD. Direto, uma surpresa! Aquilo seria apenas o indício de como o show seria...

O setlist foi baseado no último cd dela "Pelo sabor do gesto" mostrou uma Zélia confortável, humilde e talento mais do que sobra. Outro destaque e surpresa que me emocionou foi que ela cantou o refrão de "Todos os verbos do mundo" em libras (linguagem dos surdos e mudos) após contar uma bela história que, não saberei reproduzir em nomes completos agora.

Confesso: foi o primeiro show oficial de ZD que assisti. Vi um show gratuito uma vez, há zilhões de anos atrás. Estou determinada a assisti-la mais vezes, porque enquanto a via no palco, entendi porque ela está onde ela merece estar: como uma de nossas melhores representantes da atual MPB. Sua humildade é tão inacreditável quanto a cena que vi do lado de fora, enquanto esperava para entrar: a mãe de Zélia estava na fila (junto aos mortais) para entrar no teatro. Na fila? Sim. Ela estava lá, sorridente, com a camiseta da gravação do dvd, como qualquer fã, esperando a vez de entrar. E não ficou na primeira fila! Para mim, isso demonstra claramente como o caráter da mãe selou o caráter da filha. E isso me fez admirar Zélia ainda mais. Ela tem a simplicidade -- e talento estratosférico -- que muitas cantoras e cantores da mesma geração (cheia de estrelismo pop) não têm. O movimento é de dentro para fora.

As surpresas de Christiaan Oyens, Marcelo Jeneci, Paulinho Moska (doido e simpático!) encheram o show com mais cores. Ainda foi lindo vê-la cantar "I love you" de Roberto Carlos. Ao final, todos os convidados subiram ao palco outra vez. Ficou uma sensação de alegria inefável... a alegria de uma artista feliz com os trinta anos e, como ela mesma disse, os próximos anos que a vida permitir. Ah, como assim?! A vida vai lhe permitir muitos e muitos e eternos anos!

Isabella Taviani no Teatro Rival - parte 2

Sim. Está virando regra meus posts sobre os shows que costumo ir. Fico muito feliz de ouvir os comentários e os feedbacks das pessoas que, em geral, gostam de ler os meus textos. Tenham certeza apenas de algo: escrevo com o coração, tentando traduzir com a máxima fidelidade tudo o que senti.

Primeira coisa que deve ser dita: admiro MUITO a artista Isabella Taviani. Porque é incrível como ela não faz NUNCA um show igual ao outro. Isso pode parecer um comentário meio óbvio, mas a certa repetição acaba sendo uma característica meio comum, quando a gente acompanha o artista de perto. Mesmo set list, mesmos comentários entre uma música e outra, mesmo, mesmo, mesmo...

MAS -- e enfatizo isso -- IT É UMA ARTISTA DIFERENTE. Gosto demais de suas músicas. Gosto demais de sua voz melodiosa e potente. Gosto demais de sua presença de palco. Gosto demais de seu carisma e do seu carinho para com cada um de seus fãs. Isso a torna mais do que única. Cada vez que vou a um show seu, penso em como ela consegue essa arte de ser ela mesma se reinventando todos os dias. > Isso não é simplesmente um elogio rasgado, é uma verdade visceral para mim. E motivos de sobra para justificar porque fui aos dois shows no Teatro Rival.

Último dia de show, havia um clima solto. Alguns rostos conhecidos da quinta-feira... outros novos. A casa ficou lotada! A abertura com o show da Thathi foi algo impressionante, porque foi a primeira vez que a vi ao vivo. Baiana de guitarra potente com um imenso futuro a frente! As covers e as músicas de sua autoria são lindas!

Também havia uma ansiedade para a participação de Luiza Possi. Mas, antes disso, tivemos uma doce surpresa agradável quando IT chamou Myllena para subir ao palco e cantar com ela a inédita "Canção de amor clichê". Confesso que com duas vozes e um violão apenas, ela ficou mais forte. E eu gostei mais dessa versão do que a ouvida no show da Myllena.

De repente, então, sem mais nem menos, no meio de "Borboletas e risos" entra Luiza Possi, num vestido lindo! As duas fizeram um dueto lindo nessa canção que ganhou todo a meiguice e doçura da loira, num resultado cheio de surpresas! Eu adorei. Pena que não estava preparada para gravar e peguei apenas metade do vídeo. Vamos torcer para algum fã ter gravado ela inteira!

Luiza Possi ainda cantou "Outro mar" (segunda vez que tive a chance de ouvi-la cantada ao vivo pela dupla -- a outra foi no Tom Jazz, ano passado) e num bis final, fez dueto no repeteco de "Digitais". Alguém queria mais? IT ainda incluiu "Recado do tempo" antes de terminar o show com a clássica "De qualquer maneira" (Peixinho, para os íntimos).

O público estava caloroso, mãos e vozes em coro... a casa lotada. Nessas horas, não me canso de deixar de olhar o palco e voltar meus olhos para o público. É fascinante observar rostos cantando, outros chorando, outros em transe, outros apenas.... assistindo. A banda, como sempre, unida e fantástica, naquela sintonia perfeita deles. IT e seus convidados arrasando.

E, como tinha comentado com a própria Isabella, a velha e boa IT que nós conhecemos, dos olhso arregalados, da certa angústia e intensidade de emoções está de volta!!! Não da mesma forma que a conhecíamos.... mas madura. Uma maturidade cheia de adeus ao passado e repleta de esperança do futuro. Os verdadeiros fãs entendem o recado e a aplaudem, confabulam e compactuam com ela.

Infelizmente, por causa do outro evento da noite, ela não pôde abrir o camarim. Faltou a foto e o abraço... (sorte a minha que tirei foto na quinta! rs) No entanto, sobraram emoções diversificadas para todos os gostos. A minha, em especial, é a contínua e crescente admiração por ela. Preciso de IT na minha vida. E obrigada, mais uma vez, por este show lindo que proporcionou aos fãs cariocas!

Isabella Taviani no Teatro Rival - olhos bem abertos!

Fazia um tempo que eu não vinha postar aqui. Por n motivos que não cabem ser ditos aqui, eu simplesmente tava na minha, quieta, no meu canto. Um turbilhão de emoções dentro de mim... e eu nem contava que fosse ver IT no Teatro Rival Petrobras hoje. Achei que seria apenas no sábado. Achei que perderia o Frejat ao vivo. Mas... quando o Universo conspira, a gente apenas acata e diz amém.

Graças à querida Borboleta Azul consegui comprar meu par de ingressos. E, assim, pude ter a oportunidade de -- mais uma vez, graças a Deus -- assistir a um show de IT. E hoje eu precisava. Hoje eu queria sentir a energia única dessa mulher quando está no palco. Hoje era especial... mais do que sempre já é.

Quem nunca foi a um show de Isabella Taviani não sabe o que está perdendo. Esta noite, por exemplo, perdeu uma parceria fantástica com Frejat cantando Bete Balanço. Sem palavras para descrever o baixo e a guitarra ao vivo, nessa música. Frejat com seu vozeirão lindo de Deus casou perfeitamente com IT. Aliás, abençoada esta mulher que pode fazer parcerias com vozeirões lindos como já tinha sido com Toni Platão no VivoRio e hoje no Rival!

Gostei demais de ver Argumentos de Vidro de volta no repertório, fazia muito tempo que não ouvia essa música ao vivo! Mas, para mim, dois momentos foram mágicos e especiais: Todos os erros do mundo (com os olhos arregalados de IT de volta, lembrando aquela mulher raivosa de 2003) e Diga Sim. Eu senti alguns cliques gigantescos dentro de mim... e eu agradeço demais pelo ser humano maravilhoso que é Isabella Taviani por compartilhar essa energia com seus fãs!

Hoje assisti ao show de maneira diferente. Sim, eu vi uma Isabella numa mistura perfeita de doce e raivosa. Sim, o figurino brilhante estava lindo. Sim, a química dela com Frejat era nitidamente sincronizada. Sim, o público cantou todas as músicas, respeitou seu silêncio e fez coro quando o microfone se voltou pra plateia. Mas, o que vi foi os músicos individualmente. É linda a "família IT" no palco. Vi Sérgio Melo tocar sua bateria inteira em Iguais. Vi Marco Vasconcellos e Catatau tocarem guitarra e baixo durante toda a execução de Todos os erros do mundo.

E recarreguei minhas baterias, minha energia, minha vontade. Apenas isso -- somente isso -- é que um show de IT faz com você. Vale ver. E rever, porque sabadão eu estarei de novo lá pra conferir a dupla fofa IT e Luiza Possi (que já tinha visto no Tom Jazz). Imagina a minha ansiedade?
ps: Hoje vou ficar devendo mais fotos e vídeos, porque fiz meia dúzia de fotos e nenhum vídeo, já que minha câmera foi sem bateria pro show. Prometo que sábado trago as recordações!

Saudades...

Hoje acordei com saudades.

Tal como define o dicionário, uma certa melancolia me atingiu hoje. Em cheio. Fiquei pensando num coração (de ontem) como uma estrada vazia e, se pintada como me sinto agora, ela teria as cores da saudade. E qual seria a cor da saudade para mim? Uma mistura de sépia com salmão em tons alaranjados...

Fiquei pensando se estivesse em São Paulo, o que estaria fazendo agora? Quando as vontades são maiores que a capacidade realizá-los, sempre nos sentimos assim... meio fracassados, meio perdidos. Fazemos pensamento positivo e entregamos a nossa sinceridade aos trâmites misteriosos do destino. E seguimos um dia após o outro.

Tudo parece ser sempre mais tentador quando não faz parte da nossa realidade. Se o ditado da grama do vizinho parece ser unânime, então por que pensamos assim? Talvez, mesmo quando impossível, o desafio é o grande xis da questão. Temos vontade de fazer algo, mas desde que seja o desafio maior daquilo que a nossa mediocridade pode suportar.

Mas, voltando à saudade, sinto saudade do cheiro de SP: poluído em tantos lugares, arejado e único em outros. Sinto saudade de pisar em cada centímetro daquele lugar -- mesmo os desconhecidos -- e sempre me sentir em casa. Sinto saudade dos meus amigos: tantas e tantas pessoas que não falo há tanto tempo! Queria sentar num banco de praça e ficar vendo as horas passarem... as pessoas correndo de um lado a outro, com pressas. São Paulo é a cidade das pessoas apressadas! (em mal-educadas também... mas isso é detlahe! rs)

Também tenho saudade do cheiro de mato, de olhar o verde e me perder no movimento calmo. Saudade das lojinhas da Liberdade. Do cinema vazio à uma da tarde. De andar pela Rua Augusta... das longas conversas que compartilhei tendo a Avenida Paulista como testemunha...

Nada é como deveria ser. Se eu estivesse em São Paulo, talvez sentisse saudade do Rio. Do carioca que anda sem pressa, do mar-- disponível a qualquer hora do dia, sem estresse. Do sotaque, das pessoas que sempre sorriem (em geral). Mas é sempre assim: a grama do vizinho é sempre mais verde. 

Mas é fato: hoje acordei com muitas saudades.

O sem-parâmetro como parâmetro

Como tinha postado anteriormente, deixei um gancho para falar da ausência de parâmetros como parâmetro. Vou explicar onde tenho visto essa regra imperar e, como consequência, presentear seus afiliados com a mais ampla gama de experiências. Falo de relacionamentos amorosos.

Há quem defenda a liberdade total nessa delicada área da vida de qualquer um. Não deixo de entender os motivos. Veja: se você for um franco atirador, amar é um definitivamente um ato livre! Você pode amar em todos os níveis -- da paixão absoluta ao amor menor (existe isso? Eu acho que sim!), e experimentar as mais diferentes sensações. Conheço -- E MUITA -- gente adepta dessa prática.

Por outro lado, há quem defenda o critério meticuloso como maneira de se relacionar com alguém. Conheço pessoas que decidem que detalhes pequenos servem para decidir a inviabilidade de uma experiência a dois. Também conheço MUITA gente adepta desse estilo. Dificuldades com o português, uma certa higiene aqui e ali, um tic nervoso: tudo isso pode vir a ser motivo para o total descarte de um pretendente. Também entendo esse pensamento porque, durante muitos anos, foi o meu fio-condutor para a minha vida amorosa.

Mas, vejamos a simplicidade da coisa: extremismos não servem nem mais no Oriente Médio, quem dirá na vida amorosa do ser humano? Sou contra a liberdade total -- caiu na rede é peixe; e também sou contra excluir alguém porque a pessoa esqueceu de colocar crase num verbo bitransitivo e troca uns 's' às vezes. Isso tudo parece hilário, mas acontece demais na vida real!

O que me fez pensar no texto desse post foi que, em um período curtíssimo de tempo, presenciei -- em diversos meios de comunicação -- a defesa quase nervosa do sem-parâmetro como parâmetro. É quase neguinho apontando o dedo na sua cara porque você pode ser meio indeciso ou meio seletivo demais. Ou é neguinho dando conselho sem ninguém ter pedido. As pessoas gostam demais de se meter na vida das outras... o que me fez pensar o seguinte: não está fazendo mal, então não pode ser tão ruim assim, né?

Não. Não acho. Não gosto de ninguém apontando dedo na cara de ninguém, principalmente um defensor do sem-parâmetro querendo fazer descer goela abaixo um parâmetro. É quase um silogismo? Não sei, também. Só sei que vou compartilhar o seguinte (numa tênue defesa dos criteriosos em relação ao franco-atiradores): até o momento, não conheço UM EXEMPLO sequer de uma pessoa REALIZADA que pegava ou amava o primeiro que aparecia na frente. Por um tempo, até parece excitante a aventura do sem-limites. Mas, longe de moralismos (quem me conhece, sabe bem disso), o qeu vejo é um coração esburacado pelo tempo.

Esses que amam indiscriminadamente são carentes disfarçados. Porque disfarçam sua carência na ampla abertura de amar quem estiver disponível. Porque disfarçam sua sensibilidade em sua agressividade. E porque, com o tempo, vão espalhando aos quatro ventos que não restam esperanças, depois de uma vida inteira tentando, tentando... e nada conseguindo. Porque, sim, a pessoa mesmo atirando pra todos os lados, continua sozinha e solitária. Com sorte, não estará muito amarga.

Assim, basicamente o que quis dizer com o post de anteontem foi: os sem-parâmetros querendo comprovar seu parâmetro (e ponto de vista) pra mim, é totalmente furada. Desconfio demais e não ouço conselhos mesmo! Por outro lado, como disse antes, sem extremismos. Ou dá tudo ou não dá nada, não dá. E, somente cá entre nós, eu confesso que gosto de certas regras, certos requisitos, ainda mais no campo amoroso. Para uns, o coração é uma estrada livre e perdida. Para você?...

E sobre o livro que li...

... não direi o nome agora, porque ainda está no prelo. Futuramente, eu falo!
(este post é continuação do post de ontem. Leia aqui)

A questão toda que o livro aborda acabou me custando uma leitura demorada, mas necessária. Fiquei pensando na premissa mais básica: se um autor escreve um livro assim, é porque tem muita gente que lê. E se uma mulher (sim, é uma autora) pensa assim e muita gente lê, é porque muita gente pensa assim! Não dá para ser mera curiosidade. No Brasil, a literatura não se dá esse luxo.

Aí, eis que tenho lido uns textos que falam sobre a sexualidade da mulher, que é muito reprimida. E fico pensando: muito interessante, morarmos no Brasil, o "país do sexo" vendido de bacia em cada esquina... e as mulheres têm problema para chegar ao orgasmo. Era pra ser fácil? Ou era pra ser mais simples?

Aí eu penso em alguns emails que recebi e algumas briguinhas bobas que tive nos últimos meses. Não consigo deixar de pensar em uma única coisa apenas, que acabou interligando todos esses assuntos: mulher é mesmo um bicho muito complicado!

No entanto, não deixo de considerar que a mulher ajuda, mesmo me parecendo uma literatura tão pobre quanto a de um forçado livro de autoajuda. Ela escreve bem? Escreve! Tem boas intenções? Tem. Mas, para mim, ela comete um erro que algumas pessoas cometem: ajuda quem não quer ajuda. E insiste em reforçar certos conceitos de que precisamos viver sem parâmetros.

Sou uma seguidora de leis? Não. Mas sou seguidora de bom senso. Conheço muitas mulheres que vivem sem parâmetro e me parecem pessoas assim como ela: vendo a idade avançar, com farpas na língua, resposta pra tudo, mínimos detalhes para criticar e pré-estabelecer o que é certo ou errado. Ops?! Eu cometo esse mesmo erro muitas vezes, não escapo do problema. A questão é: você vive sua vida assim, agora espalhar que é melhor viver assim?

É sempre perigoso colocar todo mundo na baciada da generalização, como também é perigoso polarizar. Ela se dá a "auto-licença" por ser escritora de crônicas? Sinto muito, isso para mim é uma licença poética fajuta mascarada para fazer autoajuda.

Talvez tudo isso tenha sido apenas resultado pelo fato de eu ter odiado a leitura do livro. Se ela cortasse 90% dos textos e deixasse alguns irônicos, críticos de política e cultura, seria um excelente livro. Mas ela mistura uma autoajuda sem-vergonha com supostas crônicas que não vi graça nenhuma. Parece uma Marie-Claire meio Nova lapidada com ares de literatura. A mim, não engana.

ps: ainda voltarei ao tema das pessoas que vivem sem parâmetro e que pregam parâmetros aos quatro ventos.

Comentários gerais e aleatórios

O tempo agora está com um gosto estranho de ritmo geral e apressado. Assim como estes comentários que farei a seguir, sobre algumas coisas que vi ultimamente.

O aniversário do meu blogue está aí... e acho que, como muitas algumas das poucas sugestões que recebi, farei um prosaico blançao geral das coisas. Agrada a todo mundo e agrada a mim. Um layout novo fica pra quando eu tiver paciência.... porque confesso que gosto demais desse pretinho básico onde simplesmente jogo as cores em cima. 

Numa segunda-feira de carnaval, torno a ouvir uma música que sempre me deixa leve e feliz, mesmo com uma letra triste: Nightwish com Forever yours. Sempre que ouço essa música, sinto saudade de um momento específico da minha vida. E sinto saudade de mim mesma. E sinto fazendo mais parte de mim mesma.

O último post gerou alguns comentários que farei aqui de maneira.... geral e aleatória. Como o título deste post. E como a minha atual vontade de me manter em absoluto silêncio. Faz algum tempo que tenho desejado o silêncio e desde esse tempo tenho brigado para não me isolar mais ainda em minha já isolada solidão. Vontade de fazer poesia, ouvir música e ficar vendo o sol se pôr...

Os textos deste blogue não foram forjados a ferro, fogo e sangue. Eles vem num fluxo contínuo... o pensamento acerca de um texto fica dias dentro da minha cabeça. Um dia, um segundo: eu quero ele pronto, naquela hora, com uma ânsia única. Ultimamente, o silêncio predomina em mim. Talvez, por isso, os textos saiam mais intensos, nas poucas vezes que saem. As palavras ficam mais escolhidas e a manipulação sobre elas, também.

Tenham certeza apenas de uma coisa: falo muito de mim? Sim, falo. Mas nunca falarei o suficiente para alguém me conhecer e dizer que me conhece. Mistério velado? Não, apenas o meu jeito de ser. Não quero fazer máscaras com ninguém, mas poucas pessoas de verdade me conheceram como deveriam me conhecer. E dessas poucas pessoas, apenas algumas sobreviveram para continuarem ao meu lado. O lado "Crisantemus Sincerita Polemicus" fica a cargo de sua imaginação. O resto que tenho por trás de tudo isso me parece como licença poética: cada um tem o direito ter a sua própria.

***

Recentemente li um livro que me fez intensamente achar uma palavra que o sintetizasse. Nem sou dessas coisas, mas me pareceu importante. Daí concluí que não dá para classificar as mulheres heterossexuais como sendo mais estrogênicas que as homossexuais, por exemplo. Mas classificaria algo assim: a falta de parâmetros é um parâmetro que diz muito a respeito da pessoa. Fica aqui o gancho pro post de amanhã!

Sobre alguns sonhos

Tenho alguns sonhos recorrentes. De tempos em tempos, eles tomam formas diferentes, mas o significado parece continuar o mesmo: um medo inexorável de voltar ao passado e estar presa nele, sem saída!

Vou perguntar à minha amiga Dra. Cláudia Bertrani o que isso poderia significar. Eu tenho a minha interpretação, até. Mas deixarei aos leitores do blogue para tirar suas próprias conclusões... (se quiserem, claro), depois de compartilhar alguns sonhos.

Alguns anos atrás, eu sempre sonhava que estava no Japão (para quem não sabe, eu trabalhei por lá de abril de 1996 a novembro de 1997, um período novo e muito difícil na minha vida). Do nada, puf: estava lá. Presa a um local (cuja saída se dá "apenas" por avião), sem conhecer ninguém, sem saber o que fazer, preocupada em arranjar um trabalho para não passar fome (coisas que, de certa forma, me afligiram enquanto estive lá). Uma aflição me atingia de tal forma que entrava em desespero.

Também sonho que estou de volta a empregos antigos. A sensação rançosa e meio amarga de estar de volta a um ambiente que, no seu sonho, parece apenas refletir as coisas difíceis que você passou na vida real. Aqui chamado de antigo emprego 1: o meu primeiro emprego sério desde que voltei ao Brasil, então você imagina as lembranças que ficaram em mim, ainda mais depois de ter trabalhado por 7 anos lá.

Sempre me vejo transportada para lá, tentando me readaptar ao local, tentando conhecer o que está sendo produzido, tentando conhecer as pessoas e sentindo uma hostilidade incrível, como se fosse odiada. Eu penso que deveria estar no Rio de Janeiro e não no cu de São Paulo. Eu falo com as pessoas que eu conheço e que ainda trabalham lá, peço ajuda, mas tudo soa falso.

E eu também sonho, eventualmente, que estou de volta à FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo). Estou de volta àqueles corredores cheirando a velho e ranço humano. Preocupada em terminar minha última matéria, contar créditos e me formar (para quem conhece o esquema da USP, você monta a sua própria grade curricular, depois de cursar as matérias obrigatórias). E sempre no último semestre, presa novamente a uma realidade que não mais me pertence desde 2007, mas que retoma suas caras como se fosse agora.

Aí eu penso: o que seriam esses sonhos que, de tempos em tempos, retomam as minhas lembranças e me fazem acordar com gosto de guarda-chuva na boca. Um guarda-chuva metafórico que eu sei o que essencialmente quer dizer: não quero voltar ao Japão para trabalhar, não quero voltar ao antigo emprego, não quero estudar mais na USP. Os caminhos e rumos que minha vida tomará serão bem diferentes. Mas ainda assim, queria saber, do ponto de vista psicanalítico, o que significa. O que seria?

E o tempo...

... e as vontades... e os desejos.

Na falta de palavras, deixo um quadro de Salvador Dali, The Persistence of Memory.


E quase dois anos...

Incrível! Este blogue está para completar dois anos de existência.

Alguns dias, andei pensando na questão do tempo. O tempo misturado a escolhas e a consequências de escolhas... muita coisa aconteceu. Sim, muita coisa aconteceu. Eu criei este blogue para exorcizar um demônio muito específico, na época. Época de mudança radical na minha vida, de ficar novamente sozinha e começar tudo de novo... opa, eu acho que já vi este filme antes.

Fato é que penso em dar um rumo diferente a este blogue... não sei exatamente onde. Acabei de fazer o mapa astral e verifiquei como este canto tem tudo a ver comigo e qual o seu sentido. O que vocês diriam de um blogue pisciano com ascendente em touro e lua em virgem? Sol e Urano em conjunção, na casa 11? Saturno em Virgem na quinta casa, em oposição forte ao resto do meu mapa. Meio do céu em Aquário repleto de planetas: Mercúrio, Marte, Netuno, Quíron e Júpiter. Plutão na casa 09. Vênus em Áries, na casa 12.

Gosto do mapa astral do meu blogue e parece, em muitas vezes, que ele tem vida própria, um sentido próprio e eu apenas tenho sido a condutora. Sou bastante séria no que diz respeito ao que este canto aborda. Cotidiano? Sim. Apologias? Não. Mente aquariana? Sempre. Mimimi de coleguismos entre blogues? Sinto muito, mas não.

Acho que farei uma surpresa quando este blogue completar dois anos. Mas aceito sugestões? O que vocês acham que eu poderia fazer para comemorar esta data? (respostas sem-noção serão educamente ignoradas ou apagadas -- algo que fiz apenas umas 3 vezes desde que criei este blogue).

Filme vistos, filme comprado e comentário sobre o Oscar

Dias corridos!!!

Tenho feito algumas coisas boas no âmbito pessoal. Aqui, portanto, vou enumerar e ser breve.

1-) Filmes vistos:
Vi Enrolados (nova versão para o clássico Rapunzel). E vi A Bela e a Fera restaurado e em versão estendida. Duas coisas me chamaram a atenção nesses dois filmes, principalmente após ler este excelente texto da Regina Navarro intitulado A função perversa dos contos de fada e de lembrar das longas conversas que sempre tive com minha filha Poliana em que ela reiterava o quanto odiava a passividade das "princesas" do contos de fada. Sempre passivas, sempre submissas, sempre tristonhas esperando o príncipe encantado que vai salvá-las da mesmice da vida, da falta de perspectiva, da bruxa má. Ela tinha ficava muito brava com a Bela Adormecida, em especial -- a mais passiva de todas, na opinião dela.

Por isso que ao ver Enrolados e A Bela e a Fera vejo que nem tudo é uma grande merda, afinal. Em Enrolados, embora ela precise do ragazzo subir a torre para dar forças a ela para tomar a decisão de sair das garras da mãe má, ela é muito corajosa, destemida. O rapaz é um mero ladrão com quem faz um acordo de troca que, ao final, apenas os une. É uma bonita história de amor e coragem. Em A Bela e a Fera, quem precisa do beijo salvador é a Fera. Bela é uma menina intelectual, que gosta de ler livros e cujo pai é um cientista maluco. Acho que por isso, esse filme sempre foi um dos meus favoritos. O amor que vai além da beleza superficial.

2-) Depois de quase DEZ ANOS eu achei o dvd do filme Ponto de Mutação para vender. Obrigada à Versatil, empresa que faz algum tempo, anda digitalizando filmes clássicos e antigos. A primeira vez que eu vi esse filme foi em algum lugar entre 2002 e 2003, não lembro. Muito antes de começar a ver filmes de verdade, muito antes de ser cinéfila, muito antes de tudo. Eu lembro que fiquei fascinada. Lembro que ganhei o livro do Fritjof Capra, livro no qual o filme se baseia. Lembro que Capra parecia, finalmente, alguém com quem tinha correlação de pensamentos!

Nesse tempo todo, nunca mais vi o filme. Não achei para baixar. Não achei em sebos, em nada. Na época, vi emprestado do VHS de uma amiga, que tinha ganho em uma promoção. Só. Quando achei o dvd na Saraiva do Barra Shooping, não acreditei. Confesso que meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava lá, procurando qualquer coisa, ou talvez Paris, Texas. E achei muito mais! Mais uma pérola na minha coleção! No mesmo dia (noite) vi o filme, me deliciei com a trilha sonora de Philip Glass e a conversa dos três. Uma conversa em que todos ouvem e todos falam, sem ego, sem pavonismo, sem nada. Um tipo de conversa que tive umas 2 vezes na vida.

Há uma pequena alteração no meu top33 divulgado semana passada, porque tinha esquecido desse filme, simplesmente! Sai O Silêncio dos Inocentes do top10 e entra Ponto de Mutação. Da lista geral, fica de fora Amor Além da Vida.

3-) Comentário único sobre o Oscar 2011: eu vi O Discurso do Rei. Filme bom, bem contado. Mas não se compara com Cisne Negro. Este, sim, merecia todos os prêmios. Mas, a Academia é muito quadrada e tradicional para premiar um filme assim. Ao menos, a performance fabulosa, espetacular, estupenda de Natalie Portman foi premiada com a estatueta (depois do Globo de Ouro). Seu discurso, cheio de lágrimas, também me emocionou. Ela merece porque fazia tempo que não via uma atuação assim.

Bruna Surfistinha - o filme

Não nego: estava muito curiosa. Assim como imaginam que muitos devam estar. Não sei se você se encaixa no perfil do espectador que leu o livro. Se sim, melhor. Se não, ainda assim conseguirá assistir à história da garota de programa mais famosa do Brasil.

O filme (e o livro) não são apologias ao fato de ser "sobre uma garota de programa". Mas desde que somos humanos, sexo é sexo e sexo sempre chama a atenção, a nossa curiosidade, o nosso desejo de saber mais e de fazê-lo. Quem nega? Pessoas enrustidas, talvez. Pessoas que não se conheçam o suficiente, talvez. Pessoas essas que ficaram, por exemplo, no cinema, rindo sem parar o filme inteiro. O filme era comédia? Não, pode apostar que não era.

Mas assim são as pessoas. Elas riem daquilo que as incomoda ou daquilo que elas não compreendem. Em certos casos, elas podem partir para a agressão (comparação infeliz, o ataque aos homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo). Em outros, elas tiram sarro. Assim como tiraram sarro de mim durante a minha adolescência inteira pelo simples fato de eu ser japonesa. Não acreditam nisso? Para mim, a comparação é fundamentada e válida: as pessoas tiram sarro e riem daquilo que elas desconhecem e não compreendem, mesmo com um mínimo esforço.

Eu poderia resumir dessa forma a sessão de sexta-feira para ver Bruna Surfistinha. Contudo, seria reduzir demais um filme a isso apenas, mesmo tendo experimentado um cinema lotado numa sessão das 15h (público mais variado impossível, desde senhores, senhoras, mulheres, homens, adolescentes), uma mulher ao meu lado com suor cheirando a cebola, o fundão cheio das pessoas rindo o tempo todo. Não vou reduzir a isso, porque o filme merece muito mais.

Na época do lançamento, lembro que fui uma das primeiras a comprar o livro, numa vaquinha com minha amiga de trabalho. Devoramos o livro. Emprestamos para um monte de gente. E eu o reli, depois. Um filme nunca é como o livro e este caso não é diferente. Porém -- e crucial -- na minha modesta opinião, foram as alterações feitas no roteiro. Alterações essa que deixaram o texto humano, quase como uma interpretação da vida de Bruna Surfistinha, sob os olhos de Raquel Pacheco. Pequenas alterações foram feitas... alterações que deram um sentido ao filme -- que não apenas o diário de uma garota de programa.

Você pode gostar do filme, como pode odiá-lo. Gosto é gosto e conheço gente que consegue odiar o filme Cisne Negro, por que não odiariam este filme? Fora esta comparação tosca (que me veio à cabeça enquanto escrevo este texto) queria apenas dizer que o filme me tirou lágrimas. Sim. E querem saber por quê? Pela humanização dada a um personagem que aos olhos de todo mundo é um mero objeto sexual. Para nós, espectadores e juízes da vida humana alheia, podemos apontar o dedo para Bruna Surfistinha e dizer tudo o que pode ser dito a uma menina que escolhe ser garota de programa. Estamos no direito, não estamos?

O filme mostra (e entende isso quem quer) que somos seres humanos, fazendo escolhas constantes, assumindo consequências, errando, aprendendo, errando, acertando. E mostra que, ao fim (como foi na vida real), podemos escolher uma vida diferente, talvez pior, talvez melhor. Mas: diferente. É uma excelente parábola, da qual, a maiora parece apenas querer rir, porque é facil rir daqueles que se assumem como são, seja o que isso for. E podemos, depois, ir para casa, zombando da "prostituta que ganhou dinheiro e fez filme", porque é mais fácil concluir assim. 

Veja você o filme e me diga o que acha. Só espero apenas que não tenha um mero olhar raso de crítico enciclopédico de cinema e de espectador zombador da vida alheia. Que tal tentar o diferente, também, ao ver este filme?

Em tempo: o filme foi muito bem conduzido, na minha modesta opinião. Destaco sempre a Fabíula Nascimento (personagem feminino central do filme Estômago). Ela é fantástica, simplesmente. E o desfecho do filme com Fake Plastic Trees (que me fez entender porque o Radiohead viu a premiere gringa) tirou lágrimas dos meus olhos.

Top 33 - filmes

Recentemente, fiz um top33 com as minhas músicas favoritas do Bon Jovi. Aproveitando este "dia livre" de hoje, vou me dar o prazer de fazer algumas coisas que há tanto tempo não faço. Uma listinha com meus filmes favoritos (que achei que já tinha colocado aqui, olha a falha) pode ser o início. E, ainda por cima, estou aproveitando o gancho de uma conversa que tive com a Cláudia Bertrani ontem sobre nossos filmes favoritos. Nem preciso dizer, querida, que Cisne Negro entrou para esta lista, certo?

Em relação aos filmes, alguns critérios precisam ser esclarecidos: a escolha é puramente pessoal. Segundo, eu coleciono DVDs e até poderia me considerar cinéfila, mas meu universo de filmes não abarca todas as produções, de modo que pode ter muita coisa que eu não vi e que mereceria estar aqui... mas que não está porque eu não vi o filme ainda. Terceiro: tenho certeza de que me esqueci de algum e talvez volte pra editar. Talvez.

Segue a lista:

01.    Cidade dos sonhos
02.    Réquiem para um sonho
03.    Persona
04.    As horas
05.    Brilho eterno de uma mente sem lembranças
06.    Closer – perto demais
07.    Tomates verdes fritos 
08.    Matrix – trilogia
09.    2001 – uma odisséia no espaço
10.    Ponto de Mutação
11.    O silêncio dos inocentes
12.    Anticristo
13.    Cisne negro
14.    Monster – dsejo asssassino
15.    Psicopata americano
16.    O exorcista
17.    O iluminado
18.    O céu que nos protege
19.    Meninos não choram
20.    Alien – quadrilogia
21.    A viagem de Chihiro
22.    Thelma e Louise
23.    O segredo de Brokeback Mountain
24.    Em algum lugar do passado
25.    O segredo do abismo
26.    Veludo azul
27.    Má educação
28.    Paris, Texas
29.    Bagdad café
30.    Almas gêmeas
31.    Taxi driver
32.    Animatrix
33.    Jogo subterrâneo

Silêncio

Sem ideias, sem vontade de ter ideias agora.
Me recolho brevemente e observo. Continuem aqui, ein? Porque isso dura um dia, uma semana... quem sabe?
;-)

Infusão

(nulla virtute redemptum a vitiis - Juvenal)

Infundi teu sorriso
- fruto podre de minhas ilusões
em minha xícara de chá verde
e verti-te, como engolir saliva,
seca, dura, amarga.

Eis que tu eras meu espelho
hei-lo reluzente por sobre olhos
cegos e ignorantes.

Eis que tenho um par de globos
oculares doentes, que se exterminam
lentos, na solidão do dia-a-dia.

Infundi a tua simpatia
e no que restou não me reconheci
- sou um busto incompleto sem olhos
e sem a expressão dos imperadores
sequer imagino o que poderia ter sido.

(15/05/2003)

*** 2003 foi um ano especial na minha vida. Os poemas desse ano são únicos, talvez fruto do meu "encontro poético" com meu amigo Del Xênio, que me proporcionou fantásticas conversas líricas. Usei formas curtas, mais imagens do que descrições e, portanto, escrevi poemas imagéticos. Porém, com o tempo, eu voltaria ao meu estilo de escrever, uma humilde inspiração de Drummond meio Bandeira, com drama a la Clarice Lispector e pitadas de Ana Cristina Cesar. É... é assim que eu definiria os meus poemas.

Finalmente!

Não gosto de falar da minha vida pessoal, mas não tem como. De um ano para cá, mudanças -- literalmente -- inexoráveis começaram a acontecer. Mais uma delas: agora sou moradora da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.

Os motivos não importam. O que importa é que há um ano, eu comecei a entrar num certo abismo de mim mesma.  Coisas que começaram a não dar certo como antes, o ímpeto idealista murchando numa crescente cada vez maior... assim, a realidade parece apenas refletir o que há por dentro. E eu estava cansada, vazia, sem objetivos.

Foi quando comecei as pequenas mudanças. Um passo por vez. Uma coisa por vez. Dia após dia, caí - levantei - caí de novo. Caí mais fundo. Mas fui arrancando uma força que parece tomar conta de mim nas horas mais improváveis. Chorei, entrei em depressão. Para todo mundo aí fora, sempre mantive um sorriso, porque não importa. Não importa fazer propaganda da própria tristeza. Você precisa ser forte para não cair no jogo da vítima. Você não precisa de nada disso.

E seguindo fui... dia após dia, mês após mês. Crises horrorosas e imaginado que não conseguiria. Consegui. Não há fórmula mágica, não há segredo. Por isso, o fato de estar morando agora em Niterói é apenas este outro presente que ganhei. E vou confessar: ainda vou voltar pra Sampa, minha terra de paulistanos mal-educados que eu tanto amo. São Paulo -- o lugar que eu ando em cada centímetro e parece sempre que estou em casa.

Assim, os últimos dias foram corridos, intensos, pacote, embrula, desempacota, guarda no lugar. Nada de postagens, sem tempo para nada além de frilar e empacotar. E, agora, frilar e desempacotar. Por isso, os poemas, que espero que tenham gostado. Andei anotando umas ideias de posts que pretendo desenvolver em breve.

Obrigada aos Deuses que nunca nos abandonam à nossa própria sorte, como muitos imaginam. E obrigada a cada um de meus amigos que me ajudaram como podiam, naqueles piores momentos. Esses -- e eles sabem quem são -- eu nunca vou esquecer.

horas desesperadas

Deixo as horas desesperadas
escorrerem entre meus dedos com calos
através de minha alma
ecoam os gritos silenciosos
das personas que vivem em mim
tudo bem… é apenas um outro segundo
nada que não tenhamos visto antes.

Deixo meus amigos invisíveis
fazerem marionete do meu corpo dolorido
já não me importo se as dores
confundiram-se com o que bebi ou comi
através de minha pele
exala o cheiro putrefato
de sonhos que morreram em mim
sem que eu tivesse percebido
tudo bem… como dizem
eu vou sobreviver.

Deixo a ansiedade, esta característica minha,
sorrir em meu lugar
mostrar a beleza que eu sei que existe
eu cumpro as obrigações
e eu estou ao seu lado, cúmplice,
eu sou o que você quer que eu seja
e deixei de ser
parte das energias cósmicas
uma estrela cândida e ingênua
tudo bem… não é sempre assim?

Deixo as horas desesperadas
invadirem os meus sentidos
tornarem-se meu guia
para este combustível de ansiedade
para responder às minhas perguntas
que nunca tinham sido respondidas
droga… eu apenas queria te conhecer
e saber que você seria minha
através dos tempos
ao longo de toda a existência… minha
unicamente minha.

E eu conto as horas desesperadas
que me perseguem em meus delírios esquizofrênicos
me estuprar, me deleitar, me destituir
eu quero cada segundo de cada hora
para simplesmente mostrar
que tudo está como deveria estar…
assim.

(21/04/2008)

O vazio infinito

Em uma tarde como esta,
você pode querer assumir todos os desejos
e distribuir sua libido entre estranhos desconhecidos
um pulo no infinito vazio e escuro
minha alma seria seu subterfúgio
e sua alma seria meu secreto relicário.

Em uma noite como esta,
eu vou querer ir além do óbvio do proibido
e furtar o pouco que resta de você
sou uma alma desesperada gritando no vazio
e não serei mais seu relicário.

Em uma tarde como esta,
não pedirei compreensão, mesmo que a precise
não estarei sozinha diante de meu próprio espelho
e não mais lembrarei de você
com o peso de minha franca consciência
não serei mais nada.

Em uma noite como esta, eu penso
como eu nunca pude sentir saudades suas
e como eu nunca tive nada além do que queria ter
nenhuma surpresa, nenhum susto
distribua seu desejo entre estranhos desconhecidos
e eu pularei no infinito vazio e escuro
de frente.

(14/01/2007)

Comentários breves e aleatórios

Os últimos dias têm sido muito corridos e em breve digo por aqui os motivos. Fato é que meu corpo tá podre, o calor carioca assola até o osso nessas horas e meu cérbero ainda precisa raciocionar com precisão. Welcome to real life!

Também aconteceram algumas coisas interessantes no plano internético e que merecem minha reflexão aqui fora. Vamos a algumas delas:

1-) notícias de pessoas que estão voltando a antigos empregos: me perdoa se alguma dessas pessoas cair no blogue e ler isto aqui. A vida é de cada um e apenas a própria pessoa pode julgar e dizer o que é bom ou ruim. Mas, eu tenho direito, aqui no meu blogue, de maneira anônima e sintética, dizer o que penso. E o que penso é o seguinte: entre seguir adiante numa estrada escura, sem iluminação, sem destino e sem saber de nada e voltar para uma casa que pode me dar abrigo, talvez mais conforto que antes e mais alimento que antes -- eu prefiro a estrada escura. Por que? Eu tenho essa mania de abrir caminhos com facas cegas, servir de inspiração e pensar: "eu posso e eu consegui". Muito pessoal e meio ególatra, mas eu sou sincera.

2-) para tirar belas fotografias não é preciso ter uma supermáquina com mega zoom, mega lentes e mega megapixels. Depois de ver as fotos de Grazy Pisacane ao longo de quase um ano, me certifiquei absolutamente disso. Ela tirou fotos desse mesmo show da Isabella Taviani (que tá todo mundo careca de tanto ver) e não ficou apenas tirando fotos e fotos e fotos do rosto dela (como vejo em muitas fotografias de máquinas com a descrição acima). Ela trabalhou o cenário, as luzes, as sombras, a fumaça de maneira tão bela que parecia um outro show!!! Fiquei impressionada e faço aqui mais elogios em público. Não puxo saco de ninguém gratuitamente, mas essa garota não apenas tem uma máquina boa e é fotógrafa: ela tem a sensibilidade de fazer outras imagens com a sua lente. É uma das melhores fotógrafas dos shows de Isabella Taviani que eu já vi. Moema Andrade é outra que muito me impressiona, mas faz tempo que não a vejo indo em shows... hehe.

3-) a diferença entre ser fã e ser louco: okay, eu sei que ser uma #DemôniaTwitteira significa ser louca. Mas não consigo. E todas as vezes que vejo fãs alucinados, não importa o artista, só me dá muita vergonha alheia. Eu gosto de ser essa fã assim... presente na hora certa. Ajudo na divulgalção do meu jeito, faço as homenagens no meu blogue, vou a todos os shows que posso ir... mas daí a roubar tudo que está no palco, tatuar nome no corpo, pegar toalha, ser indiscreto... me parece desnecessário. Mas, como hoje é dia de falar coisas desse tipo, perdoa se algum fã desse tipo cair aqui e ler este texto. É apenas a minha opinião, minoria absoluta.
E bora que o dia ainda está começando e não fiz quase nada!

vão ilusório

Seus olhos estão fechados
e ainda assim você insiste em olhar
como se pudesse ser capaz de capturar
alguma surpresa
alguma esperança inusitada.

Seus lábios estão selados
mas ainda há algo que continua latente
alguma palavra perdida
esperança comedida
algo.

E você anda e você se move
como se o ritmo pudesse apenas
aliviar a inquietação de sua alma
mas você já sabe
que é tempo desperdiçado
o tempo que nem veio
e aquele ido.

Você pensa que você dorme
mas seus olhos continuam abertos
seus lábios continuam à busca
de uma mesma palavra
de uma mesma sentença
um alívio para ignorantes
um vão de conforto
ilusório.

E os dias se passam
entre estranhos conhecidos
desejos declarados e sonhos esmorecidos
até tudo girar
e fazer parte do esquecimento
até tudo girar
e voltar como algum fardo
esquecido.

E assim somos, eu e você,
faça sua arte e eu farei minha poesia
voltaremos a caminhar
como se nada tivesse acontecido
como se apenas pudéssemos
fingir
e sorrir
num vão ilusório qualquer.

(16/08/2008) > meu último poema escrito registrado.

Um amor em bitucas de cigarros

São 17h32 de uma tarde
quase fim de véspera de seu aniversário
e enquanto eu observo
o mesmo sol se pôr
eu penso em como a vida é engraçada…
ah!
como a vida é engraçada.

O único calor
é o do cigarro aquecendo as pontas de meus dedos
e eu hoje eu lembro de você
que fica tão bem de vermelho…
e agora eu imagino você
sentada neste mesmo banco azul
uma cena de um filme
de David Lynch, Bergman, Kubrick ou Almodovar
como eu queria poder te fotografar.

Mas, eu estou sozinha sob esta mesma árvore
que um dia foi a única testemunha
de uma conversa tão íntima
quanto estranha…
agora, eu olho para o chão,
e vejo todos os cigarros que você fumou
mortos.

Eles são como todos os beijos
que eu não tive de você
tantos beijos em tantas bitucas de cigarro
um amor em bitucas
que dura o tempo… de um cigarro
como ironia, quase como um vício
eu estava viciada em você
terra sedutora… terra sedutora…

Mas, um dia, eu roubei um beijo seu
de uma bituca de um cigarro qualquer
no dia em que o nada testemunhou
a distância e a proximidade
a única coisa comum entre nós
e enquanto eu ouço Stereophonics
vou pensar em você
e como seria se ao invés de um, fossem duas.

E vou contar as bitucas de cigarro
a engraçada e cômica fotografia
do que tínhamos
um amor em bitucas de cigarros
que, mesmo diferentes,
ainda são partes de nós
as únicas partes
que permanecem firmemente juntas
no chão.

(13/09/2007)

A mesma estrada

Os olhos daquela mulher
estão pintados com a cor da luxúria
e esses mesmos olhos
que olham com outros olhos
a mulher da esquina
de cujos lábios gotejam palavras mudas
tentam ser desvendadas
por uma mulher que não olha nem fala
a mulher parada, estátua solitária
sob o silêncio de lembranças
sob as circunstâncias tão incompreensíveis
de sua única solidão.

Entre, atravesse as fronteiras
um outro-mesmo ser que respira ar
não há datas, nem há dias no calendário imaginário
que se desenha no cotidiano absorvido
de seres igualmente semelhantes e diferentes.

(02/08/2003)

melissa da manhã

A solidão é um fardo
construído ao longo de muitos desencantos.
O idealismo, um hiato,
um suspiro poético ao gosto de prantos.
A realidade, simples fato,
fotografia imutável.

Teus olhos neblinados,
capturam e dissimulam teu medo
por entre tuas unhas
e teu sorriso de medusa.

(09/09/2002)

Trilha sonora de hoje: Estranged

Esta música foi o meu principal "hino adolescente" nos anos 90. Ouvir "Estranged" no repeat one do meu walkman (nada de ipods) madrugada adentro, observando estrelas e estrelas cadentes era um passatempo de uma época solitária, vazia... ao mesmo tempo cheia de esperança, sonhos e desejos. Eu era, literalmente, uma garotinha de 14 anos com tanta coisa passando na minha cabeça... e essa música sempre me pareceu tão perfeita.

Os anos se passaram e nada mudou muito, não. Sempre que eu ouvia o refrão "Old at heart but I'm only 28 and I'm much too young to let love break my heart. Old at heart but it's getting much too late to find ourselves so far apart" eu pensava que Axl Rose tinha escrito a música da minha vida. Quando completei 28 anos, obviamente, ouvi essa música à exaustão. E lembro que foi um período de muito expurgo na minha vida.

Hoje em dia, "Estranged" ainda é uma música que mexe comigo. A melodia, os riffs cheios de dor e crueldade de Slash, o solo de piano e a letra... se eu tivesse de fazer um odioso top10 da minha vida, tenha certeza de que esta música estaria lá!

Sempre cacei versões demo para essa música e destaco (até onde consegui ouvir) o piano de Vika e a guitarra de Kobiba. Imagino se eles tocassem juntos... Aqui segue o vídeo de Vika, uma pianista talentosíssima da Islândia. Garota impressionante!


Miscelânea do dia

Hoje fui de madrugada cedinho pro centro do Rio de Janeiro e em poucas horas fiz muitas coisas. Aproveitei um dia que amanheceu fresco (sim, pessoas, fez 23ºC pela manhã, nem acreditei!) e com um sol lindão no horizonte. Passei ao lado da Cidade do Samba, onde aconteceu o acidente e vi os barracões queimados e ainda saindo fumaça. Almocei com meu amor, num novo restaurante japonês descoberto. O Rio de Janeiro tem me surpreendido muito ultimamente...


Tinha esquecido de compartilhar a foto do autógrafo da Myllena: uma das poucas coisas que consegui com aquele camarim muvucado...
Hoje, aproveitei para dar uma passadinha Caixa Cultural. Muita coisa boa por lá! Seleção de filmes com Ricardo Darín (eu vi XXY na Mostra Internacional em SP; O filho da noiva e O segredos dos seus olhos. Ainda dá pra ver O mesmo amor, a mesma chuva; Kamchatka, entre outros). Na Caixa ainda tem uma exposição sobre Direitos Humanos, com fotos desde o Brasil 1500 até os dias de hoje, traçando uma linha geral de como o Brasil lida com essa questão. Exposição de fotos contundente, gostei muito. Na fotinha ali, ainda dá pra ver que fui ao CCBB ver Cora Coralina e ainda preciso ver Escher.


Estas fotos aqui são para a minha amiga Sharlene, fã de Nightwish e fã de Tarja. Aliás, devo dizer que também sou fã da cantora que ela é e da voz que ela tem. Surpresa ela vir ao Brasil. E supresa ela dar uma entrevista ao jornal Destak, de distribuição gratuita. Ainda mais pelo tom da conversa... coisa meio incomum. Mas Rio de Janeiro tem essas coisas que eu gosto.

Bolo de banana com aveia e afins

Fim de semana foi de comemoração! Minha -- pessoal -- com algumas coisas boas que começaram a acontecer na minha vida. Nossa -- eu e meu amor -- já que também temos muitas novidades boas acontecendo. Diante de tanta coisa boa acontecendo, bora comemorar, certo? E nada melhor que um restaurante japa.

Já postei aqui no meu blogue sobre o restaurante Lapamaki. Sempre que podemos, vamos lá. Um restaurante incrível, que não perde em nada para os restaurantes em São Paulo (e olha que conheço vários). Também aproveitamos para ir ao Centro Cultural Banco do Brasil ver Cora Coralina e a exposição permanente chamada "O Brasil através da moeda". Me emocionei com a exposição de originais, poemas e vídeos de quero ser como ela, que nunca deixou de encontrar alegria para viver. E a exposição de moedas... vi com meus próprios olhos moedas da época de Roma, com mais de 500 anos de a.C! Imperdível. E de graça.

A despeito das altas temperaturas cariocas... eu me aventurei ir ao fogão fazer um bolo de banana, que fazia tanto tempo que estava com vontade de comer. Comecei a caçar umas receitas, mas eu sabia exatamente o que queria e não estava achando: banana + aveia + açúcar mascavo. Tinha que ter esses três ingredientes.

E achei! Este simpático blogue chamado Entre Panelas forneceu a receita exata que eu procurava. E o bolo ficou uma delícia. Não, ficou maravilhoso, divino, perfeito! E não vai uma gota de farinha. Anotae:


3 bananas
2 ovos
1/2 xícara de óleo
1 xícara de farinha de aveia
1 xícara açúcar mascavo
1/2 xícara castanha-do-pará triturada (triture um pouco a mais para untar a forma) >> este item eu não tinha em casa, o que não alterou em nada o resultado final
1 colher de sopa de fermento em pó
uvas passas



Siga o modo de preparo e voilá. Uma delícia... esta semana ainda faço outra fornada! O que mais gostei foi da maciez. É um bolo macio e úmido, sabor suave, um delicado gosto de banana. Nem dá pra acreditar que não tem farinha, apenas aveia. Indicadíssimo.



Trilha sonora de hoje: O último anjo

Hoje é dia de começar a ouvir tudo de novo o grande show a que assisti esta semana. Especialmente, esta versão de "O último anjo" de Isabella Taviani me tirou lágrimas. A despeito de ser uma das primeiras músicas que ouvi dela (sim, eu a conheci pelo álbum Diga Sim e não pelo primeiro), esta versão ao vivo está primorosa. Foi a primeira vez que a ouvi de verdade ao vivo. Lágrimas justificadas e lembrança eterna...