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Dicas para criar um bom currículo para editoras - parte final

Primeiramente, queria agradecer a todos que visitaram meu blogue nos últimos dias! Fiquei muito muito feliz com o número recorde de leitores. Obrigada!

Aqui finalizarei as minhas dicas para criar um bom currículo para editoras. No post anterior, abordei a parte visual. No post de hoje, falarei sobre conteúdo.

Por exemplo, é crucial que você crie currículos diferentes para objetivos diferentes, empresas diferentes. Se as suas pretensões não são acadêmicas, não cometa o pecado mortal de copiar e colar o seu lattes no word e disparar para editoras. Esteja certo: vai direto pra lixeira.

É importantíssimo saber o seu objetivo. A partir daí você incluíra ou não determinadas informações e adaptará o seu currículo de modo a deixá-lo atraente para o examinador. Visual e conteúdo precisam estar alinhados.

DICA 1: currículo não é fichamento de sua vida. Dispense as informações inúteis.
E o que seria uma informação inútil? RG, CPF (e há quem escreva CIC!!!!), título de eleitor, certificado de reservista: SE você for contratado, o RH vai pedir cópia e original dos seus documentos. 
Também é informação inútil dizer que você concluiu seu ensino médio numa escola particular bacana. Por incrível que pareça, isso é muito comum. Porém, você acredita que isso possa ser relevante mas, na prática, só serve para ocupar espaço que poderia estar dedicado a algo realmente importante.
Não inclua experiências anteriores "queima filme". Por exemplo, trabalhar com telemarketing, caixa de supermercado, atendente de farmácia etc etc etc. A menos que seja um currículo para vaga de estágio (e olhe lá), exclua totalmente esse tipo de informação.

DICA 2: organize as informações do seu currículo
Não esconda o diamante do seu currículo na última linha da última página. Dependendo do estado físico do examinador e dependendo de como você compôs o seu currículo, você corre o sério risco de ser dispensado injustamente. Quer dizer, não é tão injusto assim, porque afinal a falha de organizar o seu currículo assim foi sua.
O "diamante" é classificado de acordo com o objetivo que você tem. Se for um cargo fixo dentro da empresa, pode ser interessante colocar suas características pessoais e um brevíssimo (brevíssimo mesmo) resumo de como você colocou em prática aquilo que diz que tem. Por exemplo, capacidade de trabalhar em equipes. Diga como você é capaz de trabalhar em equipes em experiências profissionais reais.
Se for um cargo de tradutor freelancer, por exemplo, é indispensável que você deixe bem claro: suas áreas de atuação e os idiomas que você trabalha. Porque, meus caros, não existe tradutor faz-tudo. Quem "faz- tudo" (com ressalvas, ainda) é o Google Translator.

DICA 3: não minta!
Se você não tem inglês avançado, não coloque. Se você não tem experiência na área, não invente! Dizer que tem "anos de experiência" na área como autônomo pode até ser verdade. Para não dar o direito da dúvida, explique sucintamente onde e como. Se ficar esquisito, exclua, porque mentira tem perna curta e se ela aparecer quando você menos esperar, pode se queimar no mercado sem necessidade, certo? 
Se não conhece algum software, não diga que sabe.
E pelamordedeus: se você não estiver se candidatando a uma empresa gringa multinacional que tenha apenas funcionários "importados" (ou uma vaga para morar em outro país), NUNCA coloque: "português -- nativo". Isso é motivo suficiente para seu currículo ir para a lixeira!
Regra de ouro: não minta!

DICA 4: não faça currículos com mais de duas páginas
Digo isso por um simples motivo: NINGUÉM LÊ. Um examinador que tenha em mãos duzentos currículos para ler todos os dias não vai gastar o tempo com os quinhentos cursos que você fez e não acrescentam nada para o objetivo que você escolheu.
Como disse no início deste post, faça uma triagem, escolha e confie na sua decisão. Sabemos sempre o que é mais importante e o que não é. Adapte seu currículo de acordo com as empresas.

DICAS FINAIS: NÃO SEJA SEM NOÇÃO!!!
Ou seja:
- não trate o entrevistador por "apelidos". Por exemplo, meu nome é Cristiane. Não me chame de "Cris" se não houver consentimento. Não precisa me chamar de "Vossa Senhoria", também: bom senso!
- não ligue para o examinador se não houver orientação explícita para isso.
- não cobre "uma resposta": seja por email e -- PIOR -- por telefone. Aguarde sua vez. Se ela nunca vier, não era para ser.
- não faça piadinhas, especialmente as de mal gosto. Não se esqueça: a menos que você esteja concorrendo a uma vaga para uma Escola de Teatro, atuação improvisada só pode ser feita por aqueles que nasceram com essa habilidade. Não será numa entrevista de emprego que você vai colocar em prática o seu lado stand-up comedy!
- não pense que conseguirá uma vaga usando seu charme-olhar-43. Se não se tratar de uma empresa inidônea, não há teste do sofá!

DICA DE OURO:
Queridos colegas de profissão -- revisores, preparadores, tradutores, editores e afins: NUNCA, NUNCA, NUNCA deixem nenhum erro de português ou de digitação em seus currículos. É aí que você começa a vender seu peixe!!! Se você não o revisa, não o corrige e não o padroniza, que tipo de imagem você acha que está passando ao examinador, hein?

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Uma vez mais, estou à disposição para críticas construtivas. Compartilhei um pouquinho de minha experiência e espero que ela seja útil a vocês!

4 comentários:

Mariana Pedro disse...

Oi, Cris,

bem legal o post! já peguei todas as dicas...

Revisor é chato e eu faço jus à classe: piadinha não seria de mau gosto? rsrs

Te mandei e-mail esses dias, você recebeu? Sei que minha fama na É não é a melhor, mas já fiz frila para o Ibep e deu tudo certo. Se pudesse seria legal ao menos fazer um teste.

Boa sorte na nova empreitada.

Aliás, você lembra de mim? Trabalhava na Manole, saí em 2007...

beijos,

aline naomi disse...

Cris,
muito boas as dicas! É bom saber que vários "pecados" eu não cometo (como colocar foto no currículo, encher de bordas, cores, Comic Sans e firulas), haha... mas preciso dar um jeito de diminuir o número de páginas do meu currículo e também adaptá-lo quando for preciso.
Lendo seus posts sobre o assunto, me dei conta de duas duas coisas meio óbvias, mas que para mim não eram: 1) a análise do currículo nunca será totalmente imparcial e inquestionável, porque cada selecionador tende a seguir um determinado raciocínio; 2) o que pode passar batido para um selecionador, pode ser um detalhe que faça a diferença para outro contratar aquela pessoa para determinado trabalho.

Quando precisei selecionar colaboradores para a editora X, sem nunca ter feito isso, eu costumava considerar o "todo". Por exemplo, você disse que é inútil colocar que estudou em um colégio particular bacana... mas para mim era alguma coisa se a pessoa tivesse estudado em um bom colégio e estivesse cursando (ou se formado) em uma universidade "razoável"; eu saberia que pelo menos o colégio foi puxado e a pessoa traz essa bagagem. E isso é diferente de ter estudado em um colégio público e se formado em uma universidade particular de qualidade questionável, por exemplo.
Outra coisa que eu costumava observar era se a pessoa tinha estudado em uma universidade particular "razoável" no período diurno ou noturno e se tinha conciliado estágio/trabalho nesse período. Isso me indicava que a pessoa talvez tivesse uma inclinação para a "falta de força de vontade", já que provavelmente os pais pagavam pelo curso, então o que a pessoa fazia com o resto do tempo, caso não tivesse outras responsabilidades? Eu tinha a sensação de que a pessoa só faria o trabalho como um bico qualquer para ganhar um dinheiro, sem se preocupar muito com qualidade.
Eu também tinha uma má impressão de pessoas formadas em Letras e que só haviam trabalhado como balconista e funções desse tipo desde a formatura, por anos (e de repente resolveram trabalhar como tradutoras). Como você disse, tem coisas que é melhor não colocar no currículo. Entendo que as pessoas precisam trabalhar para pagar as contas, mas nem tudo precisa ser colocado lá.
Dei chances a pessoas sem experiência em tradução/revisão - algumas vezes acertei (só confirmaram o que seus testes já indicavam - é, porque depois de achar que o currículo estava ok, eu enviava testes) e outras vezes a experiência foi terrível (tive eu mesma que refazer alguns trabalhos ou intermediar "briga" entre tradutor e revisor)... por isso eu preferia contar com tradutores e revisores da casa sempre que podia, então entendo perfeitamente o receio que várias editoras têm de contratar pessoas sem experiência ou mesmo novos colaboradores.

Uma coisa que eu não gostava (acho que é preferência pessoal): pessoas que colocavam informações que não tinham nada a ver com o contexto, por exemplo: "ando de bicicleta na cidade de São Paulo, gosto de criar animais e toco pandeiro". Qual o propósito disso? Um caso diferente seria se eu tivesse uma obra sobre ciclistas, animais ou pandeiro e isso fizesse a diferença, mas colocar essas informações aleatoriamente quando se candidata a um trabalho como tradutor/revisor para mim não fazia sentido. Assim como não fazia muito sentido colocar que fez uma viagem turística de duas semanas para a Disney.

Sinceramente, não sei se os meus critérios para seleção fazem 100% de sentido. Talvez não façam, por isso tive alguns percalços, mas entendo que as coisas são assim mesmo. Imagino que depois de selecionar currículos por um bom tempo, dá para ter um olho clínico muito melhor.

aline naomi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aline naomi disse...

Cris,
hoje é Dia do Tradutor e queria escrever algo relacionado a tradutores mais tarde, porque essa seria a minha profissão principal se eu não estivesse trilhando outros rumos. Lembrei de um post intitulado "Cartas a um jovem escritor", mas não sabia se tinha chegado a concluir a série de posts que queria dentro do tema... descobri que não. O post é de 2009, e eu te pedia justamente para dar essas dicas (nem lembrava! haha): http://brevesfragmentos.blogspot.com.br/2009/10/cartas-um-jovem-tradutor-parte-1.html
Continuo tendo mais ou menos esses parâmetros, embora não esteja mais diretamente com a contratação de free-lancers - de certa forma, é um alívio, porque naquela época essa tarefa era meio desgastante (ou talvez fosse desgastante porque era uma das milhares de atividades que eu precisava fazer...).