O novo tempo do AMOR — o tempo presente

Confesso: havia uma relutância para me permitir escrever este post. As circunstâncias da vida, tão caóticas desde março, ainda não se acalmaram (e talvez nunca se acalmem). Mas eu preciso aprender a navegar em mares desconhecidos com a mesma sabedoria e destreza com a qual sempre naveguei (mesmo sem bússola ou qualquer outro auxílio material) em mares turbulentos em outros momentos da minha vida.

E eis uma uma manhã enevoada de sábado. Fria. Silenciosa...

Tentei juntar as lembranças dos sonhos que tive. Trens e mais trens... como sempre.

Pensei nas frases soltas não anotadas que fui colecionando e contando com minha memória emocional para me lembrar delas. Pensei — e como tenho pensado! — na minha vida amorosa.  E a partir desse ponto, eu sabia como começar a compor este post.

Há não muito tempo atrás, uma pessoa me disse que quando finalizamos um aprendizado notoriamente marcado em nosso mapa astral, podemos passar um fio prateado nele. Não acreditei nisso: não no fio prateado, mas na capacidade de fazer um aprendizado dessa monta ainda na mesma existência. Impossível? Claro que não. Mas presunçoso, no mínimo. E creio que temos pouco tempo de vida para poder nos certificarmos de que fizemos um aprendizado.

Minha descrença não era ceticismo, ao contrário. Era a consciência de que a realidade de um aprendizado em planeta Terra deve ser visto com muita humildade. Naquele momento, ingênua e ilusoriamente, acreditei que tivesse concluído esse aprendizado. Hoje, mais de um ano depois, já sei que esse aprendizado — o algo inédito que justamente faltava aprender! — foi trazido até mim justamente por essa pessoa que me afirmou essa frase.

Ironia do destino? 

Eu diria que foi a oportunidade para eu me tornar uma pessoa melhor: mesmo que o preço a ser pago fosse doloroso demais. 

É interessante pensar em "dor". O quanto precisamos dela para aprender. Tanto se fala de aprendizado pela dor e aprendizado pelo amor — inclusive palavras ditas por essa mesma pessoa que não queria mais aprendizado pela dor — que nos esquecemos que a dor não é castigo, punição. E ninguém é masoquista para escolher sofrer. A dor nos acomete porque, de fato, ainda não aprendemos. A dor é algo que precisa existir, talvez a última instância, para que todos os véus ilusórios caiam. E a dor não quer que a gente se desconecte, que separemos razão e emoção, muito pelo contrário. A dor quer que aprendamos a seguir um novo caminho que não conseguimos ainda seguir.

Transmutar a dor depois que ela se apossou de nós, provavelmente, na minha opinião, é uma das coisas mais difíceis de se fazer. E que fica ainda mais difícil se pensarmos que ela está sempre associada ao nosso aprendizado mais desafiador. É uma poderosa receita para o caos.

A minha vida amorosa, um dos maiores aprendizados que vim fazer em planeta Terra, se assemelha ao de muitos por aí. Quantos bilhões de pessoas ao redor do mundo nasceram com Vênus em mal aspecto com Netuno (não importa os signos envolvidos). Quantos encontros entre essas pessoas estão acontecendo nesste exato momento em que escrevo este post? Quantas dores? Quantos desvios encarnatórios? Quantos assassinatos? Vidas ceifadas? Quantos desencontros e oportunidades perdidas? E na mesma situação: quanto desejo de conexão? Quanta vontade de amar novamente? Quanta esperança depositada em um sim? Quanta expectativa por trás de um "até que a morte nos separe"?

Planeta Terra é uma imensa escola. Mas não uma escola avançada como eu imaginei, é uma escola berçário. Somos tão novos, tão aprendizes. Precisamos da energia material dos quatro elementos aqui presentes para compormos tanta coisa que nem sonhamos! Estamos em uma fase temporária. Porém, para muitos de nós, a fase temporária dura muitas encarnações e muitas centenas de anos...

Conhecer isso é um imenso passo para a nossa conscientização. Para entendermos a repetição insistente de ciclos que, à primeira vista, parecem fazer parte da nossa personalidade.

Mas apenas conhecer não basta, porque o mais importa conhecer não está do lado, mas do lado de dentro: conhece-te a ti mesmo. 

O verdadeiro mergulho em si mesmo.

O autoconhecimento sem ilusões, sem véus, sem passada de pano, sem justificativa. O autoconhecimento com coragem, com humildade. Precisamos de vários níveis de consciência atuando simultaneamente para chegarmos a esse momento.

A minha vida amorosa — sempre tão envolta em ilusões, idealismos, expectativas e cegueira emocional — me levou a viver tantas situações... muitas e muitas humilhações. Muitos vazios. Muitos silêncios sem resposta. Muitos adeus sem o tchau. 

Hoje eu sei onde errei. Mesmo em minha recente tentativa, que acreditei ingenuamente ser a última nesta vida. Eu já fiz tantas afirmações. Eu já acreditei que não existiria mais nada em mim depois de tanto amor doado... eu realmente acreditei nisso. Hoje, eu sei que nem amor exatamente isso foi. Porque, como sabiamente disse Jesus, "ama o outro como a ti mesmo".

E embora eu tivesse sempre acreditado que me amei de verdade, hoje eu sei que foi um amor superficial. Se eu realmente tivesse me amado, as minhas experiências teriam sido outras, porque a minha qualidade do amor me permitiria ver com lucidez e consciência. A minha mais recente vivência me mostrou claramente isso.

Então, a partir disso e com tudo que guardei em meu coração depois de muito trabalho pessoal, muita reflexão, muito cuidado interno, aprendendo continuamente a unir mente e emocional, guio a minha mente para uma nova vida. O tempo urge, mas o conceito de tempo é sempre relativo, ainda mais para mim. Desta vez, não quero pressa. Quero fazer bem feito, como nunca fiz em minha vida toda. E o autoamor não é sobre o que faço quando estou sozinha, porque isso eu sempre fiz bem. Mas se trata do que vou fazer quando conhecer alguém que eu sei que vai mexer comigo. Eu falhei em minha última vivência. Agora, é não falhar mais.

E, para evitar as falhas, estou aprendendo, neste ano de 2025 — o ano do Eremita para mim — que a nossa luz é o nosso maior guia. Que o recolhimento é necessário junto com as reflexões.  Ao mesmo tempo, ano de Iansã, ano de Rainha de Paus — a minha imagem, o meu simbolismo pessoal. 

E eu perguntei ao tarô para me dizer sobre o simbolismo deste post, que está sendo gestado bem desde antes o meu aniversário. Quero saber sobre novos começos, dentro de uma mesma vida, sem perder a doçura e a força ígnea e mutável dentro de mim que sempre me orientou. Quero saber o que poderá me trazer esta nova efeméride.


E saíram as cartas: Ás de Copas, o Carro invertido, Valete de Paus.


Claro como a mais cristalina água e como foi o teor deste post: ainda estou construindo meu caminho, este texto não é sobre a certeza de um caminho, mas definir por onde quero seguir. Com meu coração aberto como sempre estive e com a centelha ígnea para iniciar uma nova fase com o fogo do meu coração. Afinal, eu fui forjada no fogo quando desci em planeta Terra, eis uma coisa da qual eu nunca duvidei.

E é isso: sempre há tempo para sermos humildes, admitirmos nossos erros. Sempre há tempo para nos abrirmos a um novo aprendizado, para tentarmos novamente. Sempre há tempo para nos amarmos e nos acolhermos em primeiro lugar. 

Sempre há tempo.

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